Guiné > Região de Tombali > Guileje > Pel Caç Nat 51 (1969/70) > Em 1972/73, a fonte que abastecia o aquartelamento e a tabanca de Guileje, distava cerca de 4 km. Ficava no Rio Afiá. No tempo da CART 2140 (1969/70 e do Pel Caç Nat 51, o abastecimento era manual e fazia-se com recurso a bidões, jericãs e garrafões (de 10 litros) (assinalado um, a amarelo). No tempo da CCAV 8350, a companhia que retirou de Guileje em 22/5/1973, havia já um bomba de água de água, a motor.
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Foto nº 18 do álbum fotográfico do cor inf ref Jorge Parracho
Foto: © Jorge Parracho (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.]
As expressões “barril de quinto” e “barril de décimo” indicam a quinta parte ou a décima parte de uma pipa.
Assim:
Barril de quinto = 1/5 de pipa ≈ 105 a 110 litros
Barril de décima = 1/10 de pipa ≈ 52 a 55 litros
Portanto, tratava-se de submúltiplos da pipa, usados sobretudo em contextos de comércio, transporte marítimo e exportação, quando não se justificava enviar uma pipa inteira, mais difícil de manobrar e acondicionar nos navios.
Esses recipientes (em madeira, em carvalho ou castanho, feitos pelos tanoeiros) eram menores do que a pipa,por isso mais manejáveis nos navios e nos portos africanos, e adequados ao comércio por retalho ou escambo com intermediários locais (muitas vezes “lançados”, afro-luso-descendentes ou comerciantes cabo-verdianos).
Por outro lado, o uso de medidas fracionadas da pipa permitia ajustar melhor os volumes exportados conforme as taxas alfandegárias e o poder de compra nos destinos africanos.3. O transporte de vinho da Manutenção Militar para a Guiné (1961/74)
O fornecimento de géneros alimentícios, incluindo o vinho, ao CTIG, era da responsabilidade do Serviços de Manutenção Militar... No entanto, a forma como esse vinho chegava ao BINT (Batalháo de Intendència), em Bissau, e às unidades e subunidades no mato, revela os enormes desafios logísticos daquele teatro de operações.A Guiné era, de facto, um território logisticamente muito complicado, dependente de transporte aéreo (helicóptero, DO-27, ou paraquedas, etc.), fluvial (lancha da marinha, barco civi ou "barco-turra") ou terrestre ( coluna auto, sujeita a minas e emboscadas).
Tudo indica que o transporte de Lisboa para Bissau fosse feito originalmente em barris (de 50 e 100 litros) e não em pipas. Mais tarde (não sabemos exatamente quando) terão aparecido os bidões metálicos, de 200/210 litros.
Nenhuma das plataformas de IA por nós consultadas refere o transporte do vinho, metropolitano, para o CTIG em navios-tanque. Será que havia em Bissau infraestruturas portuárias para descarregar esses tanques ? Em Luanda e Lourenço Marques havia. Mas Bissau também recebia navios-tanque com combustíveis...Enfim, é uma questão que fica em aberto.
Na Guiné, o vinho era fornecido pela Manutenção Militar (MM), com origem em Portugal continental. O circuito habitual era:
Quanto aos recipientes, dependia da fase da guerra, do meio de transporte e da acessibilidade do local:
- na origem (Metrópole), o vinho era expedido em barris de 50 litros e bidões metálicos de 200–210 litros, dependendo do tipo de transporte e destino;
- o nosso camarada João Lourenço, ex-alf mil SAM, cmdt do PINT 9288 ( Cufar, 1973/74), escreveu: "O vinho era fornecido pela MM [Manutenção Militar] em bidões de 215 lts, salvo erro, e usado assim mesmo, devido ao calor havia por vezes o hábito de usar um bidão sem a tampa onde eram colocadas barras de gelo feitas com água tratada e potável claro, o que dava sobras";
- nos depósitos regionais (onde havia Pelotões de Intendência: Bissau, Bambadinca, Teixeira Pinto,Farim, Cufar), o vinho podia ser redistribuído em garrafões de 5 ou 10 litros, de vidro (mas já revestido a plástico (no caso dos de 5 litros). ou vime/madeira (os de 10 litros); ou seguir em barris e bidões (para boa parte dos aquartelamentos);
- os barris de 50 l ou 100 l (os tais barris de décinmo e de quinto), em madeira de castanho ou carvalho, eram uma solução tradicional e robusta para o transporte de vinho; eram relativamente manobráveis;
- nos quartéis e destacamento do mato, os garrafões de 5 e 10 litros eram os mais práticos e comuns, porque podiam ser transportados por Unimog, jipe ou até à mão; eram demasiado frágeis para o transporte em condições de guerra (lançamento por paraquedas, transporte em camiões por picadas minadas); eram mais usados para o fornecimento das messes de oficiais ou sargentos, que por vezes recebiam vinhos de melhor qualidade em separado;
- os bidões metálicos de 200/210 litros (semelhantes aos de combustível, mas estanhados por dentro, para não ooxidar o vinho) eram mais utilizados para transporte em massa; esta era, muito provavelmente, a forma mais comum de transportar o vinho a granel para os depósitos dos PINT (Pelotões de Intendência (Bissau, Tite, Bula, Bambadinca, Bafatá, Farim, Cufar); estes bidões (semelhantes aos de combustível) eram extremamente robustos: podiam ser rolados, içados e até eventualmente lançados de paraquedas com relativa segurança.
- Vermelho = Gasolina
- Azul = Gasóleo
- Verde-Claro = Petróleo branco
- Amarelo = Óleos
5. Conclusão provisória
Segundo a(s) assistente(s)de IA que consultámos, não foi encontrada, nas fontes de acesso aberto, descrição normativa padronizada do acondicionamento específico do vinho para a Guiné, ao tempo da guerra colonial (barris de 50 L, barris de 100 l, bidões de 200-210 L, garrafões, etc.). A Intendència foi-se adaptando também, conforme a tecnologia de acondicionamento dos líquidos, a par da modernização dos portos, da estiva e dos transportes marítimos.
Em conslusão, o "vinho ... pró branco de 2ª" (que foi o Rosinha em Angola e todos nós na Guiné...) era fornecido a granel, em embalagens de grande capacidade, para facilitar o transporte e reduzir custos. Para o interior, para o mato, foi encontrando soluções à medida, conforme as necessidades e os obstáculos.
(Pesquisa: LG + Assistente de IA (ChatGPT, Gemini, Perplexity, Meta, Mistral)
(Condensação, revisão / fixação de texto, negritos: LG)
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Nota do editor LG:
Último poste da série > 18 de outubro de 2025 > Guiné 61/74 - P27330: O vinho... pró branco de 2ª e pró tinto de 1ª (3): a ração diária do "tuga" seria de 1/4 de litro, o que dava 90 litros em média por ano, diz a "Sabe-tudo"
3 comentários:
Lembro-me dos barris, dos garrafões de 10 litros... No meu tempo (1960/71).
Confesso que não me lembro dos bidões metálicos para o vinho...Bolas, e fiz segurança a diversas colunas logísticas, com dezenas de viaturas (militares e civis), de Bambadinca a Saltinho, e até de Bambadinca a Galomaro. No tempo das chuvas. E numa estrada que teve ser reaberta por nós, CCAÇ 12 e outros "brancos de 2ª" e "pretos de 1ª"...
Era um tempo em que beber vinho era dar de comer a um milhão de portugueses, incluindo os tanoeiros. Ninguém sabe quantos eram. A "Sabe-tudo" não sabe nada... Na minha terra havia vários. E o filho do tanoeiro era tanoeiro. Uma vida inteira a aprender a arte, tal como o tocador de balafom em Tabato...
Desapareceram todos na voragem do tempo, os tanoeiros , e os tocadores de balafom, os "dgigius", os poetas, os cantores ambulantes, a música agro-mandinga... Era uma arte, a tanoaria. Desapareceu como tantas outras. Hoje é uma indústria. Um barril custa uma "pipa de massa". Nem matéria-prima temos... com tanto incêndio. E depois quem quer ser tanoeiro ? E tocador de balafom ? Ou de cora ?!...
O nosso Zé Manel Lopes que o diga, está por dentro do negócio. Ou a Quinta de Candoz, que também com começa a comprar barris de carvalho francês, para as experiências do "vinho de curtimenta" (um estilo de vinho branco onde as películas e as grainhas ficam em contacto com as massas, tal como se de um tinto se tratasse). . .
Em meados dos anos 60 havia centenas, milhares, de tanoeiros para fazer barris que levavam ao Império o vinho para o preto de 1ª e o branco de 2ª... Os barris, chegados a Bambabinca ou a Guileje, depois de bebido o conteúdo, serviam para a "bricolagem"... Faziam-se móveis, mesas, cadeiras, bancos....Ficava mais caro o transporte que o fabrico!... P`*ta de miséria a nossa...
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