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terça-feira, 12 de setembro de 2023

Guiné 61/74 - P24645: Ser solidário (258): Bilhete-postal que vai dando notícias sobre a "viagem" da campanha de recolha de fundos para construir uma escola na aldeia de Sincha Alfa - Guiné-Bissau (5): A força das mulheres da Guiné-Bissau (Renato Brito)

1. Mensagem enviada ao nosso Blogue, em 9 de Setembro de 2023, por Renato Brito, voluntário, que na Guiné-Bissau integra um projecto de construção de uma escola na aldeia de Sincha Alfa:

Bom dia Carlos Vinhal,
Partilho mais um bilhete-postal que vai dando notícias sobre a campanha de recolha de fundos para construir uma escola na aldeia de Sincha Alfa – Guiné-Bissau.
Partindo da imagem sugestiva de um grupo de mulheres que transportam água na aldeia de Cabuca, apresento uma reflexão sobre a força das mulheres da Guiné-Bissau.
Destaco também a ideia reconhecida e premiada da Associação Afectos com Letras de oferecer em aldeias descascadoras mecânicas de arroz para que as meninas possam frequentar a escola.
Bem ilustrativo desta realidade este vídeo:



Ainda sobre este tema, procurei ajuda para traduzir do Crioulo a música de Zé Manel “Mindjer i um Kumpanher” que pode ser ouvida neste site:


Apresento ainda um projecto de distribuição gratuita de água potável realizado no sul do Senegal, desenvolvido pela Associação Italiana Salo Balouo.
Referem no site que com um investimento que pode variar entre 7.000 e 12.000 euros, beneficiam desta água sem vírus nem bactérias, diretamente 3000 pessoas e indiretamente 10.000.
Possível consultar a descrição detalhada deste interessante projecto neste site:
https://www.balouosalo.com/projects/pozzo-kenewal.html


Ainda, como acontece com cada “cartolina”, divulgo a apresentação da minha viagem à Guiné-Bissau que se vai realizar no Centro Cultural Urania, na cidade de Merano.
Uma noite onde os presentes vão poder também experimentar a gastronomia e ouvir a música do país.
Para quem tenha curiosidade, possível aceder à apresentação deste deste evento aqui:
https://urania-meran.it/it/cultura-societa/cultura-allurania/kurs/2310C10271/merano-travel-nights-02-guinea-bisseau-in-bicicletta-attraverso-lafrica-oc/

Muito grato pelo seu contributo em divulgar este projecto.

Cumprimentos,
Renato Brito

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Notas do editor

Vd. poste anterior de 27 DE ABRIL DE 2023 > Guiné 61/74 - P24260: Ser solidário (255): Bilhete-postal que vai dando notícias sobre a "viagem" da campanha de recolha de fundos para construir uma escola na aldeia de Sincha Alfa - Guiné-Bissau (4) (Renato Brito)

Último poste da série de 30 DE ABRIL DE 2023 > Guiné 61/74 - P24268: Ser solidário (257): Com a consignação de 0,5% do nosso IRS a favor da ONGD Afectos com Letras (NIF 509301878), podemos ajudar a levar descascadoras de arroz até à Guiné-Bissau, retirando as meninas do trabalho manual da descasca e permitindo que vão à escola

quinta-feira, 27 de abril de 2023

Guiné 61/74 - P24260: Ser solidário (255): Bilhete-postal que vai dando notícias sobre a "viagem" da campanha de recolha de fundos para construir uma escola na aldeia de Sincha Alfa - Guiné-Bissau (4): Venha conhecer a Guiné-Bissau (Renato Brito)

1. Mensagem enviada ao nosso Blogue, em 21 de Abril de 2023, por Renato Brito, voluntário na Guiné-Bissau, que integra um projecto de construção de uma escola na aldeia de Sincha Alfa:

Bom dia Carlos Vinhal
Partilho mais um bilhete-postal que vai dando notícias sobre a campanha de recolha de fundos para construir uma escola na aldeia de Sincha Alfa - Guiné-Bissau.
Depois dos bons resultados do mercado de venda de objectos em segunda-mão em Merano (550 euros), partilho consigo a notícia da participação em um festival multicultural numa cidade chamada Bressanone, sempre na Região italiana do “Alto Adige”, onde resido.
Este evento é organizado pela “Casa della solidarietà” que, como o nome indica, ajuda pessoas a superar uma situação de vida difícil.
Sobre este festival pode visualizar alguma informação aqui:
https://www.zugluft.it/sample-page/?lang=it

Para divulgar, mais uma “cartolina” que partilho consigo. Desta feita resolvi contar como percorri a Guiné-Bissau em bicicleta em 2020. Envio-lhe também uma simpática publicação do IBAP sobre os parques naturais da Guiné-Bissau.
No site criei uma página onde “arrumo” as publicações que vou encontrando.
Pode visualizar aqui:
https://sostegnoguineabissau.weebly.com/pubblicazioni
Conhece outras que estejam disponíveis na Internet e que concorram nesta ideia de dar a conhecer aspectos relevantes da cultura e do território Guineense?

Cumprimentos,
Renato


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Nota do editor

Último poste da série de 14 DE MARÇO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24143: Ser solidário (254): Bilhete-postal que vai dando notícias sobre a "viagem" da campanha de recolha de fundos para construir uma escola na aldeia de Sincha Alfa - Guiné-Bissau (3) (Renato Brito)

terça-feira, 14 de março de 2023

Guiné 61/74 - P24143: Ser solidário (254): Bilhete-postal que vai dando notícias sobre a "viagem" da campanha de recolha de fundos para construir uma escola na aldeia de Sincha Alfa - Guiné-Bissau (3): Sabores da Guiné-Bissau (Renato Brito)



1.
Mensagem enviada ao nosso Blogue, em 8 de Março de 2023, por Renato Brito, voluntário na Guiné-Bissau, que integra um projecto de construção de uma escola na aldeia de Sincha Alfa:

Bom dia Carlos Vinhal,

Partilho mais um bilhete-postal que vai dando notícias sobre a "viagem" da campanha de recolha de fundos para construir uma escola na aldeia de Sincha Alfa - Guiné-Bissau.
Está agendado para o dia 30 de março um mercado de venda de objectos em segunda-mão em Merano – Itália. Os objectos foram em parte doados por meninos de uma escola primária onde apresentei as fotografias da Guiné-Bissau.

Outros foram oferecidos por amigos e conhecidos.

Sempre com a ideia de divulgar simultaneamente aspectos relevantes do país, desta vez um pouco da gastronomia. Pesquisando descobri que o embondeiro para além de ser uma árvore imponente produz um fruto que é também um super alimento. A sua polpa contém duas vezes mais cálcio que o leite e seis vezes mais vitamina C do que uma laranja.

Encontra-se uma descrição desta árvore na página 33 desta publicação com um curioso título “Plantas usadas por chimpanzés e humanos no Cantanhez, Guiné-Bissau”.
Publicado pelo Repositório da Universidade de Lisboa, está disponível para consulta e download neste endereço internet: https://repositorio.ul.pt/handle/10451/45219
Encontrei também este simpático livro, publicado pela Fundação Slow Food, com receitas tradicionais da Guiné-Bissau onde vem descrito como fazer o sumo de cabaceira.
Disponível para consulta e download aqui: https://www.fondazioneslowfood.com/wp-content/uploads/2015/04/ricette_guinea_bissau_POR.pdf

Envio-lhe também a imagem que deu origem ao desenho no bilhete-postal.
Este embondeiro existe em Cabuca e deve ter assistido à chegada dos portugueses.

Cumprimentos,
Renato Brito

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Nota do editor

Último poste da série de 10 DE FEVEREIRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24054: Ser solidário (253): A ONGD "Na Rota dos Povos", com sede em Gondomar, na sua segunda viagem, por via terrestre, levando mais uma carrinha adaptada para pessoas com mobilidade reduzida, até Catió (Joaquim Costa)

quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Guiné 61/74 - P23976: Ser solidário (252): Bilhete-postal que vai dando notícias sobre a "viagem" da campanha de recolha de fundos para construir uma escola na aldeia de Sincha Alfa - Guiné-Bissau (2): Ponto da situação da campanha de angariação de fundos para construir uma escola na aldeia de Sincha Alfa (Renato Brito)

1. Mensagem enviada ao nosso Blogue, em 11 de Janeiro de 2023, por Renato Brito, voluntário na Guiné-Bissau, que integra um projecto de construção de uma escola na aldeia de Sincha Alfa:

Boa noite Sr Carlos Vinhal
Na sequência do mail enviado a 27.07.2022 solicitando o contributo para divulgar uma campanha de angariação de fundos para construir uma escola na aldeia de Sincha Alfa, venho por este meio dar notícia dos avanços desta iniciativa.

Neste momento a escola já tem projecto. Envio-lhe em anexo uma síntese da proposta.

Com o intuído de divulgar esta iniciativa, no passado mês de dezembro, surgiu a oportunidade de apresentar as fotografias da minha viagem à Guiné-Bissau em 2020 a crianças de uma escola primária na cidade de Bolzano, situada no norte de Itália, onde vivo. Deparei-me com um público muito atento e participativo a observarem como se vive num país onde a maioria das pessoas vive sem eletricidade, como usam a água, como cozinham e o que comem. Foi-lhes pedida a doação de um objecto para ser vendido num mercado de segunda-mão, contributo destas crianças para tentar substituir a escola de palha de Sincha Alfa. Foram ainda convidados a escreverem ou desenharem num bilhete-postal algo sobre o objecto que presenteavam. Com o material recolhido resolvi elaborar um site para divulgar estes objectos através da internet. Na secção “notizie” deste site encontra a referência a esta atividade.

https://sostegnoguineabissau.weebly.com

Para divulgar este espaço digital foi elaborado mais um bilhete-postal “cartolina 03” que pretende também enaltecer os artesãos da Guiné-Bissau. Destaque para os construtores de canoas que escavam de uma árvore de poilão esta embarcação.

Sobre esta árvore sagrada na Guiné-Bissau fala-se na página 239 da publicação “As árvores florestais da Guiné-Bissau”. Este precioso livro, que dá a conhecer as riquezas naturais da Guiné-Bissau, é publicado pelo Repositório da Universidade de Lisboa.

Está disponível para consulta e download neste endereço internet:

https://repositorio.ul.pt/handle/10451/45909

Ainda com o intuito de divulgar o potencial turístico do país foi também publicitado o Guia Turístico da Guiné-Bissau disponibilizado gratuitamente pela Associação “Afectos com Letras” que por diversas vezes encontro referenciada no vosso blog.

É possível encontrar este guia turístico da Guiné-Bissau em Português, Francês, Inglês e Espanhol neste endereço internet:

http://afectoscomletras.blogspot.com/2018/05/guia-turistico-descoberta-da-guine.html
Esta campanha continua a precisar do contributo das pessoas de boa vontade, parafraseando o professor Mamadou de Sincha Alfa.

Agradeço-lhe o contributo na divulgação deste projecto.

Cumprimentos,
Renato Brito

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Notas do editor:

As imagens ampliam com um clic

Vd. poste de 2 DE AGOSTO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23483: Ser solidário (249): Divulgação de uma campanha de recolha de fundos que visa construir uma escola em Sincha Alfa, Leste da Guiné-Bissau (1) (Renato Brito)

Último poste da série de 28 DE NOVEMBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23824: Ser solidário (251): Divulgação da campanha de fundos que visa ajudar o luso-guineense Mamadu Baio, músico de Tabatô, a publicar o seu primeiro CD em Portugal onde vive há 10 anos... Ponto da situação: 33 doadores (cinco do blogue), num total de 1800 euros (1/3 da meta)...Camaradas e amigos, ainda podem fazer uma pequena doação até ao dia 4 de dezembro

terça-feira, 2 de agosto de 2022

Guiné 61/74 - P23483: Ser solidário (249): Bilhete-postal que vai dando notícias sobre a "viagem" da campanha de recolha de fundos para construir uma escola na aldeia de Sincha Alfa - Guiné-Bissau (1): Divulgação de uma campanha de recolha de fundos que visa construir uma escola em Sincha Alfa, Leste da Guiné-Bissau (Renato Brito)

1. Mensagem enviada ao nosso Blogue, em 27 de Julho de 2022, por Renato Brito, voluntário na Guiné-Bissau, pedindo a divulgação da campanha de recolha de fundos para construção de uma escola em Sincha Alfa no Leste da Guiné-Bissau:

Boa tarde,
Chego ao vosso blogue através de uma publicação do Senhor Mário Beja Santos que a 08 de Março 2013 publica um artigo sobre o músico Lilison di Kinara.

Desde 2015 trabalho no norte de Itália num centro que acolhe refugiados, em grande parte oriundos da África Sub-sahariana, alguns da Guiné-Bissau.
Em fevereiro de 2020 fui conhecer a Guiné-Bissau. Viajei durante 1 mês de bicicleta pelo país. Sincha Alfa é a aldeia de onde é originário o pai de um dos requerentes de proteção internacional que vive onde trabalho.
Constatando as condições deficitárias da escola, resolvi pôr em prática uma campanha de recolha de fundos que visa construir uma escola nesta.

Partilho convosco os “bilhetes-postais” preparados para divulgar esta ideia.
Se acharem pertinente, agradeço o vosso contributo para divulgar este projecto.

Cumprimentos,
Renato Brito


Guiné-Bissau > Localização de Sincha Alfa
Guiné-Bissau > Sincha Alfa > Exterior da Escola
Guiné-Bissau > Sincha Alfa > Interior da Escola
Guiné-Bissau > Sincha Alfa > Regresso da Escola
Cartolinas - Clicar nas imagens para facilitar a leitura


OBS: Em relaçao aos conteúdos da “cartolina 02” deixo o formato texto onde espero possam aceder directamente aos “links” assinalados:

LILISON DI KINARA - Bamatulu (1999) – Luciana
https://www.youtube.com/watch?v=WPfcxOgTiwA

LILISON DI KINARA - Bamatulu (1999) – Fidjus (Soronhas di Lili)
https://www.youtube.com/watch?v=RQMqIr7YCVk

ZÉ MANEL - African Citizen (2003) – Mindjer i um Kumpanher
https://www.youtube.com/watch?v=9n5Z1OyeoQs

IBRAHIMA GALISSA - Tafettas (2004) – Saudade do meu amor
https://www.youtube.com/watch?v=n6j8mNJro34

IBRAHIMA GALISSA - Tafettas (2004) – Yay Balma
https://www.youtube.com/watch?v=SnXcf3JHQgU

BIDINTE - Iran do Fanka’s (2001) – Considjo di Garandis
https://www.youtube.com/watch?v=h3AyKBkoFfI

ENEIDA MARTA - Lôpe Kai (2006) – Mindjer Doce Mel
https://www.youtube.com/watch?v=QGrseiVptSE

ENEIDA MARTA - Nha Sunhu (2015) – Na Bu Mons
https://www.youtube.com/watch?v=Z5YQ4y-fO9A

KARYNA GOMES - Mindjer (2014) – Amor livre
https://www.youtube.com/watch?v=pGyZvhiy-Ts&t=15s

KARYNA GOMES - Mindjer (2014) – Mindjer di Balur
https://www.youtube.com/watch?v=wiIxk1fPCa8

KARYNA GOMES - Mindjer (2014) – Mindjer i Namê
https://www.youtube.com/watch?v=PBJ6tnFMLDA

BINHAN - Lifante Pupa (2017) – Amor so Amor
https://www.youtube.com/watch?v=2URysJEzy5g

Documentário “Kora”
Filme de Jorge Carvalho, rodado na Guiné-Bissau, conta a história de um dos mais importantes instrumentos musicais da África Ocidental.
Documentário completo com legendas em Inglês:
https://www.youtube.com/watch?v=qy1sKOaWZL8

Renato Brito

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Nota do editor

Último poste da série de 30 DE JULHO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23475: Ser solidário (248): Pedido de apoio para a instalação de painéis solares na Escola Humberto Braima Sambu e angariação de fundos com o objetivo de construir um pavilhão multiusos (Marta Alegre)

sexta-feira, 29 de julho de 2022

Guiné 61/74 - P23469: Ser solidário (247): Pedido de apoio para o transporte de 150 carteiras escolares de Lisboa para Bissau, destinadas à Escola Privada Humberto Braima Sambu

Foto com a devida vénia a Expresso das Ilhas.CV


1. Mensagem de Avelino Vaz, Director da Escola Privada Humberto Braima Sambu de Bissau, com data de 15 de Julho de 2022:

Pedido de apoio
Escola HBS escolahbs3@gmail.com


Caros,
Somos um grupo de professores a partir da Guiné Bissau. Abrimos uma escola para ajudar alunos da nossa comunidade, Bairro Militar-Plak 1, localizada nos arredores de Bissau.
Entretanto, enfrentamos problema de falta de carteiras/mesas nas salas de aula há 2 anos. Tentámos, sem sucesso, solucionar o problema através do nosso governo e empresas nacionais.
Preocupados com a situação, pesquisamos na internet sobre as entidades internacionais que podem nos apoiar nesta questão e encontramos o Colégio Pedro Arrupe, e esse nos doou 150 carteiras.
De agora em diante, o nosso maior desafio é fazer chegar esses materiais a Bissau, motivo pelo qual recorremos a Luís Graça & Camaradas da Guiné, solicitando-vos apoio em transportar esses recursos para Guiné.
Apesar de não termos muito para retribuir, garantimos zelar e promover o nome, os trabalhos e a importância da vossa instituição a nível nacional e sub-região oeste africana e na áfrica em geral.

A Escola Humberto é uma escola que funciona em caráter comunitário e atende um público cuja maioria das famílias vive abaixo da linha da pobreza, com menos de 1 dólar por dia, e não conseguem contribuir com os estudos dos seus filhos.

Sem mais assunto de momento, as nossas melhores saudações.
Atentamente,
Avelino Vaz
Diretor de Relações Institucionais
Telefone/Whatsapp: 00245 95546 8411
Instagram: @escola.hbs



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2. Comentário do coeditor

Na impossibilidade de apoiarmos directamente a Escola Privada Humberto Sambu no transporte, de Lisboa para Bissau, do material cedido pelo Colégio Pedro Arrupe, deixamos aqui o pedido de apoio do seu Director, Avelino Vaz.
Ficamos na espectativa de que alguma ONG portuguesa ou empresa privada se disponibilize para levar a "bom porto" esta carga tão preciosa para quem tão pouco tem.

Leiam aqui o artigo "Guiné-Bissau: A escola comunitária que começou à sombra de uma árvore e hoje tem mais de mil alunos" dedicado à Escola Privada Humberto Braima Sambu

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Nota do editor

Último poste da série de 22 DE MAIO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23283: Ser solidário (246): O Núcleo de Ponte de Lima, da Liga dos Combatentes, associou-se à Campanha do Estado-Maior-General das Forças Armadas de doação de Manuais Escolares (1.º ao 6.º ano) para a Guiné-Bissau (Manuel Oliveira Pereira, ex-Fur Mil)

domingo, 21 de novembro de 2021

Guiné 61/74 - P22737: Em busca de... (315): Furriel Silva que em 1973 deu escolinha aos meninos de Chugué. Procura-o o cidadão guinnense, radicado em Itália, Vasco Na Nena que lhe quer prestar o seu reconhecimento (Carlos Silva, Cor Tir na Reforma)

1. Mensagem de Carlos E. M. C. da Silva, Coronel Tirocinado na Reforma, com data de 17 de Novembro, dirigida ao nosso editor Luís Graça:

Camarada Combatente na Guiné Prof Luís Graça,

Sou Cor.Tir. na Reforma e estive também na Guiné de Out1970 e Ago1973. As funções desempenhadas no Comando Chefe permitiram-me conhecer todo o TO pois, para além de participar na elaboração dos Programas Anuais de Desenvolvimento Sócio-Económico das Populações, fazia contactos frequentes com os Comandos de Batalhão e suas Sub-Unidades para, “in loco”, acompanhar a evolução dos trabalhos de construção das Escolas, Postos de Socorros, Apoio à produção nas bolanhas com novas e melhores sementes do arroz, Captações de água, etc. Tudo isto em passo acelerado dado os ventos de mais intensa tempestade que se já vislumbravam no horizonte...

Estou agora a tentar dar resposta a um pedido que me foi apresentado por um Cidadão da Guiné, Vasco Na Nena, e que ouso levar ao seu conhecimento:

1. É natural de Tchugué, na margem direita do rio Cumbijã e situada a montante de Cufar e consegue lembrar-se que a unidade de Catió era o BCaç 4510.

2. Em 1973, ainda miúdo analfabeto, frequentou a Escolinha construída e gerida pelas NT, tal como era política seguida pelo Programa acima referido, mencionando como seu professor o Furriel Silva.

3. Aquando da retirada das NF após o 25Abr74, o miúdo a quem, entretanto, tinha morrido o pai, foi apoiado por um Padre italiano de uma Missão Católica da área, onde continuou a estudar.

4. No regresso daquele Padre a Itália, este levou-o consigo e ali continuou a estudar conseguindo boas qualificações e estabelecendo a sua vida em Veneza, após ter ido à Guiné em busca duma menina de que se lembrava dos seus tempos de miúdo com a qual casou e levou para Itália onde agora vivem. Mantêm ligações com a sua família alargada na Guiné a quem vai ajudando na sua sobrevivência.

5. Este miúdo de então, agora Vasco Na Nena, fez um pedido para que fosse possível encontrar-se com o primeiro professor Furriel Silva para lhe manifestar a sua gratidão pois a ele deve a base educativa que o levou a chegar à situação de vida que hoje tem, vencendo as agruras da guerra e os escolhos do caminho europeu.

- O Chugé que fica na zona de Fanhe, Fatim e Dugal é outra povoação com o mesmo nome mas fica no centro da Guiné, a cerca de 250 Km do Chugué e de Cobumba, estas sim aldeias juntas e no sul (rio Cumbidjã). Esta povoação terá sido fundada por pessoas vindas do Chugué do centro do país já referido, que se situa junto ao Rio Zeba, era uma família que fazia a ligação com as autoridades portuguesas e era conhecida por NANDINGNA. Os contactos eram feitos com eles que, por sua vez, falavam o criolo com a restante população.

- Neste Chungué (Tchuguê ou Xoquê na versão balanta) terá havido tropa portuguesa nos anos sessenta (anterior ao Vasco) mas que se ausentou até à instalação da Companhia que reocupou a povoação, tudo indica que em 1973. O dispositivo português tinha-se retraído, concentrando em Bedanda, Cafur e Catió, tendo voltado a haver guarnição em 1973. A povoação ficava no meio e em redor ficavam as instalações militares, tudo indica que em separado(por pelotões?), fazendo o quadrado em volta da povoação. Foram os militares portuguesas que construíram a escola, que ficaria perto do campo de futebol, perto da floresta onde estavam também os Fuzileiros. Muita gente frequentou a escola, aparentemente de várias idades, em principio correspondentes à 1.ª e 2.ª classes. Pela ideia do Vasco a escola funcionava a seguir à apanha do arroz, pelo que situa entre dezembro e março, logo final de 1973 e primeira parte do ano de 1974 (parece ser a data mais lógica após situarmos no tempo vários acontecimentos, nomeadamente a proximidade com o 25 de abril).

- Para além do formador Furriel Silva, ele lembra-se de um outro elemento, presumo que soldado, de nome Martins, que estava na instalação que dava acesso ao porto, cerca de 100 metros mais abaixo da família Nandingna. Este Martins era alto e tinha cabelo castanho claro. Eram ainda muito conhecidos da sua relação com a população, um outro a quem chamavam "Coimbra" e o conhecido por "Montanha", que dava ginástica aos mais pequenos.

Portanto e sem certezas absolutas relativamente à relação dos factos com o tempo, tudo indica que a sessão escolar ocorreu entre dezembro de 1973 e março de 1974, pelo menos para as referências do Vasco Na Nema.

- A referência ao Batalhão 4510 é da minha iniciativa e não do conhecimento do Vasco, na sequência da procura de qual a unidade militar na zona no período de tempo considerado, pelo que, parecendo ser verdadeira, nasceu especulativamente pois o seu blogue não é acessível e não há informação suficiente sobre a localização das suas Companhias.

Caro Camarada Prof Luís Graça! Esta é a questão que me foi posta e na qual estou a empenhar-me para conseguir o objectivo: Identificar e localizar o Fur Silva que deu aulas na Escolinha de Tchugué em 1973.

E atrevi-me a incomodá-lo com este caso pois, alguns Camaradas que conhecem o vosso Blog, e do qual tecem os maiores elogios, me sugeriram contactá-lo nesse sentido, pois tem vindo a difundir de forma bem apelativa e atraente a vossa experiência vivida e os conhecimentos adquiridos no TO da Guiné pelos vossos Blogers, assim mantendo vivos os momentos, uns bons e outros dramáticos, que lá vivenciaram. Poderá dar-se o caso de algum eco poder vir a surgir desse universo de combatentes na Guiné-Bissau que dá vida ao vosso Blog.

Porque é raro ouvir a voz de cidadãos dos PALOP a manifestarem a sua gratidão às coisas boas que receberam do “colonizador”, creio que este caso não pode ser ignorado. Daí solicitar a sua possível ajuda.

Grato pela atenção dispensada, aceite os meus cordiais cumprimentos,
Carlos Eduardo Mendes Cação da Silva


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2. Em 18 de Novembro foi enviada esta resposta ao Senhor Coronel Carlos Silva:

Senhor Coronel Cação da Silva
Pede-me o editor, Prof Luís Graça que dê resposta ao senhor Coronel.

Consultados os livros da CECA, consegui estes elementos:
(...)
A CCAÇ 4143/72 assumiu a responsabilidade do subsector do Chugué, então criado, em 07Abr73, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 4 e depois do BCAÇ 4510/72. Foi rendida em 07Mar74 pela CCAÇ 4747/73, também integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 4510/72, e mais tarde do BCAÇ 4510/73.

Com respeito ao Batalhão 4510 referido pelo amigo Vasco Na Nena, julgo ser o BCAÇ 4510/72 (Guiné, 20Jun72/15Jul74), que assumiu a responsabilidade do sector S3 em 21Ago72, com sede em Catió mas que só em 01Fev74 viu a sua zona de acção alargada aos subsectores de Chugué e Cobumba, então retirados ao S4.

Este Batalhão foi substituído no mesmo S3 pelo BCAÇ 4510/73 (Guiné, 01Jul74/14Out74) em 10Jul74.

Ambos os Batalhões foram para a Guiné compostos só por Comando e CCS.

Inclino-me para a hipótese de o Furriel Silva ter pertencido à CCAÇ 4143/72 que foi a unidade que esteve em Chugué entre 1973 e 1974.

Não temos nenhum registo no nosso Blogue da CCAÇ 4143/72. 
Vou publicar a mensagem do senhor Coronel assim como esta minha resposta. Pode ser que alguém tenha conhecido o tal Furriel Silva no Chugué e nos contacte.
Em anexo a Ficha da CCAÇ 4143/72

Ao dispor
Carlos Vinhal
Coeditor

Localização de Chugué. Infogravura da Carta de Bedanda 1:50.000. © Luís Graça & Camaradas da Guiné

Reprodução, com a devida vénia, da pág 414 do 7.º Volume - Fichas das Unidades - Tomo II - Guiné - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) - Publicação do Estado-Maior do Exército.

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3. Hoje mesmo recebemos esta mensagem do Coronel Tir Carlos Silva...:

Senhor Carlos Esteves Vinhal,
Foi com agradável surpresa que recebi, de forma tão rápida e esclarecedora, os elementos sobre o dispositivo das NT na zona de Catió em 1973 e 1974. É com apreço que manifesto, desde já, os meus agradecimentos pelo empenho dispensado na obtenção de elementos bem necessários para a possível identificação e localização do Fur Silva da escola do Chugué, em 1973. As iniciativas que refere levar a cabo no vosso Blogue poderão trazer ainda novos dados que permitam desfiar a meada e atingir o objectivo proposto.
Esse apreço e agradecimentos são extensivos ao Sr. Prof Luis Graça que tão rapidamente encaminhou o meu pedido para a pessoa certa e empenhada.
Concordo também que a CCAÇ 4143/72 deverá ser o foco para prosseguir o esforço de pesquisa e seria extraordinário que aparecesse alguém do vosso grupo da Tertúlia que se lembre do Fur. Silva.
Estou a contactar o Arquivo Histórico Militar e o Arquivo Geral do Exército para colaborarem nesta pesquisa. Sei que nessa época de 1973 era obrigatório todas as Unidades e Sub-Unidades mobilizadas entregarem no final da comissão a História da Unidade. Se estas duas Companhias o fizeram talvês a sua História se encontre no Arquivo Geral do Exército e nela constem os daos que procuramos.

Meu Caro Camarada e Combatente no TO da Guiné-Bissau, Carlos Vidal
Iremos certamente manter o contacto até ao final do “combate” que esperamos seja de sucesso.
Aceite mais uma vez os agradecimento pelo vosso extraordinário trabalho e os meus cordiais cumprimentos,
Carlos Eduardo Mendes Cação da Silva


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4. ...Que mereceu esta nossa resposta:

Senhor Coronel Carlos Silva
Muito obrigado pelos seus comentários que nos insentivam a continuar a nossa tarefa de manter o Blogue LG&CG activo.
Se fosse possível ao senhor Coronel entrar em contacto com o nosso jovem Vasco Na Nena, perguntava-lhe em que parte do ano de 1973 ele frequentou as aulas, se tem ideia da fisionomia do Fur Silva. Ele refere o BCAÇ 4510/72, tudo levando a crer que o dito Fur Silva poderá ter pertencido à 4143/72, adstrito a este batalhão.
Isto tudo são conjecturas até encontramos alguém que nos desfaça estas dúvidas.

Continuamos ao dispor do senhor Coronel e receptivos a qualquer novidade que obtenha.
Os nossos melhores cumprimentos e votos de excelente saúde
Carlos Vinhal


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5. Comentário do editor CV:

É difícil porque na tertúlia não temos camaradas da CCAÇ 4143/72, mas poderá algum dos nossos leitores ter conhecimento com antigos Combatentes desta Companhia para se poder confirmar se havia algum Furriel Silva que desse aulas no Chugué.
Abradecemos toda a ajuda possível.

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Notas do editor

Este poste foi reformulado pelo editor em 24 de Novembro face a novos elementos colhidos, tais como haver duas Tabancas com o nome de Chugué, uma pertencente à zona de Tite e outra à zona de Bedanda.

Último poste da série de 16 DE JUNHO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22285: Em busca de... (314): Camaradas da minha CCAÇ 4544/73 (Cafal, 1973/74), o Coelho (de Alcobaça), o Rosete (de Cantanhede), o alf mil Quintela (de Torres Vedras) (Eugénio Ferreira, ex-1º cabo, 2º pelotão)

quinta-feira, 7 de junho de 2018

Guiné 61/74 - P18719: Ser solidário (212): Gostaria de saber as companhias que passaram e estiveram sediadas em Candamã e quando é que costumam celebrar o convívio anual (Luís Branquinho Crespo)



1. Mensagem do nosso camarada Luís Branquinho Crespo (ex-Alf Mil da CART 2413, Xitole e Saltinho, 1968/70), com data de 26 de Maio de 2018:

Meus Caros Amigos

A associação a que pertenço com alguns amigos e amigas e que constituí chamada de Associação Humanitária Para a Cooperação e Desenvolvimento, Resgatar Sorrisos, e já constituída em ONGD, iniciou em Março a construção de uma Escola para a 5.ª e 6.ª Classes em Candamã[1], junto a Bambadinca e entre esta localidade e o Xitole.

Com uma equipa de vários homens fizemos as fundações, colocámos ferro, depositámos brita, cimentámos as fundações, fizemos subir pilares e com a ajuda da população a escola vai crescendo.

Sei, porque no local ainda existem restos físicos da passagem de militares nossos pela zona (há registos gravados em pedra de por lá terem passado em 1969 os Viriatos), gostaria de saber as companhias que passaram e estiveram sediadas nessa tabanca e quando é que costumam celebrar o convívio anual e com quem posso contactar, indicando-me o nome e telemóvel ou modo de os obter.

Estou convicto e convencido que tinham todo o interesse em saber do nosso projecto e talvez até queiram colaborar.

Será que os meus amigos podem ajudar e responder informando-me do nome e dos possíveis contactos?

Aguardo pelas v/ informações.
Desde já o meu agradecimento.

Um abraço meu e o reconhecimento da
RESGATAR SORRISOS (ONGD)[2]

Atentamente
Luís Branquinho Crespo

Infografia: Projeto da escola de Candamã, Bambadinca, Bafatá, Guiné-Bissau. 
Luís Branquinho Crespo (2018)

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2. Ontem mesmo, dia 6, recebemos do camarada José Martins, nosso consultor para assuntos militares, a seguinte mensagem:

Boa noite 
Nas minhas notas só tenho com passagem por Candamã:

CCAÇ 1551 de Maio a Novembro de 1966
CCAÇ 1550 de Janeiro de 1967 a Janeiro de 1968
CART 2339 de Setembro de 1968 a Novembro de 1969
CCAÇ 2404 de Novembro de 1969 a Março de 1970

Sendo Candamã um destacamento de nível pelotão/pelotão reforçado, há "espaços de tempo" entre a saída e entrada de nova unidade, o que pode não ter acontecido na realidade. As minhas notas são baseadas nas informações do Volume VII da CECA, pelo que pode haver omissões. 

Nota:
Sábado é apresentado no Núcleo de Leiria da Liga dos Combatentes (15h30), mais um "Caderno de Estudos Leirienses", sobre a Grande Guerra, em que existem textos de, pelo menos, dois tabanqueiros, que têm ligações afectivas a Leiria. 

Abraço 
Zé Martins
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Notas do editor:

[1] - Vd. poste de 22 de janeiro de 2018 Guiné 61/74 - P18240: Ser solidário (209): Construção de Escola em Candamã, iniciativa da Associação Humanitária Resgatar Sorrisos (Mário Beja Santos / Luís Branquinho Crespo)

[2] - Vd. poste de 24 de fevereiro de 2018 Guiné 61/74 - P18351: Ser solidário (210): A ONGD Resgatar Sorrisos apresenta-se à Tabanca Grande e agradece desde já quaisquer apoios para poder construir a escola de Candamã (, no antigo subsetor de Mansambo) (Luís Branquinho Crespo)

Último poste da série de 14 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18414: Ser solidário (211): Concentração cívica (hoje, 4ª feira, às 18h00, no antigo Hospital Militar Principal, Estrela, Lisboa) e petição pública a favor do apoio social e clínico aos militares e seus agregados familiares, incluindo os antigos combatentes da Guerra em África

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Guiné 63/74 - P13853: Da Suécia com saudade (43): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte IV): Rússia e Suécia, vizinhos e inimigos fidalgais, foram os dois países que mais auxiliaram o partido de Amílcar Cabral (José Belo)


Guiné-Bissau > PAIGC > s/l> Novembro de 1970 > Algures, nas "áreas libertadas", foto do norueguês Knut Andreasson, com um grupo de homens, jovens adultos, possivelmente balantas e guerrilheiros, a maioria deles descalços, ostentando todos eles o livrinho de leitura da 1ª classe, o primeiro em uso nas escolas do PAIGC (e que, se não erro, foi oferecido por estudantes noruegueses e impresso na Suécia, num total de 20 mil exemplares).

Fonte: Nordic Documentation on the Liberation Struggle on Southern Africa  [Com a devida vénia]

[As fotos podem ser usadas, devendo ser informado o Nordic Africa Institute (NAI)  e o fotógrafo, quando for caso disso. Este espólio fotográfico  de Knut Andreasson (, relativo à visita ao PAIGC  e, alegadamente,  às áreas sob o seu controlo, em novembro de 1970,  de uma delegação sueca) foi doado pela viúva ao NAI.]


Imagens da capa de "O NOsso Livro Livro da 1ª Classe", o primeiro livro de leitura, usado nas escolas do do PAIGC... Exemplar capturado pelo nosso camarada Manuel Maia no Cantanhez, possivelmente em finais de 1972 ou princípios de 1973. Vê-se que esse exemplar tinha uso. A capa teve de ser reforçada com uns improvisados adesivos (aparentemente autocolantes, que acompanhavam embalagens de apoio humanitário, vindas do exterior).

Foto: © Manuel Maia (2009). Todos os direitos reservados

José Belo

1. Continuação de alguns dados e notas de contextualização sobre a ajuda sueca ao PAIGC, a partir de 1969, e depois à Guiné-Bissau, a seguir à independência (*):


Data: 3 de Novembro de 2014
Assunto:   O exemplo sueco é seguido por outros países


Resumo: 

Durante a guerra o governo sueco enviou para o PAIGC um total de 53,5 milhöes de coroas, ao valor actual [c. 5,8 milhões de euros]. Destinaram-se a financiar a maioria das actvidades civis do partido: alimentacäo, transportes, educação, saúde, incluindo um vasto número de avultados fornecimentos às Lojas do Povo. 

A Guiné foi posteriormente incluída (como único país da África Ocidental) nos chamados "países programados" para a distribuicäo da assistência sueca ao desenvolvimento. Recebeu durante o período de 74/75 a 94/95, um total de  2,5 mil milhões de coroas suecas [c. 270 milhões de euros], colocando a Suécia entre os 3 maiores assistentes económicos da Guiné-Bissau. 

A Suécia nunca deu nenhum cheque em branco ao PAiIGC, tanto mais que Portugal era um dos seus importantes parceiros comerciais no âmbito da EFTA - Associação Europeia do Comércio Livre, a que ambos os países pertenciam, e de que foram membros fundadores. Ainda em vida de Cabral, em abril de 1972 o Comité ds Nações Unidas para a Descolonizacäo tinha adoptado uma resolução reconhecendo o PAIGC como o único e legítimo representante do território da Guiné-Bissau. Foi um tremendo sucesso político-diplomático para o PAIGC. Isso em nada alterou o pragamtismo da diplomacia sueca. A Suécia só irá reconhecer a Guiné-Bissau como país independente, em 9 de agosto de 1974, ano e meio depois da  morte de Amílcar Cabral (que também era um político pragmático).


1. O auxílio sueco ao PAIGC abriu caminho a um cada vez maior número de apoios de outros países ocidentais.

A Noruega estabeleceu em 1972 uma assistência oficial e directa,semelhante ao modelo sueco, que veio a ter grande repercussão política internacional pelo facto de ser um país membro da NATO.

Neste período eram a Suécia e a Uniäo Soviética  (URSS) os países que mais apoiavam o PAIGC.

Um apoio de modo algum coordenado mas... real, numa divisäo "de facto" de funções entre os dois países, que mais tarde se veio a manter em relação aos outros movimentos de libertação africanos.

Apesar de tanto os Estados Unidos como outros países ocidentais acusarem a Suécia de fazer causa comum com o bloco comunista, isto não veio impedir que o Parlamento Sueco e o Governo Social Democrata continuassem a aumentar gradualmente a assistência não militar.

Deve-se no entanto ter o cuidado de colocar estas acusações dentro de uma perspectiva realista da história local.

O "inimigo histórico tradicional" da Suécia é a Russia,  e para tal basta abrir um qualquer livro de 
história da instrução primária sueca.

Isto independentemente de ser a Rússia do séc XVII, a Rússia dos comunistas ou...a Rússi actual.

José Belo

(continua)
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Nota do editor


quinta-feira, 12 de abril de 2012

Guiné 63/74 - P9737: Um Professor na guerra (Manuel Joaquim) (4): Mansabá, solene inauguração

1. Foi com esta mensagem de 28 de Março de 2012 que o nosso camarada Manuel Joaquim (ex-Fur Mil de Armas Pesadas da CCAÇ 1419, Bissau, Bissorã e Mansabá, 1965/67) nos apresentou o seu trabalho de que hoje terminamos a sua apresentação:

Meus caros Luís, Carlos e Eduardo:
Durante a minha vida militar na Guiné, tirando os quatro meses iniciais, sempre dei aulas, melhor dizendo, fiz alfabetização. Guardei sempre uma parte do meu tempo livre para proporcionar a muitos soldados a obtenção da quarta classe e, nos últimos quatro meses, trabalhei a tempo inteiro com soldados e com crianças. A minha "guerra" foi sublimada com este meu trabalho de que me orgulho e ao qual me dediquei. Talvez ingenuamente foi a procura dessa sublimação o que sempre me conduziu na minha atividade como combatente. Precisei desse objetivo mesmo sem saber ou pouco me importar qual o resultado final.

Titulei este trabalho com "Um professor na guerra". Professor e combatente fui de certeza. O título está para o"frouxo". Arranjam-me um melhor para este relato? Vai dividido em quatro partes. Se acharem por bem publicar é possível que prefiram uma outra divisão. Fica ao vosso critério.

Manuel Joaquim


UM PROFESSOR NA GUERRA

IV - Solene inauguração

Continuando a falar da nova escola de Mansabá passo por cima da sua óbvia atividade que é o ensino o qual, neste caso e de minha responsabilidade, não passou da iniciação na língua portuguesa e na matemática. É que, poucos dias após a sua inauguração, o meu Bcaç 1857 saiu de Mansabá a caminho de Bissau, em fim de comissão.

Logo em janeiro no início das aulas, debaixo do frondoso mangueiro, comecei a pensar no que as crianças poderiam oferecer aos visitantes da sua escola, no dia da sua inauguração, para além de cantarem o Hino Nacional, tarefa de que me incumbiram e eu garanti cumprir. A primeira ideia que me surgiu foi a de elas se apresentarem com canções populares locais. Ainda começámos a ensaiar uma, por sinal muito bonita, mas numa noite de insónia veio-me à ideia ensinar-lhes canções populares portuguesas. Percebi de imediato que, se o conseguisse fazer, a coisa iria funcionar como uma maravilha para as “chefias”! Ratice!

Se rápido o pensei, mais depressa pus mãos à obra, melhor dizendo, memórias e gargantas a funcionar! Sentia ser esta uma tarefa muito difícil para a miudagem, por não saberem falar português, mas dois meses dariam para memorizar duas canções. E, com esta ideia, comecei a ensaiar o “Malhão” aproveitando uns vinte minutos diários, no final das aulas de cada dia. Fiquei espantado com a rapidez com que aprenderam a música (lalalá lá lá). Mas a letra estava mais difícil, havia dificuldade na sonorização de certas sílabas, a coisa não estava a ser fácil. Da minha parte, alguma experiência nesta área ajudou-me a obter bons resultados. Tinha coro infantil!

Perante este resultado fiquei tão entusiasmado que lancei a canção “Ó Rosa arredonda a saia”. Que problema para conseguirem dizer/cantar “órrosárredondássaia”! Mas conseguiram! Como o conseguiram com a “Tia Anica de Loulé”! O que é certo é que , em dois meses de ensaios, as canções estavam que se “podiam” ouvir. “Sabiam-me” musicalmente melhor do que quando cantadas pelos meus alunos na metrópole, devido à expressão mais sonora das palavras, com as sílabas muito mais abertas. Esta vocalização foi precisa para aquelas maravilhosas crianças apreenderem os sons de todas as sílabas (não esquecer que estavam a começar a aprender português e muitas daquelas palavras eram para elas como é o chinês para mim!).

E vamos agora ao Hino Nacional. Aqui é que foi o busílis! Enquanto que nas canções infantis eu lá lhes conseguia explicar o sentido das palavras e das frases, nos versos do Hino a explicação era impossível! (Quando ouço alguém a tentar cantar em inglês sem saber uma palavra desta língua, lembro-me sempre dos meus alunos de Mansabá a cantarem “A Portuguesa”!) Imaginem-se a explicar-lhes o que são “heróis do mar”, “nobre povo”, “esplendor de Portugal”, “brumas da memória”, “egrégios avós”, etc.

Pois é, não percebiam nada do que estavam a cantar mas memorizaram aquela caterva de sons alinhadinhos que até parecia que sabiam o que estavam a dizer!: “Irós di má ...nó...bipô ô ô naçãvalen...ti...mutá”, etc. etc.

Chegou o grande dia, a inauguração da escola. Os três Furriéis a ela ligados (eu, o Passeiro e o Correia) estavam um pouco nervosos, eu especialmente, mas correu tudo muito bem. O Hino Nacional, cantado por aquelas crianças, saiu lindo! (Foi fantástico elas memorizarem todas aquelas palavras(?)-sons! A sua memória era maravilhosa!) E as canções populares portuguesas foram um sucesso. E foram tão bem cantadas! Arnaldo Schulz gostou tanto que me veio dar um abraço e bater mais umas palminhas às “minhas” crianças.

Este acontecimento foi reportado na imprensa e na rádio da Guiné. Num jornal a que chamo Diário da Guiné (não tenho ideia nenhuma da sua existência) saiu uma reportagem de que mostro aqui a parte principal e que mandei à namorada (os sublinhados são dessa altura):

Bissau, 25Abril67 (...) “Como já reparaste vai aqui um excerto do Diário da Guiné. O jornal não identifica a minha actividade militar em Mansabá (...) Fiquei um pouco admirado quando li a reportagem. Na fotografia, a minha presença vai assinalada com uma seta. Aqui vai tudo para te distraíres um bocado! Ah ah ah! (...)Até fui abraçado pelo general! A exibição coral foi, na verdade,um sucesso. Palavra que me chegaram as lágrimas aos olhos quando, à frente das crianças, a exibição coral passou muito além do que eu pensava. Dois dias depois ouvi pela rádio a transmissão e fiquei visivelmente orgulhoso pela maravilha como me saíu o “Malhão”, a “Tia Anica de Loulé”, “Ó Rosa arredonda a saia” e outras.(...)”


Uns vinte e poucos dias depois destes factos, deixámos Mansabá. O melhor que tenho para encerrar este relato da minha vida de militar-professor é esta transcrição do que então disse à namorada, na última carta que lhe escrevi da Guiné: (...)Saí de Mansabá com as lágrimas nos olhos pois não consegui conter-me perante a despedida afectiva daquelas crianças. Ver criancinhas negras com lágrimas na face e abraçadas a mim foi demais. Nunca pensei que as coisas chegassem a este ponto. Foi qualquer coisa de inolvidável (...).”

FIM
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Nota de CV:

Vd. postes da série de:

2 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9692: Um Professor na guerra (Manuel Joaquim) (1): Analfabetismo, um outro combate

5 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9703: Um Professor na guerra (Manuel Joaquim) (2): Uma Escola em Mansabá
e
9 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9721: Um Professor na guerra (Manuel Joaquim) (3): Na escola, com as crianças

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Guiné 63/74 - P9721: Um Professor na guerra (Manuel Joaquim) (3): Na escola, com as crianças

1. Foi com esta mensagem de 28 de Março de 2012 que o nosso camarada Manuel Joaquim (ex-Fur Mil de Armas Pesadas da CCAÇ 1419, Bissau, Bissorã e Mansabá, 1965/67) nos apresentou o seu trabalho de que hoje publicamos a terceira parte.

Meus caros Luís, Carlos e Eduardo:
Durante a minha vida militar na Guiné, tirando os quatro meses iniciais, sempre dei aulas, melhor dizendo, fiz alfabetização. Guardei sempre uma parte do meu tempo livre para proporcionar a muitos soldados a obtenção da quarta classe e, nos últimos quatro meses, trabalhei a tempo inteiro com soldados e com crianças. A minha "guerra" foi sublimada com este meu trabalho de que me orgulho e ao qual me dediquei. Talvez ingenuamente foi a procura dessa sublimação o que sempre me conduziu na minha atividade como combatente. Precisei desse objetivo mesmo sem saber ou pouco me importar qual o resultado final.

Titulei este trabalho com "Um professor na guerra". Professor e combatente fui de certeza. O título está para o"frouxo". Arranjam-me um melhor para este relato? Vai dividido em quatro partes. Se acharem por bem publicar é possível que prefiram uma outra divisão. Fica ao vosso critério.

Manuel Joaquim


UM PROFESSOR NA GUERRA

III - Na “escola”, com as crianças

Em 9 de janeiro de 1967 escrevia à namorada: “Já quase me faço compreender pelas miuditas a quem dou aulas todos os dias. É um trabalho que me está a agradar imenso. (...) Como sabes fui dispensado do serviço operacional. Aqui está com certeza a causa da minha maior satisfação (...).

Duas semanas depois: “Falar-te do meu dia a dia talvez tenha algum interesse para ti. Como já sabes não ando no mato. Sábados de tarde e Domingos não trabalho. Nos outros dias dou duas horas de aula da parte da manhã às crianças e outras duas da parte da tarde aos soldados. (...) Vistas bem as coisas é caso para andar bem satisfeito e ando, comparando a minha situação actual com a anterior. (...).

Eu (agachado, de boné) com um grupo de alunas. Atrás, o Fur Mil A.G. Correia

O Fur Mil F.G. Passeiro com o seu grupo e eu (de boné) à esquerda da foto

Fotos de F.G. Passeiro

Em 6 de fevereiro/67: (...)Há pouco estava a falar-te de barulho e é precisamente agora, já passa um pouco da meia-noite, que ele está a atingir um grau bastante chato. É a altura das bebedeiras. E o melhor é pôr-me pelo menos a fazer que durmo, já que tenho de me levantar cedo para ir aturar a minha catraiada. (...)

Vinte dias depois: (...)“A minha situação,(...), não é para grandes preocupações. Isto não quer dizer que esteja livre de perigo. No entanto ele é muito menor. Ainda agora chegaram os meus camaradas que passaram oito dias seguidos no mato sem vir ao quartel. Eu fiquei, está claro, em Mansabá, de volta das miuditas. E muito satisfeito, sem dúvida, livre desta prova de resistência e de perigo. (...)

Em seis de março/67 escrevi: “(...) às vezes tenho estados de espírito estranhos, tal como o de começar a ter saudades de alguma coisa que por cá existe. Refiro-me, muito em especial, às minhas pequenitas que todos os dias, eu a caminho da escola, disputam em corrida qual delas chega primeiro para me agarrar e dizer “bom dia!”. Elas ainda mal falam o português mas já me sabem dizer “adeus amor di mim”, “adeus querido di mim” e outras frases similares.(...)

Uma aluna leva-me a casa para me apresentar a mãe e os irmãos

Fotos de Manuel Joaquim

(...) Enfim, são uns tempos muito bem passados, estes em que lido com as crianças. Cá na terra toda a gente me conhece pelo nome. Passo pelas ruas e, às vezes, até chateia a frequência com que me dizem “Manuel Joaquim!” Não dizem, muitas vezes, mais nada e só esperam que me volte e sorria.Há pouco tempo aconteceu conversar com uma rapariga que me olhava um pouco intrigada e sem o à vontade que eu esperava. Soube que era nova cá em Mansabá. Quando lhe disse que era o Manuel Joaquim veio logo um “Ah, bó professor di bajuda” (...)”Manga di bom pessoal, bó mesmo” (...). Alegra-me saber que fiz algo de bom por aqui. E é, sim, com um pouco de saudade que vou deixar esta gente” (...).

Estas transcrições pretendem dar uma ideia do meu estado de espírito perante o trabalho que me obriguei a fazer. Tudo correu bem, o edifício escolar foi construído e os alunos ocuparam a sala de aula já equipada, todos contentes por terem saído da rua e eu ainda mais contente por não ser agora tão fácil distrairem-se face aos ruídos da rua. Aproximava-se a data da inauguração da escola. Não me lembro do dia mas foi num dos últimos dias de março/1967. Sei porque em 02/abril escrevi à namorada e referia-me ao facto de ter sido louvado pelo comandante de batalhão e este louvor ter tido como causa o que sucedeu na inauguração da escola, a que me referirei noutro capítulo. No final da inauguração, o repórter do PFA (o alferes milº M.F.Teixeira, meu amigo e companheiro de estudos), veio bisbilhotar-me que tinha ouvido o general perguntar, referindo-se a mim, “ já louvou aquele furriel?”

Tenho pena de não ter fotografias da escola e da sua inauguração. Não sei se foi erro meu, o mais certo foi ter sido. Temendo que algumas fotos pudessem infringir certos ditames político-militares da época, adiei a revelação dum rolo onde estavam também essas fotos para quando estivesse na “metrópole”. Ainda hoje me dói recordar a transparência do negativo quando quis levantar as fotos. Fotos, zero! Como diz o ditado castelhano “no creo en brujas mas que las hay las hay”.

(Continua)
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 5 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9703: Um Professor na guerra (Manuel Joaquim) (2): Uma Escola em Mansabá

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Guiné 63/74 - P9703: Um Professor na guerra (Manuel Joaquim) (2): Uma Escola em Mansabá

1. Foi com esta mensagem de 28 de Março de 2012 que o nosso camarada Manuel Joaquim (ex-Fur Mil de Armas Pesadas da CCAÇ 1419, Bissau, Bissorã e Mansabá, 1965/67) nos apresentou o seu trabalho de que hoje publicamos a segunda parte.

Meus caros Luís, Carlos e Eduardo:
Durante a minha vida militar na Guiné, tirando os quatro meses iniciais, sempre dei aulas, melhor dizendo, fiz alfabetização. Guardei sempre uma parte do meu tempo livre para proporcionar a muitos soldados a obtenção da quarta classe e, nos últimos quatro meses, trabalhei a tempo inteiro com soldados e com crianças. A minha "guerra" foi sublimada com este meu trabalho de que me orgulho e ao qual me dediquei. Talvez ingenuamente foi a procura dessa sublimação o que sempre me conduziu na minha atividade como combatente. Precisei desse objetivo mesmo sem saber ou pouco me importar qual o resultado final.

Titulei este trabalho com "Um professor na guerra". Professor e combatente fui de certeza. O título está para o"frouxo". Arranjam-me um melhor para este relato? Vai dividido em quatro partes. Se acharem por bem publicar é possível que prefiram uma outra divisão. Fica ao vosso critério.

Manuel Joaquim


UM PROFESSOR NA GUERRA

II - Uma escola em Mansabá

Por Manuel Joaquim

O ano de 1967 chegou, tinha a CCaç 1419 dezassete meses de Guiné e estava sediada em Mansabá. Quantas e quantas vezes suspirei pela chegada deste 1967! Ele trazia no “ventre” a senha de largada daquele martírio e a viagem de regresso a Lisboa!

Tinha planeado começar o ano em grande: umas belas e relaxantes férias em Bubaque, o momento ideal para “saborear” a Guiné, longe da guerra e disponível para gozar os encantos do mar e clima tropicais. Já tinha distribuído trabalhos escolares pela minha turma da “escola regimental”, tipo TPC como se diz hoje. Mas, inesperadamente, tudo falhou!

Uns dias antes da minha previsível partida para férias, sou chamado ao Comandante de Companhia. Queria “dar-me” uma missão, criar uma escola primária, em cumprimento de ordem recebida de Bissau para pôr essa escola a funcionar num prazo máximo de três meses. O Governador-Geral viria inaugurá-la.

 - "Toma lá! Como prémio pelo trabalho destes meses todos a dar aulas a 40 e tal soldados, tens agora uma escola primária a teu cargo!"- devo ter pensado na altura. Comecei por dizer que tinha férias aprovadas e marcadas, que não poderia aceitar. Levei como resposta que a situação se não compadecia com as minhas férias. "Porra, lá se foram as férias!

Mansabá, JAN67 > Interior do aquartelamento

Comecei a analisar a situação. Por um lado agradava-me o convite mas, por outro, não encontrava tempo disponível para cumprir a missão. Sendo assim, apresentei uma condição para aceitar e que era a de vir a ser dispensado de toda a atividade operacional. Esta condição foi recusada na base de que a minha saída do Grupo de Combate poderia trazer problemas operacionais. Reiterando que não me seria possível, física e temporalmente, assumir este trabalho, recusei o convite. Se o Comando queria apresentar ao Governador coisa séria teria de lhe apresentar uma escola a funcionar plenamente e não somente um edifício, por muito bonito que fosse. E eu, naquelas condições, não conseguiria cumprir.

Como já disse noutro “post”, fui para a guerra assumindo totalmente a situação de combatente. Desta vez, percebi e aproveitei a situação para me excusar às ações de combate. Aproximava-se o fim da comissão e o “não ir para o mato” seria uma maravilha. De qualquer modo também não me seria possível exercer as funções para que tinha sido “convidado” se continuasse no serviço operacional.

No dia seguinte fui novamente chamado, pensava eu que para mais uma tentativa do capitão. Mas não, foi para me dizer que fora tida em conta a minha situação e que, a partir daquele momento, ficava isento do serviço operacional e com a responsabilidade de pôr a funcionar as aulas na escola a construir de imediato. Senti o incómodo no seu tom de voz, como se quisesse acrescentar: “Já que és tão exigente, sempre quero ver o que vais fazer!” Fiquei sem férias mas com uma qualidade de vida muito melhor. Que alívio!

Dei a notícia à Companhia e a coisa não me foi agradável. Ainda hoje me lembro de não me sentir bem ao olhar os meus camaradas de Pelotão e, principalmente, os meus soldados da Secção. Foi uma separação repentina, uma peça daquela “maquineta” de combate que se partiu. Eles viam o meu trabalho, percebiam com certeza que não poderia estar nos dois lados, mas também invejavam a minha situação. Eu sentia-o, pois comigo aconteceu coisa igual quando vi o meu amigo e camarada de Especialidade e de beliche na caserna de Mafra, Raul Durão (CCaç 1421), sair de Mansabá (K3?) para trabalhar na Rádio em Bissau. Que inveja aquilo me deu! Mas deu-me também um jantar pago pelo Raul quando dele me despedi e deixei Bissau a caminho de Bissorã. (R.I.P. Raul!)

E ... mãos à obra! Fiquei com os dias totalmente preenchidos com o ensino: de manhã, a um grupo de crianças e, de tarde, aos soldados.

Bela “sala” de aulas, à sombra do mangueiro florido! 

O Pelotão de Sapadores ficou encarregado da construção do edifício escolar. Eu, apoiado pelos Furriéis Francisco Germano Passeiro (CCaç 1421) e António Correia (C?), tratava da parte pedagógica e administrativa. Tudo tinha de estar a funcionar como deve ser para finais de março, princípios de abril, altura já marcada para a solene inauguração pelo Governador e Comandante-Chefe Arnaldo Schulz.

E tudo correu como planeado. Para começar apareceram vinte e tal crianças. Como não havia sala, distribuímo-las por nós três e começámos a alfabetização na rua, no meu caso com o grupo das meninas debaixo de um grande mangueiro. Construído o edifício, no princípio de Março tomei conta da parte letiva enquanto os furriéis referidos se encarregaram das atividades circum-escolares.

E lá nos fomos preparando e preparando a miudagem para a festa da inauguração.

É hora de recreio!
Foto de F.G. Passeiro

(Continua)
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Nota de CV:

Vd. primeiro poste da série de 2 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9692: Um Professor na guerra (Manuel Joaquim) (1): Analfabetismo, um outro combate