"Mergulhar nas águas do Oceano Pacífico, Paz, silêncio, harmonia absoluta. Em Rarotonga, água, luz para depurar a alma.!
Fotos (e legenda): © António Graça de Abreu (2022) Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
[ António Graça de Abreu: (i) docente universitário reformado, escritor, sinólogo (especialista em língua, literatura e história da China); (ii) natural do Porto, vive em Cascais; (iii) autor de mais de 20 títulos, entre eles, "Diário da Guiné: Lama, Sangue e Água Pura" (Lisboa: Guerra & Paz Editores, 2007, 220 pp); (iv) ex-alf mil, CAOP1, Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74; (v) é membro da nossa Tabanca Grande desde 2007, tem mais de 310 referências no blogue; (vi) texto e fotos (sem legendas) enviados em 2/8/2022 ]
Ilhas Cook, Rarotonga, Oceano Pacífico, Fevereiro de 2020
por António Graça de Abreu
Às vezes convenço-me que sou um rapaz muito viajado, que já levo no bolso mais de metade das terras e mares do mundo. Tudo mentira. Rarotonga, ilhas Cook, eram espaços que nem sequer sonhava existirem.
Leio, aprendo. Por volta do ano de 1300 registaram-se grandes emigrações do povo maori que habitava exactamente Rarotonga em direcção às duas ilhas depois denominadas Nova Zelândia.
Leio, aprendo. Por volta do ano de 1300 registaram-se grandes emigrações do povo maori que habitava exactamente Rarotonga em direcção às duas ilhas depois denominadas Nova Zelândia.
Hoje, 15% dos neozelandeses são etnicamente maoris e as suas raízes mergulham nas ilhas Cook. Nós conhecemos os maori por causa do desporto, dos All Blacks, a equipa de rugby da Nova Zelândia que, no início de cada jogo, usa o aka, aquela espécie de bailado guerreiro e os cânticos agressivos destinados a amedrontar o adversário.
Desembarco na cidadezinha de Avarua, capital das ilhas Cook, com apenas 4 mil habitantes. Tenho dois dias para me espraiar em completo assombro por mais esta ilha que brotou das profundezas do Pacífico.
Circundar Rarotonga, os 32 quilómetros de perímetro, num autocarro velho e alquebrado. Saímos primeiro na praia de Tuoro, com palmeiras e coqueiros quase a beijar as águas, e com imensa pedra. A inevitável barreira de recifes sustinha, à distância, muita da força do mar, formando lagunas primorosas para se nadar. Tempo de chuva, na praia há apenas uns tantos turistas transviados. Estava dentro de água quando o céu se cobriu de negro e caiu um enorme aguaceiro, as nuvens descarregaram a sua carga e seguiram para sul. Água sobre água, logo depois vieram outra vez nesgas de céu azul.
Mais praias, não longe, do outro lado da ilha. Muri Beach, uma fatia de Bolo do Paraíso caída do céu. No segundo dia, a jornada inteira passada neste perfeito pedaço de areia e mar, com uma ilhota ao fundo coberta de vegetação verde esmeralda contrastando, ao de leve, com o azul do mar. Cheguei de manhã muito cedo, com a maré vazia, a água branca, límpida, filtrada pelos deuses. Não havia ninguém na praia, tudo vazio e a sensação de que a vastidão mágica de Muri Beach me pertencia.
Mergulhar nas águas do Oceano Pacífico, Paz, silêncio, harmonia absoluta. Em Rarotonga, água, luz para depurar a alma.
Último poste da série > 30 de julho de 2022 > Guiné 61/74 - P23472: Depois de Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74: No Espelho do Mundo (António Graça de Abreu) - Parte XXXVII: China: Visita à Falésia Vermelha, no outono de 1081, a 16 do sétimo mês, por Su Dongbo (1037-1101) (tradução de António Graça de Abreu)
Desembarco na cidadezinha de Avarua, capital das ilhas Cook, com apenas 4 mil habitantes. Tenho dois dias para me espraiar em completo assombro por mais esta ilha que brotou das profundezas do Pacífico.
Circundar Rarotonga, os 32 quilómetros de perímetro, num autocarro velho e alquebrado. Saímos primeiro na praia de Tuoro, com palmeiras e coqueiros quase a beijar as águas, e com imensa pedra. A inevitável barreira de recifes sustinha, à distância, muita da força do mar, formando lagunas primorosas para se nadar. Tempo de chuva, na praia há apenas uns tantos turistas transviados. Estava dentro de água quando o céu se cobriu de negro e caiu um enorme aguaceiro, as nuvens descarregaram a sua carga e seguiram para sul. Água sobre água, logo depois vieram outra vez nesgas de céu azul.
Mais praias, não longe, do outro lado da ilha. Muri Beach, uma fatia de Bolo do Paraíso caída do céu. No segundo dia, a jornada inteira passada neste perfeito pedaço de areia e mar, com uma ilhota ao fundo coberta de vegetação verde esmeralda contrastando, ao de leve, com o azul do mar. Cheguei de manhã muito cedo, com a maré vazia, a água branca, límpida, filtrada pelos deuses. Não havia ninguém na praia, tudo vazio e a sensação de que a vastidão mágica de Muri Beach me pertencia.
Mergulhar nas águas do Oceano Pacífico, Paz, silêncio, harmonia absoluta. Em Rarotonga, água, luz para depurar a alma.
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Nota do editor:
Último poste da série > 30 de julho de 2022 > Guiné 61/74 - P23472: Depois de Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74: No Espelho do Mundo (António Graça de Abreu) - Parte XXXVII: China: Visita à Falésia Vermelha, no outono de 1081, a 16 do sétimo mês, por Su Dongbo (1037-1101) (tradução de António Graça de Abreu)
1 comentário:
A Nova Zelândia tem uma famosa equipa de rugby conhecida como os "All Blacks" (todos de preto) por ser essa a cor do seu equipamento.
Mas os "All Blacks" nem sempre assim se chamaram.
As equipas de rugby têm duas principais posições em campo: os avançados e os defesas, ou as linhas avançadas e as linhas atrasadas. Normalmente as linhas atrasadas, os defesas, são os mais rápidos e quem leva a bola (o "melão") até à linha de baliza (toda a linha final no futebol) do adversário para marcar ensaio (pontos).
A equipa da Nova Zelândia quando visitou a Inglaterra, no princípio do século passado, ficou célebre por os avançados jogarem como os defesas. Eles são todos defesas, comentava-se sobre a sua forma de jogar.
No futebol aos defesas chamam-se "backs", e de imediato os neozelandeses passaram a os "All Backs" (todos defesas). Com o andar dos tempos e com a alteração da sua maneira de jogar e como equipavam de preto passaram a ser conhecidos até hoje como os "All Blacks" (todos de preto).
Eu, com um 1,68m de altura e 63kg, joguei rugby durante três anos (18 aos 20) e jogava com a camisola 15 (arrière) por correr muito e jogar bem com os pés, e estar sempre "longe" dos avançados com 90kg e mais pesados.
No rugby, que parece que andam todos à bulha, tem de se avisar para onde se vai jogar a bola e é expulso se rasteirar o adversário.
Na equipa da Nova Zelândia jogou o maior jogador até agora visto: Jonah Lomu (1975-2015).
Jonah Lumo, natural das ilhas de Tonga foi um atleta impressionante. Jogava nas linhas atrasadas, transportava a bola com 1,96m de altura, 120kg de peso e atingia a velocidade de 10,8 segundos aos 100metros. Morreu de ataque cardíaco aos 40 anos.
(nem quero imaginar eu levar um handoff do Lomu em movimento)
Saúde da boa
Valdemar Queiroz
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