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domingo, 31 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P25024: Manuscrito(s) (Luís Graça) (242): De que nos servem os "anjos da guarda" se os que estão de serviço ao presépio deixam roubar o Menino Jesus em Vila Nova de Cerveira ? Não tenho nenhum alibi, mas juro que não fui eu que o roubei...






Vila Nova de Cerveira > 28 de dezembro de 2023 > Presépio, sem o Menino Jesus,  junto á igreja matriz local, também conhecida por igreja de São Cipriano (na foto acima, vista do Jardim Mestre José Rodrigues, Escultor, 1936-2016)

Fotos (e legenda): © Luís Graça (2023). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné] 


1. Viajando, "amuletado" e tristonho, pelo Alto Minho, na semana de dilúvio pós-natalícia, achei-me de repente numa praça, vazia,  de Vila Nova de Cerveira onde se erguia, na parede exterior da igreja matriz local, um presépio à escala humana. 

De máquina fotográfica a tiracolo, ali largado, sem grandes ideias nem expetativas, na rua principal da "Vila das Artes", despertou-me o presépio  a curiosidade de turista estúpido em férias... e fui lá espreitar. 

Tirei meia dúzia de  chapas. E só agora, de regresso a casa, na Madalena, Vila Nova de Gaia, ao visionar as fotografias que tirei na minha Nikon D-5300, comprada em Tóquio mas "made in Thailand", é que dou conta que a figura principal deste teatro sagrado estava ausente.  Na primeira foto, que publico acima, é bem visível  que o Menino Jesus não está no seu berço improvisado com as palhinhas da manjedoura do burro e da vaca,,,,

Pensei logo: algum engraçado da terra terá levado para casa, de noite, a imagem do Menino Jesus, para desgosto, no dia seguinte de manhã, da "canalha", do padre, da comissão fabriqueira, das beatas e do vereador do pelouro do turismo... (E até do burro, de orelhas espetadas,  sem esquecer  o pobre Baltazar que veio de longe, quiçá da Guiné, para trazer ao novo  Rei dos Reis a mirra, símbolo da imortalidade.)

Brincadeira, reinação, vandalismo, malvadez ?!...  Parece que todos os anos há cenas destas em Espanha. Roubam e sequestram o Menino Jesus, na Catalunha, por pirraça, bravata ou até com a intenção, já criminosa,  de pedir um resgate... E agora com as redes sociais, estas cenas são rapidamente imitadas...

Não sei se  foi o caso em Vila Nova de Cerveira, pacatíssima terra raiana onde vi poucos indígenas, e os raros de que  me aperecebi, em noite fria e chuvosa, num tasco, eram vizinhos galegos, em geral famílias, alegres e ruidosas,  que vieram  ao lado de cá do rio Minho para "tapear"... (Já não há o escudo nem a peseta, mas o raio do euro vale mais na margem direita do rio, pelo que os comes & bebes na margem esquerda são mais baratos.)

Fiquei deveras intrigado e até preocupado. Será que as autoridades lá da terra  (religiosas, autárquicas e policiais)  já deram conta do misterioso desparecimento do Menino Jesus, que era pressuposto estar nas  suas palhinhas deitado, e fortemente guardado por um "securitas" celestial  ?  

E se alguma beata, pela frincha da janela, me viu rondar o presépio e até tirar fotografias, com o meu ar estranho, suspeito e até louco ? Para mais com duas muletas, barba e cabelo comprido, não é difícil à PJ fazer-me um rápido-robô e depois ir, com mandato judicial na mão,  bater-me à porta da rua dom Afonso Henriques, na Madalena, onde procurei abrigo provisório por estes dias tristes, em fim de ano amargo como foi o de 2023... 

"Estou feito ao bife!"...  e ainda passo as festas do Ano Novo com termo de residência e identidade ou até pulseira eletrónica,,,  Enfim, não foi nada que não me tenha passado pela minha pobre cabeça!...Ou então foi algum pesadelo securitário que tive esta noite, fruto das pesadas digestões da quadra natalícia.... 

Daí apressar-me agora, a escassas duas horas do fim do ano,  para, publicamente, neste blogue de antigos combatentes da Guiné, protestar a minha inocência... Dormi em 28 e 29 de dezembro de 2023 num hotel por ali perto,  junto ao rio Minho, não tenho nenhum alibi, mas juro que não fui eu que roubei o Menino Jesus do Presépio da "Vila das Artes"...  

Só me resta desejar um noite descansada para aqueles que, na nossa terra e na nossa democracia, zelam pela nossa segurança, próxima, mediata e remota... E que para o ano sejam tão bons ou melhores zeladores  e guardiões  que o "anjo da guarda da minha companhia" que, na minha infância , me guardava  "de noite e de dia". Ámen.  

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Nota do editor:

Último poste da série > 26 de dezembro de 2023 > Guiné 61/74 - P25003: Manuscrito(s) (Luís Graça) (241): o meu primeiro Natal no Norte, em 1976