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terça-feira, 19 de março de 2024

Guiné 61/74 - P25288: O Cancioneiro da Nossa Guerra (16): "Aldeia Formosa" e "Adeus Aldeia Formosa" (CCAÇ 2614 / BCAÇ 2892, Nhala e Aldeia Formosa, 1969/71)


Guiné > Região de Quínara> Buba > 1ª C/BCAÇ 4513/72 (Bula, 1973/74) > Proteção aos trabalhos de construção da nova estrada Buba - Aldeia Formosa (via Nhala).

Foto (e legenda): © António Alves da Cruz (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. No seu singelo ļivro de memórias "Os Resistentes de Nhala, 1969/71" (ed. de autor,  s/l, 2005, 144 pp.) (*), o nosso camarada Manuel Mesquita (CCAÇ 2614 
/ BCAÇ 2892, Bissau, Nhala e Aldeia Formosa, 1969/71) transcreve a letra de duas canções, que se cantarolavam em Aldeia Formosa:

(...) "Em Aldeia  o pessoal canta, para esquecer a saudade, ou porque já estamos perto do fim. Pegaram na melodia da marcha do Bairro Alto, vencedora em 1960 (talvez), 'Bairro Alto e seus amores tão delicados'...) (op. cit, pág, 120). 

Nenhuma das duas letras em título...  Mas também circulam por aí como "Aldeia Formosa" e "Adeus, Aldeia Formosa"...  A primeira é uma paródia às colunas auto na temível picada Buba - Aldeia Formosa (que no final da guerra passou a aser uma estrada alcatroada)... Vamos acrescentá-las ao Cancioneiro da Nossa Guerrra  (**).


ALDEIA FORMOSA 

Aldeia e as colunas a seguir
Para Buba,  com a malta,
Sujeita a ir para não vir
Com aquilo que nos falta.

São emboscadas e minas,
Bolanhas e covazinhas,
Viaturas rebocadas.
Deitaram - nos isto à sorte
De procurarmos a morte
Nestas tão reles estradas,

Refrão:

Viaturas velhas, mesmo a cair,
E, mesmo assim, a malta tem que seguir,
São tristes chaços, em procissão,
Andam mecânicos com as chaves de mão em mão.


(Nota: Na página "A viola é do fado", lê-se que "esta marcha data de 1938 e é da autoria de Carlos Neves. Diz-nos Daniel Gouveia, no seu excelente livro ' No fado tudo se canta' que a letra original de Nuno de Aguiar foi várias vezes alterada pelos fadistas. Sugere-se, a esse respeito, a leitura da variante cantada por Carlos do Carmo."). 

2. A segunda letra é já relativa ao fim da comissão, e ao  "regresso"  do pessoal da CCAÇ 2614, que se vai processar, numa primeira fase,  em coluna auto,  de Aldeia Formosa até Buba, passando por Mampatá, Uane e Nhala (que ficou no coração dos "resistentes")  (op. cit, pp 124/125).


ADEUS, ALDEIA FORMOSA

Adeus, Aldeia,  Formosa mas feia,
Com turras a atacar,
Adeus, Aldeia, que eu levo na ideia
De não mais cá voltar.

Despedi-me das bolanhas sem igual, 

Das bajudas da Tabanca, 
Dos alfaiates do rio Corubal,
Antes quero a minha branca.

Ai, ai, ai!...,
Não me importo de ir à toa,
O que eu quero é ver Lisboa
E a terra que eu cá sei.

Ai, ai, ai!...,
Já deixei as matacanhas, 
Pântanos e montanhas
E a Nhala que eu amei.

(Nota: A letra encaixa-se na  música da "Canção da Papoila", do filme "Maria Papoila", de Leitão de Barros, 1937: música de Raul Ferrão, letra de Alberto Barbosa, José Galhardo e Vasco Santana; Lisboa, Sassetii & C.ª Editores, 1937. Fonte: Museu do Fado)

(Seleção, revisão / fixação de texto, notas: LG)



Capa do livro do Manel Mesquita, 
"Os Resistentes de Nhala", ed. de autor, 2005, s/l, 2055, 144 pp. 
(Gráfica: Quadra - Produções Gráficas Lda, Vila Nova de Gaia.)
(Contactos do autor: tel 22 762 07 36 | telem 963 525 912)
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Notas do editor: