sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Guiné 63/74 - P16790: Inquérito 'on line' (90): A "batota" que fazíamos (ou não....) quando em operações, no mato: a votação termina no domingo, dia 4, às 18h42... Só tínhamos, até hoje de manhã, 37 respostas, o que é pouco, o habitual é 100... Por lapso, não se incluiu a hipótese de resposta 19: "Não, não se fazia batota"...



Guiné > Região de Tombali > Ilha do Como > Op Tridente (14 de janeiro a 24 de março de 1964) > LDG, desembarcando tropas

Foto: © Mário Dias (2005), Todo os direitos reservados




I. INQUÉRITO 'ON LINE': 



"A BATOTA QUE FAZÍAMOS NA GUERRA"... 
ASSINALAR UMA OU MAIS FORMAS



Resultados preliminares (n=37 respostas, até hoje de manhã)


As formas mais frequentes de 'batota'...


2. Emboscar-se perto do quartel > 15 (40%)

17. Começar a “cortar-se", com o fim da comissão à vista > 15 (40%)

1.“Acampar” na orla da mata, ainda longe do objetivo > 9 (32%)

10. Falsas justificações para perda de material > 9 (24%)

3. “Andar às voltas” para fazer tempo > 9 (24%)

16. Falsificar o relatório da ação > 8 (21%)

4. Evitar o contacto com o IN (não abrindo fogo) > 7 (18%)

14. Simular problemas de saúde > 7 (18%)

18. Outras formas > 7 (17%) 

11. Reportar “enganos” do guia nos trilhos > 6 (16%)


As formas menos frequentes de 'batota'...


6. Alegar dificuldades de ligação com o PCV > 5 (13%)

9. Sobrevalorizar o nº de baixas causadas ao IN > 5 (13%)

15. Regresso antecipado ao quartel p/ alegados problemas de saúde> 5 (13%)

7. Enganar o PCV sobre a posição das NT > 4 (10%)

8. Outros problemas de transmissões > 3 (8%)

5. Provocar o silêncio-rádio > 2 (5%)


As formas de 'batota' ainda não referidas...


12. Deixar fugir o guia-prisioneiro > 0 (0%)

13. Liquidar o guia-prisioneiro > 0 (0%)



II  Comentário do editor (*):


Repare.se que falamos de "batota" grupal ou coletiva, ou seja a nível de seção, pelotão ou companhia. Não falamos de "batota" individual, "fazer ronha", "desenfiar-se", etc,,, Falamos de batota operacional, não falamos da batota que os nossos generais e políticos faziam... Falamos da "pequena" batota... E muito menos ainda de "resistência" (política) à guerra... São coisas diferentes...

É evidente que ninguém tem que "enfiar a carapuça", tanto os superiores como os subordinados,,. É um assunto para se falar entre camaradas, incluindo os nossos copmandantes operacionais.

Nem é desonra nenhuma admitir-se. como mera hipótese teórica, "a batota que se fazia no mato"...

Os camaradas, que foram operacionais, sabem do que se trata... A generalidade admite  que sim, que havia várias formas possíveis de "gerir o esforço de guerra", podendo isso implicar  não cumprir, no todo ou em parte, as missões que nos eram confiadas... 

 Claro que o questionário não se aplica a nenhuma companhia  nem a ninguém, em particular. Não é isso que está em causa. Como diz o José Martins, fizeram-se dezenas, centenas de milhares de operações, em todo o período da guerra que vai de 1961 até 1974... 

Era bom ouvir (e saber ouvir)  testemunhos tanto dos velhinhos de 63/64 , como  também dos periquitos de 73/74 que fecharam a guerra

Passámos estes anos todos, "podemos abrir o livro", e falar "olhos nos olhos" uns com os outros, e escrever as nossas histórias, sobretudo as que ficaram por contar... Se calhar, ainda há muita história por contar... É isso que justifica a existência (e a longevidade) do nosso blogue (que é único no seu género).

Esste tema da "batota no mato" não é de fácil abordagem,,, Partimos do pressuposto que havia batota, que nós (ou os nossos "vizinhos do lado"... ) fazíamos algum tipo de batota...sem com isso comprometer deliberadamente a nossa segurança e a dos nossos camaradas.  

Até à data, e a dois dias de se encerrar a viotação (, no domingo, dia 4, às 18h42), este inquérito não teve grande adesão... Estamos longe das habituais 100 respostas... É preciso saber porquê... Há camaradas que disseram que este questionário não se aplicava à sua companhia... E, portanto, que a resposta só podia ser NÃO...

No questionário devia estar prevista essa hipótese: 19. Não, não se fazia batota no mato

As sondagens de opinião são frequentemente acusadas de utilizarem a técnica dos pressuspostos implícitos, de modo a manipular, voluntária ou involuntariamente, as respostas. Não foi essa a nossa intenção... Esquecemo-nos mesmo da hipótese 19. Não, não se fazia batota no mato...

Este procedimento do "pressuposto implícito" é utilizado conscientemente noutros contextos,. como por exemplo, o da entrevista piscoterapêutica, para fazer admitir, à pessoa que procura ajuda, aspectos delicados, do foro íntimo, que dificilmente ela  confessarioa. Por exemplo, o psiquiatra,  ao longo de uma anamnese,  não costuma pôr a questão ‘vocês masturbou-se?", antes pergunta directamente 'com que idade começou a masturbar-se?’. Há aqui um pressuposto implícito o de que a masturbação é um comportamento humano normal e universal, nomeadamenmte na adolescência e juventude.

Aqui também há um pressuposto implícito. Na guerra, há sempre algum tipo de batota ou forma de fazer batota.  Quantoaio resto, todos fonos heróis, ou como a gente diz aqui na Tabanca Grande, "mais do que homens, menos que deuses"...Bom fim de semana. E não se esqueçam, os retardatários, de responder ao inquérito "on line", diretamente no blogue, ao canto superior esquerdo,

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Nota do editor


(*) Último poste da série > 2 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16789: Inquérito 'on line' (89): Batota havia, ponto assente: Dancei conforme a música e, quando fui maestro, assumi... Dou três exemplos: a CCAÇ 12, no tempo do cap mil inf José Antóno de Campos Simão; o CIM de Bolama; e a CCAV 3404, em Cabuca (João Candeias, ex-fru mil, CCav 3404, CINM e CCAÇ 12, 1971/73)


Vd. postes anteriores:

1 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16783: Inquérito 'on line' (88): A malta fazia alguma batota a nível de pelotão, sobretudo no que dizia respeito aos locais de emboscada... [Mário Pinto, ex-fur mil at art, CART 2519 (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá, 1969/71); e José Manuel Cancela (ex-sold apont metralhadora, CCAÇ 2382, (Bula, Buba, Aldeia Formosa, Nhala, Contabane, Mampatá e Chamarra, 1968/70)]

30 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16780: Inquérito 'on line' (87): A "batota" que fazíamos quando em operações, no mato: a votação termina no domingo, dia 4, às 18h42... E já temos 28 respostas: "emboscar-se perto do quartel" (50%) é a forma mais referida, seguida de "começar a 'cortar-se', com o fim da comissão à vista" (46%)...Comentários: José Martins, César Dias, Rogério Cardoso


29 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16775: Inquérito 'on line' (86): A "batota" que fazíamos quando em operações, no mato: depois do 25 de abril de 1974, continuávamos a fazer patrulhamentos ofensivos, encontrávamos gente do PAIGC que vinha "visitar família no Bissorã", "partíamos mantenhas" e depois lá seguíamos à procura... do "turra"!... Além de cansados, sentíamo-nos "ridicularizados"... (Henrique Cerqueira, ex-fur mil, 3.ª CCAÇ/BCAÇ4610/72, e CCAÇ 13, Biambe e Bissorã, 1972/74)


28 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16769: Inquérito 'on line' (85): A "batota" que fazíamos quando em operações, no mato: quais as formas mais usadas ? Responder até domingo, dia 4 de dezembro, às 18h42

1 comentário:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Estamos a falar de "batota no mato"...

Ficam de fora, do âmbito deste inquérito, as outras formas mais ou menos "engenhosas" que encontrávamos para "resolver" problemas, típicos da tropa ou da burocrcia militar: por ex, material em falta, que estava "à carga", e que por qualquer razão deu sumiço, foi desciado, estragou-se, danificou-se...

Nada como um ataque ao quartel (ou a explosão de uma mina numa coluna de reabastecimentos) para o 1º cabo quarteleira, o furriel vaguemestre, o 1º sargento e o capitão "atualizarem" os inventários...

No mato, em operações (mas também em ataques ao quartel ou ao destacamento) havia material e equipamento que podia ficar destruido ou danificao ou ser extraviado: armas, granadas, viaturas, caixas de uísque e outras bebibas espirituosas, importadas, etc.

Não sei se essas práticas se podiam classificar como "batota"... Batota é viciar as regras, não cumprir as normas, não seguir os procedimentos, etc.
.

Pode ser que alguém tenha histórias para contar sobre a "batota no quartel" (e sobretudo na secretaria)...