quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Guiné 61/74 - P7411: PAIGC - Quem foi quem (11): Amélia Araújo, conhecida coloquialmente, entre a tropa portuguesa, como a Maria Turra, locutora da Rádio Libertação (Nelson Herbert)

1. Comentário de Nelson Herbert ao poste P7393 (*)

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(...) "Estiveram presentes nessa cerimónia os militares da CCS do Batalhão 4612/74 comandada pelo Major Ramos de Campos, o Cmdt do mesmo batalhão, Cor  António C. Varino, um bi-grupo de combate do PAIGC,  um grupo de pioneiros do mesmo partido, Amélia Araújo (Maria Turra), Ana Maria Cabral (viúva de Amílcar Cabral) (...), vários comandantes dos sectores norte, centro e sul do PAIGC  e suas mulheres, o comissário político do PAIGC,  Manuel Ndinga,  e em representação do CEME do CTIG o Ten Cor Fonseca Cabrinha.  (....)" [Eduardo Magalhães Ribeiro] (**)
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Maria Turra... era a Amélia Araújo, angolana de origem, casada com o militante e dirigente politico do PAIGC, José Araújo, que até ao 14 de Novembro de 1980 foi um dos altos responsáveis do PAIGC na Guiné.

Com a ruptura do projecto Unidade..., a família Araújo parte para Cabo Verde, onde José Araújo assume as pastas de ministro da educação e mais tarde da justiça... José Araújo faleceu há uns anos em Cabo Verde...

A Amélia Araújo continua ainda hoje a residir em Cabo Verde (...).

Para um trabalho de pesquisa,versando a Rádio Libertação, tenho inclusive agendado,  para breve,uma entrevista a propósito com a Amélia Araújo... (**)

Nelson Herbert
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Notas de L.G.:

(*)  Vds. poste de 6 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7393: Efemérides (55): Cerimónia da transição da soberania nacional na Guiné (2) (Magalhães Ribeiro)

(**) Vd. poste de 6 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7388: Efemérides (54): Cerimónia da transição da soberania nacional na Guiné (1) (Magalhães Ribeiro)

(***)  Ainda sobre a Maria Turra, Maria Turra, a locutura da Rádio Libertação, do PAIGC... Seguramente a locutora mais popular... entre os militares portugueses... vd. postes de

7 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2510: Estórias do Juvenal Amado (2): O boato: nós, o Sardeira e a Maria Turra (J. Amado, CCS/BCAÇ 3873, Galomaro, 1972/74)

 11 de Janeiro de 2008> Guiné 63/74 - P2430: História de vida (9): Um dia negro, na estrada Galomaro - Saltinho (Juvenal Amado, CCS/BCAÇ 3872)

1 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2235: Maria Turra, a locutora do PAIGC, que faz(ia) parte do vosso imaginário, era(é) a Amélia Araújo (Diana Andringa)

(...) 1. Mensagem da Diana Andringa, respondendo a dúvida nossa sobre a identidade da famosa Maria Turra que faz(ia) parte do imaginário dos soldados portugueses que estiveram no TO da Guiné... Para uns era a mulher e depois viúva do Amílcar Cabral; para mim, seria uma angolana que aparece no filme As Duas Faces da Guerra... Afinal, era (é) tão somente a Amélia Araújo, diz a Diana... (LG)

Ui, que confusão!

Maria Turra era (é, porque está viva, em Cabo Verde) Amélia Araújo, natural de Angola, casada com o cabo-verdiano José Araújo, esse já falecido. No filme ouvimos a voz dela, em nova, a anunciar a emissão da Rádio Libertação e filmámo-la este ano, a ler, em estúdio, uma mensagem de Amílcar Cabral aos soldados portugueses.

A mulher do dr. Manuel Boal - outro natural de Angola - era Maria da Luz (Lilica) Boal, nascida em Tarrafal de Santiago. Essa sim, dirigiu a Escola Piloto em Conacri, trabalhou nos manuais escolares, etc. Filmámo-la em casa, em Cabo Verde, tal como o marido.

Tanto os Araújo como os Boal estavam em Portugal em 1961 e fizeram parte do grupo que, nesse ano, fugiu de Portugal, com o apoio de oganizações protestantes, do qual muitos se foram juntar aos movimentos de libertação dos respectivos países. O dr. Boal começou por se juntar em Leopoldville ao MPLA para, mais tarde, quando este foi forçado a saír da cidade, ir ter com a mulher a Dakar e colaborar com o PAIGC.

Quanto ao dr. Mário Pádua - que desertou do Exército colonial em Angola e veio a ser médico do PAIGC, no Hospital de Ziguinchor, onde tratou o soldado Fragata - não sei se era casado na altura. (...) Saudações, Diana (...)


27 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2223: A nossa Tabanca Grande e as Duas Faces da Guerra (12): A minha luta diária com a Maria Turra, no HM241 (Carlos Américo Cardoso)

(****) Último poste da série PAIGC - Quem foi Quem3 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6102: PAIGC - Quem foi quem (10): Abdú Indjai, pai da Cadi, guerrilheiro desde 1963, perdeu uma perna lá para os lados de Quebo, Saltinho e Contabane (Pepito / Luís Graça)

10 comentários:

Torcato Mendonca disse...

Era propaganda mas ela desbaratou os militares "do campo fortificado de Mansambo" e noutros lados.
Tenho leve recordação da senhora e penso que o seu trabalho era meritório para a sua causa.
Soubemos o destino Monteiro, soldado nosso apanhado á mão, porque ele falou e deve ter sido calado á estalada, através dessa rádio. A "Mar Verde" trouxe-o.
Obrigado pelas informações Nelson Herbert

Torcato Mendonca disse...

Nelson Herbert

Não consegui acabar o comentário. Melhor não falei na foto: o miúdo na escola.
O telefone...

Uma das preocupações do PAIGC, nem todos os dirigentes certamente,era a educação.
Digo isto pelas informações que nos iam chegando e pelas escolas que encontramos no mato.Os livros mostravam um "país, uma pátria e um povo" pouco consentâneo com a realidade. Era natural que assim fosse.Nós, a minha companhia, teve a preocupação de ensinar os miúdos, á nossa maneira e não sendo professores, procurando respeitar a cultura fula (a maioria da população das tabancas em auto defesa era dessa etnia)e ensinando regras de higiene e outros comportamentos, além do português.
Vi há dias um documentário sobre a Guiné, linda como sempre,mas as pessoas não falam português. Em séculos,antes da independência também não aprenderam.Só uma minoria. Além disso estão inseridos numa zona francófona.Difícil resistir e...
Ia por aqui fora.Termino dizendo que não é correcto comparar a Guiné a Cabo Verde, no aspecto cultural e não só.Você melhor do que eu sabe isso.
Lastimo certos acontecimentos também.
Assuntos longos...!

AB do T

Anónimo disse...

Afinal fiquei a saber, pela mensagem de Diana Andringa, que a deserção do Dr. Mário Pádua foi do "exército colonial".
Henrique Matos

Carlos Vinhal disse...

Caro Henrique
Não sabes que o "exército colonial" não pertencia ao EXÉRCITO REGULAR DE PORTUGAL, que era clandestino e composto por mercenários?
Daí estarmos como estamos, quase proscritos, nódoas da sociedade, ex-assassinos a soldo de quem pagou melhor.
Não era o caso, por exemplo dos cubanos, que combatiam na Guiné em defesa da sua Pátria.
Mais não digo
Carlos

Joaquim Mexia Alves disse...

Caro Carlos

Nem mais!!!

Quem escreve assim não é "maneta"!!!

"Exército colonial" uma porra!

Forças Armadas Portuguesas!

Quer queiram quer não!

Um abraço camarigo para todos

Anónimo disse...

Agora percebo porque podemos ser e ou estar Ignorantes, Ressabiados ou Apalhaçados, é por causa do Exército Colonial...
BSardinha

Anónimo disse...

A actuação da D.Amélia Araújo,faz-
me lembrar uma outra senhora trinta
anos antes.De origem japonesa,era
conhecida na guerra do Pacífico,co_
mo:"Rosa de Tóquio"e casada com
um português.As suas funções eram as mesmas,a propanganda e o desgas_
te psicológico,dos "tugas"por par_
te da D.Amélia,dos E.U. e aliados,
pela "Rosa".
Alberto Guerreiro.

Anónimo disse...

Eu fui morto várias vezes de morte matada na boca dessa senhora.Claro que era mera acção psicológica mas a maioria das vezes era tão surrealista que tinha o efeito contrário.Era um excelente programa de humor pelo menos para mim.
o "gadamaelista" artilheiro
c.martins

Anónimo disse...

Meus caros amigos,
Na minha companhia vomitamos o sapo que andava atravessado na garganta quando, protegidos pelas chaimites, morremos todos na estrada da Mata dos Madeiros.
Todos não,....eu fiquei para contar! Nem sei o quê, não vi os teus camardas. Ah grande Maria...
José Câmara

Carlos Vinhal disse...

Caro José da Câmara
A Maria não tinha a preocupação de dizer a verdade, apenas transmitia o que lhe diziam.
Nos nossos relatórios, raras eram as operações em que não matávamos um ou dois.
Fazia parte da APsico
Ab
Vinhal