quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20388: Recortes de imprensa (106): Anúncios ("O Arauto", 27/7/1967) de casas de Bissau especializadas em ostras: Casa Afonso (chão de papel) e Hotel e Restaurante Miramar, frehte à Casa Pintosinho (Bissau Velho) (Benito Neves, ex-fur mil at cav, CCAV 1484, Nhacra e Catió, 1965/67)



Guiné > Bissau > O Arauto, 27 de Julho de 1967 > Anúncios de duas casas especializadas em ostras, em Bissau : Casa Afonso, no Chão de Papel; e o Miramar, que vendia uma travessa gigante de ostras (da rocha!) por 20 pesos... Dois anos depois ainda eram ao mesmo preço.


Guiné > Bissau > Cabeçalho de O Arauto, Diário da Guiné Portuguesa. Ano XXV - Nº 6242. Preço: 1$00. Director e editor: José Maria da Cruz. Quinta-feira, 27 de Julho de 1967. Era o único jornal diário da província. Cópia de exemplar gentilmente enviado pelo ex-furriel mil atir cav,   CCAV 1484, Nhacra e Catió, 1965/67). Mora em Abrantes.  (*)

(...) "Comprei momentos antes de entrar para o Uíge, no dia 27/07/67, dia em que embarquei de regresso à Metrópole. Já no barco, ao folhear o jornal, fui surpreeendido com a notícia publicada na página 4, sobre o fim da comissão de serviço da CCAV 1484, a que eu próprio pertenci. E bem ao lado desta notícia, cá estão elas, as ostras, publicitadas". (**)

Fotos (e legendas): © Benito Neves (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Croqui  da parte oriental da Bissau Velha, entre a Avenida da República (hoje, Av Amílcar Cabral) e a fortaleza da Amura. No 15 ficava o Hotel Miramar / Cais Bar... A antiga Rua Olivera Salazar é hoje a Rua Mendes Guerra.  O Miramar ficava em frente à Casa Pintosinho (2, no croqui). Era que, em 1969/71, comíamos ostras, a 20 pesos cada travessa, quando vínhamos a Bissau... (LG)

Fonte: Adapt de António Estácio, em "Nha Bijagó: respeitada personalidade da sociedade guineense (1871-1959)" (edição de autor, 2011, 159 pp., il.).

6 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Na casa de Nha Carlota, a mulher grande de Nhacra comia-se o melhor "pitche-patche de ostra” da Guiné... Dizem, diz o António Estácio, dizem as suas fontes...

(...) José Alberto Câmara Manoel, ex-colega do Liceu de Bissau, mandou ao autor um depoimento escrito sobre o tempo em que, sendo ele miúdo, ia aos domingos a Nhacra, com os pais e os irmãos, almoçar no restaurante de Nha Carlota:

“Combinada com antecedência a ementa (cabritinho assado, chabéu ou cachupa), começávamos sempre por um balaio, o de ostras e/ou camarão, tudo divinal e cuidadosamente preparado” (p. 49)." (...)


4 DE JUNHO DE 2010
Guiné 63/74 - P6529: Cusa di nos terra (16): A propósito do último livro do António Estácio, Nha Carlota... e as suas comidinhas (Luís Graça)

Valdemar Silva disse...

Estava convencido, e julgo que apareceu referência no blogue, que a casa das ostras era na 'Casa Ultramarina', que fazia esquina, e não na 'Miramar'.

Mas, isto não se faz ao velhinho 'ostras a 20$00 travessa grande' pode dar uma travadinha.

Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Valdemar, a Sociedade Comercial Ultramar não sei se tinha comes & bebes... Era uma sucursal do BNU, Banco Nacional Ultramar, rival da Casa Gouveia, do grupo CUF... O Miramar ficava próximo do Pelicano...com frente para o Geba, se não me engano...

Confesso que nunca tinha comido ostras, antes de ir para a Guiné... Mas lá fiquei fã das ostras guineenses... Só comi ostras em Bissau... Nunca fui a Nhacra ou a Quinhamel. Não sei onde eram apanhadas, mas que eram boas.. Nunca apanhei nenhuma diarreia... Hoje o estuário do Geba deve ser um "cano de esgosto", nem pensar em comer ostras ou camarões da zona... No rio Geba esterito havia lagostins fabulosos que eram vendidos me Bambadinca, na tasca do Zé Maria, a 50 pesos o quilo... Mas ostras, não, não havia no interior, em Bambadinca ou me Bafatá...

Um gajo "desenfiado" em Bissau, não tinha mais nada que fazer, passar uma tarde, na esplanada, a "descascar" conglomeradas de ostras, com uma faquinha, e comê-las com o sumo de lima (o limão guineense) e piripiri, acompanhadas de umas bejecas, era ouro sobre azul... Carregavam-se as baterias... E isso lembro-me bem: eram a 20 pesos uma travessona, que dava para uma secção... Cada "calhau" trazia meia dúzia de ostras...

Hélder Sousa disse...

Bem... no "meu tempo", ou seja desde o meio de 1971 ao final de 1972, onde estive predominantemente em Bissau, o preço da travessa das "benditas" ostras era o mesmo: 20 "pesos".

Eles fazem referência à "ostra da rocha" mas acho que por cá é mais referido "ostra da pedra". Preciosismos à parte, o sabor é inesquecível. Pelo menos, era!
Uma refeição completa, saborosa, propícia ao convívio, e apelativa à cerveja. O que se queria mais?
Além disso, tratava-se de algo refinado. Em França, pelo menos, é considerado afrodisíaco.

Eu confesso. Antes da Guiné (AG), por puro preconceito, as ostras repugnavam-me. Associava a "escarros", pois na zona onde vivia era vulgar as pessoas dizerem quando escarravam (naquele tempo isso, embora recriminado, era corrente, tal como fumar) "sai uma ostra"!
Mas, vencido esse preconceito, confesso também: foi das melhores coisas que me aconteceram pela Guiné, mais propriamente por Bissau e "arredores", das coisas que ainda hoje me dão saudades.

Hélder Sousa

Hélder Sousa disse...

Já agora....

A Nhacra fui algumas vezes (duas ou três), de motorizada, para estar com o meu amigo Furriel Bento (falecido há pouco tempo) da Companhia de Cavalaria do Alferes Salgado e até fomos uma vez à piscina mas, ao caldo de ostras, não me recordo.

Por norma eram comidas (as ostras...) em Bissau, em dois sítios, de que não recordo o nome, talvez a "Ultramarina" ou "Miramar" e noutro sítio menos conhecido mas que me inspirava confiança e também fui a Quinhamel.

Hélder Sousa

Valdemar Silva disse...

Luís
Pois, estarei a fazer confusão. Estava convencido que seria na esplanada da 'Ultramarina', então seria na 'Miramar' na rua em frente do 'Pintosinho'.
...já lá vai meio século.
E quanto a ostras, já as tinha comido e de grandes barrigadas.
Nos anos 1961-62-63-64 era hábito o campismo selvagem em Troia, e eu mais três amigalhaços da Estefânia (Lisboa) íamos pra lá acampar no Verão
Naquele tempo, Troia tinha o Cais dos barcos, umas casas da colónia da GNR, no lado do rio, o resto era deserto, uns pequenos palheiros, uns poços abertos na areia e centenas de tendas de campismo.
Andava-se para os lados da Comporta e antes de chegar à Carrasqueira havia uma zona com um grande 'filão'de ameijoa branca e ostras, aos milhares. Era encher grandes sacadas à pressa, por causa da subida da maré, e depois nas tendas grandes barrigadas: ameijoas e ostras abertas numa panela, com um pouco de água no fundo e apenas temperadas com sal, só faltava a cervejola.
Bons tempos, agora tudo aquilo faz parte do 'calote do BES'
Valdemar Queiroz