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Duke Djassi, nome de guerra de Leopoldo Alfama (1945-2025), à esquerda. Cortesia: Casa Comum / Arquivo Amílcar Cabar |
São comentários ao poste P27267 (*)
Só entre a jangada de João Landim e Bula, encontram-se naquelas redondezas treze pontas, e provavelmente a maioria seriam de vabo-verdianos.
E até se poderá dizer que pelo resto da Guiné seria assim já desde Honório Barreto, até Amilcar Cabral e o herdeiro da Ponta Alfama terem as suas ideias da União/Junção/Anexação Guiné-Cabo Verde.
O mapa de Bula onde vemos essas pontas, é de 1953, ora nessa data já a pacificação da Guiné e das outras colónias portuguesas viviam numa paz e numa calma que até iludiu os estudantes do império que era facílimo governar aquilo mais e melhor por eles do que pelos atrasados dos portugueses.
E de facto o ex-guerrilheiro Alfama ainda chegou a governante, na Guiné, mas só até 1980, pois deve ter acompanhado Luís Cabral que também "desistiu" em 1980.
Mas talvez tenham sido eles,que ajudaram a garantir que aquele arquipélago, Cabo Verde, iria figurar como país com fronteiras e bandeira própria.
terça-feira, 30 de setembro de 2025 às 00:28:00 WEST
(ii) Tabanca Grande Luís Graça
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Rosinha, acabei de escrever noutro poste, o do Armando Fonseca, sobre o "início da guerra"... Deixa-me completar o teu oportuno comentário...
A CECA (Comissão de Estudo para as Campanhas de África) tal como a historiografia (ou "hagiografia"...) do PAIGC têm a mesma narrativa: o início da guerra na Guiné foi em Tite, em 23 de janeiro de1963. Ponto final parágrafo.
Nós, no blogue, achamos que não. A avaliar pelos textos que se têm publicado ao longo destes anos todos... Antes dos primeiros tiros contra os quartéis e os militares. há toda uma violência (já armada), sob a forma de terror (e contraterror), que incendeia o "capim da Guiné"...
Basta olhar para as cartas da Guiné, anteriores à 1963: inúmeras tabancas e "pontas" desapareceram, a partir do início da "subversão" (para as NT) ou da "libertação" (para o PAIGC)...
Os "libertadores" começaram por usar a cenoura e o chicote para mobilizar (ou "arregimentar") os chefes tradicionais e as suas populações. Não temos, ainda hoje, uma noção exata da dimensão da violência, de um lado e do outro...
A "desertificação" do interior da Guiné, que data do início da década de 1960, começa com:
A guerra é a violência armada e organizada: e quando se começa não há semáforos, a não ser "verdes" (levando à escalada da violência)...Não há semáforos vermelhos nem amarelos...
Os cabo-verdianos, ou guineenses de origem cabo-verdiana, donos de muitas pontas, mas também de casas comerciais (a par dos libaneses, dos portugueses europeus, que os cabo-verdianos também eram portugueses...) acabaram por ser vítimas da violência do PAIGC: os Semedos, os Brandões, os Alfama, etc. não tiveram pejo em inviabilizar as explorações agrícolas dos pais (ou as casas comerciais)...
No sector L1 (Bambadinca), que eu conheci melhor, havia também bastantes pontas (uma ou outra eu frequentei, em Contuboel, em Bambadinca, a Ponta Brandão)... Está por fazer a história das pontas e do seu trágico destino... Bem como das casas comercais (a do Rodrigo Rendeiro e de tantos outros...).
Pior ainda: está por fazer a histórias das tabancas que foram, logo muito cedo, vítimas da violência do PAIGC e nas NT, no tempo em que se praticou a política de terra queimada..
terça-feira, 30 de setembro de 2025 às 10:52:00 WEST
(iv) Tabanca Grande Luís Graça
Todos sabemos que a violência gera violência... A História está infelizmente cheia de exemplos desses.
A exploração e os maus tratos contra os balantas e outras populações na Guiné Portuguesa foram também o capim a que o PAIGC deitou fogo... Temos exemplos concretos das formas de exploração dos comerciantes locais (cabo-verdianos, brancos, libaneses...) e dos abusos da administraçáo colonial de que foram vítimas os balantas e outros...
Os balantas vão ser depois a "carne para canhão" do PAIGC. Juntamente com os biafadas terão sido os mais "fáceis" de mobilizar (a bem ou a mal) para a "luta de libertação"... a par dos grumetes de Bissau, acrescenta o Cherno Baldé.
À maior parte de nós, militares, metidos nos seus quartéis e destacamentos, ou empenhados em desgastantes operações no mato, escapavam estas práticas de "violência" dos comerciantes, dos chefes de posto, dos cipaios... Por outro lado, já estivemos na Guiné, com o António Spínola, que durante o seu "consulado (meados de 1968/ meados de 1973) procurou "moralizar" e "reprimir" muitas das práticas colonais que serviram de "rastilho" para o PAIGC incendiar o capim...
Tarde e a más horas ? É verdade. Mas fica para História: as Forças Armadas Portuguesas também tiveram uma palavra a dizer...
terça-feira, 30 de setembro de 2025 às 11:14:00 WEST
(iv) Tabanca Grande Luís Graça .
O Duke Djassi já morreu, há dias, em Portugal, num hospital do nosso SNS... Paz à sua alma (mesmo que eu não seja crente)... Respeito os mortos, a sua memória, seja quem for, mas temos que reconhecer que o "comandante Duke Djassi" ficou mal na fotografia...
Na guerra não vale tudo. Como na política.
É pena que o Amílcar Cabral nunca tivesse combatido a mentira compulsiva dos seus comandantes e comissários políticos... Como é que eles depois poderiam falar olhos nos olhos ao "povo" ?
terça-feira, 30 de setembro de 2025 às 14:36:00 WEST

(v) Cherno Baldé
O Antº Rosinha devia escrever um livro para a posteridade, pois, para mim e muitos leitores/seguidores do Blogue, as suas palavras sobre a realidade dos povos das colonias e, sobretudo, o inicio da luta nestes territórios ajudaram e entender melhor sobre as origens, protagonistas e motivações iniciais das guerras de subversão.
Na Guiné, as elites caboverdianas ou de origem caboverdiana, mais ligadas ao regime colonial e melhor esclarecidas, aproveitando os ventos da história, quiseram desmantelar o regime, correr com os portugueses e dominar o resto da população.
Os chefes fulas, desconfiados por natureza, nunca se deixaram enganar e pagaram por isso, mais tarde; entretanto, os grumetes, guineenses, estavam à espreita e o 14 de Novembro de 1980 que seria uma espécie de continuação da conspiração de Conacri (20 de Janeiro 1973) serviu por sua vez, para se livrarem dos cabo-verdianos que, de facto, lideravam o PAIGC.
(Seleção, revisão & fixação de texto, título: LG) (**)
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Notas do editor LG:
(*) Vd, poste de 29 de setembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27267: PAIGC: quem foi quem ? (15): Leopoldo Alfama (Duke Djassi) (1945-2025), comissário político em 1974, governador da região do Cacheu até 1980; o pai era era o dono da Ponta Alfama, perto de Bula
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