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O vinho verde branco "Camperlo" que também se bebia em Bissau (passe a pblicidade...). Foto: Vt (2025) |
1. Comentário (e fotos) do Virgílio Teixeira, ao poste P27280 (*)
As Vinhas da Ira. Romance de John Steinbeck, Escrito em 1939. A sua obra-prima. Adaptado ao cinema, surge o filme em 1940, dirigido por John Ford, com Henry Fonda como principal protagonista. Vi este filme ainda com 10 a 12 anos. Nunca o esqueci.
Dei este titulo ao comentário por me fazer lembrar as vinhas, os vinhos e as bebedeiras....
O Luis fala e elenca uma série de vinhos que se bebiam no CTIG, eu conhecia todos, exceto o "Casal Mendes", que não me lembro de ver no meu tempo.
E naturalmente os Alvarinhos que já eram e são artigos de luxo, bebo quando mos oferecem, mas
não compro, até porque não sou apreciador de vinhos verdes, parece que me fazem azia, não os troco por maduros nrancos de qualidade, com graduação acentuada, e tintos obviamente.
O mais consumido por mim era o "Casal Garcia", que, ainda pós-desmobilização, bebia nos
dias muito quentes, mas tudo passa.
Na sequência no excelente trabalho inserto no Poste 27280, resolvi intervir com algo para mais conversa, senão a IA escreve tudo por nós e eu não sei defender-me!
Desde ainda criança começou a minha iniciação dos vinhos como tantos outros conhecem.
Estamos ainda em plena 2a guerra mundial, os bens escacionavam, o pequeno almoço eram as celebres "sopas de cavalo cansado": malga com broa desfeita ou casqueiro militar aos bocados; rega-se com vinho tinto, verde de pipa ou garrafão, adicionamos muito açúcar amarelo e depois é só comer.
Não sei se fez bem ou mal, era o que havia!
E sempre bebia vinho às refeições, era de garrafão de vidro encestado.
Lembro me por exemplo, uma despedida de ano, talvez 59 ou 60, e num autocarro dos STCP, em plena Baixa Portuense, foi festejada a efeméride com garrafas de champanhe da conceituada marca "Magos", uma garrafinha de 0,25
Sem direito a copo, que se abria com as cápsulas tipo cerveja e de águas do "Sameiro". Por isso nós, quando se falava dessa cápsula chamávamos de "Sameira".
Nas brincadeiras de jogar com elas, com enchimento de casca de laranja, e com os dedos fazer as corridas nas bermas dos passeios, sem sair das linhas até chegar o primeiro.
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| "Casal Mendes" (passe a publicidade) que eu náo conheci. Foto: Vt (2025) |
O vinho que aqui se fala, o "Campelo", verde tinto e verde branco, faziam parte das bebidas de café. Encontrei 2 garrafas com rótulo original numa prateleira. A versão tinto e a versão branco que também a bebi na Guiné.
O "Casal Mendes" não conheci, temos uma garrafa actual em foto, na prateleira de garrafeira. Nunca provei.
O vinho verde branco, bebe se fresco ou geladinho e não se nota defeitos. Nada como alguns vinhos Alvarinho, que são uma selecção à parte. "Palácio da Brejoeiro" e outros.
Afinal não sou cliente de verdes!
Nunca vi uma vindima [excepto as que fazia por conta própria nos meus 10 anos nas videiras dos vizinhos]. Depois uma grande dor de barriga!
Abraços fraternos.(**)
Virgílio Teixeira
Em 2025 10 04
PS - Nesta hora, ano 67, já tinha feito o trajecto nos "barcos turra", e por estrda em coluna a caminho de Nova Lamego]. Já passaram 58 anos...

Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Dmingos, 1967 /69); natural do Porto, vive em Vila do Conde.
______________
Notas do editor LG:
(*) Vd. poste de 3 de outubro de 2025 > Guiné 61/74 - P27280: Manuscrito(s) (Luís Graça) (274): Vindimas, ainda são o que eram ? - Em Candoz, sim, no essencial - II (e última) Parte
Vd. também postes de:
26 de setembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27255: Felizmente ainda há verão em 2025 (39): Quem se lembra do vinho verde branco, "Gatão, em garrafa de cantil com argola, que depois servia para fazer candeeiros de mesa de cabeceira nos nossos "resorts" turísticos ?
20 de setembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27232: Felizmente ainda há verão em 2025 (35): os vinhos verdes que aprendemos a gostar na guerra: Casal Garcia, Aveleda, Gatão, Três Marias, Lagosta, Palácio da Brejoeira (...sem esquecer o Mateus Rosé, da Sogrape)
11 de maio de 2015 > Guiné 63/74 - P14598: A bianda nossa de cada dia (5): Se a vida era boa em Lisboa, em Bissau nem tudo era mau... Do arroz de todas cores ao vinho verde alvarinho "Palácio da Brejoeira"... (Hélder Sousa)
11 de maio de 2015 > Guiné 63/74 - P14595: A bianda nossa de cada dia (4): Os nossos "chefs gourmet", lá no mato.. A fome aguçava o engenho... (Jorge Rosales / Manuel Serôdio / Vasco Pires)
9 de maio de 2015 > Guiné 63/74 - P14589: A bianda nossa de cada dia (3): o melhor casqueiro da zona leste, amassado e cozido em forno a lenha pelo Jacinto Cristina e pelo Manuel Sobral, no destacamento da ponte Caium... Mas nem só de pão viviam os homens do 3º Gr Comb, os "fantasmas do leste", da CCAÇ 3546 (Piche, 1972/74)
7 de maio de 2015 > Guiné 63/74 - P14584: A bianda nossa de cada dia (2): homenagem ao nosso cozinheiro Manuel, hoje empresário de restauração (Abílio Duarte, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Nova Lamego, Paunca, 1969/1970)
5 de maio de 2015 Guiné 63/74 - P14574: A bianda nossa de cada dia (1): histórias do pão e do vinho... precisam-se!
(**) Último poste da série > 1 de outubro de 2025 > Guiné 61/74 - P27273: S(C)em Comentários (78): Na Guerra (tal como na Política) Não Vale Tudo... (António Rosinha / Cherno Baldé / Luís Graça)


7 comentários:
Virgílio, tenho começar por te pedir desculpa pela correção (abusiva) da minha parte: alterei a tua expressão "sopas de burro cansado" para "sopas de cavalo cansado", mais corrente (pelo menos no Sul)... A tua expressão original usa-se também no Norte e na vizinha Galiza... Na minha infância, na Lourinhã, não me lembro de ter comido dessas "sopas altamente energéticas", que foi comida de muita "canalha" (os putos, no Norte).
Aqui vai uma nota do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa (com a devida vénia...).
(...) 'Há quem queira atribuir a denominação «sopas de cavalo cansado» à prática antiga de dar o alimento assim chamado aos animais de tiro ou carga para recuperarem energia:
«Na época das carruagens, nas aldeias de Portugal, quando nas pousadas não havia cavalos descansados para substituir e continuar a viagem, davam estas sopas com vinho e açúcar para os animais, que os deixavam refrescados e cheios de energia» (blogue Portugaldantigamente, consultado em 29/01/2016).
Não encontro confirmação desta tese noutras fontes portuguesas, mas numa página espanhola da Internet (Fran Chef, el cocinero), na qual se comenta a origem das também galegas sopas de cabalo cansado, considera-se que a denominação alude à maneira «[...] como se revitalizaba a los caballos, mulas y asnos que se utilizaban como fuerzas motrices a la hora de mover arados, trilladoras y otros aperos de labranza que necesitaban tracción animal» (= «... como se revitalizavam os cavalos, mulas e asnos que se utilizavam como forças motrizes para puxar arados, debulhadoras e outras alfaias agrícolas que necessitavam de tração animal»). Devo referir, porém, que não pude achar obras de referência que corroborassem esta explicação.
Entretanto, assinalo que, em português, além de «sopas de cavalo cansado», se regista ainda a expressão «sopas de burro cansado» (ver sopas em A. M. Pires Cabral, Língua Charra. Regionalismos de Trás-os-Montes e Alto Douro, Lisboa, Âncora Editora, 2013); «sopas de vinho» é também possível. Em galego, as designações são muito semelhantes ou iguais às do português: «sopas de cabalo cansado», «sopas de burro cansado», «sopas borrachas» e «sopas de viño» – cf. sopa no Dicionário Estraviz.
Carlos Rocha 29 de abril de 2016'
in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/a-origem-da-expressao-sopas-de-cavalo-cansado/33864 [consultado em 23-10-2025]
Só me lembro desta linguagem da minha infância.
ão tenho a menor ideia de sopas de cavalo cansado, mas a IA é que sabe, ou devia saber.
Mas uma ou outra era a mesma coisa, o conteúdo é que conta.
....
Aproposito os vinhos,lembrei-me de um vinho, mas sem certezas, barato, do tascos, o chamado '3 Marias'. Alguém se lembra?
Virgilio Teixeira
O "Três Marias" também marchava em Bambadinca.
Mais o Gazela, o Lagosta...Marcas que ainda hoje existem
Eu passei a minha infância na Areosa, que era um subúrbio industrial do Porto onde confluíam três concelhos (Porto, Maia e Gondomar) e onde também se encontravam três mundos: o mundo citadino (que era o meu), o mundo operário (que trabalhava para o citadino) e o mundo rural (que alimentava os outros dois). Os concelhos da Maia e de Gondomar ainda eram muito rurais (como eles mudaram!) e as "sopas de cavalo cansado" (assim eram chamadas na Areosa) ainda eram muito consumidas, tanto pelos operários como pelos lavradores. Em geral, estas sopas eram feitas de pão seco já com vários dias, vinho quente (era importante que o vinho estivesse quente), muito açúcar amarelo e canela. Só depois de tomarem esta bomba calórica é que as pessoas saíam de casa para o frio da madrugada, a fim de irem trabalhar.
A propósito, lembrei-me de um dos muitos êxitos do Conjunto de António Mafra, chamado "Sopas de Vinho". É este:
https://www.youtube.com/watch?v=1xcktbxw-7Q
A letra da canção pode encontrar-se aqui:
https://lyricstranslate.com/es/conjunto-antonio-mafra-sopas-de-vinho-lyrics.html
respondi e apagou tudo.
mais tarde volto a comrntr
VT
POSTE 27343 – As vinhas da Ira
FERNANDO RIBEIRO E OUTROS:
Luis obrigado por esta explicação. Quando for preciso alterar qualquer coisa, em especial asneiras e incongruências, a minha memória já não é a mesma, podes fazer o que for melhor para o Blogue e para os nossos camaradas.
Fernando Ribeiro, ambos do Norte, Porto. Sou da freguesia de Paranhos, aliás, nasci em Cedofeita, mas logo fiz toda a minha vida antes de militar como residente na freguesia de Paranhos, mais concretamente junto à Arca de Água, que bem conheces, onde o meu pai etva colocado no RE2, hoje, uma coisa da PSP.
A Areosa, que tão bem conheço e conhecia, por lá se passava no cruzamento, antes do viaduto, e lá iamos a caminho de Ermezinde, Amarante, Casa do Zé do Telhado, com paragem obrigatória em BALTAR, onde se comiam os melhores frangos do país, por aquela rua (estrada Nacional) tão estreita, tão incrivel de percorrer. Muito mais tarde, pós Serviço Militar, quando eu vinha da zona de Guimarães, Vizela, Santo Tirso, Moreira de Conegos, São Martinho do Campo, Vila das Aves etc, e na hora de ponta, levava uma eternidade, mais de duas horas para chegar à Avenida da Boavista, onde tinha o meu escritório. Depois chegou a primeira fase da Auto estrada, e assim já desaguava, junto ao Hispital de São João, uma hora a menos de caminho.
Lembro ete sitio com nostalgia, da minha infância na Asprela, era um deserto de nada, e por ali vi a CONSTRUIR E INAUGURAÇÃO DESDE O PRINCIPIO, deste magnifico Hospital de São João, que deu origem ao complexo universitário da Asprela.
Bom, isto foi um introito, de tanta coisa, o mercado que faziam junto ao cruzamento e pela Rua interminável de D. Afonso Henriques, à esquerda, Fernão de Magalhães à direita, quem sobe a Circunvalação, agora temos a VCI, a caminho de Rio Tinto, Gondomar, Valongo, agora vai para a ponte do Freixo a caminho e Lisboa.
Mas não podemos deixar de falar, do magnifico Estádio do Dragão, e lá chegavamos a Ermezinde e daí para o interior industrial do Vale do Ave, Vale do Cávado, e Vale do Sousa.
Em relação ao nosso pequeno assunto, fui pesquisar no Inteligente Artificial, e após várias tentativas, vi que realmente há dois termos para a mesma malga de pequeno almoço, anos 40 e 50.
No Porto e norte como conheci sempre, sopas de BURRO cansado. Para o resto do país, e incluindo também o Norte e Porto, era conhecido de CAVALO cansado.
Duma maneira ou de outro, quer o Burro ou Cavalo, estavam cansados!
Ou estas sopas seriam para as pessoas cansadas, ou para não se cansarem.
Às vezes uma pequena frase dá logo inicio a uma grande conversa.
Ficamos assim, quem tiver duvidas pergunte ao IA.
Ninguém se pronunciou sobre as famosas garrafas de espumante gaseificado- MAGOS, Unipessoal, que não as vejo há tanto tempo. !
Quando vim da Guiné, entre muitas outrs, trouxe 6 garrafas de Champanhe Francês, Perrier Jouet, se bem me lembro, as quais duraram 6 anos. Abri uma em todos os aniversários de casamento, até acabarem. De 1970 a 1975.
Nos entretantos, estava na moda aquela Zurrapa da Raposeira e outras afins.
Foi um prazer conhecer Virtualmente o Fernando Ribeiro.
Hoje, vou vivendo em Vila do Conde, continuando com a minha morada oficial na minha casa do Porto. Ainda não me adaptei à Cidade de Vila do Conde.
Abraço a todos,
Virgilio Teixeira
Em, 2025-10-24
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