sábado, 27 de agosto de 2022

Guiné 61/74 - P23561: Os nossos seres, saberes e lazeres (520): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (65): Voltar à minha querida Bruxelas, depois da pandemia - 3 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 28 de Junho de 2022:

Queridos amigos,
É dia para matar saudades poderosamente afetivas, uma amizade feita em 1984, na cidade de Veneza, imagine-se o luxo ter numa conferência direito a tradução diretamente para português, mal sabia a intérprete que iria nascer uma bela amizade,com diferentes visitas a Lisboa e a Namur, e mais importante do que tudo será ela que puxará pelas cordas à imaginação para se cinzelar a figura de Annette Cantinaux, a protagonista do meu romance mais recente, Rua do Eclipse. Rio que se fartou quando lhe contei ao detalhe os amores escaldantes de Annette e Paulo Guilherme, com a guerra da Guiné de premeio. E houve o ritual de passear à volta, ela irá mostrar-me a revelação sensacional de Notre-Dame du Vivier. E recordámos os passeios em Bruxelas, antes dela se trasladar para Namur, ficou de olho arregalado quando lhe disse que iria visitar uma preciosidade do modernismo, agora restaurada e disponível ao público, em Bruxelas, Villa Empain. Ficou decidido, iremos juntos.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (65):
Voltar à minha querida Bruxelas, depois da pandemia – 3


Mário Beja Santos

Dia reservado a visitar na região de Namur uma terna amiga, que nos irá acolher com grande hospitalidade. Já organizou programa. Apanha-nos na estação ferroviária e vamos a uma loja dos Paysans Artisans, há para ali um recheio de coisas boas destes agricultores e artesãos que evitam intermediários, pão, queijaria, conservas de fruta, legumes, trazem certificado desta organização de valões que insistem num modelo agrícola de alimentação mais sustentável. Segue-se outra surpresa, um grande passeio por um espaço em remodelação, chama-se Abadia de Notre-Dame du Vivier, um espaço religioso que estava abandonado e que um empresário imaginativo introduz obras de requalificação, apoiado por arqueólogos, para transformar o espaço abacial numa zona de turismo, de criação de gado, com restauração e pontos de lazer dos ajardinamentos recuperados. Tivemos sorte, este empresário imaginativo apareceu de chofre, deve ter engraçado com as perguntas postas, serviu de cicerone, mostrou e documentou o que se estava a fazer, deu-nos plena liberdade para percorrer um espaço que há poucos anos atrás era uma alfurja e hoje está cheio de vida, como se mostra, é um prazer ver ressuscitar património abandonado, torná-lo área de lazer e de convivência.
A cidadela de Namur
A pena de morte, gravura de Félicien Rops, c.1880. Namur orgulha-se de ter o mais importante museu deste grande artista simbolista
O Incêndio de Sodoma, Henri Bles, século XVI, Museu Provincial de Arte Antiga de Namur. É um museu plurifacetado, de pintura a artes decorativas é um regalo para os olhos, quem visita Namur tem o estrito dever de apreciar tão belo património
Imagens do jardim de uma querida amiga que vive em Saint Marc, a escassos quilómetros de Namur
Imagens da Abadia de Notre-Dame du Vivier
Interrogava-me quem era o feliz proprietário de tão bela casa apalaçada, ainda por cima com uns bons hectares de coberto florestal à volta, passaram por ali pedestres que esclareceram que é a mansão de um príncipe primo da rainha Fabíola, passa cá temporadas, alguém apontou para as janelas fechadas, é sinal que o príncipe anda fora de portas…
Imagens de Wépion, junto do rio Meuse, não longe de Namur

Foi um belo dia passado na região de Namur, fazem-se juras e promessas que aqui se retorna talvez em setembro, talvez em outubro. Amanhã, será um dia em cheio a vasculhar Bruxelas, as livrarias de coisas em segunda mão, igrejas (quero rever Nossa Senhora do Bom Socorro), a seguir ao almoço impõe-se participar na Parada Zinneke, é um acontecimento bianual, foi interrompido pela pandemia, é uma exaltação a esta metrópole cosmopolita, pequena mas mundial, é um festim de desfiles públicos de associações e organizações, instituições e centros culturais, é promessa de um entusiasmo contagiante, cenografias de nos deixar de boca aberta. Como aconteceu e pretendo seguidamente mostrar.

(continua)

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Nota do editor

Último poste da série de 20 DE AGOSTO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23541: Os nossos seres, saberes e lazeres (519): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (64): Voltar à minha querida Bruxelas, depois da pandemia - 2 (Mário Beja Santos)

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