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quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Guiné 51/74 - P24528: Efemérides (403): Foi há 53 anos, em 1 de julho de 1970, que o papa Paulo VI teve um breve encontro, "no final da audiência geral semanal", com Agostinho Neto (MPLA), Amílcar Cabral (PAIGC) e Marcelino dos Santos (FRELIMO)... A notícia só foi dada no dia 5, na imprensa portuguesa, e originou uma dura nota de protesto do governo de Marcello Caetano que "chama a Lisboa o seu embaixador, um gesto diplomático de forte desagrado, geralmente antecedendo o corte de relações diplomáticas".

 






Recortes da 2ª edição do Diário de Lisboa, 5 de julho de 1970, PP.. 1  e 2.

Fonte: Casa Comum | Instituição: Fundação Mário Soares | Pasta: 06615.153.24907 | Título: Diário de Lisboa | Número: 17075 | Ano: 50 | Data: Domingo, 5 de Julho de 1970 | Directores: Director: António Ruella Ramos | Edição: 2ª edição | Fundo: DRR - Documentos Ruella Ramos | Tipo Documental: Imprensa

Citação:
(1970), "Diário de Lisboa", nº 17075, Ano 50, Domingo, 5 de Julho de 1970, Fundação Mário Soares / DRR - Documentos Ruella Ramos, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_6994 (2023-8-2)


1. Há 53 anos, em 1 de julho de 1970, segundo notícia da FP (agência France Press), datada de 5 de julho, Cidade do Vaticano, que "Paulo VI recebeu, no fim da audiência semanal geral, Marcelino dos Santos (...), Agostinho Neto (...) e Amílcar Cabral (...). É a primeira vez que très chefes de movimentos de guerrilhas anticolonialistas são recebidos por um Pontífice romano".

Sobre esta efeméride (*), vd. também o ponto de vista do historiador João Miguel Almeida, publicado há 3 anos, no jornal digirtal 7Margens (**),

Não há registos escritos ou fotográficos deste breve encontro que, não sendo uma audiência papal, propriamente dita, teve óbvios dividendos políticos para os très movimentos nacionalistas em questão.
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 8 de julho de 2023 > Guiné 61/74 - P24462: Efemérides (402): No passado dia 1 de Julho de 2023, a União das Freguesias de Perafita, Lavra e Santa Cruz do Bispo, Concelho de Matosinhos, homenageou os seus Combatentes mortos na Guerra do Ultramar (Carlos Vinhal)

(**) Vd. 7Margens > A audiência inédita de Paulo VI que abalou o Estado Novo
João Miguel Almeida | 1 Jul 20

(...) A 1 de julho de 1970, o Papa Paulo VI recebeu três líderes dos movimentos de libertação das então colónias portuguesas: Amílcar Cabral, do PAIGC; Agostinho Neto, do MPLA; e Marcelino dos Santos, um dos elementos da troika que dirigia a Frelimo, após o assassinato de Eduardo Mondlane em 1969. O acontecimento reabriu feridas nas relações diplomáticas entre Portugal e a Santa Sé. A gestão da crise e a minimização dos estragos causados na imagem de um regime político que se afirmava como defensor da Igreja Católica não foram suficientes para apagar a perceção de que a estratégia e a doutrina da Santa Sé em relação a África divergiam da política colonial portuguesa. (...)

(...) O embaixador junto da Santa Sé fica chocado com a notícia. O Governo português não se limita a apresentar uma nota de protesto ao secretário do Estado do Vaticano – chama a Lisboa o seu embaixador, um gesto diplomático de forte desagrado, que geralmente antecede o corte de relações diplomáticas. O protesto é também apresentado em pessoa e verbalmente ao equivalente ao cargo de primeiro-ministro no Vaticano, o cardeal Villot, que se mostra surpreendido e consternado. Na interpretação de Eduardo Brazão, o cardeal francês desconhecia as manobras de política internacional “manejada pelos seus subordinados italianos”.(...)

(...) Entre 1960 e 1970 uma onda descolonizadora varrera África. Para os bispos e missionários católicos em África era cada vez mais difícil conciliar a fidelidade a Roma com uma visão providencialista do papel missionário de Portugal em África. A evolução de D. Sebastião Soares de Resende, bispo da Beira, inicialmente tão nacionalista como “romano”, mostrara que a resolução do dilema estava em dissociar o papel missionário católico em África dos sentimentos de fidelidade à nação portuguesa. (...)

(...) A contestação católica ao Estado Novo, que começara por ser protagonizada principalmente por leigos na metrópole, não tardaria a intensificar-se em algumas organizações eclesiásticas em território africano, no contexto da guerra colonial. (..:)