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domingo, 23 de dezembro de 2018

Guiné 61/74 - P19325: Estórias do Zé Teixeira (48): "Um Novo Natal" (José Teixeira, ex-1.º Cabo Aux Enf)

1. Em mensagem de hoje, dia 23 de Dezembro de 2018, o nosso camarada José Teixeira (ex-1.º Cabo Aux Enf da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), enviou-nos mais uma das suas estórias, esta alusiva à quadra que atravessamos, o Natal.

O tempo de Natal é tempo de encontro entre o presente e o passado, entre o presente e um futuro carregado de esperança. Futuro esse, que será tanto melhor, quanto nós, os seus construtores, formos capazes de fazer da vida um Natal permanente. 

Lamento que o "pai natal" tenha vindo, impulsionado pela febre do consumismo e maneira fácil de ganhar dinheiro, transformar o verdadeiro Natal numa festa de comércio, embrulhada em mensagens de amor e afeto tangidas por sinos ocos e sem o verdadeiro timbre. 
Por isso ouso desejar a todos os camaradas um Natal feliz, cantando Glória a Deus nas alturas e paz aos homens de boa vontade. 

Zé Teixeira 

Junto um pequeno conto de Natal.


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Nota do editor

Último poste da série de 5 de setembro de 2018 > Guiné 61/74 - P18987: Estórias do Zé Teixeira (47): Binta - a lavadeira do alfero Barbosa (José Teixeira, ex-1.º Cabo Aux Enf)

Guiné 61/74 - P19323: Estou vivo, camaradas, e desejo-vos festas felizes de Natal e Ano Novo (10): José Manuel Cancela, ex-Soldado Apontador de Metralhadora da CCAÇ 2382 e Hélder Valério de Sousa, ex-Fur Mil TRMS TSF


1. Mensagem do nosso camarada e amigo José Manuel Cancela (ex-Soldado Apontador de Metralhadora da CCAÇ 2382, Bula, Buba, Aldeia Formosa, Contabane, Mampatá e Chamarra, 1968/70), com data de 21 de Dezembro de 2018:

Olá,amigos Tabanqueiros. 
Aqui vai a prova que estou cá, e continuarei. 

Um grande abraço a todos, com votos de festas felizes.
José Manuel Cancela

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2. Mensagem do nosso camarada Hélder Valério de Sousa (ex-Fur Mil de TRMS TSF, Piche e Bissau, 1970/72), com data de 6 de 29 de Abril de 2018:

Caros Amigos
Acho que a proposta que foi feita para aproveitarmos esta Quadra para fazer "prova de vida" foi uma boa iniciativa e tenho pena que esteja com fraca resposta. Por isso vou tentar dar o meu pequeno contributo.

Sim, de facto "estou vivo" e agora com melhor ânimo, já que as análises e outros "elementos auxiliares de diagnóstico" têm dado resultados bons. Não é uma decisão definitiva, afinal a intervenção foi há apenas (vai fazer) 10 meses e é preciso, segundo o urologista, passar mais algum tempo para declarar a "morte dos bichinhos" mas lá que anima, isso sim.

Não quero fazer falsas promessas (deixo isso para os decisores do poder), apenas afirmo a minha intenção de poder aprofundar a minha colaboração com o Blogue.

Entretanto, umas "Festas Felizes"!

Abraços
Hélder V. Sousa
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Nota do editor

Último poste da série de 22 de dezembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19320: Estou vivo, camaradas, e desejo-vos festas felizes de Natal e Ano Novo (9): Faz hoje 47 anos que parti para o CTIG, com o meu BART 3873, e a minha CART 3494 (António Bonito, ex-fur mil)

sábado, 22 de dezembro de 2018

Guiné 61/74 - P19319: Feliz Natal 2018 (2): Fantasias de Natal (Manuel Luís R. Sousa, ex-Soldado At Inf do BCAÇ 4512/72)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Luís R. Sousa, Sargento-Ajudante da GNR na situação de Reforma, (ex-Soldado da 2.ª CCAÇ / BCAÇ 4512/72, Jumbembem, 1972/74), com data de 20 de Dezembro de 2018:

Nesta quadra festiva que se aproxima, que todos os meus familiares e amigos, que saúdo especialmente, se deixem envolver pela fantasia de que na noite de Natal o Menino Jesus, indiferente ao frio e à chuva, desce pela chaminé, enfarruscando as suas vestes, para deixar os presentes que ao longo do ano vamos pedindo.
A mesma fantasia que eu vivi há uns bons anitos atrás:


Fantasias de Natal…

Sempre me disseram, em criança, alimentando a minha fantasia, que o Menino Jesus, que eu via habitualmente num dos altares da capela de S. Luís, muito pequenino, de feições angelicais, de cabelo loiro, vestido com umas vestes brancas e resguardado numa redoma de vidro, nos visitava na altura do Natal, entrando pela chaminé, para deixar uns presentes nos sapatos que ali encontrasse.

Como é que aquele ser tão frágil e indefeso, – pensava comigo próprio, embora criança – tinha o vigor físico para, pela calada da noite, ao frio, à chuva ou à neve, subir ao telhado da nossa casa e descer depois ao interior, com a dificuldade acrescida de ali não existir qualquer chaminé? As chamas da fogueira crepitavam livremente até ao tecto, saindo o fumo por entre as telhas.
Mesmo assim, pelo sim e pelo não, na noite de Consoada, à falta de sapatos, lá ia colocando os socos junto à lareira, condição essencial para Ele deixar os presentes, segundo me diziam, na expectativa de que aquele Menino seria mesmo capaz de vencer tais obstáculos e descer através das "lares" para me deixar qualquer coisa – um carrinho, uma gaita. Oh...! Que alegria seria a minha.

No dia seguinte, ansiosamente, bem cedo, ia ver os socos que, para minha decepção e tristeza, continuavam intactos e sem qualquer presente. A explicação dos meus pais era a de que Ele não teria brinquedos suficientes para todas as crianças, mas que, provavelmente, no ano seguinte seria a minha vez, ou então, diziam-me, que ele não teria entrado pelo facto de a nossa casa não ter chaminé e de não querer "enfurretar" as suas vestes alvas de neve na fuligem das "lares".
Serviam-me de algum consolo estas explicações e consolidava-se em mim aquela ideia de que o Menino Jesus, tão frágil, correndo o risco de se partir o barro de que era feito, não seria capaz de subir ao telhado da nossa casa. Isto por um lado. Por outro, chegava a pensar que Ele discriminava os meus socos, daqueles que o Zé "Baloiro" dos Pereiros fazia, visto que o habitual, segundo me diziam, era porem-se na lareira na noite de Natal os sapatinhos. Coisa que eu não tinha.

Num desses anos da minha meninice, também por altura do Natal, encontrava-me na aldeia da Carrapatosa, onde passava alguns períodos com a minha avó materna. Mais uma vez, na noite de Consoada, levado pela mesma fantasia, a minha tia Aninhas aconselhou-me a colocar os socos no canto da lareira antes de ir para a cama. Com alguma relutância o fiz, pela experiência anterior e visto que a casa da minha avó também não tinha chaminé.

No dia seguinte, bem cedo, "inspeccionados" os socos, para minha surpresa e alegria, estavam atacados de rebuçados. Como criança que era, rejubilei de felicidade! Perante esta realidade, e não perdendo tempo em trincar e chupar alguns deles, percorrendo com o olhar toda a altura entre o tecto e a lareira, não pude deixar de pensar que o Menino Jesus da Carrapatosa era muito mais audaz do que o da minha terra, e imaginava como as suas vestes teriam ficado negras pela fuligem do cadeado das "lares", por onde ele teria descido feito alpinista.

Logo nesse dia, na ida à missa de Natal com a minha avó, a tia Aninhas e os meus primos, à capela de Santa Luzia, tive a curiosidade de reparar na sua imagem, supondo eu, pelo que fez durante a noite, que estaria toda enfarruscada de fuligem.
Para minha admiração, estava imaculadamente limpa, como era habitual, o que me deixou pensativo, concluindo que aquele menino em nada se comparava a outro qualquer. A mim, por exemplo. Porque se eu fizesse o que ele fez, a minha roupa estaria que nem a de um carvoeiro, impregnada de pó negro da lareira.

Só mais tarde tive a noção de que o Menino Jesus, para não se sujar e não apanhar o frio da noite, fez o cambalacho com a tia Aninhas, que era mordoma da capela, incumbindo-a de ali colocar os rebuçados, que Ele tinha requisitado nas tabernas do Eugénio ou do Cassiano de Campelos para serem debitados na Sua "conta". Aqueles a que eu tinha direito – os socos estavam repletos – em compensação dos anos anteriores que não me tinha trazido nada.

Manuel Sousa
(Excerto do meu livro ONDE A CEGONHA POISOU")
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Nota do editor

Último poste da série de 22 de Dezembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19316: Feliz Natal 2018 (1): Natal diferente (Paulo Salgado, ex-Alf Mil Op Esp da CCAV 2721)

Guiné 61/74 - P19317: Estou vivo, camaradas, e desejo-vos festas felizes de Natal e Ano Novo (8): Ainda ando por cá no reino dos vivos (Valentim Oliveira, ex-Soldado Condutor da CCAV 489)



1. Mensagem do nosso camarada Valentim Oliveira (ex-Soldado Condutor da CCAV 489/BCAV 490, ComoGuidaje e Farim, 1963/65), com data de 21 de Dezembro de 2018:

Caro amigo Carlos
É esta a prova de dizer a todos os tertulianos que ainda ando por cá no reino dos vivos. 
Muito em breve, e espero lá chegar, vou completar a soma dos dois setes. É certo, que já nada é igual à juventude dos anos vinte, mas como o clima das terras de Viriato é límpido, tudo ajuda a ter uma vigoridade mais ampla e forte. Talvez seja esta a razão da minha longividade. 
Bem, deixemo-nos de lamentos e vamos ao que interessa . 
Aqui vai!!!
Para todos os camarigos desejo um feliz Natal e um Ano Novo cheio de coisas boas. 
Abram o champanhe e bebam por mim, porque eu estou fazendo dieta. 

Um abraço a todos. 
Valentim Oliveira. 
Operação Tridente 
Ilha do Como

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2. Comentário do editor

Muito obrigado Valentim Oliveira pelo teu contacto pois há muito não nos davas notícias.
Não nos deixes tanto tempo sem saber de ti. Independentemente da idade, é muito perigoso estar vivo. Quanto aos dois setes, ainda te faltam os dois oitos e os dois noves.

Para ti e para toda a tua família, a tertúlia deseja o melhor Natal.
Abraço
Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 21 de Dezembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19312: Estou vivo, camaradas, e desejo-vos festas felizes de Natal e Ano Novo (7): Dois heróis da FAP, que por acaso são também o casal mais... 'strelado' do mundo: Miguel e Giselda Pessoa (BA 12, Bissalanca, 1972/74)

Guiné 61/74 - P19316: Feliz Natal 2018 (1): Natal diferente (Paulo Salgado, ex-Alf Mil Op Esp da CCAV 2721)

1. Mensagem do nosso camarada Paulo Salgado (ex-Alf Mil Op Esp da CAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72), autor do livro "Guiné - Crónicas de Guerra e Amor", com data de 17 de Dezembro de 2018:


NATAL DIFERENTE

A aldeia de Nhane fica a cerca de cinquenta quilómetros de Bissau. Para lá se dirige Alberto e sua mulher, acompanhando António Kundé, funcionário superior do Ministério dos Assuntos Sociais, em visita a sua mãe.

É véspera de Consoada.

Pelo caminho, já nas cercanias da tabanca, repararam nos pequenos santuários animistas, erigidos a deuses muitos – e junto deles flores, ou folhas, ou conchas ou amuletos, sinal de recente visita de crente ansiando benesse divina.

Debaixo do alpendre, sentaram-se nas tropeças, e conversaram todos sobre a vida da tabanca: da lavoura, das festas, das misérias e sofrimentos de quem trabalha muito e padece mais, e da cidade ali tão perto e tão longe, onde alguns têm tudo ou quase tudo: camisa e calça alisada, pãozinho quente pela manhã, bebendo bom vinho, tanta coisa boa...

O tempo foge devagarinho.

O sol está a desaparecer por detrás das palmeiras e dos altos poilões (as noites, aqui em África, caem muito depressa!); as galinhas deixaram de rapar a terra e procuram um galho para noitarem; os porcos acomodaram-se; as mães começaram a arrastar os filhos e os netos para dentro de casa; os homens fumam a derradeira cachimbada.

O silêncio faz-se mais. Os visitantes preparam-se para partir.

Um velho, porventura o mais velho ancião da aldeia, pediu ao familiar António um momento de espera antes da partida. Entrou na sua casa e depressa regressou.

Nas suas mãos calosas, mas com pele sedosa e brilhante, trazia um pequeno ovo que depositou, candidamente, nas mãos brancas da mulher branca.

Santa véspera de Natal, sem ser Natal, em Nhane.

Paulo Salgado (Um ano destes… por terras da Guiné…)
Santo Natal para vós.
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