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domingo, 31 de março de 2024

Guiné 61/74 - P25322: Um conto de António Graça de Abeu: "Lai Yong e Bernardo, uma História Simples" (2018) - III (e última) Parte


República Popular da China > Pequim > s/d (c. 1977/73)  > O António Graça de Abreu na praça Tianamen [ou Praça da Paz Celestial]

Fotos (e legendas): © António Graça de Abreu (2024). Todos os direitos reservados.  [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



aqui na casa dos 30 anos (nasceu no Porto, 
em 1947). Tem cerca de 340 referèncias 
no nosso blogue.
Foi alf mil, CAOP1 (Teixeira Pibnto, 
Mansoa e Cufar, 1972/74). 
Viveu e trabalhou na China, em Pequim 
e Xangai, de 1977 a 1983. Sinólogo, tradutor,
 poeta,  escritor e professor universitário.


Capa do livro. Contato do autor:
abreuchina@netcabo.pt


1. Terceira (e última)  parte do conto, " Lai Yong e Bernardo, uma História Simples" extraído do livro "Lay-Yong, Bernardo e outros poemas", de António Graça de Abreu (Póvoa de Santa Iria, Lua de Marfim Editora, 2019, pp. 36-57) (capa acima).

É uma  gentileza do autor e nosso camarada, a quem agradecemos, em nome da nossa Tabanca Grande. 

Sinopse: É uma história de encontro e separação de duas culturas, e de amores efémeros de um homem (Bernardo, português, com formação universitária, e já na casa dos 30 e tal, claramente um "alter ego" do escritor) e uma jovem chinesa, de 24 anos,  nascida em Cantão, e levada em pequerna com os pais para Macau, onde e trabalha (não fala português).

Estamos em 1981 em Cantão e em Macau (território ainda sob administração portuguesa, até 1999).


Lay Yong e Bernardo conheceram-se quando viajaram juntos, em 1981. na "ferry-boat" que fazia a viagem, de 120 quilómetros, entre Cantão e Macau, ao longo do rio das Pérolas (*)

 

Lai Yong e Bernardo, uma História Simples - III (e última) Parte

por António Graça de Abreu (*)

VII

Macau está a actuar sobre Bernardo como um turbilhão de descobertas e prazeres. Inevitabilidade dos seus trinta e poucos anos, ainda, sempre imaturos, os flancos expostos a todos os ventos e tempestades. O português de Pequim pensa, repensa-se.

Descobre, redescobre-se. Quer e não quer, avança e recua. É, determinado e hesitante, confiante e receoso. Vagueia pelo âmago de Macau, esta China que não é a sua China, abraça uma mulher chinesa, toda dádiva e formosura, uma mulher que não é a sua mulher. Bernardo caminha confundido.

Sábado de manhã. Lai Yong tem todo o dia livre. Vou buscá-la a casa, lá no extremo da rua da Praia do Manduco. Manda-me entrar. Subimos a escada, um segundo andar acanhado, num edifício antigo de quatro pisos, bolorento e húmido, bem ao modo da velha Macau. Porquê levar Bernardo para o patamar aparentemente pobre do seu dia a dia? 

Apresenta-me aos pais, gente humilde que jamais vira um português a entrar-lhes portas adentro. Curiosos, afáveis, oferecem-me chá. Ignoro o que a filha lhes contou a meu respeito, mas sou recebido com a singeleza das pessoas de bem da China eterna.

Despedimo-nos. Um cumprimento de mãos juntas e saio com a Lai Yong. Vamos até à ilha de Coloane. O minibus 7 atravessa a ponte para a Taipa e depois o istmo até Coloane, a ilha que foi outrora coio e pertença de piratas e só em 1910 entrou para a efectiva e completa governação portuguesa de Macau.

Passear a pé por Coloane, de mão na mão. O sorriso infindável da Lai Yong ondulando entre os lábios, mais as sibilantes frestas dos seus olhos. Na capela de S.Francisco Xavier, uma Nossa Senhora chinesa com um Menino Jesus nos braços vestido de imperador criança. Ela não acredita muito no Deus cristão do Ocidente, diz-me que lhe faz confusão um Cristo sofredor, agonizante, seminu, espetado numa cruz semelhante aos dois traços do caractere chinês shi 十, o número dez. 

Também não entende muito bem o que vem a ser um pecado, uma coisa mal feita capaz de nos condenar ao fogo dos infernos. Mas respeita o Deus estrangeiro e quem sabe se um dia não precisará da sua ajuda…

Almoçamos na pousada de Cheoc-van, debruçados sobre o mar, com a pequena enseada e a praia lá em baixo. A suavidade destas ilhas, o mar em volta, a abastança portuguesa em terras chinesas. No restaurante da pousada, na larga mesa ao fundo, um secretário-adjunto do governo de Macau -- que me conhece e me cumprimentou ao entrar, admirando a minha presença por ali com uma beldade chinesa --, oferece um banquete a uns tantos figurões acabados de chegar de Portugal, convidados oficiais que, como de costume, se deliciam com as mordomias que Macau tem para lhes oferecer.

São, por norma, portugueses mal acostumados, que recebem bastante de Macau mas pouco ou nada dão à cidade. Encolhidos na nossa pequenez, a Lai Yong e eu apaladamos festivamente a boca num excelente repasto com delícias portuguesas. 

Ela pergunta-me se eu conheço pessoas importantes em Macau, homens com poder e mando. Digo-lhe que sou um pobre Beijing ren 北京人, um “homem de Pequim”. Na capital da China, no meu relacionamento com os poderosos, limito-me a vê-los passar, eu não mando nada, e em Macau acontece exactamente o mesmo.

Acabámos o almoço a passear os olhos, e entendimentos, um no outro, depois a diluir o olhar no mar de Cheoc-van.

À tarde descemos para a praia de Hac-sá –Heisha 黑沙 em mandarim– que, com todo o rigor, significa “Areia Preta”. Um dia de sol, céu quase azul, as águas levemente amareladas e o areal prateado resplandecendo.

Descalçamos os sapatos, arregaçamos as calças até aos joelhos, molhamos os pés, chapinamos na água, nas ondas pequenas que morrem na praia. Corremos na areia escura, como crianças inocentes e limpas, libertas de mil cadeias e medos. Abraço a Lai Yong, aperto-a no peito. Deixa-se enlanguescer como uma pequena onda desfalecendo em mim. Beijos de sal, as bocas como flores de lótus abrindo, trocamos de línguas e de saliva, num desvairo de fogo e desatino. Voltamos a correr pela praia, a parar, a juntar, a abraçar os nossos corpos. Até o dragão que habita no fundo das águas do mar, entusiasmado, sobe e vem ouvir a nossa música.

Regressamos a Macau. O meu lar eventual e passageiro é um mini-escritório com uma sala grande, dois quartos e quatro camas. É o office emprestado por um amigo português que alugou o espaço para alojar uns pares de contabilistas de Hong Kong que vêm regularmente a Macau proceder a escritas de empresas. Está vazio, fica também na velha cidade, não longe da casa da Lai Yong, no Pátio da Casa Forte, ao lado da rua Central, diante da igreja de S. Lourenço. 

Levo-a comigo, flutuando a meu lado como uma fénix celestial. Mas é jade puro, mulher quase perfeita. Ou um bombom terreno, a prata a envolver o corpo para eu desembrulhar e comer.

Lai Yong dá-me a honra de a despir. Lentamente, folha a folha, pétala a pétala, de deixar correr os meus lábios pela sua pele fina, de seda imaculada, perfumada a almíscar e jasmim, de amaciar os dedos nos seus seios maravilha, do tamanho do desejo da concha da minha mão, de tocar, beijar duas framboesas róseas e de colher a peónia à solta no seu ventre. Abertas as portas de jade, o riso doce, o gosto da alegria. Mil espantos, dez mil carícias, yun yu 云雨, embalados no antiquíssimo jogo das nuvens e da chuva, a arte do quarto de dormir, para enobrecer os dias e as noites.

Nas últimas horas de estadia em Macau, antes do regresso de Bernardo a Pequim , vamos jantar à pousada de Santiago da Barra. Não é barato, mas nós merecemos tudo.

Pouco antes de partir, pergunto à Lai Yong:

– Para quando um reencontro? Qual vai ser o nosso futuro?

Responde-me, mais ou menos assim:

– Não temos futuro um com o outro. Vivemos o dia a dia, vivemos hoje. Não nos vamos preocupar com o ontem nem com o amanhã. Vivemos agora o prazer de um homem e de uma mulher que se dão bem, que gostam de estar juntos. Mais nada. Tu seguirás o teu destino, em Pequim, eu caminharei por Macau, por Cantão, pelas minhas cidades. Foi muito bom conhecer-te. Guarda-me na tua memória, eu guardar-te-ei também, mas não me dês demasiada importância. Desejo a tua felicidade.

Amores em Macau, breves e leves como névoa, brisas de Outono, carícias solenes no perpassar dos dias.

Um soluço na garganta e adeus, Lai Yong, O Bernardo promete-te que um dia, daqui a muitos anos, se for capaz, escreverá a nossa história simples.


VIII

Nesta viagem, depois de Macau, Bernardo seguiu para Hong Kong onde comprou uma edição chinesa e outra em tradução inglesa da Jin Pin Mei 金瓶梅, um romance de costumes da dinastia Ming, atribuído com muitas dúvidas a Wang Shizhen (1526-1590) com dezenas de poemas onde o erotismo campeia. 

É um dos “cinco grandes romances” da literatura chinesa (os outros quatro são “À Beira de Água”, “Romance dos Três Reinos”, a “Peregrinação a Oeste” e “O Sonho do Pavilhão Vermelho”).

Na longa viagem de regresso à capital, durante quase mais dois dias de comboio de Cantão para Pequim, Bernardo traduziu o seguinte poema da Jin Pin Mei:


Amor em segredo

Os patos-mandarim brincam na água,
os pescoços entrelaçados.

Duas garças caminham entre as flores.
as cabeças, par a par.

Dois ramos selvagens abraçam-se, felizes,
exaltando o prazer da união dos amantes.

Os lábios do rapaz na boca da mulher,
ela abandona o rosto a todas as carícias.

Descalça as meias de seda,
mostra os seios levantados, como duas luas.

Uma nuvem de cabelos negros,
seu alfinete dourado cai na almofada.

Juram ambos o sublimar da paixão
por montanhas e mares.

Ela é o decoro da névoa, a timidez da chuva,
ele, o golpe suave no seu arco de jade.

Trocam salivas, as línguas húmidas
num desvairo, rejuvenescidos pela Primavera.

Ofegante a sua boquinha de cereja,
os olhos do sonho, duas estrelas cintilantes,
seu suor são gotas de jade perfumado,
os seios cremosos abanam como orquídeas na brisa,
o orvalho goteja e cai no coração escondido da peónia.

Sim, tão doce um casamento abençoado e casto,
mas nada melhor do que um amor em segredo.

António Graça de Abreu

Fim

(Seleção,  revisão / fixação de texto para efeitos de publicação neste poste: LG)

_____________

Nota do editor:

(*) Postes anteriores da série de: 

quinta-feira, 31 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23128: Notas de leitura (1432): "Os Velhotes: Contos Eróticos" (Alcochete, Alfarroba, 184 pp.), do nosso camarada António J. Pereira da Costa, Tó Zé, para os amigos... Uma pedrada no charco da nossa educação judaico-cristã...


Capa do livro do nosso camarada António José Pereira da Costa, cor art ref, "Os Velhotes: Contos Eróticos" (Alcochete, Alfarroba, 2020, 184 pp.)



Feira do Livro de Lisboa > Lisboa > Feira do Livro > 6 de Setembro de 2020 > O autor, António José Pereira da Costa, e a representante da editora Alfarroba, na apresentação do livro "Os Velhotes" (*).

Na altura, o autor comentoum no poste P21133, de 7/9/2020 (*):

Olá Camaradas. Efectivamente, se não fossem os ex-combatentes tudo teria sido um fracasso. O Armando Pereira e a esposa são meus colegas na "Associação dos Velhos" onde eu milito e até já aprendi como se encaderna um livro.

O livro é perigoso. Falar de erotismo na 3.ª idade não é fácil e é extremamente difícil penetrar nas atitudes farisaicas e hipócritas de quem varre para baixo do tapete e consequência da nossa educação judaico-cristã. Mas isso já são outros mitos, outras lendas e futuros assuntos para debate para que para tal tiver coragem..



Foto (e legenda): © Carlos Silva (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


I. C
omentário do autor, inserido no poste P23117 (**)


Olá, Camaradas: Pelo rumo dos "debates", parece que estou entre os meus.

Quem quer comprar o meu livro badalhoco "Os Velhotes", sexo na 3.ª Idade ?!

Na impossibilidade de o exibir aqui (capa e foto do lançamento da obra, na Feira do Livro de Lisboa, em 6 de setebro de 2020),  peço aos editores autorização para fazer um anúncio nos posts do blog.
Dado o tema,  não me atrevi a tentar divulgá-lo. Aqui vai um "método de ataque":

1. Começar pelo prefácio. Ler atentamente. É a parte séria do livro e ela permitirá desembaraçarmo-nos de ideias a que teremos de chamar preconcebidas, à falta de um termo melhor. Na nossa idade, não temos contas a prestar a ninguém. Podemos ser "amorais" à nossa vontade. Se calhar nem a nós mesmos teremos de as prestar. Com os mais novos será diferente? Talvez...

2. Ler devagar. Um conto de cada vez e, depois... uma pausa, para o analisar e pensar. É um rico exercício mental. Nada de exploração do sucesso, a menos que… se proporcione.

3. Poderá haver alguns contos que firam a sensibilidade, dadas as situações pouco ortodoxas que descrevo. Se tal suceder, é abrir a mentalidade e a tolerância e ler com mais cuidado, mas não deixar de os ler.

4. No início de cada conto, está desenhada uma combinação dos símbolos, masculino e feminino, que permite ter uma ideia do teor do conto que se segue. Assim, o leitor não corre o risco de ser surpreendido.

5. Como se vê, não há violência no livro e nas situações que imaginei.

6. Só os personagens – às vezes – usam linguagem desbragada, mas o leitor não ouve o que eles dizem... e, além disso, é/são sempre a/as senhora(s) que toma/m a iniciativa e controlam as situações mais embaraçosas. E assim é que deve ser. São mais sensíveis, digo eu, claro.

7. Chamo a especial atenção para os contos que mais me marcaram: "Os Velhotes" (inspirado num casal com quem nunca falei, mas que decorre numa praia que bem conheço), "Velhos e Libertinos" (dois velhotes suburbanos reservados q. b. mas...) e "Aqueles Dois" (um acto de resistência num sítio onde, como se vai vendo, é cada vez mais necessário resistir). Parece-me o mais bem conseguido, embora com poucas possibilidade de acontecer. Não conheço nenhum conto deste tipo em que um dos personagens morra e o outro o chore, com saudades dos tempos passados juntos. Claro que há "A Viúva" que escrevi de um fôlego e à medida que as ideias surgiam. Só o reli, depois de "pronto". Creio que será um dos mais realistas.

8. Todas as personagens derivam de um trabalho de colagem de características físicas e pessoais(?) de pessoas que conheço. As situações provêm, como não poderia deixar de ser, da experiência da vida, da imaginação à solta e de "histórias" que ouvi contar. Falsas, normalmente ou nem tanto…

9. Está autorizado o açambarcamento para revenda. É possível dizer bem ou mal e eu agradeço uma coisa ou outra. A crítica, mesmo destrutiva é bem-vinda!...

10. Depois, é divulgar no Facebook, Twitter, Instagram, e entre o pessoal cujos e-mails, eu não tenho, mas tu tens.

Um Ab.
António J. P. Costa 

29 de março de 2022 às 23:13

II. Sinopse do livro (***):


Dália é viúva. Casada durante quase cinquenta anos, a perda do marido foi um golpe […] que a vida lhe vibrou. Há umas noites sucedeu o inevitável: sentiu vontade de sexo. Já tinha sentido umas sensações, mas recusara, esmagando a necessidade e reprimindo o desejo. Porém, ontem, ao fim da tarde, aconteceu…

Maria ganhou coragem e foi procurar a bancada de carpinteiro. O coração bateu‑lhe fortemente quando a encontrou. Passou as mãos pelo tampo bem liso [...]. Então, não pôde conter‑se e chorou, chorou muito. Soluçou mesmo. Era ali que se possuíam num abraço violentamente delicioso. Num exercício de forças combinadas, Adriano sentava‑a na bancada e […] penetrava‑a com aquela gentileza que ela sempre tinha apreciado. Depois, vinha o abraço, bem apertado, e o beijo terno e constante…

Ao acordar, olharam‑se bem nos olhos e Pikenina não se conteve e beijou os lábios da amiga, ao de leve, mas de modo a senti‑los bem. Fofa pegou‑lhe nas faces e retribuiu. Não, não eram nenhuns devassos.

Eram um vulgar casal de sexagenários.

(Fonte: Alfarroba editora)


O livro pode ser adquiro diretamente através de pedido ao autor:

email: toze.pereiradacosta@gmail.com

Preço de capa  (inclindo portes do correio):
12,78 €

O leitor interessado terá de indicar a morada para onde enviar a obra. O autor, por sua vez,  comunicará depois a conta bancária para efeitos do pagamento.



III. Sobre o Autor 
(foto à direita, cortesia da editora

(i) é natural da Amadora (1947);

(ii) cor art ref; terminou  a sua carreira activa como Director da Biblioteca do Exército, em Dezembro de 2011;

(iii) ex-alf art, na CART 1692/BART 1914, Cacine, 1968/69; ex-cap art e cmd das CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, e CART 3567, Mansabá, 1972/74); 

(iv) é um histórico do nosso blogue, tem 175 referências;

(v)  é membro da Tabanca Grande  desde 13/12/2007; 

(vi) é autor da série "A minha guerra a petróleo"(, depois transformada em livro, editado pela Chiado Books, Lisboa, 2019, 192 pp.) tem um belíssima e valiosa colecão de arte e artesanato guineenses (fula, mandinda, bijagó...) e tem-na partilhado connosco (*): base para copos, bases para copos, pratos e terrina, cachimbos, "cirans", "cafalas", chapéu fula, cinto fula, garrafas forradas a couro, tabuinha com caracteres árabes...

(vii) é autor de vários livros sobre história e arquitetura militares, de um modo geral, indisponíveis no mercado:  A cidadela de Cascais (2003); O Palacete do Camarista Real (2011); Castro Marim: Dos Forets não reza a história (2012)... Os dois primeiros são edições do Estado Maior do Exército.



terça-feira, 1 de setembro de 2020

Guiné 61/74 - P21311: Agenda cultural (752): "Os Velhotes: contos eróticos", de António José Pereira da Costa... Feira do Livro: Lisboa, 6/9/2020, 14h30; Porto, 12/9/2020, 15h00

O autor. António José Pereira da Costa. Cortesia da Editora Alfarroba,



O livro: "Os Velhotes: contos eróticos" (Lisboa, Editora Alfarroba, 2020, 184 pp) . [ ISBN: 978‑989‑8888‑78‑9 | Formato: 14 x 21 cm |  Encadernação: Capa mole |1.ª Edição: 07‑2020) | Preço de capa: 11,25 €]


 1. Mensagem do nosso camarada e grã-tabanqueiro, cor art ref António J. Pereira da Costa, Tó Zé, para os amigos:

 
Date: quinta, 27/08/2020 à(s) 14:10
Subject: Comprem o meu livro 

Olá Camaradas


No próximo dia 6 de setembro, às 14h30, todos ao Auditório Sul da Feira do Livro de Lisboa!

As "medidas" de segurança são as normais para a época. Não se esqueçam do avental no nariz. As mãos para serem consideradas como lavadas basta apresentar um certificado de que foram lavadas com sabão-macaco há mês e meio. 

Dizem que a situação só se complica a partir das 3300 pessoas presentes e a feirar

O livro é uma categoria e vocês vão adorar. Trata-se de uma colecção de textos eróticos em que os personagens são gente da nossa idade. 

Vão ver que aprendem alguma coisa. Sugiro que leiam atentamente o prefácio que está disponível no site da editora "Alfarroba" e depois vão consultar o travesseiro e/as bases e digam-me alguma coisa. 

A malta do Porto e região Norte, em geral, deverá ir aos Jardins do Pavilhão Rosa Mota em 12 de setembro, às 15h00,

O livro não é caro e são permitidos açambarcamentos para mais tarde revender. 

Despachem-se antes que esgote.

Um abraço
António J. P. Costa

2. Autor e sinopse do livro:

Sinopse:

Dália é viúva. Casada durante quase cinquenta anos, a perda do marido foi um golpe […] que a vida lhe vibrou. Há umas noites sucedeu o inevitável: sentiu vontade de sexo. Já tinha sentido umas sensações, mas recusara, esmagando a necessidade e reprimindo o desejo. Porém, ontem, ao fim da tarde, aconteceu…

Maria ganhou coragem e foi procurar a bancada de carpinteiro. O coração bateu‑lhe fortemente quando a encontrou. Passou as mãos pelo tampo bem liso [...]. Então, não pôde conter‑se e chorou, chorou muito. Soluçou mesmo. Era ali que se possuíam num abraço violentamente delicioso. Num exercício de forças combinadas, Adriano sentava‑a na bancada e […] penetrava‑a com aquela gentileza que ela sempre tinha apreciado. Depois, vinha o abraço, bem apertado, e o beijo terno e constante…

Ao acordar, olharam‑se bem nos olhos e Pikenina não se conteve e beijou os lábios da amiga, ao de leve, mas de modo a senti‑los bem. Fofa pegou‑lhe nas faces e retribuiu. Não, não eram nenhuns devassos.

Eram um vulgar casal de sexagenários.

Autor:

Produzidos individual ou colectivamente, os meus trabalhos anteriores são de índole científica. Pelas suas características próprias, podem ser contestados por divergência, sem - pre relativamente ao seu teor. Além disso, a divergência e consequente contestação, no campo científico, não envolve apreciações de carácter moral ou preconceito, o que simplifica a sua execução (construtiva ou até destrutiva). Fi-los, às vezes com esforço, e estou sempre esperando a Crítica que lhes possa ser feita. 

Pelo contrário, a contestação a um texto erótico tem sempre como base a moral, os “bons costumes” e o preconceito relativamente à matéria tratada. Já antes tinha mudado de área de escrita e o livro que surgiu, apresentando as minhas memórias da Guerra Colonial, na Guiné, apresenta umas características bem diferentes. Tem uma sólida base de verdade, pelo menos do meu ponto de vista. Ao escrever não recorri à ficção, mesmo dispondo de experiência que mo permitiria. A Verdade é sempre a ideia e a memória com que fiquei e ainda guardo dos factos. Procurando melhorá-la, em alguns casos, submeti as narrativas que fui produzindo à apreciação de outros intervenientes, sempre com bons resultados.

 Foi uma experiência apaixonante e que considero muito positiva por poder divulgar como foi a minha vida na Guiné e também a dos outros que estavam ao pé de mim. E é bom que os vindouros a conheçam. Agora, esta incursão numa área pouco cultivada será mais uma tentativa de ser um pouco mais “eterno”.

Este é um livro erótico, que não pornográfico, cujas personagens são homens e mulheres que se inserem na chamada terceira idade. Não recorri a linguagem obscena, embora esta esteja, muitas vezes associada aos diálogos que acompanham a descrição das práticas sexuais. Tenho para mim que, dessa forma, o leitor nunca se sentirá ofendido sem necessidade. Fica, contudo, a saber que irá ser confrontado com descrições de actos sexuais, de modo franco e explícito. 

Em lugar de me limitar à descrição dos actos, procurei estabelecer também relacionamentos de carácter afectivo entre personagens que, em alguns casos, atingem níveis elevados de ternura. A ternura, ou, no mínimo a amizade são acompanhantes que muito valorizam as práticas sexuais. Se não consegui despertar no leitor interesse e uma reacção de aceitação, apresento, desde já, as minhas desculpas, mas o erotismo não é a minha área de escrita habitual, embora sempre tivesse tido o desejo de me aventurar nela. 

Agora, com setenta e dois anos, resolvi cultivá-la, por uma única vez, mesmo sabendo que isso poderá trazer-me toda a espécie de revezes – que nem prevejo quais possam ser – e de comentários negativos por parte de amigos, conhecidos e, mesmo até daqueles que, não sabendo quem sou, têm boa impressão dos meus trabalhos anteriores.

______________

Nota do editor:

Último poste da série > 1 de setembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21310: Agenda cultural (751): "Nos meandros da guerra: o Estado Novo e a África do Sul na defesa da Guiné", de José Matos e Luís Barroso, Lisboa, Editora Caleidoscópio, 2020, 146 pp.