Guiné > Região de Quínara> Buba > 1ª C/BCAÇ 4513/72 (Bula, 1973/74) > Proteção aos trabalhos de construção da nova estrada Buba - Aldeia Formosa (via Nhala).
Foto (e legenda): © António Alves da Cruz (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
(...) "Em Aldeia o pessoal canta, para esquecer a saudade, ou porque já estamos perto do fim. Pegaram na melodia da marcha do Bairro Alto, vencedora em 1960 (talvez), 'Bairro Alto e seus amores tão delicados'...) (op. cit, pág, 120).
Nenhuma das duas letras em título... Mas também circulam por aí como "Aldeia Formosa" e "Adeus, Aldeia Formosa"... A primeira é uma paródia às colunas auto na temível picada Buba - Aldeia Formosa (que no final da guerra passou a aser uma estrada alcatroada)... Vamos acrescentá-las ao Cancioneiro da Nossa Guerrra (**).
ALDEIA FORMOSA
Aldeia e as colunas a seguir
Para Buba, com a malta,
Sujeita a ir para não vir
Com aquilo que nos falta.
São emboscadas e minas,
Bolanhas e covazinhas,
Viaturas rebocadas.
Deitaram - nos isto à sorte
De procurarmos a morte
Nestas tão reles estradas,
Bolanhas e covazinhas,
Viaturas rebocadas.
Deitaram - nos isto à sorte
De procurarmos a morte
Nestas tão reles estradas,
Refrão:
Viaturas velhas, mesmo a cair,
E, mesmo assim, a malta tem que seguir,
São tristes chaços, em procissão,
Andam mecânicos com as chaves de mão em mão.
(Nota: Na página "A viola é do fado", lê-se que "esta marcha data de 1938 e é da autoria de Carlos Neves. Diz-nos Daniel Gouveia, no seu excelente livro ' No fado tudo se canta' que a letra original de Nuno de Aguiar foi várias vezes alterada pelos fadistas. Sugere-se, a esse respeito, a leitura da variante cantada por Carlos do Carmo.").
2. A segunda letra é já relativa ao fim da comissão, e ao "regresso" do pessoal da CCAÇ 2614, que se vai processar, numa primeira fase, em coluna auto, de Aldeia Formosa até Buba, passando por Mampatá, Uane e Nhala (que ficou no coração dos "resistentes") (op. cit, pp 124/125).
ADEUS, ALDEIA FORMOSA
Adeus, Aldeia, Formosa mas feia,
Com turras a atacar,
Adeus, Aldeia, que eu levo na ideia
De não mais cá voltar.
Despedi-me das bolanhas sem igual,
Das bajudas da Tabanca,
Dos alfaiates do rio Corubal,
Antes quero a minha branca.
Ai, ai, ai!...,
Não me importo de ir à toa,
O que eu quero é ver Lisboa
E a terra que eu cá sei.
Não me importo de ir à toa,
O que eu quero é ver Lisboa
E a terra que eu cá sei.
Ai, ai, ai!...,
Já deixei as matacanhas,
Pântanos e montanhas
E a Nhala que eu amei.
Já deixei as matacanhas,
Pântanos e montanhas
E a Nhala que eu amei.
(Nota: A letra encaixa-se na música da "Canção da Papoila", do filme "Maria Papoila", de Leitão de Barros, 1937: música de Raul Ferrão, letra de Alberto Barbosa, José Galhardo e Vasco Santana; Lisboa, Sassetii & C.ª Editores, 1937. Fonte: Museu do Fado)
(Seleção, revisão / fixação de texto, notas: LG)
Capa do livro do Manel Mesquita,
"Os Resistentes de Nhala", ed. de autor, 2005, s/l, 2055, 144 pp.
(Gráfica: Quadra - Produções Gráficas Lda, Vila Nova de Gaia.)
(Contactos do autor: tel 22 762 07 36 | telem 963 525 912)
____________Notas do editor:
(*) Vd. postes de:
18 de maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6419: Notas de leitura (107): Os Resistentes de Nhala, de Manel Mesquita (1) (Mário Beja Santos)
19 de maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6427: Notas de leitura (108): Os Resistentes de Nhala, de Manel Mesquita (2) (Mário Beja Santos)
19 de maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6427: Notas de leitura (108): Os Resistentes de Nhala, de Manel Mesquita (2) (Mário Beja Santos)
2 comentários:
Haverá algum sítio da Guiné donde a malta guardou boas recordações ? Só parciais e fugidias... Contuboel, para mim, por exemplo, em junho/Julho de 1969: a guerra ainda não lá chegara...
Não me lembro bem ou, melhor dizendo, não lembro bem de metade da ida à praia de Sonaco.
Foi um dia e parte da noite, que não me lembro tal era o bioxene, para sempre recordar.
Qual praia qual carapuça, vamos mas é "mergulhar" nuns bioxenes e num petisco arranjado por um
conhecido do fur.mil. de Informações, que nos acompanhou.
E foi o regresso já noite, um Unimog com uns oito fur.mil. a cantarolar "ó bioxene, ó bioxene"
que o fur. de Informações aflito dizia que os turras nos ouviam e íamos ser apanhados à mão.
Não sabíamos o que havia de "neutralidade" em Sonaco, que era uma tabanca média, tinha uma bomba de gasolina, um mercado de gado, muita gente e não tinha nenhum quartel ou destacamento da NT.
Em Contuboel também se ia à praia do rio Geba e andava-se perfeitamente a vontade pela tabanca e arredores, e só durante a noite ouvíamos os rebentamentos distantes de alguém a "embrulhar".
Depois Guiro Iero Bocari, qual descanso do guerreiro, foram os últimos dois meses da comissão em perfeito estado de "acabou a guerra". Não fora o arame farpado, as armas pesadas em posição, as tendas de campanha e valas de segurança que toda a gente se juntava até cerca das 10 horas da noite, com a pouca gente da pequena tabanca, as mulheres e filhos dos nossos soldados fulas, mais parecia o passar uns dias inesquecíveis naquela África profunda.
Saúde da boa
Valdemar Queiroz
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