quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20386: (De)Caras (143): Eu e o saudoso Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019), prontos para ir a Nhacra, de motorizada, comer umas ostras (Jorge Pinto, ex-alf mil, 3.ª CART / BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74)


Guiné > Bissalanca > BA 12 > s/d > c. 1973/74 > O Eduardo Jorge Ferreira, alf mil da Polícia Aérea, à porta dos seus aposentos, pronto para partir para Nhacra,  para comer umas ostras, à civil, de sandálias, e com capacete de segurança, conduzindo a sua motorizada, de 50 cm3 (?), Yahama, matrícula G5907, e levando à boleia o seu amigo Jorge Pinto, alf mil, 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74)... 


 Pormenor digno de registo: o Jorge Pinto, também à civil, de sapatinho de vela, meiinha branca, leva um capacete de segurança pouco ortodoxo: um capacete, branco, da polícia aérea... A ideia só podia ser do nosso saudoso Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019), um homem prático e desenrascado...


Foto (e legenda): © Jorge Pinto (2019). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




1. Mensagem de Jorge Pinto, ex-mil, 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74); tem cerca de 40 referências no nosso blogue:



Luís, eu é que fico agradecido pela iniciativa de aproveitares o meu texto. (*)

Para o ilustrar, lembrei-me hoje de procurar uma velhinha foto, tirada à porta dos aposentos dele, na base de Bissalanca, sentados na motoreta, prontos a partir para Nhacra, onde íamos saborear as referidas ostras.


Tem muito pouca qualidade esta foto mas para mim, passou a ter muito significado, como podes imaginar. Podes usá-la também se achares conveniente. (Segue em anexo : Eu e Eduardo)

A ideia de já teres marcado encontro para outubro 2020, é esplêndida. É uma forma muito bonita de o homenagearmos, valorizando todo o empenho, generosidade e alegria que ele depositava em iniciativas deste género e que nós tanto admiramos.

Quanto às fotos do porco no espeto (*), lembro-me perfeitamente. Foi mais uma das iniciativas sociais que ele promoveu, em que até os filhos dele, a esposa e pessoal da terra também se envolveram.


Resto boa noite para ti. Forte abraço.

Jorge Pinto


Guiné > Bissalanca > c. 1972/74 > O então ten pilav António Martins de Matos com a sua potente Yamaha, de 200 cm3, a 2 tempos,matrícula G-6388,  comprada numa loja da Av da República (hoje, Av Amílcar Cabral) por 16 contos da metrópole (em 1972 era o equivalente hoje a 3.807,75 €). 

Diz ele que havia 4 motos destas na Base. Pormenor curioso: comparando as matrículas da motorizada do Eduardo (G5907) com a moto do António (G6388), a do Eduardo parece ser mais antiga...possivelmente tendo sido comprada em segunda mão. (Mas não sabemos em que data, exatamente, foi comprada a moto do António, terá sido seguramente entre 1972, 1973 ou 1974).

Foto (e legenda): © António Martins de Matos (2015). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Guiné > Bissau > Carta de Bissau (1949) > Escala de 1/50 mil > Posição relativa de Bissau, Bissalanca, Safim, Nhacra... De Nhacra a Bissau eram cerca de 20 km. De Bissalanca a Nhacra, por Safim, devia ser um pouco mais... E não havia problemas de segurança na região de Bissau, até ao fim da guerra... Decididamente o PAIGC nunca optou pela guerrilha urbana...

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2019).




Guiné >  Região de Bissau > Bissau > c. 1967/69 >  O alf mil SAM Virgílio Teixeira, CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69), de motorizada às portas de Bissau, na estrada para o aeroporto de Bissalanca.





Guiné > Região de Bissau > O alf mil SAM Virgílio Teixeira,  de motorizada, em Safim, a caminho de Nhacra. Em Safim, havia um cruzamento: para norte seguia-se para João Landim e Bula; para leste, seguia-se para Nhacra e depois Mansoa.



Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

5 comentários:

Anónimo disse...

Carlos Pinheiro
27 nov 2019 00:45
para mim

Grandes máquinas...mas a SUZUKY também era muito boa. Mas o meu parente só importava motorizadas ou motas por encomenda.
Um abraço

Anónimo disse...

5 DE NOVEMBRO DE 2013
Guiné 63/74 - P12253: Memória dos lugares (248): Roteiro de Bissau... nem pouco mais ou menos (Carlos Pinheiro)


(...) Penso que nunca falei da casa onde eu trabalhava nas horas vagas, a COSTA PINHEIRO, de um parente meu também ribatejano, que tinha o estabelecimento perto da Amura e do Grande Hotel, ao lado duma casa de fotografia, a AGFA.

A COSTA PINHEIRO era a maior casa em nome individual da Guiné. Maior do que ela só a CASA GOUVEIA mas essa era da CUF e está tudo dito.

A COSTA PINHEIRO importava tudo, desde o camião ao alfinete. Era assim. É verdade. Era o representante da Toyota, directamente do Japão.

Aqueles grandes camiões que vinham em quites eram montados no quintal da sede, escritório e casa do tal meu parente, na Av. Arnaldo Shulz, em frente ao Largo do Colégio Militar, ali perto da PIDE. Mas eram também as carrinhas Stout, as Hilux, os Corolas e os Crowns que eram o topo de gama antes de ter aparecido o Celica, tudo Toyota.

Mas importava também a Suzuky, grandes motorizadas e até motas. Importava também a Sony, desde o pequeno rádio de bolso até aos grandes gravadores TC 500 e TC 750, todos de fita mas com um poder de gravação extraordinário e um som fantástico. Mas também importava do Japão as aparelhagens JVC Nivico e as máquinas fotográficas Fujica e os relógios Seiko.

Da França importava os gira discos Garrard, de Inglaterra toda a linha de produtos de Beleza Max Factie, da Checoslováquia as louças e porcelanas da Prago Export, dos Estados Unidos os discos da Ansónia, da Itália os Tapetes de parede da Issing Trading, de Portugal as esferográficas BIC, os sabonetes Palmolive e as Pastas Colgate.

Era um mundo aquela casa que não só vendia ao público mas também fazia revenda especialmente para alguns locais no mato.

Tantas letras das vendas a prestações das motorizadas e dos carros que eu preenchi. Tanta carta que ali escrevi para registar as motorizadas junto da Câmara Municipal de Bissau e as viaturas junto da Fazenda.

Nas vésperas de avião, os serões passavam-se a escrever cartas para a Metrópole e essas cabiam-me a mim, mas também em Francês e essas era à conta da mulher do meu parente que era francesa e as que tinham que ser escritas em Inglês era ela quem as escrevia. Não havia computadores mas havia várias máquinas de escrever e de calcular ali naquela casa. E se a memória não me falha, as de escrever, eram as portuguesas Messa.

Ajudei a ornamentar e a instalar o som para festas de final do ano na Associação Comercial, junto à praça do Império.

Ajudei a montar o Stand também na Associal quando ali foi realizada a 1ª Feira Comercial de Bissau que ali se manteve durante uma semana.

Estreei centenas de automóveis, depois de desalfandegados, a caminho do armazém.

Enfim, foram tempos passados que deixaram saudades e não voltam mais. (...)

Anónimo disse...

Eu estive em Nhacra de 73 a 74 e nunca ouvi dizer que lá se comiam ostras, camarão sim, quando queria ostras ia a Bissau, ao Pintosinho, belos caldeirões de ostras lá comi acompanhadas de umas bejecas geladinhas.

Valdemar Silva disse...

Carlos Pinheiro, julgo que o ex-Fur.mil Pechincha 'trabalhou' nessa 1ª. Feira Comercial de Bissau.
Ele era da minha CART.11 'Os Lacraus', e foi transferido para Bissau com a função de fazer parte da organização dessa Feira.

Ab.
Valdemar Queiroz

Anónimo disse...

Virgílio Teixeita
27 nov 2019, 23h33

Luis, só agora estou a ver estas fotos, excelentes, e de motas a sério, bem como esta mensagem.

A minha foto de Safim, está correcta, é em Março de 1968, quando o meu batalhão esteve um mês em Bra. Era uma Peugeot, acho que de 50cc, uma coisa de dar gás, mas que me levava a todo o lado.

Depois temos outra em Bissau, na minha nova Honda de 50cc, ali ao lado era onde se realizava o famoso mercado de Bandim.

Não sei se já foi enviada, estão tantas em postes, mas esta em João Landim, junto à jangada que me levou para a outra margem, já não sei o nome do local. 'Jugudul' talvez, A Mota, que não sei a marca, era de um outro militar, furriel, que está junto de mim.
Tenho outra que também junto, numa outra altura, em que estou eu e o meu Furriel Riquito, na ponte de Ensalma, e são ambas minhas, a Peugeot e a Honda, mais nova, que tinha lugar para passageiro.
Vejo agora que não tinham matriculas, não devia ser preciso, há aqui uns anos de diferença, ou as motas tinham que ter a matricula.

Ambas foram compradas na mesma casa aqui referida, era o representante da Peugeot, e outras marcas e comporei lá ambas, acho que custaram uns 5 contos cada. Não sei o que fiz delas, penso que as deixei por lá, não vendi nada, isso eu sei.

Com aquela de 200 cc, podia 'abrir' à vontade, e fugir dos turras que por acaso aparecessem, o que não foi o caso.

Em Nhacra no meu tempo, não se comia ostras em parte nenhuma, e em Safim, eram Camarões, e talvez ostras, mas não me lembro. Ostras comia por todas as esplanadas em Bissau.

Em Nhacra ia dar uns mergulhos à piscina do Quartel, lá de cima da prancha. Junto duas fotos, para os devidos efeitos, estão todas fracas, mas ainda não tinha os dons da fotografia.

Não parava de contar aventuras, mas tenho receio (medo!) que me venham a dizer que eu fazia a guerra andar de motorizada, quer pelas aldeias e cidades à volta de Bissau, ou a percorrer o Pilão.

Como se pode ver, quem podia, comprava uma, porque era uma grande independência para a gente desfrutar por todo o lado, sem horários, sem stress.

Por agora é tudo, gostei de ver novamente as minhas fotos nas minhas loucuras pela Guiné.
Tempos, de saudade, pois tinha muito menos idade, e por tudo o mais que não posso aqui 'introduzir' !

P.S. Ressalvo, quaisquer erros, omissões e outras bestialidades que possa ter escrito em cada foto.

Um abraço, podes publicar o meu comentário, se for de interesse.

Um abraço, Virgilio