segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Guiné 63/74 - P4915: Tabanca Grande (172): Carlos Azevedo, ex-1.º Cabo da CCAÇ 6, Bedanda (1971/72)

1. Mensagem de Carlos Azevedo, ex-1.º Cabo da CCAÇ 6, Bedanda, 1971/72, com data de 1 de Setembro de 2009:

Caríssimo Luís Graça

Antes de mais vou-me apresentar.
Fui um entre tantos que cumpriram o serviço Militar na bela Guiné.
Tive dois Capitães na Companhia em Bedanda, o Sr. Capitão Carlos Ayala Botto e o Sr. Capitão Gastão, dois Homens com um H Grande!

Não fui herói, nem exemplo extraordinário.

Tenho acompanhado desde o início estes trabalhos no teu blogue, e a dada altura vejo alguém que esteve em Bedanda no meu tempo (71-72), não sei se por ter estado no Pelotão destacado, o certo, é que não encontrei o tal Vietname referido por esse meu Camarada de armas. Claro que as coisas por vezes não eram fáceis, daí ao Vietname.
Passei bons momentos e alguns menos bons!

Fiz grandes amigos nessa CCAÇ 6 (Companhia de Nativos) onde poucos éramos europeus.
No Pelotão (7), entre eles só um trasmontano, Ismael Barros, radicado há muitos anos em França, que me contou que Nino Viera se entregou a ele em Bedanda em 1973, Fevereiro ou Abril, no tempo do Sr. Capitão Gastão, estando em Bedanda uns dias a ser interrogado por pessoal vindo de Bissau. Disse o meu amigo que nesses dias foi um pandemónio em Bedanda. Terá sido levado para Bissau? O certo, é que se lhe perdeu o rasto.

Aquando do exílio do Sr. Nino em Vila Nova de Gaia, o meu amigo Ismael mostrou interesse em falar com ele; pediu-me inclusive para eu tentar contactar com o Sr. Major Valentim Loureiro, que foi cônsul na Guiné, mas eu nunca consegui.

Mas o mais engraçado disto tudo, é que quando em 2000 regressei à Guiné, com entre outros o nosso camarada Albano Costa, indaguei junto do nosso motorista, um tal Tcheno, que me referiu que na altura dos factos era muito jovem, admitindo no entanto essa possibilidade, devido às muitas pressões desde o assassinato de Amílcar Cabral.

Como vês, há tanta coisa por se saber... Histórias muito mal contadas pelos Capitães, nomeadamente os de Bissau, e também os nossos governantes, os de antes e os de agora. Digam a verdade! Esses Senhores que nos respeitem um pouco, porque demos o melhor de nós, fazendo sempre o que nos foi exigido e foi, muito, a troco de nada.

Sabes, o meu camarada trasmontano não mente!

Com um abraço para a Tabanca toda,
Carlos Azevedo

Carlos Azevedo em Bedanda


2. Comentário de CV:

Carlos, bem-vindo à Tabanca.

Se bem te lembras, estivemos a conversar a última vez em Lavra, aquando da inauguração do Memorial aos combatentes da Freguesia.

Sempre resolveste vir até nós, esperamos que para nos contares a tua experiência por Bedanda.

Como sabes, aqui no Blogue pautamo-nos por, dentro do possível, falarmos de factos que vivemos pessoalmente ou que são fundamentados em bases sólidas.

Se for verdade o Nino ter-se apresentado em Bedanda, ser lá interrogado, e de repente perder-se-lhe o rasto, como se justificou a sua fuga, uma vez que não se tratava de um simples guerrilheiro, mas de um alto responsável pela operacionalidade do PAIGC no sul da Guiné? Se ele se apresentou voluntariamente, por que se ausentou de novo sem nunguém dar conta? Esta fuga teria consequências muito complicadas para quem estava responsável pela sua guarda.
Esperemos que apareça alguém a corroborar este episódio.

Camarada, estás formalmente apresentado à Tabanca, agora é só começares a trabalhar.
Recebe um abraço de boas-vindas da tertúlia.
CV
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 15 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4822: Tabanca Grande (171): Joaquim Gomes Soares, ex-1.º Cabo da CCAÇ 2317/BCAÇ 2835, Gandembel e Ponte Balana (1968/69)

1 comentário:

MANUEL MAIA disse...

CARO CARLOS,
FINALMENTE DECIDISTE,E BEM,ENGROSSAR O NÚMERO DE TABANQUEIROS QUE JÁ ULTRAPASSOU AS TRÊS CENTENAS.

TIVE OPORTUNIDADE DE FALAR, EMBORA MUITO POUCO TEMPO,COM O ISMAEL BARROS,E A IMAGEM QUE FIZ DELE FOI A DE UM HOMEM HONESTO.

ACREDITEI PIAMENTE NO QUE TRANSMITIU, ATÉ PORQUE COM A MINHA COMPANHIA ACONTECEU ALGO DE SIMILAR,OU SEJA ,A PRISÃO FORTUITA DE RAFAEL BARBOSA,E NÃO ME ESPANTAVA SE NÃO HOUVESSE NENHUMA ALUSÃO AO FACTO LÁ POR BISSAU(TERRA DE GUERRILHEIROS BRANCOS CARREGADOS DE MEDALHAS RELUZENTES...),OU ENTÃO A ACONTECER,TIVESSE SIDO UM DESSES ESTRELADOS HERÓIS DE PACOTILHA, DE VERBORREIA FÁCIL E APETÊNCIA PELOS HOLOFOTES...