Igualmente foi feito o toque de homenagem aos mortos pelo clarim dos Bombeiros de Matosinhos - Leça da Palmeira.
Santa Cruz do Bispo - Lápide de Homenagem aos três Combatentes da freguesia, mortos na Guerra do Ultramar
Perafita - Lápide de Homenagem aos quatro Combatentes da freguesia, mortos na Guerra do Ultramar
Perafita - Homenagem aos Combatentes da Freguesia caídos em campanha
De seguida, realizou-se em Lavra, conforme planeado para este ano, a cerimónia promovida pelo Núcleo, em colaboração com a União das Freguesias de Perafita, Lavra e Santa Cruz do Bispo – Polo de Lavra.
Pelas 10H30, iniciou-se o programa estabelecido com a concentração dos participantes em frente ao edifício da Junta, sendo içada a Bandeira Nacional ao mesmo tempo que o clarim dos Bombeiros de Matosinhos-Leça da Palmeira, o Porta Guião do Núcleo e dezenas de sócios combatentes prestavam as honras militares à Bandeira Nacional. Procedeu-se à deposição de uma coroa de flores no memorial em frente ao edifício daquela Junta pelo membro do executivo, Sr. Vítor Alves e pelo Presidente da Direção do Núcleo, Tenente Coronel Armando Costa. Posteriormente, os participantes seguiram em romagem ao cemitério local, acompanhando o Porta Guião do Núcleo.
Lavra - Hastear das bandeiras junto ao edifício da Junta de Freguesia
Guarda de honra composta pelos Combatentes presentes
Lavra - Deposição de coroa de flores no memorial em frente ao edifício da Junta de Freguesia
Pelas 10H45, já no cemitério junto ao Panteão onde se encontram os lavrenses que tombaram pela Pátria, realizou-se a cerimónia que se iniciou com a apresentação do programa, por parte do orador, o Vogal Sargento Ajudante Joaquim Oliveira, que deu a indicação para se iniciar a audição do Hino Nacional.
Sargento Ajudante Joaquim Oliveira, Vogal do Núcleo de Matosinhos da LC, orador da cerimónia
De seguida, três sócios, um de Lavra, um de Perafita e outro de Santa Cruz do Bispo fizeram a chamada de todos os combatentes mortos na Guerra do Ultramar da União das Freguesias, seguindo-se a deposição de coroas de flores no referido Panteão, pelos membros do executivo e pelo Presidente da Direção do Núcleo e Presidente da Mesa da Assembleia Geral do Núcleo.
Cemitério de Lavra - Os Combatentes de Lavra, Perafita e Santa Cruz do Bispo, fazendo a chamadas dos camaradas caídos em campanhaCemitério de Lavra - Deposição de coroa de flores no Panteão aos combatentes caídos em campanha, pelo Presidente da Direcção e Presidente da Mesa da AG do Núcleo de Matosinhos da LCCemitério de Lavra - Deposição de coroa de flores no Panteão aos Combatentes caídos em campanha, pelo Vogal e pelo Secretário do executivo da União de Freguesias de Lavra, Perafita e Santa Cruz do Bispo, senhores Vítor Alves e João Torres.
A cerimónia prosseguiu com os respetivos toques de homenagem aos mortos e, após um minuto de silêncio, foi lida a prece do Exército pelo orador.
Dando continuidade ao programa traçado, foram proferidas alocuções alusivas ao ato pelo Presidente da Direção do Núcleo e por um elemento do executivo da Junta da União das Freguesias de Perafita, Lavra e Santa Cruz do Bispo.
Tenente Coronel Armando Costa na sua alocução
O Vogal do executivo da União de Freguesias, senhor Vítor Alves, dirigindo-se aos presentes. A sua mensagem foi de tal modo tocante que no fim da sua alocução muitos combatentes se abeiraram dele para o felicitar e agradecer as suas palavras. O editor pediu-lhe autorização para publicar o discurso no nosso Blogue:Sr Tenente Coronel, Caros Combatentes, Queridas familias, Minhas Senhoras e Meus Senhores.
Há silencios que falam.
Hoje, neste local, esse silêncio é feito de saudade e de amor.
Amor à Patria, amor às famflias que ficaram, amor à vida que teimou em continuar, mesmo quando o horizonte se enchia de selva, poeira e incerteza.
Quando aqueles rapazes da nossa terra embarcaram, levaram duas coisas no peito: o emblema de Portugal... e uma fotografia amarrotada de casa. Talvez uma esquina de Perafita ao entardecer, a praia de Lavra varrida de vento, ou o adro da igreja de Santa Cruz do Bispo num domingo de Páscoa.
Permitam-me, hoje, dar voz a todas as mães e pais, a todas as esposas, noivas e irmãs que esperaram de coração apertado. Ouçamos um excerto de uma carta verdadeira, escrita em 10 de Dezembro de 1969 por Dona Leopoldina Duarte ao filho mobilizado na Guiné. É uma mãe que poderia ser qualquer uma das nossas:
Amor à Patria, amor às famflias que ficaram, amor à vida que teimou em continuar, mesmo quando o horizonte se enchia de selva, poeira e incerteza.
Quando aqueles rapazes da nossa terra embarcaram, levaram duas coisas no peito: o emblema de Portugal... e uma fotografia amarrotada de casa. Talvez uma esquina de Perafita ao entardecer, a praia de Lavra varrida de vento, ou o adro da igreja de Santa Cruz do Bispo num domingo de Páscoa.
Permitam-me, hoje, dar voz a todas as mães e pais, a todas as esposas, noivas e irmãs que esperaram de coração apertado. Ouçamos um excerto de uma carta verdadeira, escrita em 10 de Dezembro de 1969 por Dona Leopoldina Duarte ao filho mobilizado na Guiné. É uma mãe que poderia ser qualquer uma das nossas:
"Meu filho, a tua mãe
Tanto suspira por ti,
Até chego a pensar
Que não te lembras de mim.
Se tu soubesses, meu filho,
0 amor que a tua mãe te tem,
Vejo vir os aviões
E notícias tuas não vêm."
lmaginem a mão trémula que dobrou o papel, a lágrima que manchou a tinta, o som do sino da aldeia marcando as horas vazias até ao próximo correio.
É por essa dor e por essa força que hoje estamos aqui.
Porque cada soldado levado pelo dever, carregou consigo todas as almas da sua rua, da sua escola, do seu clube.
E quando regressou, não foi apenas ele que voltou diferente; foi cada casa, cada mesa, cada festa de família que teve de aprender a abraçar uma versão nova, muitas vezes calada, do mesmo filho, do mesmo irmão.
Caros Combatentes,
Alguns de vós guardam lembranças tão vivas que basta fechar os olhos para ouvir o estampido no mato ou o coaxar dos sapos nas noites quentes de Luanda, de Bissau e de Nampula.
Outros procuram esquecer, mas a memória, essa fiel e teimosa companheira regressa sempre, nos cheiros, nos sonhos, na forma como a luz de fim de tarde se deita sobre o Atlântico aqui mesmo, em Angeiras.
E, no entanto, nunca vos faltou coragem. Coragem de partir. Coragem de lutar.
Coragem, sobretudo, de regressar e levantar de novo a vida: voltar ao mar, à lavoura, ao camião, ao banco da escola onde os vossos filhos ainda copiavam o abecedário.
Hoje, em vosso nome, queremos também abraçar os que não voltaram.
Na nossa memória ergue-se uma fileira de cadeiras vazias, com o nome de cada companheiro que repousa em solo estrangeiro. Que saibam, onde quer que estejam, que a sua terra não os esquece.
Queridas Famílias,
Sabemos que a coragem deles foi a vossa coragem: a de esperar, a de sorrir para não chorar na frente dos mais novos. A de rezar todos os dias a mesma oração até que o portão se abrisse e a voz tão desejada chamasse “Mãe” outra vez.
A todos vós, Combatentes do Ultramar, dizemos: obrigado. Obrigado por terem arriscado tudo.
Obrigado por terem voltado e construído connosco esta comunidade que hoje floresce em paz e liberdade.
Fica também uma promessa solene: enquanto houver uma criança a aprender a história destas freguesias, haverá alguém que conte o vosso exemplo. Enquanto houver mar que nos embale, haverá quem recorde que as ondas trouxeram de volta heróis cansados, mas de cabeça erguida.
Que cada lágrima de agora seja semente de gratidão.
Que este aplauso que vai nascer seja ponte entre as gerações.
Que a memória viva dos nossos Combatentes ilumine o futuro de Perafita, Lavra e Santa Cruz do Bispo.
Bem hajam
Viva os Combatentes do Ultramar
Viva a nossa União de frguesias
Viva Portugal
A cerimónia terminou com a audição do Hino da Liga dos Combatentes.
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Notas:
Texto: Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes
Fotos: Combatente José Trindade
Selecção, edição e legendagem das fotos: Carlos Vinhal
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Nota do editor
Último post da série de 11 de julho de 2025 > Guiné 61/74 - P27004: Efemérides (461): Foi inaugurado no passado dia 6 de Julho de 2025 um Memorial dedicado aos antigos Combatentes da guerra do ultramar da freguesia de Areias de Vilar, concelho de Barcelos (José Morgado, ex-Soldado CAR)
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