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sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Guiné 61/74 - P20421: (Ex)citações (362): a crise de vocações castrenses: de 1962 a 1969, a quebra é brutal: o nº de admissões ao 1º ano da Academia Militar passa de 266 (em 1962) para 33 (em 1969) (Morais da Silva, cor art ref, investigador, antigo professor da Academia Militar)



Fonte: Morais Silva (2010)



Dois comentários ao poste P20418 (*)


(i) Tabanca Grande Luís Graça:

É impressionante, um militar de carreira [, o major inf Magalhães Osório], aos 40 anos, já tinha 4 comissões de serviço no Ultramar: uma na Índia, outra em Angola, duas na Guiné... 

Por muito que "a fábrica de oficiais" trabalhasse, não conseguia repor o "produto"... E, infelizmente, começou a escassear a "matéria-prima"... Porquê ? Atenção, Morais da Silva e tanto outros camaradas e amigos entraram já para a Academia Militar em plena guerra colonial (ou do Ultramar, como quiserem).


(ii) Morais da Silva:

Vale a pena conhecer o número de admissões para o 1º ano da AM (no final do 1º ano ocorria a escolha do ramo e arma desejadas: inf,art,cav, eng civil, mecânica e electrotécnica, eng aeronautica, força aérea (pilotos), administração militar exército ou força aérea).

Admissão [Vd. Gráfico acima reproduzido]: 



1961:257 
1962:266
1963:180 
1964:137 
1965:129 
1966:90 
1967:90 
1968:58 
1969:33 
1970:62
1971:103
1972:72
1973:88

Os cadetes das Armas e Pilotos entravam para os quadros, com o posto de alferes, 4 anos após a admissão. As engenharias terminavam os cursos 7 anos após a admissão, já com o posto de tenente.

De 1962 a 1969 a quebra é brutal e deu origem à escassez de subalternos para a instrução, de tal modo que, em 1971 e 1972, não houve uma única promoção a capitão e, naturalmente, à queda do "stock" destes para o comando de companhias.

Não há estudos, que eu conheça, sobre o que animava estes jovens que, em plena guerra, acorriam à AM [Academia Militar]. Da minha parte sempre quis, desde menino, ser militar e em boa hora o consegui.


Morais Silva
artilheiro-infante


2. O Cor Art Ref António Carlos Morais da Silva, natural de Lamego, pertence a uma família de militares.  Foi cadete-aluno nº 45/63, do corpo de alunos da Academia Militar. É membro da nossa Tabanca Grande, com o nº 784, desde 7/3/2019

Foi professor do ensino superior universitário, docente da Academia Militar, do Instituto Superior de Gestão e da Universidade Autónoma de Lisboa, sendo especialista em Investigação Operacional. Também passou pelo TO da Guiné como oficial do QP: no CTIG, foi instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá Mandinga, adjunto do COP 6, em Mansabá, e comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre 1970 e 1972. É membro da nossa Tabanca Grande,

O Morais da Silva teve a gentileza de, em 2010,  nos facultar, em pdf e em word, um exemplar do seu estudo, de 30 pp., sobre a "Guerra de África - O QP e o Comando das Companhias de Combate" (Março de 2010), que circulou internamente, na nossa Tabanca Grande, através da nossa rede de emails. Foi depois publicado no blogue, na série "Estudos", dividido em 6 partes (**). 

É desse estudo o gráfico que acima reproduzimos, e que merece o devido destaque e reflexão, além dos comentários ( que serão bem vindos...) por parte dos nossos leitores (***).
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(***) Último poste da série > 29 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20285: (Ex)citações (361): Do meu amigo Zé Saúde, com quem estive estes anos todos sem falar da guerra, até ao segredo dos 'Asas Brancas' de Contuboel (Manuel Oliveira Pereira, ex-fur mil, CCAÇ 3547, 1972-74)

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Guiné 63/74 - P16170: Nota de leitura (845): Estudos Sobre a Economia do Ultramar, por José Fernando Nunes Barata, publicado em 1963 pela Biblioteca do Centro de Estudos Político-Sociais (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 27 de Julho de 2015:

Queridos amigos,
O planeamento socioeconómico pesou no processo político metropolitano e ultramarino. Lê-se este bem condimentado trabalho de Nunes Barata, sentem-se as boas intenções em diversificar produções e exportações, intensificar a industrialização, o autor até vaticina ser uma boa aposta o caju na Guiné e faz referências brandas ao desenvolvimento piscatório. É um estudo que ele elabora em Bissau, data de Novembro de 1962, o Sul já está em subversão, é impossível que o economista não disponha de informações de que se avizinha uma tormenta, e deixa-nos um documento sereno, confiante, nada se passa a não ser a fé naquela aposta do desenvolvimento. Foi assim que aconteceu, quando o estudo foi publicado este projeto estava definitivamente comprometido. Mas é preciso ler tudo, dar atenção a tudo e perceber que a Guiné teve e tem enormes potencialidades para o desenvolvimento e o bem-estar do seu povo.

Um abraço do
Mário


Como era encarado o desenvolvimento da Guiné, à beira da guerra

Beja Santos

Para deter uma informação contextualizada sobre evolução socioeconómica da Guiné, entre o pós-guerra e a eclosão da guerra de libertação, é indispensável reunir várias peças e sobretudo as opiniões disponíveis, perceber o alcance das previsões. Foi nessa perspetiva que li o estudo de José Fernando Nunes Barata publicado em 1963 pela Biblioteca do Centro de Estudos Político-Sociais, trabalha idóneo, documentado, seguramente concebido sem sentir os efeitos da guerra que se pressagiava e que depois se propagou, até destroçar qualquer planeamento fora da custódia militar.

É ocioso determo-nos sobre o que ele escreve quanto a território, população, ambiente social e até realidades económicas, embora neste último aspeto vale a pena uma certa recapitulação: não existia agricultura organizada nas mãos dos “civilizados”, mas havia “ponteiros”, geralmente industriais de água-ardente, muitas vezes e simultaneamente comerciantes. Os produtos de exportação eram o amendoim, o coconote e as madeiras, o arroz, tão exportado na década de 1950, começava a cair a pique. Mas este arroz pesava eternamente, era o alimento privilegiado da autossubsistência. Quanto a madeiras, exportava-se “bissilom”, “mancone”, “pau conta”, “pau sangue”, “pau bicho”, “pau miséria”, “pau incenso”, “pau veludo”, entre outros. Havia ao tempo propostas para um melhor aproveitamento da floresta e sobretudo falava-se no aproveitamento, com caráter industrial, dos subprodutos das florestas. De há muito que a borracha perdera o significado que tivera entre finais do século XIX e começos do século XX. E o autor observa: “A borracha talvez possa constituir uma notável fonte de receita para a Guiné. Não muito longe, na Libéria, a conhecida Firestone explora uma plantação de 80 mil hectares, a que corresponde uma produção superior a 20 toneladas de borracha”. Como prova de que as pescas, por insólito que pareça, tinham um peso inexpressivo nas atividades económicas, basta ouvir a opinião do autor. “Quanto a pesca, parece revestir-se de interesse a execução de um plano de desenvolvimento desta indústria, pois as riquezas de bancos relativamente próximos, recomenda tal desígnio. De resto, a atividade das populações nativas neste setor é primitivo e insuficiente”.

Um soberbo palmar no parque do Cantanhez, 
Tirado do site www.ideiasoltas.no.sapo.pt, com a devida vénia

A indústria apresenta-se como uma grande nebulosa, mas há expetativas quanto à bauxite e ao petróleo, fala-se no contrato com a N. V. Billiton Maatschappij para pesquisar e explorar minérios de alumínio em Angola e na Guiné. Após pesquisas, confirmaram-se depósitos de bauxite na região do Boé e outras, com um teor de minério inferior. Em 1958, a Esso obteve o direito de pesquisar e explorar jazigos de carbonetos de hidrogénio, rescindiu contrato em 1961, o trabalho de Nunes Barata não avança as razões da rescisão. Em termos de import-export, vem aí uma novidade: “A Guiné, como não consome tudo quanto importa, faz a reexportação para os países limítrofes de enorme quantidade de tabaco, uísque e tecidos. Daí o volume impressionante de invisíveis que alimentam as casas de câmbio de Lisboa, que os aproveitam para pagamento de transações com Tânger”.

Para se entenderem as propostas de Nunes Barata, convirá não esquecer que o regime de Marcello Caetano apostara no planeamento como matriz do desenvolvimento, era esse o papel nevrálgico do Estado, tanto na metrópole como no Ultramar. Assim se percebe melhor o esquema de um plano de estudo sobre a situação económico-social da Guiné, mostrar o país no seu relevo, clima, solos, cursos de água, vegetação e fauna, etc; a sua população e o mosaico étnico, alimentação, saúde e ensino, para tomar o poço das necessidades; diagnosticar a ação da população branca para perceber as possibilidades de povoamento; deter um quadro das infraestruturas – todos os tipos de transporte, levantamento do equipamento social e fontes de energia; definir o desenvolvimento agrícola através da investigação científica, da agricultura e os elementos de apoio as programas de desenvolvimento, a silvicultura e as pescas; enquadrar as possibilidades do subsolo, da criação de indústrias agroalimentares, entre outros. E depois definir as condições e política de desenvolvimento económico à luz dos Planos de Fomento já existentes, definir medidas para a existência de elites associadas à política de desenvolvimento, montar uma administração ao serviço desse desenvolvimento, com aparelho estatístico, serviços modernos de assistência técnica (e aí o autor enumera exaustivamente a agricultura, a pecuária e as florestas, mas também as indústrias extrativas e as energias). E tece um apanhado de considerações sobre as quais vale a pena refletir: “No capítulo das despesas sociais justifica-se uma conveniente dotação dos serviços em quadros de pessoal e meios técnicos e o prosseguimento nos pequenos melhoramentos para o bem-estar dos agrupamentos nativos, na política de saúde e assistência e, sobretudo, na instrução pública. Penso que haveria todo o interesse em valorizar o percurso Bissau-Mansabá-Bafatá-Gabu. Esta estrada parece-me a grande linha de penetração para o interior. Por ela circula já hoje o maior trânsito da Guiné. Um segundo trajeto que haveria a cuidar é o de Bissau a São Domingos e Praia de Varela. Justificariam esta atenção não só razões económicas mas ainda motivos de segurança e, sobretudo, turísticos.
A Guiné é uma terra favorecida pelo mar. Aproveitar o dote natural dos rios e dos canais, nos problemas de circulação, será ainda um ato de economia e de inteligência”.

Nunes Barata assina o seu trabalho em Novembro de 1962, depois de enumerar uma criteriosa bibliografia consultada. Estes ideais de desenvolvimento nunca serão postos em prática, a guerra está a chegar, o território ficará desarticulado, Spínola intentará um plano de desenvolvimento, rasgará as estradas à sombra da tal poderosa custódia militar. E quando chega a independência, os dirigentes do PAIGC não podiam ignorar a situação calamitosa em diferentes regiões. Foram voluntaristas, ingénuos e deixaram-se ludibriar por muita gente corrupta, puseram em lugar de responsabilidade gente incompetente. Ao caos da guerra juntou-se o ilusionismo de tudo para a frente. E assim aconteceram as amargas deceções até ao próximo presente.
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Nota do editor

Último poste da série de 3 de Junho de 2016 Guiné 63/74 - P16161: Nota de leitura (844): Boticas e beberragens: a criação dos serviços de saúde e a colonização da Guiné, por Philip Havik (Mário Beja Santos)

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Guiné 63/74 - P9378: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (3): O stresse pós-traumático de guerra, em estudo da Universidade Autónoma de Lisboa (UAL), em colaboração com a Liga dos Combatentes (Hélder Sousa / João Hipólito)

1. Mensagem do nosso camarada Hélder Sousa (ex-Fur Mil de TRMS TSF, Piche e Bissau, 1970/72) com data de 14 de Janeiro de 2012:

Caros amigos Editores
Recebi este mail que vos reenvio, na convicção que podemos encontrar utilidade nos propósitos a que se propõe.

Por vezes são referidas as necessidades de se fazerem estudos para melhor se caracterizar os fenómenos relacionados com o stresse pós-traumático de guerra e melhor se poder relacionar com os elementos que sofrem com ele, no nosso caso particular os ainda viventes das "guerras de África".

O Prof. Dr. João Hipólito é meu amigo e já temos conversado sobre as questões relacionadas com os ex-combatentes, especialmente sobre a Guiné, pelo que sei que se trata de assunto sério e a ser tratado seriamente.

Há a questão dos envelopes a serem enviados para quem tem endereços, o que no nosso caso praticamente não existem, pelo que aqueles que se interessarem pelo assunto e quiserem colaborar nos trabalhos podem entrar em contacto através dos elementos (endereço postal, telefone e mail) indicados no final.

Pelo que está escrito também se espera que dentro de algum, pouco, tempo, o questionário esteja disponível na 'net', podendo ser respondido directamente por essa via.

Caso achem que esta divulgação tem cabimento no nosso Blogue, fica aqui à disposição.

Abraço
Hélder Sousa


2. Mensagem do Prof João Hipólito enviada ao nosso camarada Hélder Sousa:

Caro Hélder
A Universidade Autónoma de Lisboa, em colaboração com a Liga dos Combatentes está a realizar um estudo sobre o Stresse pós-traumático de guerra em particular e o da população em geral.

Estamos também a criar contactos para incluir no nosso estudos contactos de combatentes de Angola, Guiné e Moçambique que combateram quer do lado português quer do lado oposto.

Para que este estudo seja significativo precisamos do maior número possível de respostas. Por isso eu agradecia a colaboração de todas as “boas-vontades” para ajudar neste trabalho.

Neste momento nós estamos a enviar os questionários às pessoas dispostas a colaborar, combatente residindo em qualquer lugar ou não combatentes residindo em Portugal. Se nos disponibilizarem endereços de mail ou moradas nós poderemos enviar com um envelope já de resposta paga. Dentro de 2-3 semanas, deveremos ter o questionário on-line de maneira a poder ser respondido directamente pela internet.

Se os membros do vosso grupo estivessem dispostos a colaborar, seria uma enorme ajuda. Pensamos que este estudo, por um lado ainda nos ajuda agora no trabalho que fazemos com antigos combatentes em sofrimento; por outro lado na prevenção dos que actualmente estão em missões ditas de paz, e na sua integração no retorno à sociedade civil.

Muito grato pela atenção, ajuda e eventuais outros contactos que nos possam passar, apresento os meus mais cordiais cumprimentos e votos de um rico 2012 apesar da crise que no assola.

João Hipólito, MD. PhD.
Professor Catedrático
Director
Departamento de Psicologia e Sociologia
R. Sta. Marta 47 - 3º  Andar
1169-023 Lisboa
Tel.: 21 317 76 00
Fax.: 21 353 37 02
joao.hipolito@ual.pt
http://www.blogger.com/www.universidade-autonoma.pt






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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 26 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6791: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (2): Tina Kramer, etnóloga, Universidade de Frankfurt, em trabalho de campo, em Lisboa

terça-feira, 20 de julho de 2010

Guiné 63/74 - P6767: Controvérsias (98): O QP não desapareceu (e eu não fui lorpa), apenas reduziu o seu contributo, porque... não há omeletas sem ovos (Morais da Silva, ex-Cap Art, CCAÇ 2796, Gadamael, 1970/72)


Paisagem, pintura de Augusto Trigo (n. 1938). Em exposição no hall de um banco, em Bissau, o BCAO. Com a devida vénia ao pintor (que vive actualmente em Portugal), ao Rui Fernandes (autor da foto) e à AD - Acção para o Desenvolvimento (que detém os direitos da imagem no seu site Guiné-Bissau). Parafraseando o título do poste do nosso blogue, de 6 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2244: Cusa di nos terra (12): Ainda vi burros em Bafatá (Beja Santos), o nosso leitor (e camarada de armas) Morais da Silva diz que não é nem quer passar por... lorpa. (LG)


1. Mensagem do Cor Art Ref Morais da Silva:

Caro Luís Graça

Confesso-me farto de ser considerado lorpa pois continua a haver quem julgue que a malta do QP não andava de olho em cima das escalas de mobilização para evitar ou, no mínimo, dissuadir os chicos espertos que sempre existem.

Jorge Canhão concluiu agora que, afinal, só a partir de 1971/72 o QP se baldou embora acrescente que esta "reviravolta" coincide com o agravamento da guerra (opinião dele que não minha). É pena que em tempo útil não o tenha dito mas, paciência.

Resolvi ver os números outra vez e rebater o que diz Jorge Canhão.

Se soubesse o e-mail deste, endereçava-lhe o artigo e solicitava-lhe uma resposta (**). Mas como não o encontro,  anexo o que escrevinhei para publicar, se o entender conveniente.

Abraço do artilheiro

MS

2.  A propósito do poste P6374, de Jorge Canhão (**)
por Morais da Silva

Esta é a segunda vez que entro no blogue, acolhimento que agradeço, para esclarecer o que julguei já estar esclarecido.

Levar a cabo o estudo sobre o "Comando de Companhias de Combate em África" (***)  foi uma obrigação que me impus quando deparei com a afirmação de que "os oficiais do QP tinham fugido da guerra". Como já confessei, fiquei atónito, porque tal teria acontecido nas minhas barbas e eu, distraído, tinha andado a dar o corpo ao manifesto enquanto na minha "confraria" vigorava a regra da balda. Em resumo, teria sido um lorpa. Reagi, decidi ir à procura de números fiáveis e recuperei a paz de espírito. Afinal, como sempre pensei, eu não fui excepção antes fui a regra.

Regressado ao estudo e ao remanso do meu site eis que Jorge Canhão me informa:

"Globalmente o QP não fugiu das Companhias Operacionais mas quando a guerra se agravou em 1971/72 o QP DESAPARECEU QUASE POR COMPLETO".

Valha-me Santa Bárbara apesar de, agora, só trovejar na ponta final da guerra mas com a agravante do anátema do "cagaço". Imaginem o meu desassossego. Será que fiz o trabalho direitinho até 71/72 e depois o raio do software que fiz me induziu em erro e afinal fui mesmo um lorpa? Jorge Canhão só diz "Quase por completo". Qual será o valor que atribui a "Quase"? Porquê 71/72? A guerra agravou-se? Mas antes tinha sido uma pêra doce?!

Vamos aos números.

Jorge Canhão resolve tratar a base de dados de que dispõe (e que suponho ser a que foi publicada pelo Correio da Manhã nos Cadernos da Guerra Colonial) no momento da mobilização das companhias operacionais ou seja, em cada ano identifica as companhias que foram mobilizadas e agrega-lhes todos os capitães que as comandaram ao longo da comissão (Cap QP ou Mil).

No meu trabalho digo que, companhias com comando único (mesmo capitão durante toda a comissão), foram 83% em Angola e Moçambique e apenas 66% na Guiné. Face a estes números melhor seria tratar apenas companhias com comando único dada a dimensão da amostra. Mas, adiante.

No conjunto dos 3 TO Jorge Canhão conclui que, em 1971, 53% dos capitães "mobilizados com as companhias" são capitães QP e que tal percentagem desce para 19% em 1972 e para 12% em 1973, subindo para 20% em 1974. Aqui chegado Jorge Canhão conclui: "No entanto, quando a guerra se agravou (precisamente a partir dos anos 1971/72), os Capitães do Quadro Permanente "DESAPARECERAM QUASE POR COMPLETO" dos cenários das Companhias de Combate".

Ora só se pode dar como desaparecido aquilo que existe mas nestas "coisas" se algo desaparece é preciso encontrá-lo para que sirva de contraprova. Lá parti eu em busca detalhada e olhando para os meus números constatei o seguinte:

"Desaparecimento" do QP em 1972" - O que eu sei sobre este ano

- estão em combate 277 capitães do QP (46% do total de capitães em combate)

- este efectivo em combate representa 31% do stock existente de capitães QP (885 Cap. QP); era de 34% em 1971 havendo pois a registar uma quebra de 3% no empenhamento do stock

- não só não houve promoções a capitão em 1971, para alimentar o stock, como este baixou 149 capitães (1034 em 1971; 885 em 1972). A quebra de 149 capitães nos 1034 representa 14%. Compare-se esta quebra de stock do QP com a quebra de 3% do parágrafo anterior e digam-me lá onde está o desaparecimento

"Desaparecimento" do QP em 1973- O que eu sei sobre este ano

- estão em combate 178 capitães do QP (30% do total de capitães em combate)

- este efectivo em combate representa 23% do stock existente de capitães QP (779 Cap. QP) ou seja há uma quebra de 8% no empenhamento do stock

- não só não houve promoções a capitão em 1972, para alimentar o stock, como este baixou 106 capitães (885 em 1972; 779 em 1973). A quebra de 106 capitães nos 885 representa 12%. Compare-se esta quebra de stock com a quebra de 8% do parágrafo anterior e digam-me lá onde está o desaparecimento

"Desaparecimento" do QP em 1974 - O que eu sei sobre este ano

- estão em combate 119 capitães do QP (21% do total de capitães em combate)

- este efectivo em combate representa 21% do stock existente de capitães QP (580 Cap. QP) ou seja há uma quebra de 2% no empenhamento do stock

- houve promoções a capitão em 1973 para alimentar o stock mas, apesar disso, este ainda baixou 99 capitães (779 em 1973; 580 em 1974). A quebra de 99 capitães nos 779 representa 13%. Compare-se esta quebra de stock com a quebra de 2% do parágrafo anterior e digam-me lá onde está o desaparecimento

Fica demonstrado, mais uma vez, que o QP não desapareceu (e eu não fui lorpa) mas que apenas reduziu o seu contributo porque não há "omeletas sem ovos".

Repito o que já disse mas pelos vistos sem sucesso.

De 1970 a 1974 o stock de capitães do QP passou para quase metade (52%). Se os encargos fixos se mantiveram (unidades, estabelecimentos e órgãos da metrópole; unidades de guarnição e centros de instrução em África) e os de combate também, como não esperar as quebras verificadas?

Por que carga de água se recorreu à formação laboratorial de capitães milicianos e se deu à luz o célebre decreto de 1973 sobre o acesso à AM [, Academia Militar] ? Diversão da tutela ou tutela entalada perante uma Guiné e Moçambique a pedirem mais meios e uma AM a dar conta da sua impotência?

Uma nota derradeira.

Estou pronto a colaborar com Jorge Canhão, se este o desejar, para afinar a listagem das companhias presentes a partir de 1971 e clarificar a razão da pesada discrepância (145 companhias) que aponta: eu contabilizo um efectivo anual presente nos 3 TO na ordem das 475 e Jorge Canhão indica 330.

Discordo completamente dos resultados da pg. 1. Por exemplo, no grupo A, parte dos capitães avançou ainda em finais de 1968, princípio de 1969; a outra parte avançou em finais de 1969. A 1ª fatia regressou no final de 1970 e a segunda nos fins de 1971 tendo sido mobilizados novamente na segunda metade de 1972 (1ª fatia) e início de 1973 (2ª fatia).

Assim sendo o grupo A está mal definido não podendo ser rodado em conjunto e muito menos com o grupo C que é mobilizado em meados de 1971.

A organização dos conjuntos e a sua inserção na fita do tempo está errada pois parte do pressuposto da rotação contínua (mas o pessoal tinha que descansar e preparar nova etapa o que consumia, em regra, 1.5 a 2.5 anos ao longo da campanha).

Definitivamente, tenho dito.

António Carlos Morais da Silva

 antoniocmsilva@netcabo.pt
http://www.moraissilva.com/

[ Fixação / revisão de texto / bold a cor / título: L.G.] (****)

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Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 14 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6734: Controvérisas (96): No período de 1972/75, a proporção de capitães milicianos, comandantes de companhias combatenntes em África, era de 83 em cada 100 (Jorge Canhão, ex-Fur Mil At Inf Op Esp, 3ª C/BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1972/74)

(**) Foi dado, ao Jorge, conhecimento prévio do teor do mail do Morais da Silva. Não foi possível obter um comentário seu em tempo útil. Presume-se que esteja de férias ou ainda não tenha visto a caixa de correio. Recorde-se que o nosso camarada e mui querido amigo Jorge Canhão também conheceu Gadamael, a ferro e fogo, em Junho de 1973.

(***) Vd. poste de 15 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6596: Estudos (1): Guerra de África - O QP e o Comando das Companhias de Combate (António Carlos Morais da Silva, Cor Art Ref) (VI e última parte)

(****) Último poste desta série > 18 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6759: Controvérsias (97): Ainda... muito a tempo (José Belo)

terça-feira, 15 de junho de 2010

Guiné 63/74 - P6596: Estudos (1): Guerra de África - O QP e o Comando das Companhias de Combate (António Carlos Morais da Silva, Cor Art Ref) (VI e última parte)




Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > CCS/ BCAÇ 2852 (1968/70) > Destacamento de Nhabijões (?) > Assistência médica à população do reordenamento de Nhabijões (?), maioritariamente de etnia balanta (e com "parentes no mato"). Como se vê, a consulta médica era muito pouco privada... Além disso, o médico tinha que utilizar os serviços de um intérprete.

Na foto, vemos quatro oficiais, só um dos quais é do Quadro Permanente (o Major Op Inf Herberto Alfredo do Amaral Sampaio); os restantes oficiais são milicianos, o Alf Mil Cav J. L. Vacas de Carvalho (de calções, sentado), comandante do Pel Rec Daimler 2206 (que tinha chegado ao Sector em Jan/Fev de 1970, e que é membro do nosso blogue);  o  Alf Mil Médico Joaquim Vidal Sampaio (que ficou retido um dia no mato,  connosco, CCAÇ 12 e Pel Caç Nat 52, na Op Tigre Vadio, em Março de 1970), e ainda um outro Alf Mil, de pé, de camuflado,  que não identifico (*).

O BART 2917, que veio render o BCAÇ 2852, em Maio de 1970, tinha 2 capitães de artilharia, do QP, à frente das suas unidades de quadrícula: Victor Manuel Amaro dos Santos (CART 2715, Xime); José Manuel Silva Agordela (CART 2714, Mansambo); e um Cap Art Mil,  Francisco Manuel Espinha Almeida (CART 2716, Xitole)... O Cap Art Passos Marques também chegou a comandar uma companhia de combate, a CART 2715 (depois do Victor M. Amaro dos Santos e do Alf Mil Art José Fernando de Andrade Rodrigues; ainda teve mais dois comandantes, oriundos da arma de Infantaria,  a seguir ao Passos Marques:  Cap Inf Artur Bernardino Fontes Monteiro e Cap Inf José Domingos Ferros de Azevedo.

Em termos de idades, as diferenças eram notórias: em geral, os médicos milicianos eram mais velhos meia dúzia de anos (em relação aos restantes alferes milicianos), por razões óbvias: só eram mobilizados de terminar o curso de medicina (muitos deles tinham ainda pouca experiência clínica...).  E os capitães do QP, comandantes de companhias de combate,  rondavam, em média, os 30 anos, segundo o estudo do Cor Art Ref Morais da Silva que estamos a publicar. Neste período, em que eu estive em Bambadinca (CCAÇ 12, 1969/71), a amplitude da idade dos capitães do QP era grande,  podendo ir dos 24 (idade mínima) aos 43 (idade máxima) (dados referentes em 1969).

O meu capitão, da arma de Infantaria,  por exemplo, tinha 37/38 anos, o dobro da idade de alguns dos nossos soldados africanos (tínhamos homens com 16!), e já tinha feito duas comissões no Ultramar... O 'stock' de capitães, saídos da Academia Militar, estava prestes a esgotar-se...  (LG)

Fotos: © Arlindo T. Roda (2010). Direitos reservados
                    



































Publicação da 6ª (e penúltima) parte do estudo do Cor Art Ref António Carlos Morais da Silva, professor do ensino superior universitário, antigo docente da Academia Militar, do Instituto Superior de Gestão e da Universidade Autónoma de Lisboa. O autor é especialista em Investigação Operacional. Também passou pelo TO da Guiné como oficial do QP.

O Morais da Silva teve a gentileza de facultar ao nosso blogue, em pdf e em word, um exemplar do seu estudo, de 33 pp., sobre a "Guerra de África - O QP e o Comando das Companhias de Combate" (2ª versão Maio de 2010). A 1ª versão (Março de 2010), de 30 pp., circulou internamente, na nossa Tabanca Grande, através da nossa rede de emails.

Este estudo chega agora a um público mais vasto, através do nosso blogue (**).

A existência de um elevado número de gráficos e quadros obrigou-nos a digitalizar todo o relatório , sob a forma de imagens, por partes. Esta é a Vi parte, correspondente às pp. 30-33 da 2ª  versão (Maio de 2010).

Por sua vez, o nosso camarada Jorge Canhão (ex-Fur Mil da 3ª Companhia do BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1972/74) encarregou-se da morosa tarefa da digitalização do relatório, folha a folha. Aqui fica a expressão do nosso agradecimento público, pelo empenho e pela competência com que levou a cabo a digitalização do documento.

 Entre Março (1ª versão) e Maio de 2010 (2ª versão) o autor conseguiu identificar os comandantes de duas companhias de combate, pelo que os quadros e gráficos foram revistos e actualizados... Até à página 29, no entanto, só usámos os elementos constantes da 1ª versão. Mas as diferenças são mínimas, não afectando as conclusões.

Na 2ª versão o autor acrescentou a 13ª secção - Estrutura etária dos capitães do QP à data da mobilização. Passamos agora  a ter um universo de 1370 (mais dois do que na versão de Março de 2010).

O autor, em nota introdutória, agradece aos alunos-cadetes da Academia Militar que digitalizaram a lista de antiguidades de 1975, dos três ramos combatentes (Infantaria, Artilharia e Cavalaria) a partir da qual foi criada uma base de dados biográficos dos capitães do QP  que comandaram companhias de combate em Angola, Guiné e Moçambique (nome, nº de identificação, data de nascimento,  datas das promoções a Alfere, Tenente, Capitão e Major). A 2ª versão tem a data de 10 de Maio de 2010. Por razões práticas e técnicas, não vamos substituir os quadros e gráficos da 1ª versãio, constantes dos cinco primeiros postes desta série. A 2ª versão, aumentada e actualizada,  que nos foi disponibilizada gentilmente pelo autor, em formato pdf, também irá ser distribuída por email aos cerca de 420 membros (registados) do nosso blogue.

O documento, agora publicado no nosso blogue, está divido em 14 secções, assim discriminadas:

1. Evolução dos efectivos totais nos 3 TO (referidos a 31 de Dezembro)

2. Evolução dos efectivos de reforço (metrópole)  nos 3 TO (referidos a 31 de Dezembro)

3. Evolução dos efectivos de recrutamento local nos 3 TO (referidos a 31 de Dezembro)

4. Peso relativo do recrutamento local no total de efectivos nos 3 TO

5. Companhias de combate mobilizadas (reforço)

6. Companhias de combate embarcadas (fita do tempo)

7. Comandantes das companhias de combate

8. Evolução anual do efectivo de capitães comandantes de companhias de combate

9. Companhias de combate 'versus' número de comandantes de companhia

10. Efectivo anual de companhias de combate

11. Histórico dos efectivos formados na Escola do Exército (EE) e na Academia Militar (AM)

12. Evolução do 'stock' de capitães do QP

13. A idade dos capitães QP - Distribuição

14. Considerações finais


A partir de agora, com o relatório completo disponível, serão bem vindos os comentários dos leitores bem como a resposta às questões em aberto (nomeadamente a identificação dos comandantes das 21 companhias em falta, em Angola e Moçambique, listadas na página 33 do documento).

Será escusado dizer que todas as opiniões são válidas desde que fundamentadas (e, naturalmente, assinadas). Podemos criticar, com elegância e serenidade, este estudo, em relação seja à metodologia de recolha e tratamento de dados seja à interpretação dos dados e às conclusões propostas pelo autor. Só podemos criticar o que conhecemos, o que lemos, o que ouvimos, o que vimos... Críticas gratuitas não fazem sentido entre camaradas que se estimam e que querem contribuir para o melhor conhecimento do texto e do contexto da guerra colonial, com especial enfoque no TO da Guiné. Trata-se de um simples e elementar, mas até à data poucos estudiosos da guerra colonial se interessaram pela sociodemografia das Forças Armadas Portuguesas, e em especial dos seus oficiais do Quadro Permanente.

Agradecemos mais uma vez ao autor o ter confiado na seriedade e honestidade intelectual do nosso blogue para publicitar o seu estudo. Infelizmente, devido ao seu tamanho e à necessidade de garantir uma boa resolução dos seus quadros e gráficos, tivemos que o editar em seis partes.
________________

Notas de L.G.:

(*)  O Alf Mil Méd Vidal Saraiva foi identificado por dois camaradas nossos o ex-1º Cabo Cripto Gabriel Gonçalves, da CCAÇ 12 (1969/71) e o ex-Alf Mil Cav, José Luís Vacas de Carvalho, comandante do Pel Rec Daimler 2206 (1970/71). O Zé Luis gostava de acompanhar os médicos da CCS porque "queria ir para medicina"... O Zé Luís também identificou o Major Sampaio. Quanto, ao alferes, em camuflado, era um adjunto do Major. Passou por Bambadinca, gostava de jogar à lerpa... Mas o nome varreu-se da memória do Zé Luís ("Já não me lembro do que comi ontem, quando mais do que se passou há 40 anos")...  Mesmo assim foi uma grande ajuda, amigos e camaradas!

O Vidal Saraiva, de seu nome completo, Joaquim [António Pinheiro] Vidal Saraiva, nascido em 26 de Junho de 1936,  trabalha (ou trabalhava, já deve estar reformado) no Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia / Espinho, EPE. Tenho o seu nº de telefone, vou ver se o contacto. Está inscrito na Ordem dos Médicos, Secção Regional do Norte, como especialista em Cirurgia Geral. (Parto do princípio que se trata da mesma pessoa, Joaquim Vidal Saraiva ou Joaquim António Pinheiro Vidal Saraiva, residente em S. Félix da Marinha, Vila Nova de Gaia... Terá hoje 73 anos)... Segundop informação do Beja Santos, o Vidal Saraiva terá vindo de Guileje, por volta de Outubro de 1969, vindo substituir o Payne.

(**) Vd. postes anteriores:

31 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6507: Estudos (1): Guerra de África - O QP e o Comando das Companhias de Combate (António Carlos Morais da Silva, Cor Art Ref) (I Parte)

6 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6541: Estudos (1): Guerra de África - O QP e o Comando das Companhias de Combate (António Carlos Morais da Silva, Cor Art Ref) (II Parte)

8 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6560: Estudos (1): Guerra de África - O QP e o Comando das Companhias de Combate (António Carlos Morais da Silva, Cor Art Ref) (III Parte)

9 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6567: Estudos (1): Guerra de África - O QP e o Comando das Companhias de Combate (António Carlos Morais da Silva, Cor Art Ref) (IV Parte)

14 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6593: Estudos (1): Guerra de África - O QP e o Comando das Companhias de Combate (António Carlos Morais da Silva, Cor Art Ref) (V Parte)

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Guiné 63/74 - P6593: Estudos (1): Guerra de África - O QP e o Comando das Companhias de Combate (António Carlos Morais da Silva, Cor Art Ref) (V Parte)



Luís Marcelino, um dos poucos ex-capitães milicianos que, até á data, fazem parte da nossa comunidade virtual e nos dão a honra da sua participação (activa) no blogue. Acredito que, para a grande maioria dos oficiais (quer do QP quer milicianos), não seja fácil dar a cara e o nome. Mas, como gostamos de lembrar com frequência, a nossa Tabanca Grande não tem portas nem janelas, cavalos de frisa, valas, arame farpado, fossas, minas e armadilhas... Este blogue está aberto a todos os combatentes da Guiné, qualquer que tenha sido o seu posto na época, ou até o lado em que combateram, desde que estejam dispostos a partilhar histórias e memórias, e aceitar as nossas regras do jogo...

O Luís Marcelino foi o Comandante da CART 6250, Mampatá, 1972/74.  Espero poder dar-lhe um abraço no nosso V Encontro Nacional, no próximo dia 26, em Monte Real. Eis como ele próprio fez a sua apresentação, aquando da sua entrada para a nossa Tabanca Grande, em 6 de Junho de 2009:

(...) "Sou Luís Marcelino, a viver em Leiria. Fiz o meu serviço militar, entre Janeiro de 1971 e Agosto de 1974. No primeiro Trimestre de 1972, em Vila Nova de Gaia, foi formada a CART 6250 que comandei,  ali fazendo a preparação para a comissão na Guiné. Em Junho desse ano, partimos para a grande aventura, que terminou em Agosto de 1974.

"Fizemos o treino Operacional em Bolama, durante cerca de um mês, findo o qual partimos para Mampatá, em rendição de uma Companhia de Infantaria. A nossa Companhia era independente e estava adida ao Batalhão sediado em Aldeia Formosa, a cerca de 7 Kms de Mampatá.

"Após o regresso da Guiné entrei para a GNR, onde prestei serviço em Leiria, Évora, Santarém e Lisboa. Estou actualmente aposentado" (...).

Foto: © Luís Marcelino (2009). Direitos reservados.

































































Publicação da 5ª (e penúltima) parte do estudo do Cor Art Ref António Carlos Morais da Silva, professor do ensino superior universitário, antigo docente da Academia Militar, do Instituto Superior de Gestão e da Universidade Autónoma de Lisboa. O autor é especialista em Investigação Operacional. Também passou pelo TO da Guiné como oficial do QP.

O Morais da Silva teve a gentileza de facultar ao nosso blogue, em pdf e em word, um exemplar do seu estudo, de 33 pp., sobre a "Guerra de África - O QP e o Comando das Companhias de Combate" (2ª versão Maio de 2010). A 1ª versão (Março de 2010), de 30 pp., circulou internamente, na nossa Tabanca Grande, através da nossa rede de emails. A 2ª versão, aumentada e actualizada, também irá ser distribuída por email.

Este estudo chega agora  a um público mais vasto, através do nosso blogue (*).

A existência de um elevado número de gráficos e quadros obrigou-nos a digitalizar todo o relatório , sob a forma de imagens, por partes. Esta é a V  parte, correspondente às pp. 22-29.

Por sua vez, o nosso camarada Jorge Canhão (ex-Fur Mil da 3ª Companhia do BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1972/74, foto à esquerda) encarregou-se da morosa tarefa da digitalização do relatório, folha a folha. Aqui fica a expressão do nosso agradecimento público, pelo empenho e pela competência com que levou a cabo a digitalização do documento.

________________

Nota  de L.G.: 

(*) Vd. postes anteriores:


6 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6541: Estudos (1): Guerra de África - O QP e o Comando das Companhias de Combate (António Carlos Morais da Silva, Cor Art Ref) (II Parte)

8 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6560: Estudos (1): Guerra de África - O QP e o Comando das Companhias de Combate (António Carlos Morais da Silva, Cor Art Ref) (III Parte)


quarta-feira, 9 de junho de 2010

Guiné 63/74 - P6567: Estudos (1): Guerra de África - O QP e o Comando das Companhias de Combate (António Carlos Morais da Silva, Cor Art Ref) (IV Parte)




Guiné > Zona Leste > SEctor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) > Estrada Xime- Bambadinca > 1969 > O Cap Inf Carlos Alberto Machado Brito, comandante da CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71)...

Foto: © Humberto Reis (2006). Direitos reservados





Lisboa> Curso finalista da Escola do Exército (hoje, Academia Militar) do ano de 1955, do qual faziam parte, além do George Freire, de 77 anos de idade, membro da nossa Tabanca Grande, residente nos EUA, antigo comandante da 4ª CCAÇ - Fulacunda, Bissau, Nova Lamego Bedanda, Maio de 1961/ Maio de 1963 - , os seguintes oficiais reformados do exército português: Generais Hugo dos Santos, António Rodrigues Areia, Adelino Coelho e António Caetano; coronéis João Soares, Costa Martinho e Maurício Silva, entre tantos outros.

De acordo com o nosso camarada e amigo Gabriel Gonçalves (ex-1º Cabo Cripto da CCAÇ 12, Bambadinca,  1979/71), o terceiro elemento da foto, a contar da direita (e assinalado por nós com um rectângulo a vermelho), seria o futuro Cap Inf Carlos Brito, hoje coronel, residente em Braga.  Ainda não conseguimos obter a confirmação por parte do autor da foto, George Freire.

Foto: © George Freire / Luís Graça & Camaradas da Guiné (2008). Direitos reservados




Guiné-Bissau > Região de Tombali > Iemberém > Simpósio Internacional de Guiledje (Bissau, 1-7 de Março de 2008)> Visita dos participantes do Simpósio ao Cantanhez > Abílio Delgado, ex-capitão miliciano, comandante da penúltima unidade de quadrícula de Guileje, a CCAÇ 3477, os Gringos de Guileje  (Nov 1971/Dez 1972), que foi substituída pela CCAV 8350, os Piratas de Guileje (Dez 1972/Mai 1973). Foi, aos 21 anos, o mais jovem capitão, miliciano, do Exército Português. Vive na Ericeira.  É membro da nossa Tabanca Grande. Ei-lo aqui fotografado com a estatueta, em metal, da santa protectora dos Gringos de Guileje, encontrada nas escavações arqueológicas do antigo aquartelamento de Guileje, pelo Domingos Fonseca, o técnico da AD que dirigiu os trabalhos de reconstrução de Guileje e que também é membro da nossa Tabanca Grande...


Foto: © Luís Graça (2008). Direitos reservados.
 
 
 
Outro capitão miliciano, o Jorge Picado, natural de Ílhavo, membro da nossa Tabanca Grande (mas temos mais, do Vasco da Gama ao Carlos Nery, a última entrada de um Cap Mil para o nosso blogue...). Eis como o Jorge nos contou a sua história: 
 
(...) Cheguemos então ao CPC/QC que me transformou em Capitão, não de qualquer navio como as dezenas de conterrâneos meus, mas do Exército.


Aquilo porque esperava há mais de um ano, aconteceu nos finais de Junho de 1969, quando recebi a convocatória para “frequentar o CPC/QC-2.º T.º/69, com início em 25/8/69, na EPI, nos termos da nota n.º18211-P.ºHC, de 27/6/69, da 2.ªSec. da RO/DSP/ME”.

Tinha: (i) 32 anos; (ii) cumprido o serviço militar obrigatório há 9; (iii) feito o 5.º ano do ISA [ Instituto Superior de Agromomia] há 10; (iv) sido convocado para prestar novamente serviço militar de 30/8/61 a 6/2/62 e de 18/8/62 a 17/10/62 duas situações que me inutilizaram 2 anos de ensaios de campo necessários para o meu trabalho de final de curso tendo como consequência apenas ter defendido a minha Tese do Final de Curso em Julho de 1963 (então já sem arriscar mais ensaios de campo), quando todos os meus colegas de curso já tinham 1 ou 2 anos de exercício profissional; (v) casado (até este acto esteve quase para ser impedido pela Instituição Militar) há 8; (vi) 4 filhos e (vii) trabalhava na Direcção Geral dos Serviços Agrícolas [DGSA] , mais exactamente com sede em Aveiro. (...)


Fonte: Vd. poste de 28 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3248: Eu, capitão miliciano, me confesso (1): Engenheiro agrónomo, ilhavense, 32 anos, casado, pai de 4 filhos... (Jorge Picado)
Vd. também poste de 9 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2736: Tabanca Grande (60): Jorge Picado, ilhavense, ex- Cap Mil, CCAÇ 2589, CART 2732 e CAOP 1 (1970/72)





















































O autor deste estudo é o Cor Art Ref António Carlos Morais da Silva,  professor do ensino superior universitário, antigo docente da Academia Militar, do Instituto Superior de Gestão e da Universidade Autónoma de Lisboa. É especialista em Investigação Operacional. Também passou pelo TO da Guiné como oficial do QP.

O Morais da Silva teve a gentileza de nos facultar, em pdf e em word, um exemplar do seu estudo, de 30 pp., sobre a "Guerra de África - O QP e o Comando das Companhias de Combate" (Março de 2010), que circulou internamente, na nossa Tabanca Grande, através da nossa rede de emails. Está agora a chegar a um público mais vasto, através do nosso blogue (*).

A existência de um elevado número de gráficos e quadros obrigou-nos a digitalizar todo o relatório que está a ser publicado, no nosso blogue, sob a forma de imagens, por partes. Esta é a IV parte, correspondente às pp. 18-22.

O nosso camarada Jorge Canhão (ex-Fur Mil da 3ª Companhia do BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1972/74) encarregou-se dessa diligente tarefa. Aqui fica a expressão do nosso agradecimento público, pelo empenho e pela competência com que levou a cabo a digitalização do documento, de 30 páginas.

___________

Nota de L.G.:


(*) Vd. postes anteriores da série:

31 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6507: Estudos (1): Guerra de África - O QP e o Comando das Companhias de Combate (António Carlos Morais da Silva, Cor Art Ref) (I Parte)


6 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6541: Estudos (1): Guerra de África - O QP e o Comando das Companhias de Combate (António Carlos Morais da Silva, Cor Art Ref) (II Parte)

 8 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6560: Estudos (1): Guerra de África - O QP e o Comando das Companhias de Combate (António Carlos Morais da Silva, Cor Art Ref) (III Parte)