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segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Guiné 61/74 - P24867: Bom dia desde Bissau (Patrício Ribeiro) (31): Já estava com saudades de Farim e das canoas de transporte público...


Foto nº 1 >  A minha companhia para Farim, na canoa de transporte público


Foto nº 2 > Chegando ao cais de Farim


Foto nº 3  > Canoa de transporte de mercadorias


Foto nº 4 > Canoa de tipo "Uber" ...


Foto nº 5 >  Rio Farim: canoas de transporte público


Foto nº 6 > O nosso almoço em Farim

Foto nº 7 > Farim: monumento do tempo colonial, comemorativo do 5.º centenário da morte do Infante D. Henrique (1460-1960): ainda dá para perceber a estrofe de Camões. "Por mares nunca dantes navegados"... As letras e os algarismos, em metal, foram retirados (muito provavelmente roubados). De qualquer nodo, o monumento  resistiu ao "camartelo paigecista"... Já estava assim em 25 de abril de 2020. (*)


Foto nº 8 > Cais de Farim


Foto nº 9 > A minh canoa, no regresso

Guiné-Bissau > Região do Oio > Farim > 18 de novembro de 2023 

Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem (e fotos) que nos foi enviada pelo  Patrício Ribeiro (nosso correspondente em Bissau, colaborador permanente da Tabanca Grande para as questões do ambiente, economia e geografia da Guiné-Bissau, onde vive desde 1984, e onde é empresário, fundador e diretor técnico da Impar Lda; tem mais de 130 referências no blogue; autor da série, entre outras, "Bom dia desde Bssau"):


 Data - domingo, 19/11/2023, 13:57 

Assunto - Bom dia desde Bissau: as canoas de Farim 

Bom dia, desde Bissau (**)...  Os meus passeios... No dia 18/11/23, fiz uma pequena volta até Farim, estava com saudades das canoas de transporte público. 

Saída de Bissau às 7h, passagem na ponte João Landim, percorri os buracos no pó vermelho até Bula, depois alcatrão até Bissorã e segui na estrada com pó para Mansoa. Dali para a frente, há boa estrada de alcatrão até a rampa sul do rio de Farim.
A viagem demorou 4 horas.
Na rampa do rio, lá encontrei diversas pirogas, algumas muito bonitas, algumas a remos e outras trabalham com um pequeno motor a gasolina, destinadas ao transporte público (Fotos nºs 1, 2, 3, 4, 5, e 9). Lá “cambarmos” dentro de uma, onde vão 12 pessoas, para a outra margem, onde está a cidade de Farim.

Encontrámos tudo na mesma (Fotos nºs 7 e 8)… Fizemos lá nosso trabalho, para pôr a funcionar o Banco de Sangue do Hospital.

Almoçámos o que havia (Foto nº 6)... No caminho de regresso, parar em algumas tabancas para afinar alguns equipamentos, do fornecimento de água nos fontanários, à população, assim como ver os sistemas de água das hortas das mulheres, agora é muito necessária, a chuva só volta dentro de 7 meses.

Visitámos também o projeto, de área protegida de Djalicunda, Mansabá,  onde se pode descansar e dormir (na Zona de K3 / Saliquinhedim).

Passado 13 horas, estávamos em Bissau prontos para outros passeios.

Abraço. Patricio Ribeiro
IMPAR Lda
Av. Domingos Ramos 43D - C.P. 489 - Bissau , Guine Bissau
Tel,00245 966623168 / 955290250
www.imparbissau.com
impar_bissau@hotmail.com
___________

Notas do editor:

 (*) Vd. poste de 26 de abril de 2020 > Guiné 61/74 - P20907: Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (14): O 25 de Abril passado em Farim, com crocodilos à mistura no rio Cacheu..., mas levando o luxo (!) da água e da luz ao hospital local... E, hoje, almocei ostras na grelha!

quarta-feira, 21 de junho de 2023

Guiné 61/74 - P24421: Historiografia da presença portuguesa em África (373): O problema dos transportes na Guiné, um olhar e sugestões de um engenheiro de pontes, princípio da década de 1950 (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 9 de Novembro de 2022:

Queridos amigos,
Nada me fora dado ler nesta visão de articular transportes rodoviários com marítimos, o engenheiro Barahona de Lemos trabalhou na Guiné e a mim deixou-me uma recordação do seu trabalho, as pontes que ligam Bambadinca a Amedalai, que aqui se mostram. Quando o PAIGC flagelou Bambadinca em 28 de maio de 1969, tentou dinamitar um dos pontões, abriu brecha mas continuou ao serviço. Bem me surpreendeu a imagem de Bissalanca no início da década de 1950, neste tempo a TAP ainda não chegava a Bissau, a viagem para o interior da Guiné exigia ir a Paris e daqui apanhar avião para Dacar, e depois de automóvel para o interior da colónia. Foi o trajeto que utilizei no meu romance "Mulher Grande", ela vai casar a Varela exatamente neste tempo e bem se agoniou entre Paris e Dacar. A outra surpresa são as imagens de Bolama anteriores a 1935, nunca tinha visto tais imagens, é para mim gratificante que fiquem no nosso indispensável histórico acervo fotográfico, para uso de quem ama a Guiné, poder olhar para um passado e para um património que ficou derruído.

Um abraço do
Mário



O problema dos transportes na Guiné, um olhar e sugestões de um engenheiro de pontes, princípio da década de 1950

Mário Beja Santos

Consultando a publicação Estudos Coloniais, Revista da Escola Superior Colonial, volume III, 1952, fascículo n.º 3, encontrei um artigo do engenheiro Humberto Luís Barahona de Lemos intitulado "O problema dos transportes na Guiné – Sua importância". Na administração colonial, a década de 1920 corresponde ao período em que houve um intenso debate acerca da questão fundamental de que a ocupação e a exploração de riquezas exigiam infraestruturas rodoviárias e portuárias. Não escapámos à pertinência dessa discussão, embora no caso vertente da Guiné não houve impacto, o orçamento da colónia contemplava expressamente arranjos portuários, na generalidade dos casos de pouca monta e a conservação das estradas de terra batida.

Sarmento Rodrigues é o governador que lança empreendimentos de maior gabarito e o seu continuador, Raimundo Serrão, concluiu diferentes iniciativas e pôs em marcha outras. Encontrei na revista "Ecos da Guiné" imagens como a ponte entre Bambadinca e Xime, que acabou por ter uma importância crucial no decurso da guerra, houve a tentativa de a fazer explodir, em 1968, e então, para sua conservação, criou-se um posto de vigilância que tinha o nome pomposo do destacamento da ponte sobre o rio de Undunduma, o Luís Graça também por lá penou.

O engenheiro Barahona de Lemos andou pela Guiné a fazer o estudo de pontes, agradece o apoio que recebeu do engenheiro Carlos Krus Abecassis, alto funcionário público, espraia-se sobre considerações genéricas, diz que a Guiné portuguesa é do ponto de vista agrícola fértil e rica, fala sobre as suas principais produções, as oleaginosas e entra na questão das comunicações, começa pelos rios navegáveis, observa que há uma navegação a barcos de alto-mar, é o caso do rio Cacheu que é navegável numa extensão aproximável de 160 quilómetros, desde a sua foz até ao porto fluvial de Binta. E adverte-nos que o problema que aqui pretende pôr tem a ver com o estudo do aproveitamento dos transportes fluviais conjugados com uma rede de boas estradas. Fala na existência de 3 mil quilómetros de estradas, quase todas de terra batida, sendo permanente o mau estado dos pavimentos. Considera que a causa mais importante que dificulta a formação de uma mais densa rede de estradas é o facto da Guiné estar retalhada por vias aquáticas que na época das chuvas inunda extensas planícies.

Observando o material flutuante, diz que este, para permitir um bom rendimento, com as consequentes vantagens económicas, exige a utilização de embarcações de calado tão reduzido quanto possível e comenta que as barcas e batelões existentes na Guiné não pertencem a este tipo, são de boca estreita e com grandes exigências de tirante de água. A utilização das jangadas motorizadas ou de ferryboats, estima ele, não só oferece rápida ligação entre as margens como garante as indispensáveis condições de segurança nas travessias. Procura dar-nos um quadro das vias navegáveis principais na Guiné, assim: rio Cacheu, estuário do rio Mansoa, rio Geba, estuário do Rio Grande de Buba ou Bolola, estuário do rio Tombali, estuário do rio Cumbijã, estuário do rio Cacine. Sugere dar-se prioridade às obras no Cacheu, até por motivos de soberania, está-se perto do rio Casamansa e da Senegâmbia francesa. Considera que o volume das dragagens a fazer é até 2 milhões de metros cúbicos e assim, feito este encargo, ficaria o rio Cacheu navegável numa extensão de mais 13 quilómetros.

Falando do estuário do rio Mansoa, parece-lhe de grande interesse a ligação rodoviária de Bissau com o norte da colónia, atravessando o estuário do Mansoa na Ponte de Safim. Quanto ao estuário do Geba, refere que o rio oferece boas condições de navegabilidade entre Bissau e Bambadinca e sugere a retificação do leito do rio entre Bambadinca e Bafatá, observando que o rio Corubal dispõe boas condições de navegação até ao porto de Xitole. Passando para o estuário do Rio Grande de Buba observar que se trata de um grande braço de mar que tem a sua embocadura junto à ilha de Bolama e que tinha sido nas margens deste grande estuário que de início se estabeleceram feitorias e centros comerciais, contudo a região fora abandonada pelas guerras entre etnias e por ser pouco saudável. Passando para o estuário do Cumbijã observa que dos braços do sul da Guiné é o único que tem atualmente importância económica, em virtude de ser a via de acesso ao importante centro arrozeiro de Catió, pois é através deste braço de mar que é transportado o arroz que por via marítima é levado para Bissau e para Bolama, existem, contudo, dificuldades na travessia da barra do estuário, onde afloram recifes perigosos. E escreve: “Quando se fizer o levantamento hidrográfico da barra deste rio, poderão estudar-se as obras a fazer para melhorar o acesso a Catió”.

Escreve seguidamente as vias rodoviárias primárias da Guiné, hei o seu elenco:

- Bissau, Safim, Nhacra, Mansoa, Mansabá, Bafatá, Nova Lamego e Pitche;
- Bissau, Ponta de Safim, João Landim, Bula, Teixeira Pinto, Caió, Cacheu, S. Domingos, Praia Varela;
- S. Domingos, Sedengal, Bigene, Binta, Farim, Mansabá;
- Bula, Bissorã, Mansabá;
- Bissau, Enxudé, Tite, Bolama;
- Bolama, Fulacunda, Bula, Catió;
- Mansoa, Gole, Canturé, Fulacunda (em meu ponto de vista, fora da realidade da época, de Canturé subia-se até Gambiel, daqui até Geba e de Geba até Bafatá).

Vai dando sugestões para a melhoria das estradas, reconhece a necessidade de se vir a utilizar ferryboats ou jangadas metálicas acionadas por motores, para dar continuidade às estradas interrompidas junto dos grandes rios. Refere detalhadamente as melhorias que ele propõe. Logo na estrada entre Bissau e Pitche diz que o Plano de Fomento do Ultramar reserva verba para a ponte que liga as duas margens do Geba, próximo de Bafatá. Observa que a Ponte de Ensalma liga a ilha de Bissau ao continente atravessando o canal do Impernal. Da argumentação usada, fica-se com a quase certeza que Barahona de Lemos projetou a ponte sobre o Geba. Entre Bissau e Varela, a ligação que propõe seria feita pela Ponte de Safim onde a travessia do estuário de Mansoa iria utilizar um ferryboat ligando a João Landim. E daí havia rodoviária que conduziria a Bula, Teixeira Pinto, Caió e Cacheu. Reconhece a necessidade de se fazer a travessia do estuário do rio Cacheu em dois pontos, utilizando jangadas metálicas motorizadas e diz que o percurso referido encurtaria em 70 quilómetros a distância entre Bissau e S. Domingos. Se assim se fizesse, as comunicações de Bissau com a Senegâmbia francesa, por Ziguinchor, ficariam assim gradualmente facilitadas, o que contribuiria para evitar o isolamento e a atrofia económica e social dos territórios a norte do grande estuário do Cacheu. Falando da estrada de S. Domingos, Sedengal, Bigene, Binta, Farim, Mansabá observa que dada a circunstância do Cacheu apresentar no seu leito fundos rochosos, é de pensar na possibilidade de se construir uma ponte na vizinhança de Farim; esta ponte traria a Farim uma possível compensação caso se encarasse a vantagem de se deslocar em definitivo o entreposto marítimo para Binta, e assim seria evitada a realização de trabalhos de correção do Cacheu desde Binta a Farim.

Muito mais escreve neste trabalho, nunca me fora dado ler algo de tão bem articulado sobre a ligação entre os transportes terrestres e marítimos, era uma fase de grande construção, como se disse tudo começara com Sarmento Rodrigues e Raimundo Serrão continuou. Reconheça-se que as propostas de Barahona de Lemos exigiriam um orçamento avultado. Quem leu este trabalho, terá reconhecido o valor e o entusiasmo do autor, mas o decisor político passou adiante.

Estas três imagens foram retiradas da revista Ecos da Guiné, as duas primeiras têm valor sentimental para mim e para o Luís Graça, e seguramente para todos aqueles que faziam o itinerário entre Bambadinca e Xime; quanto à terceira imagem, ela permite avaliar a indigência do campo de aviação em Bissalanca, quem queria chegar à Guiné não aterrava em Bissalanca, o itinerário mais frequentado era ir a Paris e daqui seguir para Dacar, daqui seguia-se de automóvel até Ziguinchor e depois escolhia-se o ponto de chegada. Este era o aeroporto no início da década de 1950.
Quero compartilhar com o leitor a alegria de ter encontrado num documento aparentemente inócuo, datado de 1935, imagens que até hoje não tinha encontrado sobre a capital da Guiné. Espero que estas imagens surpreendam portugueses e guineenses, e fico muito contente porque vejo o nosso histórico arquivo recheado de preciosidades.
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Nota do editor

Último poste da série de 14 DE JUNHO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24398: Historiografia da presença portuguesa em África (372): Revista de História, n.º 13, Janeiro-Março, Ano IV, 1953 - Um texto fundamental para o estudo da História da Guiné: Fontes quatrocentistas para a geografia e economia do Saara e da Guiné (Mário Beja Santos)

quinta-feira, 10 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23065: (In)citações (196): Bissau, Safim e Nhacra: havia ir e voltar... (Victor Costa / Virgílio Teixeira /Carlos Pinheiro / José Colaço)


Guiné 61/74 > Região de Bissau > CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) > 11 de março de 1968 > Safim > O alf mil SAM Virgílio Teixeira, na esplanada... da "Marisqueira de Safim". Em Safim, havia um cruzamento: para norte,   seguia-se para João Landim e Bula; para leste e nordeste, seguia-se para Nhacra e Mansoa. De Bissau a Nacra, eram pouco mais de 20 km, e daqui até Mansoa mais uns trinta... De Bissau a Safim, por Bissalanca, também seriam uns 20 km...


Foto (e legenda): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Guiné > Bissalanca > BA 12 >  c. 1973/74 > O Eduardo Jorge Ferreira, alf mil da Polícia Aérea, à porta dos seus aposentos, pronto para partir para Nhacra, para comer umas ostras, à civil, de sandálias, e com capacete de segurança, conduzindo a sua motorizada, de 50 cm3 (?), Yahama, matrícula G5907, e levando à boleia o seu amigo Jorge Pinto, alf mil, 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74)...

Pormenor digno de registo: o Jorge Pinto, também à civil, de sapatinho de vela, meiinha branca, leva um capacete de segurança pouco ortodoxo: um capacete, branco, da polícia aérea... A ideia só podia ser do nosso saudoso Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019), um homem prático e desenrascado...

Foto (e legenda): © Jorge Pinto (2019). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentário do Victor Costa ao poste P23058 (*)

(i) (...) Nunca deixei nenhuma missão a meio e não é agora que irei começar, isto para vos dizer que irei responder a todas as questões colocadas em todos os comentários e em particular ao Luís Graça ou a outros comentários que possam chegar. Eu só preciso de tempo para o fazer. Posso desde já responder ao camarada Valdemar Silva por ser aquele que coloca menos questões.

No tempo em que estive com a CCaç 4541/72 e até Agosto 74,  os autocarros da A. Brites Palma e os táxis que faziam serviço de Bissau para Safim e vice-versa nunca tiveram segurânça por não ser necessário. 

De vez em quando um táxi até trazia meninas de Bissau para satisfazer necessidades fisiológicas do pessoal. Isto quer dizer que nas operações que fazíamos não brincávamos. Serviço é serviço e conhaque é conhaque e isto foi uma das coisas que me orgulho ter aprendido com os "velhos", levávmos as coisas muito a sério.

Irei também enviar mais fotografias sobre Safim, João Landim Porto e outros locais acompanhadas de mensagens.


(ii) (...) Os camaradas Virgílio Teixeira e Carlos Pinheiro em conjunto não podiam ser mais precisos para caracterizar aquilo a que chamo a "marisqueira de Safim", o que demonstra que eram clientes assíduos, mas o primeiro não foi preciso na placa de informação rodoviária localizada 200 m mais a Norte. 

Trata-se das 3 placas,  cujas fotas foram publicadas em 6/3/2022 (**):  a do lado esquerdo João Landim 8 Km, com seta à esquerda e por baixo Porto e na parte central a placa Bula e uma seta à esquerda. Do lado direito da placa Ensalma 5 km com seta à direita. Se consultarem o Mapa no Google ainda existe no local a citada "marisqueira" mas não deve restar nada do edifício antigo.

No mês de Julho de 1974 iniciámos uma operação contínua de controlo e revista de todas as viaturas e civis que entravam e saiam de Bissau, em que todas as viaturas eram obrigadas a parar. Instalamos uma tenda de campanha junto à Base Aérea nº 12, em Bissalanca, precisamente ao lado dos caças Fiat G 91. 

Esta operação contava,  além da secção que eu comandava, também com a participação de dois elementos da Polícia de Segurança Pública de Bissau. Num desses dias um condutor civil cabo-verdiano que circulava na direcção Bissau-Safim,  não parou à nossa ordem e abalroou um elemento nativo da PSP. 

Imediatamente corremos para o condutor da viatura e dei-lhe ordem para sair com as mãos bem levantadas. Começou a gesticular, eu puxei a culatra atrás e dei-lhe ordem de prisão, entretanto o outro elemento da PSP  aproximou-se e meteu-lhe as algemas. 

Chamámos a ambulância e a ramona e lá seguiram os dois para Bissau. No dia seguinte comuniquei para à PSP  para saber do estado de saúde do agente, entretanto falecido de noite. Nunca mais soube o que aconteceu ao preso, nem se houve posterior investigação, eu limitei-me a fazer o relatório.

Entretanto a CCaç 4541/73 com o fim da comissão regressa à Metrópole e eu em Setembro sou colocado na CCS do QG em Bissau até ao meu regresso em Outubro de 1974. Bissau foi uma cidade segura durante o tempo que lá estive. Constava no entanto que haviam alguns problemas entre a nossa tropa pelo controle do Pilão, o Bairro das meninas, mas não era nada comigo.

Havia muito trânsito de viaturas militares em Safim, quer de Bissau para Nhacra ou Cumeré, quer de Bissau para Bula e vice-versa, era a artéria principal de ligação ao interior da Guiné e nunca senti insegurança até Safim e mesmo até João Landim Porto. 

Mas todos os dias em particular à noite eram realizadas patrulhas no mato e nas bolanhas circundantes desta estrada com objectivos definidos pelo Comando. Um Unimog 404 deixava a secção perto da estrada ou se a picada fosse minimamente segura deixava-nos mais no interior, a operação da noite durava em média 6 horas, a pé até ao objectivo e depois regressavámos ao ponto de partida e aqui não havia facilidades, porque era isto que nos dava segurança. 

Contactos com o PAIGC, zero!, apenas o grito das hienas. Do rio Mansoa para Norte as operações eram executadas pelo nosso Destacamento de João Landim Norte que se estendia até às imediações de Bula, onde também estive. Aqui a segurança das Jangadas na travessia do Rio era feita nós e uma LDM da Marinha. Ao fim de um mês com os "velhos", já me sentia seguro e as coisas tornavam-se mais fáceis.

Desloquei-me várias vezes a Bissau á livraria do Sr. Manuel Moreira em Benfica, penso que era perto do Palácio do Governador, para comprar livros e jornais, ia ao Café Ronda, onde gostava de apreciar o bater dos tacões das botas na marcha do render da Guarda para o palácio do Governador feita pela PM ao longo da avenida, tive conhecimento do rebentamento da granada que neste café provocou um morto e 63 feridos, mas não era coisa que nos tirasse o sono e fui ao café Pelicano perto do quartel da PM na Amura. 

Em Bissau, só senti alguma apreensão em meados de Março quando visitei com meu amigo fur mil  José Bilhau,  penso que dos Piratas do Guileje (CCAC 8350), amigos seus no hospital e vi pela primeira vez os seus camaradas a esfregar os dedos das mãos nos braços, pernas e tronco e ver o ferro a sair do corpo,mas isto era no Hospital e este à data estava bastante preenchido. 

Numa das minhas últimas deslocações a Bissau e de regresso a Safim apanhei um táxi um Peugeot 404, estabeleci conversa com o condutor um cabo-verdiano que me garantiu que os efectivos do PAIGC rondava os 7.500 homens, ouvi, calei, mas não acreditei. Em Safim os transportes A. Brites Palma funcionaram antes e depois do 25 de Abril. (...)


Guiné > Carta geral da província (1961) > Escala 1/500 mil > Bissau e povoaçõs a norte: Safim, Landinm, Bula; Nhacra, Mansoa, Mansabá...

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2018)



 2. Outros comentários  ao poste P23058 (*)
 
(i) Virgílio Teixeira:

(...) Victor Costa, uma saudação especial pelo tema deste poste, pois sou um amante quer de Safim, Nhacra, João Landim, etc.

Nos anos de 67-68-69, fui lá muitas vezes, tantas quanto as minhas idas a Bissau, com a minha motorizada, não parava, por vezes acompanhado, a maioria sozinho. Ia à procura de mariscos em Safim, e à piscina do quartel de Nhacra. Depois era a aventura e conhecer novos sítios.

"Marisqueira de Safim", assim com este nome, não havia, era uma esplanada, café, cervejaria e servia uns petiscos para quem passava. Ficava perto do cruzamento e das marcas das estradas para João Landim e Mansoa / Nhacra. Tenho imensas saudades desses momentos, o pior era o regresso, na maioria das vezes já noite, e com uns copitos a mais.

Quanto ao assunto do Poste, e quanto à mensagem do amigo Lobo, não se preocupe pois não é só a idade e a memória. Na minha modesta opinião, e tanto quando me lembro, e somos dos mesmos anos, 68 e 69, nunca vi semelhantes viaturas tipo "ambulância", parecem-me da 2ª guerra mundial.

Por isso posso quase afirmar que não existiam no meu tempo estes autocarros. Podem ser posteriores, mas parece-me mais pós-independência.

Não reconheço nem as viaturas nem os lugares aqui ilustrados, lamento mas não é por falta de memória, se existiam passaram-me ao largo.

Quanto a segurança, nunca pensei no assunto, apesar de tantos quilómetros através do mato, em especial entre Bissalanca e Safim. Depois disso não sei nada.

Podem consultar as minhas fotos aqui publicadas nos meus postes. E quem puder acrescentar mais alguma coisa, que o faça, pois eram locais lendários. (...)

(ii) (...) Relembro aqui para quem já não se lembra ou não viu os postes, a minha narrativa do dia em que sonhei que tinha de ir de motorizada de Bissau até Mansabá, nem sabia onde ficava, era a seguir a Mansoa.

Depois de ir a uns banhos à piscina, encho o depósito da Peugeot, por vinte e cinco tostões, e vou para a estrada a caminho de Mansoa, mas a viagem foi curta, pois uma patrulha militar, teve de me identificar, pois eu ia à civil, eu não tinha documentos mas disse-lhes que era Alferes Mil do BCaç 1933, que estava nessa época em S. Domingos, e depois de pormenores que não me lembro, não me deixaram passar, e lá voltei desolado...

Com certeza se continuava a viagem nem chegava a Mansoa,  muito menos a Mansabá (**).  Era uma miragem, uma loucura, maluca da idade, e já tinha uns 25 ou 26 anos, que ficavam mais curtos com os copitos que nunca faltavam.

Um dia se melhorar da minha saúde, ainda me meto no jipe que tenho lá à minha disposição, com motorista privativo, e faço a vontade ao meu amigo do HOtel Coimbra, que teima em me ver lá... e vou até Mansab!... Até posso morrer por lá, é uma terra que ficou na alma, para sempre.

Perdoem estes comentários de quem já não bate bem... da mona!... São quase 80 anos!  (...)

Carlos Pinheiro:

(...) Estive 25 meses em Bissau e só me lembro das camionetas do Costa mas não sei para onde iam. Eram camionetas já com certa idade e algumas deviam ter o chassis empenado. A malta até dizia que camionetas do Costa "suma a cachorro de rabo de lado"...

Só fui uma vez a Safim. Tinha três dias de Guiné, tina ido em rendição individual para o BCAÇ 1911, mas nunca o cheguei a conhecer, era dia de Todos os Santos de 1968 e foi um camarada da Companhia de Transportes, que me arranjou cama lá na sua Companhia porque nos Adidos não havia nada, para além da confusão geral, e que me levou a Safim onde eu paguei o petisco, ainda com patacão da Metrópole, em agradecimento ao facto de ele me ter arranjado uma cama. 

Gostei do petisco, uns camarões, umas ostras, que eu nunca tinha comido e fiquei freguês sempre que podia e até um bocado de leitão aparaceu. A cerveja já não me lembro a marca mas estava fresca e escorregava bem. 

Foi nesse dia que houve um acidente grave com uma companhia que tinha ido comigo no Uíge, perto de Bula, por ter rebentado uma granada de bazuca em cima duma GMC da CT que já estava carregada de pessoal. Vi passar perto de uma dezena de helicópteros e com três dias de Guiné comecei logo a aperceber-me da situação. Nunca cheguei a saber se houve mortos, mas feridos foram imensos. 

Gostei do petisco mas nunca mais voltei a Safim. Para mim a fronteira era BA 12, em Bissalanca.  (...)


José Botelho Colaço:


(i) (...) Obrigado, Victor Costa, pelas fotos dos autocarros da empresa A. Brites Palma, é precisamente este modelo de autocarro que está gravado na minha mente de 1964/65. 

Quanto aos camaradas dizerem que a memória pifou,  talvez não... O que aconteceu foi que á medida que as malhas da guerra foram apertando,  os colonos deixaram de ter o seu papel activo e quase de certeza estes autocarros deixaram de circular,  por isso os camaradas não se lembram de os ver. 

Eu recordo de ver em Bafatá, ao lado do café do tio Bento, a carcaça de um autocarro abandonado, deste modelo. 

Resumindo, antes da Guerra, estes autocarros ciculavam em grande parte do território da Guiné, que se foram confinando com o rebentar e evoluir da guerra. 

A memória que eu tenho do dono da A. Brites Palma era um homem de baixa estatura,  já com os anos a pesarem sobre si mas um poligolota em vários dialetos na lingua nativa.

(ii) (...) Que a memória vai pifando não há dúvidas mas é devido á idade, é mais a doença da anosognosia do que a Alzheimer. Obrigado, 

Victor Costa,  por me avivares e confirmares tudo aquilo que guardo em memória e escritos pessoais.

O que me parece é que o sector de Bissau se manteve quase igual ou com pequeníssimas alterações pelo que nos contas durante o tempo que durou a guerra. Exemplo,  em 1964/65 até á jangada do João Landin ou via Nhacra era praticamente zona livre,  viajava-se sem qualquer problema, mas para Mansoaa também se ia mas já era uma pequena aventura e só durante o dia. No Pilão á noite só os mais aventureiros e alguma segurança. Quanto aos transportes em Bissau,  total acordo confirmas tudo o que guardo em memória.  (...) (***)

__________

Notas do editor:

(**) Vd. poste de 5 de fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18287: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XIV: o dia em que eu queria ir de motorizada, de Bissau a Mansoa... e a Mansabá!

terça-feira, 8 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23058: Memória dos lugares (436): Safim, às portas de Bissau, e o terminal dos autocarros da A. Brites Palma (Victor Costa, ex-fur mil inf, CCAÇ 4541/72, Safim, 1974)


Foto nº 1


Foto nº 1A


Foto nº 2


Foto nº 2A

Guiné > Região de Bissau > Safim > c. 1973/74 > Autocarros da empresa A. Brites Palma que faziam a carreira Safim-Bissau (Foto nº 1) e Safim-Nhacra (Foto nº 2)

Fotos (e legendas): © Victor Costa  (2022). Todos os os direitos reservados. [Edição e legendagem complementa: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do nosso camarada Victor Costa, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 4541/72 (Safim, 1974)


Data - 8 de março de 2022, 14:20  
Assunto - Fotografias dos autocarros da A. Brites Palma em Safim

Amigos e camaradas da Guiné,

Esta mensagem tem como objectivo, adicionar informação e duas fotografias relativas aos autocarros da empresa A. Brites Palma,  da Guiné,  para melhorar o produto final da publicação de 20/02/2022. (*)

A primeira fotografia mostra um autocarro dessa empresa, pronto para partir para Bissau. Por detrás dele encontra-se um mangueiro e o edifício da Marisqueira de Safim e do lado direito desta, o escritório da venda de bilhetes. 

A segunda fotografia é do mesmo dia e mostra outro autocarro no outro lado da estrada, na direção de Nhacra com as pessoas a aguardar a sua partida, portanto na direção contrária. O local das fotografias corresponde à estação de Safim.
 
Entre a estação e a placa de informação rodoviária (Bula) publicada em 06/03/2022  (**) existia uma distância de cerca de 200 m onde se realizava um mercado ou pequena feira ao ar livre (posso também enviar duas fotografias se acharem de interesse).

Se acharem que alguma coisa está fora da forma ou do espírito do Blogue, por favor, devem corrigir. Isto para mim é uma coisa nova, mas penso que estou a melhorar. (***)

Um abraço,
Victor Costa
Ex-Fur Mil At Inf
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 20 de fevereiro de 2022 > Guiné 61/74 - P23011: Fotos à procura de... uma legenda (160): Transportes públicos de Bissau: ABP, que sigla seria esta ?

(**) Vd. postes de:


(***) Último poste da série > 28 de janeiro de 2022 > Guné 61/74 - P22944: Memória dos lugares (435): Missirá, regulado do Cuor, Sector L1 (Bambadinca), 23 de dezembro de 1966 (José António Viegas, ex-fur mil, Pel Caç Nat 54, 1966/68)

quarta-feira, 2 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23043: Fotos à procura de... uma legenda (161): Transportes públicos de Bissau: nos anos 50, operava a empresa A. Brites Palma (ABP), e os autocarros chamavam-se "ambulâncias"... Depois da independência, formou-se a empresa pública Silo Diata... (Mário Dias / José Colaço / Albertino Ferreira / Carlos Filipe Gonçalves / Cherno Baldé)

 


Foto nº 1 > Guiné > Bissau > Anos 50 > O novo edifício dos correios. Anteriormente os CTT eram no edifício que se encontra do lado direito e onde continuou funcionando a Emissora da Guiné (1º andar ). De notar a curiosa viatura que era um dos “luxuosos” autocarros da época que, pela semelhança, eram conhecidos por ambulâncias

Esta ambulância  que aparece na foto (, assinalada com cercadura a amarelo), pertencia à firma A. Brites Palma. Havia ainda, tanto quanto me recordo, outras duas empresas de transportes que faziam carreiras de autocarros (ambulâncias) para toda a Guiné. Eram o “Costa”, sedeado em Bissau e o “Escada” em Teixeira Pinto (Canchungo). Tenho a vaga ideia de existir uma outra na região de Bafatá-Gabú,  propriedade de um libanês mas não tenho a certeza. Talvez alguém me possa ajudar nesta dúvida. De notar as árvores recentemente plantadas, fruto da alteração do traçado da avenida que referi neste texto. (*)

Foto (e legenda): © Mário Dias (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementa: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


«

Foto nº 2 > Guiné > Bissau > s/d [1971/73 ] > Um autocarro dos transportes colectivos de Bissau, carreira Bissau/Bissalanca!...  A empresa era a  ABP... Foto do nosso saudoso Victor Barata (1951-2021), o "Vitinho". (**)

Foto (e legenda): © Victor Barata (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementa: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Foto nº 3 > Guiné > Bissau > 1964 > Um autocarro, que fazia a carreira Bissau-Mansoa,  da empresa A. Brites Palma. As bagagens, incluindo animais vivos (cabras, etc.) iam no tejadilho.  Fotograma de filme de 8 mm feito pelo ten mil médico Rogério Leitão, da CCAÇ 557.

Foto (e legenda): © José Colaço (2022). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementa: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. O José Botelho Colaço foi o primeiro a dar uma pista, enviando-nos  uma foto de um autocarro (Foto nº 3), no ano  de 1964 (**)... Embora  com "pouca qualidade"(trata-se de fotograma de um filme de 8 mm, depois digitalizado),  o autocarro pertencia à empresa "Brito Pais ou Brito Palma, com sede em Bissau", e fazia a carreira Bissau-Mansoa. O filme foi feito pelo tenente miliciano médico  Rogério Leitão, da CCAÇ 557, já falecido, membro da Tabanca Grande a título póstumo

O Albertino Ferreira, ex-alf mil da CCAÇ 4540/72 (Bigene, Cadique e Nhacra, 1972/74), veio acrescentar, também em comenário ao poste P23011 (**):

"Eram os transportes públicos de Bissau, transportavam tudo, desde pessoas até animais, como cabras e galinhas; a sigla quer dizer A. Brites Palma, e não Brito. Algumas viaturas mais antigas traziam este nome estampado na carroçaria (Foto nº 1); tenho pena de não ter fotografias." (*)

O José Colaço trouxe mais uma informação adicional sobre a referida empresa: a  "A. Brites Palma", também "tinha uma escola de condução onde tirei a carta de condução numa Bedford verde velhinha, de caixa aberta" (...) "Ficava numa rua ao centro de Bissau, perpendicular á avenida principal... Quanto aos táxis em Bissau, no seu tempo (1963/65), havia-os já " e prodeminavam as carrinhas Peujeot 404".

No nosso blogue,  no poste P611, de 15 de março de 2006 (*), encontrámos a confirmação: o Mário Dias, que comheceu bem a Bissau dos anos 50, e fez parte do 1º Curso de Sargentos Milicianos, em 1959, tendo sido depois "comando", confirma e documenta a existência desta empresa de transportes públicos (Foto nº 1). E, tanto quanto se recorda, ainda havia mais duas ou três: o “Costa”, sedeado em Bissau,  e o “Escada” em Teixeira Pinto (Canchungo),,,


2. O Carlos Filipe Gonçalves, jornalista aposentado, natural de Cabo Verde (que fez a tropa em Bissau, como furriel mil amanuense, QG/CTIG, Santa Luzia, Bissau, 1973/74, e ficou lá depois da independência, como radialista), deu-nos a seguinte informação:

"Durante o tempo da tropa, 1973/74, nunca utilizei os transportes públicos (que os havia), porque tínhamos o autocarro militar que prestava bom serviço… Utilizei o táxi algumas vezes e claro tinha muitos amigos (guineenses e cabo-verdianos) com popó, logo quando das farras, pela Bissau «by night», eram eles que me davam boleia.

Bem, depois de Setembro de 1974, quando passei à disponibilidade, morava na Rua de Cacheu, aí na zona da cidade… Logo não precisava de transporte público, ia a pé para a Rádio Bissau/RDN e nas farras (poucas) que havia, se era longe ia com amigos que tinham popó!

Quando fui de férias a Cabo Verde, em Outubro de 1973,  beneficiei do pequeno autocarro da agência de viagens, que apanhava a malta na messe e levava a Bissalanca.

Todo este historial, para confessar a minha ignorância a este respeito, mas, perguntei a amigos do tempo de Bissau, disseram-me que havia duas: “Brites Palma”  e “Lulula”, e já antes da independênia.

Depois da independênciam  autocarro da  foto [nº 2] era já da Silo Diata, empresa, governamental que foi fundada (nacionalizada?) depois da Independência, o primeiro director foi Gino Mané."

Em 1979, o nosso amigo Cherno Baldé fez a viagem de Bafatá a Bissau, já não de barco, como no nosso tempo (1961/74), mas por via terrestre, em autocarro da empresa pública, Silo Diata, seguindo por uma estrada tortuosa que atravessa o Óio, passando por Banjara, Mansabá e Mansoa. Nessa altura as vendedeiras de sandes, as "bideiras de rua", enxamevam a estrada de saída para Bissau. (***)


(***) Vd. poste de  22 de fevereiro de 2022 > Guiné 61/74 - P23016: Memórias do Chico no Império dos Sovietes (Cherno Baldé) - Parte I: De Bissau a Kiev, como estudante bolseiro ou o poder da "sétima sorte": É Deus quem afasta as moscas da vaca sem rabo...

domingo, 20 de fevereiro de 2022

Guiné 61/74 - P23011: Fotos à procura de... uma legenda (160): Transportes públicos de Bissau: ABP, que sigla seria esta ?






Guiné > Bissau > s/d [1971/73 ] > Um autocarro dos transportes colectivos de Bissau, carreira Bissau/Bissalanca!... Uma verdadeira peça de museu... Parece ser um autocarro com desenho dos anos 30, a avaliar pela carroçaria, uma estrutura em madeira chapeada (?!)... Tinha tejadilho,  onde se levava a "bagagem" dos passageiros, desde cabras a  produtos agrícolas... As portas e as janelas parecem "abertas"... Matrícula G-620... Empresa: ABP (?)... Foto do nosso saudoso Victor Barata (1951-2021), o "Vitinho".

Foto (e legenda): © Victor Barata (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementa: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do Carlos Pinheiro (ex-1.º cabo trms op msg, Centro de Mensagens do STM/QG/CTIG, 1968/70), a quem pedimos ajuda para identificar a empresa que operava os transportes publicos de Bissau no início dos anos 70.

Data - 19/02/2022, 19:19 
Assunto - Transportes públicos de Bissau: ABP, que sigla seria esta ?

Boa tarde, Luís

De facto não me lembro desta empresa, mas lembro-me bem de outra, a do Costa, que também tinha alguns autocarros(?) que a malta até dizia :  "Camionetas do Costa 'suma' a cachorro de rabo de lado"...

Um abraço, Luis, CP.

2. Comentários ao poste P23005 (*)

António J. Pereira da Costa:

A foto do autocarro é importantíssima, pois prova aquilo que muitas vezes se diz, um tanto jocosamente, que naquele autocarro até as cabras eram transportadas.

Havia um outro percurso (Bissau - Biombo) onde a viatura, talvez um pouco mais moderna do que esta, andava um pouco de lado, por ter uma mola dianteira partida.

O "serviço de peças"(?) das mais conhecidas marcas era mais do que incipiente e as "firmas importadoras" (Gouveia e similares) não se dedicavam a fazer importações tão complicadas. E oficinas para a manutenção do autocarro?

Enfim coisas boas de antanho...

Virgílio Teixeira:

No meu tempo (1967/69) nunca andei nem vi qualquer transporte público, mas eu não precisava, tinha as minhas motorizadas, e por outro lado havia o transporte militar de Santa Luzia - Bissau e Bra - Bissau. É possivel que houvesse táxis!

Quando lá estive em 1984 e 1985, havia um deficit de transportes públicos modernos. Pois o que existiam eram as carrinhas Toyota de caixa aberta, onde cabia de tudo, pessoas, gado, mercadorias de tudo. E muitos acidentes pois eles andavam a grande velocidade e com o pessoal sentado nos taipais, era uma desgraça.

Conheci e colaborei num projecto , uma empresa portuguesa, que colocou 3 autocarros Volvo, do mais moderno, onde cabia também tudo. Passado um ano, acabou por fechar, por falta de peças, oficinas etc. Ainda viajei de Bissau até Nova Lamego e regresso, num desses percursos, ocorreu um óbito de um homem local, mesmo ao meu lado.

Por isso ABP não me diz nada.

António J. Pereira da Costa:

Tenho notícias muito vagas e remontando a 1975 de que a União Soviética teria fornecido à Guiné viaturas de transporte de pessoal do exército. Eram viaturas mais do que obsoletas, de grandes dimensões, pesadíssimas, com uma invulgar largura de eixo, o que as tornava proibitivas na Guiné por não se puderem cruzar numa estrada. Tinham um consumo astronómico e tentaram constituir com elas uma empresa de transportes sob orientação de um português, ex-empresário na Guiné,  de nome Vilela. Falhou em poucos meses...

Mas não tenho confirmação.

João Rodrigues Lobo:

Quando estive em Brá, nos anos completos de 1969 e 1970 praticamente todos os dias fazia várias vezes o trajecto Brá / Bissau, conduzindo o meu jeep, para acompanhar as cargas e descargas nos portos, principal e Pijiquiti, e não me recordo destes autocarros. Presumo que, se me tivesse cruzado com eles, me lembraria. Mas a memória por vezes pode atraiçoar embora julgue que só teriam surgido depois de 1970.

3. Comentário do editor LG:

Perguntei ao Carlos PInheiro (com conhecimento a outros camaradas que conheceram Bissau nessa época):

Carlos, tu que és de longe o nosso melhor cicerone de Bissau do nosso tempo, vê lá se reconheces o patusco autocarro de que aqui se publica uma foto, com uma sigla ABP, na parte de trás, que nos parece ser a da empresa proprietária... Fazia o percurso Bissau - Bissalanca no princípio dos anos 70... Chegaste a andar de transportes públicos no teu tempo ? Lembras-te do nome da empresa ? E será que se manteve depois da independência ? Pode ter acontecido, se bem que improvável... E já agora havia no teu tempo autocarros mais modernos... e confortáveis ?

Dou conhecimento a alguns dos nossos grã-tabanqueiros que também conheceram Bissau como tu, e nomeadamente alguns camaradas da FAP, incluindo os que voltaram a Bissau depois da independência.


Mais comentários dos nossos leitores serão bem vindos (**).


quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Guiné 61/74 - P23005: Notas de leitura (1420): "Um caminho de quatro passos", de António Carvalho (2021, 219 pp.): apontamentos etnográficos para o retrato da nossa geração, de antigos combatentes - Parte III (Luís Graça): uma excursão a Lisboa, de 4 dias, em 1959


Guiné > Bissau > s/d [1971/73 ] > Um autocarro dos transportes colectivos de Bissau, carreira Bissau/Bissalanca!... Uma verdadeira peça de museu...  Tinha tejadilho, como o da excursão a Lisboa, em 1959, aqui narrada pelo António Carvalho... Mas seria seguramente de um modelo muito mais antigo... Matrícula G-620...  Empresa: ABP (?)... Uma foto para o nosso Álbum das Glórias... Foto do nosso saudoso Victor Barata (1951-2021), o "Vitinho".

Foto (e legenda): © Victor Barata (2007). Todo os direitos reservados. [Edição e legendagem complementa: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Capa do livro: António Carvalho - Um Caminho de Quatro Passos. 
Rio Tinto: Lugar da Palavra Editora, 218 pp., ISBN: 978-989-731-187-1.


1. Para além das pequenas histórias relacionadas com a sua experiência como furriel miliciano enfermeiro no sul da Guiné, durante dois anos (CART 6520/72, Mampatá,1972/74), já aqui reproduzidas na série "Projecto de livro autobiográfico, de António Carvalho..." (vd. os oitos postes publicados) (*),  encanta-nos, na primeira parte do livro "Um caminho de quatro passos,  as memórias da infância do autor passada em Medas, Gondomar, num ambiente rural que muitos de nós conhecemos, tanto no Portugal continental como insular.

Como já tivemos ocasião de o dizer, são apontamentos, observações, registos, relatos, pequenos retratos e histórias de pessoas da família e outros conterrâneos. de inegável interesse etnográfico ou documental para se poder conhecer um pouco melhor a infância e a adolescência da geração que fez a guerra colonial / guerra do ultramar, bem como as suas  origens (**).

Por outro lado, o António Carvalhal tem um grande talento narrativo e sabe usar, com maestria, o léxico próprio das suas gentes, vocábulos e expressões que não se usam no Sul (como moletes, canalha, coxão de  carneiro).  

Em dia de anos (72), e em sua homenagem,  tomamos a liberdade de reproduzir aqui mais um excerto de uma das suas saborosas narrativas, a excursão que fez a Lisboa, de 4 dias, em 1959, acompanhado do mano Fernando, do avô e do tio-avô (que era professor) e dos filhos deste, seus primos. Para os putos da província, ir à capital do império, nesse tempo, era uma pequena grande aventura... à ida passaram pelo Mosteiro da Batalha e , no regresso, ainda passaram pelo Estoril e por Mafra...

Mas o nosso António, com os nove anos feitos,  estava longe de imaginar que os "sinos do império" iriam tocar a rebate, menos de 2 anos depois... E que a guerra colonial / guerra do ultramar também iria sobrar para ele e para o mano Manel... (LG)

 

A EXCURSÃO

por António Carvalho


O nosso avô tinha-se distraído das horas, deslumbrado com o movimento da cidade grande, na companhia do cunhado. Um tinha levado os netos, o outro os filhos que lhe vieram bem tarde. Os netos éramos nós, eu e o meu irmão Fernando, os filhos iam sob a autoridade de um pai já tão avantajado na idade que bem podia ser avô deles.

Nós e os nossos primos ficámos por ali, enquanto os cunhados se passeavam pelas artérias da urbe, olhando as novas formas da cidade, os grandes prédios das avenidas novas, os cafés e leitarias, os fatos e até os vestidos e saias esticadas, que emproadas mulheres de lábios pintados envergavam.

Tínhamos saído no dia anterior, para uma excursão a Lisboa, que demoraria quatro dias. Entrámos na camionete, no Largo da Igreja, ainda o dia se não tinha feito, e lembro-me que trazíamos uma cesta de verga com tampa e um garrafão de verde tinto do nosso, que o chofer acomodou, subindo pela escada da traseira da camionete, no tejadilho, conforme faria com os merendeiros que todos levavam para o consumo, se não de toda a viagem, pelo menos para as primeiras jornadas.

Não era qualquer um que se podia dar ao luxo, em 1959, de integrar aquele grupo excursionista, embora já se tivesse tornado, por esta quadra, mais acessível uma digressão destas do que as primeiras que se fizeram nas décadas anteriores. O ano de 1930 marca o início do ciclo dos automóveis e das camionetes na freguesia, com a chegada da estrada à igreja. Em 1934, o bilhete para uma viagem de três dias, a Fátima, custava sessenta e cinco escudos, o equivalente a sete dias de labor de um trabalhador já com alguma especialização. Mais tarde, em 1941, um bilhete, para uma viagem de idêntico itinerário, custava oitenta escudos, quantia que o mesmo trabalhador auferia em cinco dias. 

Instalou-se no primeiro banco, logo a seguir aos dois degraus que teve que escalar com o esforço que lhe impunha o sacana do reumatismo que lhe pegara logo depois dos cinquenta. Tinha reservado ali dois lugares, o do lado do corredor para si, ficando, por deferência, o da janela para o cunhado e amigo, professor. Este era irmão da minha avó e exerceu o magistério primário, na escola do lugar de Vila Cova, preparando para a vida várias gerações de medenses, durante o longo período de trinta e nove anos, só superado pelo professor José Moreira Gomes que lecionou durante quarenta e três anos, nessa mesma escola.

Nós, a canalha, iríamos mais atrás. Depois daquela primeira estação, o autocarro pararia apenas em dois outros sítios, para se engordar dos pouco mais de quarenta passageiros. Em Vila Cova entraria o cunhado, professor, com os dois filhos. Instalou-se, ainda que relutante, no lugar do lado direito do meu avô, junto à janela, por achar perigoso fazer a viagem naquele posto avançado, sem a proteção que lhe dariam as costas do banco da frente. O problema é que na frente do seu lugar só existia o precipício formado por aquele poço das escadas. Poderia, se o chofer tivesse que travar a fundo, cair de escantilhão, naquele buraco fronteiro formado pelas escadas, mas como o cunhado lhe tinha, por amabilidade, arranjado aquele poleiro, mais não podia fazer do que se precaver, agarrando-se a uma guarda de ferro, uma espécie de corrimão, que lhe dava pelo umbigo.

Nós, o bando dos quatro rapazinhos, éramos dos poucos, talvez os únicos da nossa idade, daquela caravana, que um passeio daqueles era mais para gente grande. Lembro-me do Mosteiro da Batalha e da impressão que me causaram as colunas enormes debaixo de arcos ogivais que pareciam poder ruir a todo o momento, das estátuas jacentes e das rosáceas policromáticas.

Na memória me ficou também a imagem icónica da Torre de Belém e o gigantismo dos Jerónimos. Mas se pasmei perante a visão desses monumentos, pela sua grandiosidade e valor simbólico, como marcos de afirmação da independência e púlpitos da epopeia marítima, confrontado com a aparente modéstia do Palácio de Belém, senti-me desiludido, porque julgava que ele não tinha, proporcionalmente, a relevância institucional do seu locatário. Mais tarde vim a saber que, afinal, naquele tempo, o ápice do poder, estava no Presidente do Conselho, António de Oliveira Salazar.

Os quase dois dias de paragem em Lisboa deram para tudo o que precisávamos de ver e fruir, segundo o plano que o meu avô tinha mentalmente traçado e, naquele caso, o que lhe servia também a nós interessava. Atravessámos o rio, muito mais largo que o nosso Douro, numa barcaça, até Cacilhas, de onde se via agigantada a cidade, fomos ao Jardim Zoológico e ainda andámos de metro, debaixo do chão, como nunca tínhamos experimentado.

Ao segundo dia o sol acordou-nos, de manhã, já em Lisboa, onde tínhamos chegado pela noite dentro e dormido, enroscados, sobre os macios assentos de couro da camionete. O meu avô levou-nos a uma leitaria ali bem próxima do largo onde a camioneta se ancorou e de onde só saiu no dia do regresso a casa, com passagem pelo Estoril e pequena paragem em Mafra.

Eu e o meu irmão comemos dois moletes com manteiga e bebemos uma chávena de café com leite cada um e o mesmo terá sucedido com os nossos primos que se sentaram com o pai na mesma mesa. Foi aí que eu fiquei a saber, quando tivemos que traduzir, para o empregado de mesa, moletes por papos-secos, que os nomes de algumas coisas podem ser diferentes quando mudamos de cidade.

Julgavam os cunhados que a canalha poderia ficar ali, queda e serena, enquanto eles iam vadiar pela cidade ? Os nossos primos, esses bem admoestados pelo seu pai, cumpriram quase todas as normas, mas eu e o meu irmão, cansados de andar por ali a calcorrear ruas, por um perímetro que nos parecia seguro, já não quisemos esperar mais pelo almoço que estava à nossa espera, naquela cesta grande arrumada sobre o tejadilho da camionete.

A agilidade e a sofreguidão empurraram-nos pelo escadote de ferro até lá acima , subestimando os avisos que o nosso avô nos fizera. Havia ainda dentro daquela grande lancheira, um alguidar de arroz a par de outro com um avantajado coxão de carneiro. Foi a primeira e única vez que almocei sobre um autocarro e, por certo, nunca mais repetirei a experiência, porque já não há autocarros com cestas no tejadilho. (...) (pp. 154/156).


Selecão de excertos, e negritos, da responsabilidade do editor LG. (***)
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Fonte: António Carvalho - Um Caminho de Quatro Passos. Rio Tinto: Lugar da Palavra Editora, 218 pp., ISBN: 978-989-731-187-1.

O livro pode ser adquirido, ao preço de 15,00 Euros (portes incluídos, no território nacional ou estrangeiro) Contactos do autor, António Carvalho, Medas, Gondomar

Email: ascarvalho7274@gmail.com 
Telemóvel: 919 401 036


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Notas do editor:

(*) Vd. postes de:

24 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21942: Projecto de livro autobiográfico, de António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74) (8): O valor da seringa

22 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21935: Projecto de livro autobiográfico, de António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74) (7): O milagre de Nhacobá

19 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21920: Projecto de livro autobiográfico, de António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74) (6): O soldado dos pés inchados

17 de Fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21912: Projecto de livro autobiográfico, de António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74) (5): Dormir com o inimigo

15 de Fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21905: Projecto de livro autobiográfico, de António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74) (4): A vaca

12 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21891: Projecto de livro autobiográfico, de António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74) (3): O canhangulo

10 de Fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21880: Projecto de livro autobiográfico, de António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74) (2): Despejado na Guiné

12 de janeiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21762: Projecto de livro autobiográfico, de António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72 (Manpatá, 1972/74) (1): Contra os canhões marchar, marchar...

(**)  Vd. postes anteriores:



(***) Último poste da série > 16 de fevereiro de 2022 > Guiné 61/74 - P23003: Notas de leitura (1419): Prefácio do nosso camarada Adão Cruz, ex-alf mil médico, CCAÇ 1547 / BCAÇ 1887 (Caquelifá e Bigene, 1966/68) , ao livro "A Máscara (teatro)" (2015), de Alberto Bastos, ex-alf mil op esp, CCAÇ 3399 / BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73)