quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Guiné 61/74 - P22792: O meu sapatinho de Natal (7): O LP, em vinill, editado e distribuído pelo Movimento Nacional Feminino, "Natal 73 - Operação Presença", com arranjos e orquestração do maestro Joaquim Luís Gomes (1914-2009) e dedicatórias de artistas famosos na época, da área do fado (Amália...), do teatro (Raul Solnado...), da tauromaquia (Diamantino Vizeu...) e do futebol (Eusébio...)





Disco (LP em vinil) "Natal73 - Operação Presença", editado pelo Movimento Nacional Feminino. Oferta aos soldados portugueses mobilizados no Ultramar. 



No verso, podiam ler-se  as dedicatórias de vários artistas conhecidos na época, do fado (Amália...), do teatro (Raul Solnado...), da tauromaquia (Diamantino Vizeu...) e do futebol (Eusébio..). Era frases mais ou menos estereotipadas, sem segundas leituras nas entrelinhas... Para quem não tinha chaminé nem sapatinho  nem Natal, nem muito menos gira-discos, podiam soar a falso.  

Aqui vão reproduzidas, com a identificação dos seus autores.


1. Que o Menino Jesus vos ponha no sapatinho uma menina muito bonita. Amália.

2. Com as saudações de simpatia do Jorge Alves

3. Um abração do amigo que nunca vos esquece. Camilo Oliveira

4. Do coração um beijinho muito sincero da amiguinha.  Hermínia Silva

5. Com um abraço e até o mais breve possível.  Raúl Solnado
 
6.  Para os soldados portugueses com abraço e afecto do amigo Ricardo Chibanga

7. Com um abraço de muita aficción do Diamantino Vizeu.

8.  Também quero jogar nesta equipa da amizade do Movimento Nacional Feminino. Por isso chuto daqui um grande abraço para a malta toda. Eusébio.





9. Com admiração e respeito por todos vós. Um regresso muito breve. Fernanda Maria

10. Por maiores que sejam os oceanos que nos separam, nada consegue vencer o amor que me liga a todos vós, meus irmãos. Florbela Queiroz


Natal 73 - Operação Presença


Lista das faixas / arranjos e orquestração do Joaquim Luís Gomes (Santarém, 1914- Lisboa, 2009) , arranjador, compositor e diretor de orquestra:

A1 Lisboa (Abertura)
A2 Trás-os-Montes
A3 Moçambique
A4 Ribatejo
A5 Madeira
A6 Beiras
A7 Timor
A8 Açores
B1 Alentejo
B2 São Tomé e Príncipe
B3 Minho
B4 Cabo verde
B5 Coimbra
B6 Macau
B7 Porto
B8 Guiné
B9 Algarve
B10 Angola
B11 MNF (Fecho)

Foto (e legenda): © Álvaro Basto (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


I. Há quem guarde estas "velharias"... E ainda bem. Foi o caso do nosso camarada Álvaro Basto (ex-Fur Mil Enf, CART 3492/BART 3873, Xitole, 1971/74), dirigente da Tabanca Pequena, ONGD, membro da Tabanca de Matosinhos, integrando aTabanca Grande desde 26 de junho de 2007...

Foi o nosso coeditor Carlos Vinhal quem, em conversa com o Álvaro Basto, se apercebeu da importância que podia ter, para os nossos leitores, este "recuerdo" do Movimento Nacional Feminino...E escreveu o seguinte:

(...) "Achei que tal objecto  [, ou pelo menos a capa, frente e verso, do disco,] seria interessante mostrar aos visitantes da nossa Página, porque significava muito do que na época se fazia para levantar (?) o moral das nossas tropas. Quem não se lembra das coisas mais desinteressantes, disparatadas e pouco úteis que nos ofereciam então ?! Desde medalhinhas de santos, em alumínio, maços de tabaco (de marcas que nós apelidavamos de mata-ratos), isqueiros (tipo petromax) e quejandos. 

"Confesso que não considero assim o caso vertente, pois ainda se pode reproduzir este vinil nos velhos gira-discos. Além disso, contém, no verso da capa, dedicatórias de figuras públicas da época, algumas das quais já falecidas, o que lhe confere um estatuto de raridade." (...) (*=

E decidiu bem, o nosso coeditor, com a pronta colaboração do Álvaro Basto que nos repoduziu a capa do disco, hoje seguramente um raridade...

A biógrafa de Cecília Supico Pinto refere-se, apenas ao correr da pena, a esta iniciativa que sucedeu a uma outra anterior, mais controversa e menos bem sucedida (,. o lançamento do disco Natal 71, a que chama "o disco da discórdia) (Sofia Espirito Santo . Cecília Supico Pinto. Lisboa, A Esfera do Livro, 2008, pág. 141). Dedicaremos um outro poste a esta história...

Para já, gostávamos de saber se estas "prendas de Natal" da Cilinha chegavam ao mato (, da região do Cacheu à região de Tombali, da região de Quínara à região do Gabu...) e como é que a mala reagia... Havia os que ficavam ofendidos,  outros agradecidos, e se calhar a maior parte indiferentes....

Estamos, em todo o caso,  a falar do último Natal que as nossas tropas passaram no TO da Guiné, a escassos meses do 25 de Abril de 1974 (**).

Lembro-me bem, por que era fã,  de um programa de rádio, muito anterior ao 25 de Abril que dava pelo título "Os Intocáveis"... E nunca mais esqueci a frase, deliciosa: "Este disco é intocável, mas felizmente não inquebrável"... 

Sobre "Os Intocáveis" descobri mais informação, na Net, que partilho com os nossos leitores:

(...) "Paulo Fernando e Orlando Dias Agudo foram os responsáveis da rubrica "Os Intocáveis" em Rádio Clube Português: “apesar de feita em tom ligeiro, ainda que sério, tem suscitado todo um mundo de controvérsia”, lia-se na legenda que anunciava o programa (Nova Antena, 14 de fevereiro de 1969).

Logo depois, Orlando Dias Agudo explicaria a razão da rubrica, surgida ainda em 1967: “apontar aquilo que de mau ia surgindo no panorama musical português” (Nova Antena, 14 de março de 1969). O alvo era somente a música portuguesa e em especial as letras das canções. Com apenas dez minutos de emissão semanal, o programa constituiu um grande êxito.

"O grande impacto do pequeno programa era o som de um disco a partir-se. Os autores tinham gravado o ruído de um disco a quebrar-se no chão e acompanhavam a sua crítica de intocável com essa passagem sonora “catrapum, zás, catrapaz”, a conceder mais realismo. À facilidade de gravar um disco – como escrevia o jornalista: “hoje, qualquer bicho careta pode gravar um disco” – os autores da rubrica propunham qualidade.

"Claro que a iniciativa causaria aborrecimentos aos autores, mas, ao mesmo tempo, teria havido editoras que pediam para eles tocarem os discos por si editados. As frases-chave do programa eram “falem de mim nem que seja a dizer bem” e “este disco é intocável mas felizmente não inquebrável, por isso vamos parti-lo”. São duas frases tão criativas como é a rádio. "(...)


Não creio que este programa, "Os Intocáveis", tenha chegado ao Natal de 1973... De qualquer modo, pode perguntar-se  o disco do MNF "Natal de 73 - Operação Presença" era também "intocável"...

Eu, pessoalmente, não seu responder porque nunca o ouvi (nem nunca o vi, em 1973 já estava na "peluda"). Além disso, o arranjador e orquestrador, o maestro Joaquim Luís Gomes, era homem com méritos profissionais, e que a Sociedade Portuguesa de Autores homenageou, por duas vezes, considerando-o "uma das figuras mais marcantes" da nossa música no séc. XX. 

Em 2004, cinco anos antes de morrer, o maestro foi agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Mérito pelo Presidente da República Jorge Sampaio)... Mas o disco "Natal de 73 - Operação Presença" não deixava de ser "propagandístico": pelos temas das duas faixas, A e B, via-se que era uma compilação da música folclórica do "Portugal Metropolitano e Ultramarino", que ia do Minho a Timor...

Enfim, seria injusto parti-lo, ao disco, sem o ouvir... O Álvaro Basto, que é um homem de bom gosto, guardou-o. Deve tê-lo ouvido, não no Xitole (onde não devia haver gira-discos) mas quando voltou a casa, em Leça do Balio, Matosinhos... Será que alguém mais tem o disco e acha que é tocável ?

É, em todo o caso, um documento relevante para a nossa história, a grande e a pequena... Para mais, não somos um blogue de "icnoclastas"... Pelo contrário, damos valor o tudo que "fala" de (ou "diz respeito" a) este período das nossas vidas... Parabéns ao Álvaro Basto por o ter guardado, podendo um dia oferecer a um museu que se ocupe das nossas "velharias"... E, com a sua licença, vai este ano para o nosso sapatinho de Natal... À falta de melhor... (**)

_________

12 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Pode-se perguntar porque é que alguns artistas (Amália, Hermínia Silva, Raul Solnado...) fizeram o "frete" ao MNF (, o mesmo é dizer,à Cecília Supinco Pinto), quando já se adivinhava que o regime tinha os dias contados e a "guerra de África" tinha que ter um solução política...(Em 25 de setembro,o PAIGC fazia uma jogada de mestre, com impacto diplomático: proclamou a independência únilateral da Guiné-Bissau...).

O Raul Solnado é, apesar de tudo, o mais "soft" e com uma mensagem subliminar,e assinando com uma "carantona": "Com um abraço e até o mais breve possível. Raúl Solnado"...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Recordam-se do Ricardo Chibanga ? Nasceu em Lourenço Marques, em 8 de novembro de 1942), tendo morrido ainda recentemente (, na Golegã, em 16 de abril de 2019), com 76 anos de idade.

Diz a Wikipédia que foi "o primeiro toureiro africano e negro" e que "na década de 1960 foi um dos mais famosos no mundo, principalmente em Portugal e Espanha"...

Sem ser fã da tauromaquia (,nunca vi uma tourada ao vivo), vi-o atuar algumas vezes na televisão...

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ricardo_Chibanga

António J. P. Costa disse...

"Ah rapazes!
Gostava de ser bruxa (salvo seja) para ver o que alguns de vocês pensaram quando receberam um disco. Mas para que quero eu um disco se eu até nem tenho "picup"? Então vocês queriam outra vez uma gravata ou uma máquina de barbear? Então vocês não sabem que as mulheres quando pensam em prendas para os homens ou sei máquina para rapar os queixos ou gravata às pintinhas".
Era assim que começava...
Creio que o que levou tantos artistas a fazer o tal "frete" tem que ver com o desconhecimento do que efectivamente se passava, com a necessidade de "animar a malta" e com a ideia de que aquilo seria uma coisa inócua.
Mas também houve a oferta dos livros que também não se pode considerar uma boa ideia das autoridades oficiais... Porventura pior do que a do disco.

Um Ab.
António J. P. Costa

Antº Rosinha disse...

Temos que lembrar que todos os artistas ou clubes de futebol que mais brilhassem em Portugal, frequentemente eram "politicamente"visitas em Angola e Moçambique com grandes enchentes de civis e militares.

Em pleno verão de 1974 ainda por exemplo um grande artista daquele tempo, Tony de Matos, se encontrava em Angola em digressão, claro que jé com casas vazias, mas contrato era contrato cantava só para a primeira fila, o resto vazio.

Mas mesmo grandes artistas internacionais, Aznavour, Gilbert Becaud por exemplo no seu auge, em Angola em Luanda, Nova Lisboa, Malange.

Sem falar em artistas brasileiros todos no auge, um caso curioso do anão/grande Nelson Ned, admiradíssimo tanto por africanos como por europeus nos anos 70, visita Angola já Luanda aos tiros pós 25 de Abril e encheu à cunha pelo menos um cinema num fim de semana.

Era tudo política e dinheiro evidentemente.

Mas tanto Angola como Moçambique atraiam muita gente boa.

Fernando Ribeiro disse...

Um disco do MNF no Natal de 1973?! Para mim é uma completa novidade, e no entanto passei o Natal de 1973 num destacamento a 300 metros da fronteira norte de Angola. Aliás, tive então a pior consoada de toda a minha vida, passada na companhia de dois execráveis agentes da PIDE/DGS, que me estragaram o Natal.

O Movimento Nacional Feminino nunca deu nada à minha companhia em dois anos e três meses de comissão, a não ser os aerogramas. De resto, nada. Nem no Natal, nem noutra altura do ano qualquer. No Natal de 1973, só recebemos uma esferográfica, que nos foi oferecida pela Cruz Vermelha Portuguesa. Ao menos, a esferográfica serviu para escrever os aerogramas, enquanto que o disco nem para isso servia...

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

Também eu ouvi "Os Intocáveis" e devo dizer que felizmente não eram inquebráveis. Alguns, eram mesmo uma desgraça, especialmente no que às letras diz respeito. As músicas, às vezes, escapavam. Lembro-me de uma que rezava: "Se tu vais a S. Francisco, leva felores no teu cabelo". O locutor dizia: - "É preciso ter descoco para chamar S. Francisco àquilo! Quanto muito S. Chico".
A "Operação Presença" foi uma ideia estúpida e, por isso falhada. Contudo, o disco não foi considerado intocável, por razões óbvias e talvez o não fosse. Qualidade tinha muito pouca. Lembro-me dum episódio do "Patilhas e Ventoínha" dos Parodiantes de Lisboa que, escrito ad hoc e que além de frete não tinha piada nenhuma. Aliás a referência que a "Biógrafa" faz à edição do disco diz tudo. Por mim penso que alguns textos lidos - como é o caso do do Eusébio - devem ter sido escritos por alguém que teve um certo gozo ou vantagem em escrever "aquilo". O da Florbela Queiroz era acompanhado de um música (intocável) que nunca mais ouvi e que se chamava "O Franjinhas". Era um Mini-Moke que ela tinha comprado ao chegar a Lisboa, vinda de uma tournée a Angola. Imagine-se que tinha implantado uma franja na viatura (coitada... da viatura). O MNF sabia quais eram os artistas e figuras públicas (Sá Viana Rebelo(?)) que deveria abordar para a tarefa. Para não alinhar era necessário ter coragem e esta atitude pagava-se cara especialmente nos meios artísticos, contratos tounées espectáculos etc..
Como já disse a dos livros - 8 a cada um e distribuídos a esmo - também não foi grande ideia, mas pelos lados do poder era difícil ter imaginação e, principalmente, o dinheiro era coisa que não abundava. Daí a "saída" dos monos (Livros RTP) para desatravancar o depósito. Além disso, o MNF era já uma inutilidade e o "poder" já não sabia (se alguma vez soube) o que fazer com ele e não estava disposto a "gastar cera com ruins defuntos", digo eu...

Um Ab.
António J. P. Costa

Anónimo disse...

Sílvia Espírito-Santo (by email)

10 dez 2021 09:57

Bom dia Luis,
Muito obrigada pelos votos que retribuo do coração.

Agradeço também , e muito, o post que ainda não tive tempo para ver com calma( não estou em casa). Vi, no entanto, que a edição dos discos continua a não ser consensual, mas talvez eu possa, através de um documento a que acedi recentemente, avançar com a explicação da própria Cilinha.

Por isso, até lá…. que ão prometo ser este ano porque ando às voltas com a Maria Archer, uma escritora de literatura colonial.

Não sou particularmente fã desta quadra porque já ficam muitos lugares vazios na mesa e tenho, literalmente, metade dos meus em Israel!

Abraço amigo e um ano cheio de boas notícias.

Sílvia

Enviado do meu iPhone

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Tó Zé, também digo, "coitado do Eusébio", teve a desgraça de ser "nacionalizado" e, em vez de ficar debaixo do embondeiro lá da terra dele, mandaram os seus restos mortais para o Panteão Nacional!... Deve lá estar um frio do caraças!... Luís

Valdemar Silva disse...

Aquela do '.... com muita aficción..', do Diamantino Vizeu, é caricata.
Bem ele podia ter escrito 'com muito afecto' por ser em português e não havia necessidade de dar um toque à espanhola das touradas.
Nem sei como ele alinhou, em 1973, naquele disco, ele que até escrevia poesia.
Conheci pessoalmente o Diamantino Vizeu, foi meu vizinho nos finais o anos 1950s quando regressou duma longa temporada no México. Ainda brinquei, já trabalhava mas ainda brincava, com as suas filhas Prieta e Chiquita no Jardim Constantino, em Arroios-Lisboa. Uma vez, teria eu 14 anos, levou a rapaziada, que estava a brincar no Jardim, numa station com carroceria de madeira, para um pinhal que havia para os lados do Aeroporto. Jogamos todos à bola e fizemos umas corridas para ele manter a forma física.

(isto não tem nada a ver com o disco, foi só para variar.)

Abraço e saúde
Valdemar Queiroz

Antº Rosinha disse...

Valdemar, quem diria que Diamantino Viseu acabaria por ir investir em gado vacuum para os lados de Moçâmedes em Angola uns anos antes do fim, e deve ter acabado como eu por ser mais ou menos mais um retornado.

Penso que não ia teimar em permanecer naquele paraíso ao transformar-se num inferno por 30 anos.



António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas
Diamantino Viseu foi um dos dois maiores "espadas" do seu tempo. O outro era o "Manel" dos Santos. É curioso como os amantes da tauromaquia deixam cair estes e outros nomes. Dá-me a impressão de que "aquilo" da aficion que os leva a ir às touradas não é algo de muito forte. Quantos saberão hoje quem foram estes dois?
Dizes que Diamantino Viseu escrevia poesia. Não sabia, mas vi o filme português "Sangue Toureiro" em que ele contracenava com a Amália Rodrigues. O argumento do filme é mau, mas eu sugiro que o vejam para puderem ver a diferença entre um "canastrão" que só sabe cantar e mesmo assim... e um actor, porventura amador, mas seguro no seu papel e, por isso, aguentando o filme com certo brilho.

Um Ab.
António J. P. Costa
PS: Isto não tem nada a ver com a "Operação Presença", mas as conversas (dos velhos) são como as cerejas.

Valdemar Silva disse...

Realmente as conversas são como as cerejas, .... e para mim é uma forma de falar, ou melhor dizendo meter conversa, noutros temas sem o ser a propósito. É aquela situação de 'ainda bem que falas nisso, sabias que...'
Rosinha, eu sabia que o Diamantino Viseu tinha ida para Angola para "criador de gado" julgo por se ter dado mal por cá com uma "criação de frangos" (Aviário do Freixial?). Não me recordo bem e o negócio foi para o Amadeu dos Anjos. Sei disto por coincidência me dar bem com o filho e a filha do grande consumidor desses frangos, os galegos Castiñeiro Pineiro do "Bonjardim dos Frangos", por sermos da mesma idade e eu trabalhar nos Restauradores ao lado do restaurante na Trav. de Santo Antão - Lisboa.
Pereira da Costa, o Diamantino escrevia poemas e publicou uns (?) livros, e sendo lisboeta não tinha razões de ele ser toureiro, ele dizia ser "matador de toiros de lide". Ele foi toureiro por ir assistir ao treino de bandarilheiro seu amigo, no Campo Pequeno, e assim entrou naquela profissão durante muitos anos, sendo o primeiro matador de toiros de lide em Portugal.
Quando fez uma temporada no Campo Pequeno, lembro-me de ele convidar rapaziada mais velha que eu para o acompanhar nos treinos no Campo Pequeno, mas parece que também entravam na "quadrilha" para o levar em ombros em tarde de glória.
Por incrível que pareça, e magricelas que era a desviar-se dos cornos do toiro, veio a morrer atropelado numa passagem de piões numa avenida próximo do Campo Pequeno.
Usei durante algum tempo para ir cinema, uma gravata de seda carmesim que ele me ofereceu, depois deixei de usar para não dar barraca por ser muito berrante.

... já chega de cerejas, e de touradas que nem seu grande apreciador e nem vem a propósito.

Abraço e saúde
Valdemar Queiroz