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sábado, 6 de outubro de 2007

Guiné 63/74 - P2159: PAIGC - Quem foi quem (3): Nino Vieira (n. 1939)

Dos editores do blogue> Série em construção, PAIGC - Quem foi quem ... (1). Contributos de todos os amigos e camaradas serão bem vindos, tendo em vista actualizar, completar, aprofundar ou esclarecer estas notas biográficas. (Os editores LG/CV/VB)

Nino Vieira (n. 1939)

Um guerrilheiro e uma lenda viva.


João Bernardo Vieira, Nino Vieira, Nino ou Kabi Nafantchammma como também era chamado, foi uma personalidade que nos acompanhou ao longo dos anos que durou a guerra.

Uns só ouviram falar dele, outros, principalmente os que estiveram no sul do território, sentiram na pele as acções em que directa ou indirectamente esteve envolvido.

Nino nasceu em Bissau, em 27 de Abril de 1939.
Electricista de formação, filiou-se no PAIGC em 1960 e no mesmo ano partiu para a China, integrado no primeiro grupo de militantes do PAIGC que frequentou a Academia Militar de Pequim.

De volta à Guiné, foi encarregado de organizar a estrutura militar da guerrilha no Sul do território.

E teve logo que provar na prática o que tinha aprendido. Nos inícios de 1964, durante a Operação Tridente, forças do BCAV 490, fuzileiros, paraquedistas e comandos, comandadas pelo Tenente-Coronel Fernando Cavaleiro reocuparam (enquanto lá permaneceram...)a ilha de Como (ou Komo), numa acção que durou cerca de 70 dias e que custou às NT 9 mortos, 47 feridos e um T6 abatido.

Com 25 anos apenas, Nino já era o Comandante Militar da zona sul, que abrangia a região de Catió até à fronteira com a Guiné-Conacri. Aliás, foi quase sempre no Sul que actuou durante a luta, transformando esta zona, que abrangia o Cantanhez e o Quitafine, num dos mais duros, senão o mais duro, de todos os teatros de operações em que as forças portuguesas estiveram empenhadas e do qual ainda restam nomes míticos de Guileje, que ele veio a ocupar em 1973, Gadamael, Gandembel, Cacine, Catió, Cufar, Cadique, Bedanda e tantos outros.

Além da indesmentível coragem, Nino teve também pelo seu lado a sorte que faz os heróis sobreviverem, e foi essa sorte que lhe permitiu escapar por várias vezes a emboscadas montadas pelas forças portuguesas, sendo o caso mais conhecido o da Operação Jove, em que uma força de páras capturou o capitão cubano Pedro Peralta.

Embora se tenha dedicado principalmente à actividade operacional, como comandante de unidades de guerrilheiros, Nino Vieira ocupou os mais altos cargos na estrutura do PAIGC, sendo membro eleito do bureau político do seu Comité Central desde 1964, vice-presidente do Conselho de Guerra presidido por Amílcar Cabral em 1965, acumulando com o comando da Frente Sul, e ainda comandante militar de todo o território a partir de 1970.

Foi eleito deputado em 1973 e, posteriormente, Presidente da Assembleia Nacional Popular, que proclamou no Boé a República da Guiné-Bissau, em 24 de Setembro de 1973.
Luís Cabral nomeou-o 1º Ministro do Governo da Guiné-Bissau em 28 de Setembro de 1978.
Em 1980, com as condições económicas deterioradas e o crescente descontentamento da população, Nino Vieira liderou um golpe militar que levou à destituição do Presidente da República, Luís Cabral.

As consequências do golpe tiveram profundas repercussões na vida do PAIGC. O PAIGC de Cabo Verde resolveu separar-se e a união dos povos guineense e cabo-verdiano, tão acarinhada por Amílcar Cabral, foi interrompida.
Na sequência do pronunciamento militar, suspensa a Constituição da República da Guiné-Bissau, tomou posse o Conselho Militar da Revolução chefiado por Nino Vieira.

Em 1984 foi aprovada uma nova Constituição e só em 1991 terminou a proibição dos partidos políticos.
Com o novo regime, as primeiras eleições tiveram lugar em 1994. Nino Vieira, concorrendo contra Kumba Yalá, foi eleito Presidente da República à 2ª volta, tomando posse em 29 de Setembro de 1994.

Quatro anos depois, ainda conseguiu suster um golpe que visava a sua destituição. Mas não por muito tempo. A propósito de um nunca esclarecido fornecimento de armas para a guerrilha de Casemance, em Junho de 1998 travou-se uma violenta guerra civil entre partidários de Ansumane Mané e forças fieis a Nino. Mané destituiu-o em 7 de Maio de 1999, e Nino Vieira foi obrigado a refugiar-se na Embaixada Portuguesa em Bissau, de onde só saiu em Junho para Portugal.

Em 7 de Abril de 2005, regressou a Bissau anunciando a sua candidatura às presidenciais de Junho de 2005.
Depois de várias controvérsias, a sua candidatura foi aceite. Concorreu contra o seu antigo Partido, o PAIGC, que apresentou Malan Sanhá como candidato. Depois de ter ficado atrás de Malan na 1ª volta, Nino ganhou à 2ª, principalmente devido a apoios de outros candidatos, nomeadamente de Kumba Yalá.

Fonte: Universidade de Coimbra > Centro de Documentação 25 de Abril
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Nota dos editores:

(1) Vd. posts anteriores:

Guiné 63/74 - P2142: PAIGC - Quem foi quem (1): Amílcar Cabral (1924-1973)

Guiné 63/74 - P2143: PAIGC - Quem foi quem (2): Abílio Duarte (1931-1996)

domingo, 30 de setembro de 2007

Guiné 63/74 - P2143: PAIGC - Quem foi quem (2): Abílio Duarte (1931-1996)

Dos editores do blogue> Série em construção, PAIGC - Quem foi quem (1)...


Abílio DUARTE (1931-1996)


Foi um dos fundadores do PAIGC, e o primeiro presidente da Assembleia Nacional da República de Cabo Verde. Homem de Cultura, interessou-se pelas as artes plásticas, a música e a poesia.

Abílio Duarte faleceu há 10 anos, vítima de problemas renais. Nascido na cidade da Praia em 1931, filho de padre, coube-lhe proclamar a 5 de Julho de 1975 a independência de Cabo Verde.

Foi um dos fundadores do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné-Cabo Verde), em Bissau, a 19 de Setembro de 1956. Emigrara para a Guiné com 17 anos de idade. O contacto directo com as realidades do colonialismo português (em Bissau então ainda mais chocantes do que em Cabo Verde), despertou no jovem bancário, dado às coisas da arte, a consciência política e o sentimento anti-colonialista.

A sua casa em Bissau funcionava como tertúlia onde se falava de arte e de política, e nela se realizaram muitas reuniões clandestinas, que prepararam a luta de libertação. Com Amílcar Cabral e Aristides Pereira conheceu os caminhos do exílio e do mato.

Em 1958 chegada a S. Vicente, disfarçado de estudante, e congrega à sua volta, no Mindelo, um grupo que ficou conhecido como o grupo do 3º ciclo. A pretexto de acções culturais e académicas, o grupo - que faziam parte Silvino da Luz, Manuel dos Santos Manecas, Joaquim Pedro Silva, Lucílio Tavares, Amaro da Luz, Adriano Brito, António Coutinho, António Neves - mobilizou e consciencializou largas franjas da juventude para a luta de libertação nacional, iniciado por Amílcar Cabral em Bissau (2).

Em 1974, foi ele que assinou, a 19 de Dezembro de 1974, com o então Primeiro Ministro de Portugal, Vasco Gonçalves, o instrumento solene da declaração de independência do Estado de Cabo Verde.

Abílio Duarte foi o primeiro presidente da Assembleia Nacional (que o honra com o seu nome dado a uma das salas) e ministro dos Negócios Estrangeiros (de 1975 a 1981) (3).
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Notas dos editores:



(3) Vd. sítio de O Liberal on line (Cabo Verde) > Notícias em Arquivo > 2o de Agosto de 2006 > Abílio Duarte: Dez anos