sábado, 30 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20397: In Memoriam (357): Eduardo Jorge Pinto Ferreira (1952-2019): missa do 7º dia, na igreja do Vimeiro, Lourinhã, domingo, 1 de dezembro, às 11h00... Testemunhos do filho Rui Ferreira (Inglaterra) e dos amigos Rui Chamusco (Malcata, Sabugal; e Lourinhã) e João Crisóstomo (A-dos-Cunhados, Torres Vedras; e Nova Iorque)


Eduardo Jorge Pinto Ferreira (Vimeiro, 1952 - 
Torres Vedras, 2019):
foi nosso camarada na Guiné, ex-alf mil, Polícia Aérea, 
Bissalanca, BA 12, 1973/74.


1. Mensagem do Rui Ferreira (filho do Eduardo Jorge):

O teu momento chegou sem esperarmos. Não deu tempo para despedidas, últimos recados ou orientações, simplesmente partiste...


E partiste cedo demais! Tinhas tantos planos, projectos e batalhas para travar, tantos amigos para desfrutar e a família para amar e ser amado!~

No entanto, nesta hora tão penosa e difícil conseguimos encontrar conforto nos momentos intensos e sempre emotivos de quem de ti se veio despedir e só podemos sentirmo-nos felizes e agradecidos.
Felizes por termos tido o privilégio de ser a tua família e de termos recebido tanto. Agradecidos pelos inúmeros gestos, palavras ou, em alguns casos, sentidos silêncios, de todos aqueles que te prestaram homenagem.

Foi um momento especial, tão difícil quanto emotivo, que reflecte a dimensão da tua obra humana. Esta demonstração de profunda e genuína amizade, fraterna em muitos dos casos, tem-nos ajudado a suportar a nossa dor e, acima de tudo, tem nos dado muita força para seguirmos em frente e perpetuar o legado que nos deixaste!

A todos um grande Muito Obrigado!


P.S. Este domingo dia 1 Dezembro pelas 11.00 celebrar-se-á a Missa do 7º dia na Igreja do Vimeiro (Lourinhã).


Rui Camusco, Lourinhã (2016)

2. Mensagem de Rui Chamusco (colega e amigo do Eduardo Jorge, natural de Malcata /  Sabugal, a viver na Lourinhã, onde foi professor; o Eduardo Jorge apresentou-o ao João Crisóstomo e ao Luís Graça, há uns anos atrás)



A vida e a morte: À memória do amigo Eduardo Jorge


Há acontecimentos nas nossas vidas que nos interpelam e fazem pensar, fazendo perguntas sem resposta imediata (não estamos em condições de aceitar), tal é a dor que carregamos. A revolta, as lágrimas, os gritos que nos dilaceram o coração são a via mais comum para descarregarmos tanta pressão no corpo e na alma.

Quando a morte nos rouba alguém que muito amamos ficamos dilacerados, desfeitos, porque quando morre um nosso amigo alo de nós morre também.

A partida inesperada do grande amigo e irmão Eduardo Jorge deixou-nos a todos estupefactos e a não querer acreditar que era verdade. E eu, cúmplice em tantos momentos das nossas vidas, com tanta proximidade sobretudo em que ele cuidou de mim neste dias de internamento hospitalar, não me conformo com a sua ausência física. Quando quis saber de como tinha decorrido a intervenção cirúrgica a que momentos antes tinha sido submetido, a voz do seu filho João soou que nem uma bomba que me esfrangalhou: “Rui, o meu pai já não está entre nós. Morreu...” Não consegui fazer mais nada senão gritar, chorar, dar murros em tudo o que encontrava, fazer perguntas sem resposta.

Eduardo, quero que saibas que a tua partida para o outro mundo nos está a fazer sofrer imenso: eu, a tua amada Sãozinha (é assim que tu a chamas, náo é?), os teus filhos João e Rui, os teus netos, os teus familiares, os teus amigos (tantos!...), tanta e tanta gente que usufruiu da tua generosidade na organização de eventos, de caminhadas, o Vimeiro, o Sobreiro Curvo, a Lourinhã, Fornos de Algodres, Almeida, Sabugal e, de um modo especial Malcata com todos os amigos que tanto te admiram e onde tu tanto gostavas de ir. 

Não. Não te livras de nós, porque todos te lembrarão para sempre. E se estás onde todos pensamos que estejas, com direito próprio por todo o bem que fizeste nesta terra, junto de Deus e de todos os seus santos gozando a vida em toda a plenitude, terás que interceder por todos nós e ser nosso protetor. Quando olhar para o céu em noites estreladas, vou procurar uma estrela que brilhe muito, porque sei que serás tu. Depois da tua partida, já me aconteceram coisas muito importantes que, tenho a certeza, são já fruto da tua intercessão nesse teu novo estado de vida.

Obrigado, Eduardo. Obrigado por tanta amizade e dedicação que me dispensaste ao longo dos 24 anos que passamos juntos, na escola de Ribamar, nas associações culturais e desportivas/recreativas do Vimeiro e de Malcata, no cuidado que tiveste com as minhas coisas enquanto estive ausente, nos almoços que frequentemente partilhamos ( o último foi sexta feira antes do sábado em que foste operado e te foste embora, foste tu que pagaste: estou a dever-te o próximo almoço, que não sei quando será nem em que forma).

Esta manhã fui a tua casa como tu sabes, e a São, os teus filhos Rui e João, o meu primo Carlos e eu fizemos a promessa de continuarmos as nossas vidas e relações como se tu estivesses também presente fisicamente.. Sabes bem o que foi dito e, mesmo sem ouvirmos a tua voz, sentimos que estavas ao nosso lado bem presente.

Caro amigo, sei que nunca te puseste em bicos de pé para seres admirado e louvado, mas não resisti a publicar tudo o que escrevi, porque tu bem o mereces. Talvez não escreva mais sobre a nossa relação e a nossa amizade. Doravante, falarei contigo sempre que me apeteça, na intimidade dos nossos corações. 

Um abraço grande para os amigos que conhecemos neste mundo e que jé estão desse lado contigo. Um abraço especial para o Carlos que partiu nesta ano, e para os nossos amigos e colegas Artur Mário e António Cação. Olhai por nós que recorremos a vós, ok?

Junto anexo o poema/canção que enviei quando o Carlos se foi. Não tive a coragem nem as forças físicas necessárias para o cantar e tocar durante a missa do teu corpo presente, como o amigo Luís Graça me pediu Por isso, está devidamente enquadrado e exposto na tua casa.

Abraço forte e grande deste teu amigo que te não pode esquecer, mesmo que a tua partida e ausência muito me façam sofrer. Um grande abraço também do amigo João Crisóstomo. Foste tu que nos deste a conhecer. Um abraço de todos os amigos que lamentam e choram a tua partida

Adeus. Eduardo!...

Rui Chamusco
Lourinhã, 27/11/2019
_______________

EDUARDO JORGE FERREIRA

O Eduardo nasceu no dia 1 de Outubro, Dia Mundial da Música. Eis o meu preito...

Refrão: Ter um amigo é bom … Vê-lo partir faz sofrer ) bis


1. Encontrei no meu caminho… um rosto que me sorriu
E passei a ter saudades… quando esse bem me fugiu.

2. Fiquei olhando as estrelas… cada noite à luz do luar
Confiei-lhe a minha dor … e aprendi a esperar.

3. O meu amigo voltou … abri-lhe as minhas janelas
Quando procurei sorrir … só encontrei as estrelas.

4. Voltou a mim a saudade … foi-se embora o meu amigo
Mas eu fiquei a ter asas … só por o ter conhecido


AMIGOS PARA SEMPRE!...
Rui chamusco
João Crisóstomo.
Nova Iorque (2018)

3. Mensagem do João Crisóstomo (, que o Luís Graça apresentou ao Eduardo Jorge, há uns atrás)

Caro Luis Graça,

Esta é para ti e para todos os nossos bons camaradas, a quem este momento nos faz sentir ainda mais irmãos.


Graças ao Rui Chamusco que me deu os contactos que pedi, acabei agora de falar com a São e com o filho Rui. Eu sei bem o quanto significa uma palavra amiga nestes momentos e eu quis fazer-lhes sentir que também eu e a Vilma  - como vocês todos têm feito pelo que tenho acompanhado e lido no blogue e facebook etc)  - estamos com eles. E podem continuar a contar connosco. O Eduardo continua em todos nós: também em nós eles podem continuar a sentir a presença do Eduardo, da mesma maneira que neles nós vivemos e sentimos a sua continuada presença.

É uma grande idéia essa de lhe fazer  "uma pequena homenagem, a ele e à São, a mulher da sua vida".

Faço minhas também as palavras do Jorge Pinto que disse: "é uma forma muito bonita de o homenagearmos, valorizando todo o empenho, generosidade e alegria que ele depositava em iniciativas deste género que nós tanto admiramos". 

E por isso embora nós tivéssemos decidido não ir a Portugal este ano  [de 2020] pois que vamos passar dois meses na Eslovénia, regressando depois directamente a Nova Iorque, esta vossa feliz decisão fez-nos mudar de idéias imediatamente: Nós queremos estar e viver convosco (e com o Horácio e a Helena e muitos outros que com certeza vocês não deixarão de avisar também ) essa justa homenagem ao Eduardo, à São e filhos. Nós vamos a Portugal para estar com vocês nesse dia 12 de Outubro no próximo ano.

E a todos os que no Blogue, Facebook,  etc-,  têm dado o seu ombro aos que estando longe dele necessitavam, eu quero dizer o meu pessoal "muito obrigado". Este golpe, duro para todos, foi-me agravado por esta separação física, obrigado a aguentar sozinho a perca deste nosso irmão. … 

Obrigado especialmente ao Rui Chamusco que por telefone me dia dizendo onde se encontrava e assim, diminuindo distâncias, me possibilitava a minha presença: "Olha, João, estou na casa da São"..."Estamos agora na Igreja"..., "no cemitério"… Obrigado,  Rui, Obrigado, Luis Graça e a todos vocês.

Um abraço de coração,

João
Nova Iorque, 27/11/2019


2 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

A desgraça parece que ronda a nossa porta, a porta dos nossos a amigos... Esta manhã fui surpreendido com um telefonema de Nova Iorque, do João Crisóstomo... Deu-me a notícia de que Rui Chamusco tinha sido internado em Santa Maria... Felizmente conseguiu falar com ele... Esperemos que seja uma coisa passageira... De qualquer modo o Rui ficou muito abalado com a morte do seu amigo e colega Eduardo... de tal modo que ficou incapaz de ler o seu poema na missa de corpo presente... As melhoras, Rui!...Vem depressa, e bem. Luís

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Não sou crente, Rui, mas amnhã vou rezar pelas tuas melhoras, na igreja do Vimeiro, esperando ao mesmo tempo comunicar espiritualmente com um amigo e camarada cuja perda (física) é algo de inconsolável. Mais importante: é continuar a dar algum conforto à viúva, aos filhos, à família, aos amigos mais próximos... Espero que a sua terra, Lourinhã, o saiba recordar e homenagear. LG