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quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20322: Historiografia da presença portuguesa em África (184): Roteiro de Bissau: ainda as velhas e as novas toponímias, depois de 21/1/1975



Fonte: António Estácio - "Nha Bijagó: respeitada personalidade da sociedade guineense (1871-1959)" (edição de autor, 2011, 159 pp., il,). Com a devida vénia...


Guiné > Bissau > c. 1960/70 > Vista aérea de Bissau. Ao centro, o Palácio do Governo e a a Praça do Império. Bilhete Postal, Colecção "Guiné Portuguesa, 118". (Edição Foto Serra, C.P. 239 Bissau. Impresso em Portugal, Imprimarte - Publicações e Artes Gráficas, SARL). Coleção do nosso camarada Agostinho Gaspar.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2019).

 Legenda:  1=Av República (depois de 1975, Av Amílcar Cabral); 2=Av Alm Américo Tomás (hoje, Av Pansau Na Isna); 3= Av Governador Carvalho Viegas (hoje, Av Domingos Ramos); 4=Praça do Império (hoje. Praça dos Heróis Nacionais)




Guiné > Bissau > c. 1969/70 > "Monumento ao Esforço da Raça. Praça do Império"... Bilhete postal, nº 109, Edição "Foto Serra" (Colecção "Guiné Portuguesa").  Coleção do nosso camarada Agostinho Gaspar.

O monumento é da autoria do arquiteto Ponce de Castro. A primeira pedra foi lançada em 1934.  O monumento foi inaugurado em 1941. O granito veio do foram  Porto.  Enquanto a estatuária colonial foi derrubada, a seguir à independência, este monumento, colonialista por excelência, foi o  o único que resistiu às fúria do camartelo do PAIGC.  Ainda lá está, agora encimado com a  a estrela de cinco pontas, que faz parte da bandeira da República da Guiné-Bissau.

Há, na Foz do Douro, Porto, um monumento, datado de 1934,  que terá inspirado o de Bissau, o "Monumento ao Esforço Colonizador Português", da autoria dos escultores Alferes Alberto Ponce de Castro (? - ?) e de José de Sousa Caldas (1894-1965). "Foi construído expressamente para a Exposição Colonial, inaugurada em Junho de 1934 no Palácio de Cristal. Compõe-se de um obelisco encimado com as armas nacionais; na base, seis esculturas estilizadas simbolizam as figuras a quem se deve o esforço colonizador: a mulher, o militar, o missionário, o comerciante, o agricultor e o médico!. (Fonte: Turismo do Porto).

O arquitecto e escultor Alberto Ponce de Castro era natural de Tavira, é o autor do Monumento aos Mortos da Grande Guerra, situado defronte dos Paços do Concelho de Tavira. Em 1922 o alferes de cavalria Alberto Ponce de Castro era reformado e fez um requerimento, à Câmara dos Deputados, ao abrigo da Lei nº 1244. O requerimento seguiu para a Comissãod e Guerra (Fonte: Debates Parlamentares > 1ª Reoública > Câmara dos Deputados > VI Legislatura > Sessão legislatuiva 01 > Número 101 > 1922-07-12 > Página 4)



Guiné > Bissau > c. 1960/70 > "Av Carvalho Viegas"... Bilhete postal, nº 129, Edição "Foto Serra" (Colecção "Guiné Portuguesa"). Coleção do nosso camarada Agostinho Gaspar.

A antiga Av Carvalho Viegas, um governador da província em 1932-40 (Luís António Carvalho Viegas, 1887-1965), chama.se agora (depois de 1975) Av Domingos Ramos. Terminava na Praça Honório Barreto (hoje, Praça Che Guevara).


1. Saudosistas, camaradas ? Parece que o termo não é "politicamente correto"... Nem este blogue é "politicamente correto"... Pois sejamos saudosistas... das coisas boas. O vocábulo não devia incomodar ninguém. Há outros "ismos" bem piores, que mexem com a nossa liberdade e a liberdade dos outros, como por exemplo racismo.

Toda a gente sabe que o nosso blogue é um sítio onde os amigos e camaradas da Guiné partilham memórias (e, em muitos casos, afetos). Os "tugas" que lá estiveram, em 1961/74, a fazer a guerra e a paz,  continuam a amar aquela gente e aquela terra, que era "verde-rubra" (sem segundo sentido)... Cultivam amizades e solidariedades. Vários guineenses são membros da Tabanca Grande, e parte dos documentos (textos, fotos, vídeos) que aqui publicamos, desde há 15 anos e tal, têm interesse para a história comum dos nossos dois países, Portugal e a Guiné-Bissau.

Como já o dissemos, as paisagens e os lugares não têm dono, não pertencem a ninguém. E muito menos as memórias dessas paisagens e desses lugares. Lisboa não é só dos lisboetas. Bissau não é só dos bissauenses. São também, estas duas cidades lusófonas,  dos seus visitantes, dos que por lá passam ou passaram, ou que lá vivem ou lá viveram, mesmo sendo "estrangeiros"...

Bissau faz parte das nossas geografias emocionais... como muitos outros lugares da Guiné, do Cacheu a Cacine, de Bolama a Buruntuma... O António Estácio, filho de pais transmontanos, nascido em Chão de Papel, em Bissau, e também morador em Bolama, em Angola, em Macau e agora no país dos seus progenitores..., é tão bissauense como tantos outros. Pode até exceder a maior parte dos bissauenses em paixão pela sua terra e suas gentes...

Saudosista, o Estácio ? Pois que o seja... Isto para dizer que ele é tão dono do Chão de Papel como da terra onde eu nasci, Lourinhã, ou como o Cherno Baldé, que veio ao mundo em Fajonquito, mas casou com uma  bissauense, nalu, vive e trabalha em Bissau, os seus filhos são bissauenses como os meus filhos são lisboetas...

As imagens dos lugares vão-nos sobreviver, mesmo dos lugares arruinados como as velhas artérias  e os velhos sobrados  de Bissau Velha. As imagens vão sobreviver, nas nossas memórias, enquanto formos vivos, e depois nos suportes em formato digital que deixamos com o blogue... (Ou em papel, se não forem parar ao caixote do lixo.)

Claro que, para os nossos filhos, netos e bisnetos,  estas imagens já não dizem nada ou muito pouco. Mesmo para os nossos contemporâneos que não conheceram a Guiné, nem antes nem depois da Independência, não dizem nada ou muito pouco. E até os nossos amigos e familiares nos chamam "saudosistas"...

Mas quem nos ler, quem nos visitar (... e já vamos a caminho dos 12 milhões de visualizações),  que faça o melhor uso desta informação e conhecimento que aqui recolhemos, analisamos,  tratamentos e divulgamos.

[Nostalgias de outono, Parque das Conchas e dos Lilases, Lisboa, 5 de novembro de 2019. LG]
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Nota do editor:

Último poste da série > 7 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20320: Historiografia da presença portuguesa em África (183): o desenvovimento urbano de Bissau, no período em que viveu Leopodina Ferreira Pontes, "Nha Bijagó" (1871-1959)