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Guiné > Zona Oeste > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71)
Fotos do álbum do Padre José Torres Neves, antigo capelão militar.
Fotos (e legendas): © José Torres Neves (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Alf capelão graduado José Torres Neves,
BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71), natural de Meimoa, Penamacor;
missionário da Consolata, reformado
1. Mais um conjunto de fotos do padre Zé Neves sobre Mansoa, enviadas no passado dia 2 de agosto pelo nosso camarada e amigo Ernestino Caniço, que tem sido o zeloso e diligente guardião do álbum fotográfico da Guiné, deste padre missionário da Consolata, José Torres Neves, natural de Meimoa, Penamacor, merecendo os dois os nossos melhores elogios e saudações.
o PadreJosé Torres Neves, nosso grão-tabanqueiro, reformou-se recentemente de uma vida inteira, generosa, abnegada, dedicada às missões católicas, nomeadamente em África; tem já cerca de 4 dezenas de referências no nosso blogue.
Pelo seu álbum, reconhecemos-lhe uma especial sensibilidade, de natureza socioantropológica, que o levava a registar, além do ambiente militar, cenas do quotidiano das populações com quem as NT interagiam partilando inclusive os mesmos esçaos (destacamentos iintegrados em tabancacas em autodefesa) ou espaços contíguos (caso da maior dos aquartelamentos).
As fotos trazem legendas muito sucintas, sem data.
2. O "choro" (cerimónia fúnebre) aqui documentado pelas fotos acimas, tiradas em Mansoa, "chão balanta" por excelência, tinha / tem um significado social, religioso e cultural, que escapava muitos de nós, na época em que estivemo na Guiné. Para mais, em contexto de guerra (1961/74).
Embora a designação "choro" (termo crioulo, ou djambadon, nalgumas línguas locais ) possa variar conforme o grupo, a essência da cerimónia era/é semelhante entre povos animistas (como os balantas), muçulmanos (como os fulas) e até entre minorias cristãs (como os cabo-verdianos).
No essencial a função do "choro" era/é “reintegrar” o morto e ajudar a reintegrar os vivos após a ruptura (física e emocional) provocada pela morte.
A cerimónia podia/pode durar dias, envolvendo danças, cânticos e libações.
Jorge Dias, o grande antropólogo português, mas também missionários católicos chamaram a atenção para o facto de que estas práticas funcionarem como mecanismos de coesão social, muitas vezes mais poderosos do que as duas religiões monoteistas (o cristianismo e o islamismo) impostas do exterior, pela coinquiusta, a ocupação e a dominação política e económica.
Ainda hoje o “choro” continua a ser central na vida social guineense, tanto no meio rural como urbano (e nomeadamente em Bissau).. É uma cerimónia pública que combina tradição, espetáculo e religiosidade.
Mesmo entre famílias muçulmanas ou cristãs, é frequente realizar-se um “choro” tradicional depois da cerimónia religiosa formal. A função principal mantém-se: (i) honrar os mortos, (ii) reforçar a coesão comunitária, (iii) reafirmar a pertença étnica e familiar, (iv) “fechar o luto” e restabelecer o equilíbrio espiritual, emoconal e social.
O tema merece um poste à parte.
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Nota do editor LG:
Último poste da série > 13 de outubro de 2025 > Guiné 61/74 - P27312: Álbum fotográfico do Padre José Torres Neves, ex-alf graduado capelão, CCS/BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) - Parte XXIX: Mansoa
O tema merece um poste à parte.
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Nota do editor LG:
Último poste da série > 13 de outubro de 2025 > Guiné 61/74 - P27312: Álbum fotográfico do Padre José Torres Neves, ex-alf graduado capelão, CCS/BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) - Parte XXIX: Mansoa
2 comentários:
O “choro” hoje, na Guiné-Bissau (e nos países vizinhos, seguramente) é também momento de redistribuição de recursos e de afirmação do "satus" socioeconómico da família, que tem de gastar somas significativas em alimentação, música e transporte. Em muitos casos, o "luto" hoje é uma causa (crescente e preocupação) de endividamento.
A presença de familiares emigrantes (especialmente vindos de Portugal, França ou Espanha, ou outros países, quer de África quer da Europa) reforça o caráter "transnacional" e "translacional" do ritual: é ocasião de regresso e reencontro, de trocas materiais e simbólicas, de exibição de sinais exteriores de riqueza, sucesso e generosidade, etc.
Talvez o Cherno Baldé tenha do "choro", hoje, no seu país, uma visão diferente ou complementar da nossa.
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