segunda-feira, 31 de julho de 2017

Guiné 61/74 - P17634: Os nossos passatempos de verão (17): Cantigas de escárnio e mal-dizer, à desgarrada... Parte II: Carta de amor (José Teixeira)

1. Resposta do nosso camarada José Teixeira ao nosso repto (*)



Carta de amor

por José Teixeira


Duas horas esperei,
Confiado em te ver,
Não me amas, eu bem o sei,
És a razão do meu viver.

Tens uma bela flor no peito,
A rosa que não colhi,
Tens um corpo tão bem feito,
Mais bonito, eu não vi.

Meu coração bate tanto
Quando te vê a passar,
És para mim o encanto
Que dá força para te amar.

A tua boca de riso
Dá-te um ar assim tão belo,
É tudo quanto preciso
Para nutrir amor singelo.


Teu coração é um jardim
Que está cheio de flores,
Um canteiro de jasmins
Onde afogo meus amores.

José Teixeira

______________

Nota do editor:

(*) Vd. Último poste da série > 30 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17632: Os nossos passatempos de verão (16): Cantigas de escárnio e mal-dizer, à desgarrada... Parte I: A amazona (Luís Graça)


(...)  Quadras populares, de sete métricas, quem não as sabe fazer? 

À desgarrada, dá mais pica. Mandem-nas para a nossa caixa do correio ou para a caixa de comentários deste poste, que a gente publica no blogue em próximo poste.
Venham daí os poetas populares. Só é preciso ter graça, serve. humor, mais negro ou mais amarelo, tanto faz... Ou esverdeado, ou avermelhado, das cores da nossa bandeira desbotada. É preciso animar a caserna, vazia, no verão.

Mandem quadras, mandem fotos. A única restrição já sabem qual é: no blogue da Tabanca Grande não se fala de política, futebol e religião... nem de incêndios. Quando o último eucalipto deste país arder, despeçam o último bombeiro, por extinção do posto de trabalho.

Os ex-combatentes da Guiné andaram 13 anos a apagar fogos, sem honras de exposição mediática (contrariamente, ao que acontece hoje aos incêndios florestais e aos seus incendiários). Hoje, eles, ex-combatentes, estão à espera do merecido descanso, não no panteão nacional, porque eles merecem muito mais e melhor: a Tabanca Grande. (...) 

1 comentário:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Zé, toma lá mais estas, do meu pai, meu velho, meu camarada, Luís Henriques (1920-2012), ex-1º Cabo nº 188/41 da 3ª Companhia do 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria nº 5, Caldas da Rainha, que esteve 26 meses "desterrado" em Cabo Verde, Ilha de São Vicente, Mindelo, Lazareto, de julho de 1941 a setembro de 1943:

Maria, minha cachopa

Desterrado nesta terra,
A saudade me consome,
Que Deus nos livre da guerra,
Já nos basta a sede e a fome.

Estou farto de engolir pó,
Nesta ilha abandonada,
Mas sinto-me menos só,
Quando penso em ti, minha amada.

Maria, minha cachopa.
Não me sais do pensamento,
Logo que saia da tropa,
Vou pedir-te em casamento.

Luís Henriques (c. 1942)