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segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Guiné 61/74 - P19145: Blogoterapia (289): Aquele toque a finados é uma coisa que me arrepia... (Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, CCS/BCAÇ 1933, Nova Lamego e São Domingos, 1967/69)

1. Mensagem de Virgílio Teixeira (, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933, Nova Lamego e São Domingos, set 1967/ ago 69; natural do Porto, vive em Vila do Conde, sendo economista, reformado; tem já mais de 90 referências no nosso blogue):

Data: domingo, 28/10/2018 à(s) 11:54
Assunto: Dia do Exército - Celebrações em Guimarães

Bom dia, Bom amigo Luís,

Hoje é o Dia do Exército e ainda não vi um Poste alusivo a esta efeméride. Não sabia também, talvez pela mudança da hora, alterou os meus circuitos electrónicos.

Estava a fazer a barba, a minha mulher estava na cozinha, como sempre almoçamos em casa.
Ela tem a TV ligada na RTP1. E depois vem a missa de Domingo, que ela segue religiosamente enquanto trabalha.

Quando dou conta, ela tem a TV no máximo, estava a tocar aquele hino ao mortos, pela banda militar.
Como isto me arrepia, vim logo ver e ouvir a cerimónia, embora não em trajes militares... Aquele toque a finados, é uma coisa que me arrepia, ela sabe que eu gosto disso, nem precisa dizer nada, depois diz-me que é o Dia do Exército, e estava a ser celebrado numa igreja algures em Guimarães.
Não sei se estava lá o CEME, ou CEMGFA, havia muitos galões de General.

Esta noite tive novamente mais outro pesadelo. Estava a chegar à Guiné, para uma nova comissão...
E ainda me lembro que no sonho eu disse quando lá cheguei, sozinho, que ia para Nova Lamego!
De onde vêm estes sonhos, que apesar de tudo não são pesadelos, estava a encarar tudo bem, até disse lá à malta que já conhecia aquilo tudo, tinha já estado lá, depois acordei, não sei porquê, eram horas de acordar.

Desculpa estar a ocupar o teu tempo com estas merdices, num Domingo de sol e frio, ainda não fui à rua, mas já o sinto. Mas tenho de desabafar com alguém que me compreenda, os meus já não têm paciência, eu traumatizei-os ao longo dos tempos.

Ontem tivemos um dia muito mau, com um funeral de um amigo dos meus filhos, que também era quase 'filho' da casa, com 46 anos. O Padre Bártolo foi quem fez as cerimónias, às 10 horas da manhã. Veio de carro fúnebre da Alemanha, onde vivia, estava casado com uma mulher da Geórgia, ela também estava cá. A família estava num caos, são nossos conhecidos e amigos, o meu filho foi um dos seus melhores amigos, e carregou também à frente, a urna, juntamente com outros.

Um bom dia para ti junto da tua família.

Abraço,
Virgílio
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quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Guiné 63/74 - P10677: Caderno de notas de um mais velho (Antº Rosinha) (25): Os dirigentes do PAIGC não usavam caixa nem cornetim nos quartéis das FARP (Forças Armadas Revolucionárias do Povo)








Guiné-Bissau >  Bissau >  Forte da Amura, Panteão Nacional > 7 de março de 2008 > Uma força da PM - Polícia Militar presta continência, enquanto  e ouve o "Toque de silêncio"... Homenagem a Amílcar Cabral e aos outros heróis da Pátria. Visita no âmbito do Simpósio Internacional de Guiledje, 1-7 de março de 2008.


Fotos e vídeo (''40): Luís Graça (2008). Alojado no You  Tube > Nhabijoes



1. Mensagem do nosso camarada e amigo António Rosinha [, foto à direita, Pombal, 2007]:


Data: 14 de Novembro de 2012 11:37

Assunto: Os dirigentes do PAIGC não usavam caixa nem cornetim nos quarteis das FARP ( Forças Armadas Revolucionárias do Povo)


Se for publicável,  talvez seja bom em horas mortas.

FARP e PAIGC não são devidamente distinguidos e separados neste BLOG, nem faz grande diferença que assim seja.

Faria diferença sim, mas para os guineenses se estes não conseguissem separar uma coisa da outra.

Mas para o bem ou para o mal, os guineenses nunca conseguiram separar o PAIGC das Forças Armadas Revolucionárias do Povo [, FARP,], durante muitos anos. (Hoje não sei como será o ponto de vista do povo).

Nos primeiros anos da Independência, os militares das FARP em Bissau, não usavam cornetas ou cornetins nem marchavam ao toque de caixa nos respectivos quartéis. Hoje não sei.

Mas quando Amílcar fundou o PAIGC e foi também co-fundador do MPLA, copiaram os métodos castristas e guevaristas e aí não havia cornetas nem cornetins.

Mas no regime de Luís Cabral pós independência, houve pelo menos uma tentativa de criar esse hábito, ou seja , Luís Cabral chegou a promover o ensino de corneteiros e tamborileiros .

Ouvia-se durante vários dias ensaios de corneta e cornetim, e toques de caixa, dentro da fortaleza da Amura e constava que teriam ido sargentos ou outros militares de Portugal para treinar guineenses.

Pelo  menos os diversos toques desde o recolher, formar, refeições, bandeira, etc. de infantaria,  eu ainda me recordei do meu tempo de tropa passados 20 anos.

Mas isso não chegou a funcionar, não  se chegou a marchar ao toque de caixa, nem a formar ao toque de corneta, ou seja à voz de um único comandante.

Psicologicamente, penso que sem um corneteiro dificilmente haverá um exército disciplinado em tempo de paz, um corneteiro representa a voz de um comandante sobre toda uma unidade.

Conheci e visitei por motivos profissionais aquilo que foi o quartel da artilharia do tempo colonial, e que penso que continuava como sendo dessa arma, com o exército das FARP.

Embora parecesse mais um bairro (tabanca),  devido haver mulheres e filhos dos militares a viver lá dentro, tinha sentinela na porta de armas, casernas numeradas e gabinetes dos comandantes e também se viam circulando militares soviéticos, tinha verdadeiro aspecto de quartel à antiga.

Mas não havia aquele aspecto convencional de um exército, no dia a dia, como sendo ouvir vozes de comando, toques para as diversas formaturas, etc.

Nunca cheguei a saber se o presidente Luís Cabral tinha algum posto na hierarquia militar, ou se era ou foi militar,  tanto na luta como após a independência, assim como Amilcar, ainda não entendi se teve hierarquicamente algum posto.

Mas com posto militar ou não, ele Presidente da República,  se só em 1980 pensou na corneta (Ordem, disciplina nos quartéis),  já foi tarde.

Mas, pode parecer que falo uma baboseira,  como dizem os brasileiros, mas não posso deixar de transmitir uma impressão que jamais  me sai da cabeça e já lá vão...1980-2012=31 anos: se Luís  Cabral tem conseguido impor o toque de recolher, alvorada, e marcha ao toque de caixa, embora possa ser simbólico apenas, mas era um símbolo de ordem e disciplina,  os militares das FARC não teriam tanto tempo para matutar em  "bolsas" étnicas, facciosas e rebeldias que já vinham embrionárias do tempo da luta, e eram conhecidas até por estrangeiros.

E, como os militares durante vários anos mantinham uma atitude e um aspecto, mais de revolucionários do que um exército regular, mesmo os próprios comandantes que se exibiam em viaturas em grandes velocidades, "olha lá vai o Gazela", olha lá vai o Manel Saturnino"  por exemplo, tinham comportamentos de rebeldia,  era impossível para Luís Cabral e governo, pôr um exército em formatura ao som de um corneteiro, em 1980, quando se deu o golpe de 14 de Novembro.

Se o PAIGC e as FARP de Amilcar Cabral deixaram  criar facções  de várias ordens, e não as controlou, no caso por exemplo do assassinato de próprio Amílcar, já no MPLA e as FAPLA de que Amílcar foi co-fundador, as facções como Chipenda, Nito Alves…foram controladas e dominadas e parece que hoje já não existem.

Foi ainda em vida de Agostinho Neto que essas facções foram dominadas. Será que Amílcar Cabral não teve os devidos cuidados com o PAIGC e as FARC, ao contrário dos cuidados que Agostinho Neto teve com o MPLA e as FAPLA?

Claro que entre nós,  tugas, estas coisas que aqui trago, pouco nos dizem respeito, mas só as trago aqui, porque para mim, muitos dos dirigentes dos MPLA e do PAIGC, foram na maioria tão portugueses como nós, tugas, , alguns até a recruta fizeram comigo ou são do meu ano, no meu ou  noutros quartéis, e para mim estavam certos nas suas ideias, mas  no momento errado e com processos  errados, suicidas e criminosos.

Com resultados maus para todos os lados, até para eles próprios.

Claro que isto faz parte da " minha guerra", não quer dizer que não haja a guerra de jornalistas, mirones,  ideólogos e até de africanos que são os que menos testemunham.                                                                                                                                                 

Cumprimentos