1. Mensagem natalícia do nosso camarada Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do Cmd Agru 16, Mansoa, 1964/66:
Como me chamo já não importa, pois nunca esqueço que fui combatente.
Depois da escola, na minha inocência, esperei pela guerra com ar sorridente.
Era o Tó d’Agar, era aldeão, era feliz, pastoreava as ovelhas, sempre contente.
Depois era o “Cifra”, um nome de guerra, havia tiros, havia luta, na África ardente.
No século passado, nos anos sessenta, tal como vocês, fui mobilizado.
Passei dois “Natais”, sempre com medo, de arame farpado estava cercado.
Era um jovem, nos melhores anos, mas já não era um camponês, andava fardado.
Andei por bolanhas, vi terra vermelha, mosquitos ferozes, desesperado.
Sujo de sangue, pó, lama, água da bolanha, suor do calor, quente e abafado.
Todos o usavam, o Curvas Refilão, o Setúbal, o Trinta e Seis, ou o Marafado.
Servia de manto, onde enrolavam um companheiro de balas crivado.
Roto, sem mangas, já não era amarelo, verde ou castanho, aquele camuflado.
Havia algum álcool, cigarros feitos à mão, arroz da bolanha e muitos tormentos.
Agora é Natal, ano de 2013, esquecemos a guerra por alguns momentos.
Vamos festejar, eu sei que há guerra, mas ainda virão alguns melhores tempos.
Estamos vivos, uns com saúde, outros vivendo com os seus sofrimentos.
Os anos passaram, Portugal está longe, a minha bandeira, por quem combati
Não vos esqueço, meus companheiros, heróis combatentes, com quem convivi.
Neste Natal, época festiva, de amizade e com alegria, que jamais esqueci.
Sorriam, sejam felizes, vão ter saúde, olha o Pai Natal, que eu acredito, mas nunca vi!
Vamos abraçar, os familiares, os amigos, trocar prendas, “fugir daquele canto”.
Comer bolo-rei, esperar mais um ano, ver aquelas fotos a preto e branco.
Ouvir música, dançar, rir, beber um bom vinho, seja tinto ou branco.
Andar por aí, apanhar sol, nem que às vezes, tenha que ser, sentado num banco.
O vosso companheiro, que está feliz, por ter chegado ao Natal de 2013, que vos deseja o mais Feliz Natal do mundo e que o Ano de 2014 vos traga muita saúde e tudo o que mais desejarem.
Tony Borie, 2013
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2. Mensagem de Natal do nosso camarada Rui Silva (ex-Fur Mil da CCAÇ 816, Bissorã, Olossato, Mansoa, 1965/67):
Todo o sempre com os camarigos no coração, esta quadra é um bom pretexto para os contatar e assim poder desejar-lhes umas Boas Festas, na melhor da saúde e felicidade.
Bem hajam e tenham um Natal 365 dias por ano!
Um abraço para todos.
Rui Silva
PS: No “postal”, que junto, pendurei a vista aérea do Olossato, prestando (ou querendo prestar), uma simples homenagem aquele sacrificado povo a que natureza só lhes deu bom coração, nada mais, nada mais…
Boas festas Guineenses.
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3. Mensagem do nosso camarada Ricardo Figueiredo (ex-Fur Mil da 2.ª CART/BART 6523, Cabuca, 1973/74):
Aos meus Bons Amigos e Familia
Desejo um SANTO NATAL e que o novo Ano de 2014 que se avizinha, seja mensageiro de muita PAZ, SAÚDE e AMOR.
São os votos sinceros do
Ricardo Figueiredo e Família
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Monte Real, 2012 - VII Encontro da Tertúlia
Foto: Juvenal Amado
4. Mensagem do nosso camarada José Colaço (ex-Soldado Trms da CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65)
Desejo a todos os camarigos aqui presentes e ausentes, uns por motivos imponderáveis, outros por opção, um Santo Natal e um bom ano novo 2014.
Cumprimentos
Colaço
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5. Mensagem do nosso camarada Jorge Picado (ex-Cap Mil na CCAÇ 2589/BCAÇ 2885, Mansoa, na CART 2732, Mansabá e no CAOP 1, Teixeira Pinto, 1970/72):
Caríssimo Amigo Carlos
A poucos dias de entrarmos em mais um inverno das nossas vidas e próximo da chegada do Natal, aqui vai o meu sinal de que continuo "agarrado", ainda que não pareça, ao Blogue.
Para toda a Grande Família desta Tabanca, onde incluio os que possam não estar na "Grande", mas participam nas "Tabancas Adjacentes", envio os votos de um Bom Natal com muita saúde e alegria, bem como o desejo de que 2014 seja tão cheio, tão cheio de melhorias como este moliceiro tão carregado de moliço da Ria de Aveiro, nos tempos de outrora.
Grande Abraço
Jorge Picado
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6. Mensagem do nosso camarada Torcato Mendonça, ex-Alf Mil da CART 2339, Mansambo, 1968/69:
Natal de 1968
Foi o único que passei na Guiné – embarquei, para lá, em Janeiro de 68 e regressei em meados de Dezembro de 69.
Quarenta e cinco anos já passaram em tempo rápido, demasiado apressado e encurtando, cada vez mais, a distância à meta.
Ainda recordo aquele Natal por ter deixado marca certamente e, sempre que acontece Natal, vou até lá um pouco.
Agora, neste ano, quarenta e cinco depois, fui ler o “Historial da Companhia” para ver o mês de Dezembro de 68, lá estava uma Operação no dia 23,duração de dois dias, juntamente com militares de outra Companhia à zona do Galoiel e Biro. Tivemos fraco contacto com o IN que, talvez por gentileza devido à data que se aproximava, bateu em retirada apressada. Deixou uma prenda que foi desativada. Tudo bons rapazes e ainda hoje temos exemplos.
Nessa Operação participou o Ten-Coronel Pimentel Bastos, Comandante do BCaç 2852 de Bambadinca. Creio mesmo, a memória não me atraiçoa, que nesse dia fez 51 anos.
Regressamos a Mansambo a tempo das festividades Natalícias. Talvez tenhamos comido melhor, talvez tenhamos tentado dar um pouco de “Espirito de Natal”, talvez. De certeza, que o mais presente foram os olhares para o céu, um céu diferente nas estrelas mas, para a maioria daqueles homens, gentes do Norte e com forte religiosidade, conseguiram certamente trazer para ali o céu de seu País e sentiram-se assim mais perto de suas famílias. Muitos já eram casados e tinham filhos. A maioria não entendia porque ali estava metida em oito abrigos, semienterrados e aprisionados naquele hectare, de forma quadrada, na mata desbravada, com fiadas de arame farpado e garrafas de cerveja dependuradas, sem luz, duvidosa água potável e comida desenxabida.
Nesse Natal tentavam comer, beber e abrir sorrisos de encomenda, sorrisos que eram mais esgares em rostos habituados a estarem fechados. Mas era Natal e certamente lá longe as famílias enviavam pensamentos para eles… talvez se encontrassem no caminho.
Natal diferente este de sessenta e oito como fora o de sessenta e sete e seria o de sessenta e nove. Um, onde fortemente se sentia a partida próxima, outro lá onde a amizade e a camaradagem marcaram forte presença e o outro, já cá, depois do regresso com a família, as recordações do outro e dos camaradas e sentirem-se um pouco perdidos em pensamentos de confusão na habituação à vida civil.
Quarenta e cinco anos depois as recordações ainda aparecem, algumas fortes e a recordarem tempos de afetos no sentir Natal.
Diferente hoje, já Século XXI, onde a força do marketing e do consumismo nos presenteiam com Natais de desembrulha e deita fora. Certamente deixam brevíssimas recordações.
Pessimista? Talvez!
PARA TODOS UM SANTO NATAL, COM O VELHO ESPÍRITO NATALÍCIO.
UM ÓPTIMO 2014 COM SAÚDE E RESPEITO PELO HOMEM.
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Nota do editor
Último poste da série de 15 DE DEZEMBRO DE 2013 >
Guiné 63/74 - P12454: Boas Festas (2013/14) (7): Alberto Sousa e Silva, Manuel Maia, Jorge Teixeira, Giselda e Miguel Pessoa, Felismina Costa, Hilário Peixeiro, Manuel Lema Santos e Joaquim Cardoso