quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Guiné 61/74 - P18963: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (110): Na Tabanca de Candoz fomos reencontrar dois velhos amigos, a irmã e o cunhado do infortunado 1º Grumete Fuzileiro Especial, do DFE 8 (1971/73), José Manuel Ferreira de Jesus Tomé, morto por acidente em 9/12/1971, e homenageado pela sua terra natal, Senhora da Hora, Matosinhos, em 8/10/2016


Matosinhos > Senhora da Hora >  8 de outubro de 2016 >  Homenagem ao filho da terra, José Manuel Ferreira de Jesus Tomé, 1º GR FZE, do DFE nº 8, morto na Guiné por acidente em 9/12/1971 >  Em primeiro plano, à esquerda, as irmãs do nosso infortunado camarada. A iniciativa foi do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes.



Matosinhos > Senhora da Hora >  8 de outubro de 2016 >  Homenagem ao filho da terra, José Manuel Ferreira de Jesus Tomé, 1º GR FZE, do DFE nº 8, morto na Guiné por acidente em 9/12/1971 > Momento em que  a nosssa amiga Maria da Conceição Ferreira de Jesus Tomé Novais Ribeiro e o Vice-Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, dr. Eduardo Pinheiro, descerravam a placa evocativa da memória do único combatente, natural da Senhora da Hora, morto na guerra do ultramar.


Matosinhos > Senhora da Hora >  8 de outubro de 2016 >  Homenagem ao filho da terra, José Manuel Ferreira de Jesus Tomé, 1º GR FZE, do DFE nº 8, morto na Guiné por acidente em 9/12/1971 > Rotunda do Combatente: aspeto geral do monumento.


Matosinhos > Senhora da Hora >  8 de outubro de 2016 >  Homenagem ao filho da terra, José Manuel Ferreira de Jesus Tomé, 1º GR FZE, do DFE nº 8, morto na Guiné por acidente em 9/12/1971. > Placa afixada no monumento da Rotunda do Combatente, frente ao edifício da junta de freguesia.


Matosinhos > Senhora da Hora >  8 de outubro de 2016 >  Homenagem ao filho da terra,  José Manuel Ferreira de Jesus Tomé, 1º GR FZE, do DFE nº 8, morto na Guiné por acidente em 9/12/1971 > A Maria da Conceição Ferreira de Jesus Tomé Novais Ribeiro, ladeada pela sua irmã, agradecendo a homenagem prestada ao irmão de ambas.


Matosinhos > Senhora da Hora >  8 de outubro de 2016 >  Homenagem ao filho da terra, José Manuel Ferreira de Jesus Tomé, 1º GR FZE, do DFE nº 8, morto na Guiné por acidente em 9/12/1971 >  Porto de Honra no Salão Nobre da Junta de Freguesia da Senhora da Hora. Do lado esquerdo, o Comandante da Zona Marítima do Norte.

Fotos (e legendas): © Carlos Vinhal / Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes (2016). [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)


1. Na nossa Quinta de Candoz, Paredes de Viadores, Marco de Canaveses, recebemos hoje a visita de velhos amigos da família, o engº António Novais Ribeiro e a esposa Maria da Conceição, que vivem no Porto. Têm casa aqui perto e almoçaram connosco.

O António, que por sinal nasceu em Paredes de Viadores, onde se situa Candoz, e portanto é também nosso vizinho, foi furriel miliciano de transmissões, entre 1968 e 1970,  no Comando de Agrupamento 2951 (Mansoa), e no Cmd Agrup 2952 (extinto em 7 de janeiro de 1969, sendo o seu pessoal integrado no Combis - Comando de Defesa de Bissau) (**).  Trabalhou, nomeadamente com o, na altura, major inf Carlos Fabião, de quem tem algumas deliciosas histórias. Teve também como camarada alferes o hoje prof catedrático jubilado, da Universidade de Coimbra, o historiador Luís Reis Torgal [Luís Manuel Soares dos Reis Torgal, n. 1942].

O nosso editor já o convidou, de viva voz, para integrar a nossa Tabanca Grande, aguardando agora a sua formalização, por email. O António é, além disso, um grande conversador e exímio tocador de cavaquinho e de bandolim, participando em várias formações musicais de cavaquinho. Pertence ao Lions Clube da Lusofonia, é amigo do Jaime Machado e do José Martins Rodrigues... e, ainda por cima, ele e o nosso Álvaro Basto, cofundador da Tabanca de Matosinhos, são compadres, tendo um neto em comum, o Sebastião...

2. Falando com a sua esposa,  Maria da Conceição, o nosso editor veio a saber que ela teve um irmão, mais novo, morto por acidente no TO da Guiné em 9/12/1971, no dia seguinte ao seu casamento com o António Novais Ribeiro... Um duro golpe para toda a família e amigos. Chamava-se José Manuel Ferreira de Jesus Tomé, era 1º GR FZE, do DFE nº 8.

Em conversa, soubemos que os procedimentos da Marinha, nestes casos, eram muito diferentes do Exército: este mandava um telegrama seco a dar a terrível notícia: a Marinha mandava pessoalmente, a casa dos pais, dois representantes seus...

Fazendo uma pesquisa na Net encontrámos apenas duas referências ao nosso infortunado camarada José Manuel Ferreira de Jesus Tomé: (i) a primeira, no nosso blogue (*); e (ii) uma segunda,  no blogue do DFE 8 (***).

Prometi à Maria Conceição e ao António Novais Ribeiro recordar aqui a saudosa memória do seu irmão e cunhado, publicando este poste que faz juz ao nosso ditado: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". (****)


3. Dois comentários ao poste P16601 (*)

(i) Tabanca Grande [Luís Graça]: 

Carlos [Vinhal], transmite ao Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, de cujos órgãos sociais fazes parte (1.º secretário da da Mesa da Assembleia Geral), o meu apreço por mais esta iniciativa, homenageando um camarada nosso, o 1º grumete fuzileiro do DFE 8, José Tomé, morto por acidente de viação, na Guiné, em 9/12/1971.

Deixa-me também, mais uma vez, destacar o grande brio, competência e dedicação que vocês põem em tudo o que fazem... O vosso Núcleo passa sempre com distinção e deve ser tomado como um exemplo para todos nós, antigos combatentes e respetivas associações de veteranos ou núcleos da LC. 

Um abraço do Luís

(ii) Alcindo [Manuel Pacheco] Ferreira da Silva, ex-1º tenente, cmdt do DFE nº 8 (1971/73)

Caro amigo

Gostava de transmitir ao Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes o meu apreço pela homenagem ao Grumete Fuzileiro Tomé. Fez parte do destacamento que tive a honra de comandar, era o mais novo de todos nós e foi o nosso primeiro camarada a partir. Era um jovem alegre, sempre bem disposto. Aproveitava todas as viagens que se tinham de fazer a Bigene para dar uma volta. Numa dela infelizmente teve um acidente.

(**) Vd. poste de 28 de abril de 2014 > Guiné 63/74 - P13059: Comandos de Agrupamento, Operacionais e Temporários (1) (José Martins)

(***) Vd. blogue  Destacamento 8 de FZE (1971-73)

(****) Último poste da série > 15 de junho de  2017 > Guiné 61/74 - P17474: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca ... é Grande (108): Na Lourinhã, fui encontrar o ex-1º cabo at inf Alfredo Ferreira, natural da Murteira, Cadaval, que foi o padeiro da CCAÇ 2382 (Buba, Aldeia Formosa, Mampatá, 1968/70)... e que depois da peluda se tornou um industrial de panificação de sucesso, com a sua empresa na Vermelha (Luís Graça)

7 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Uma confidência que me fez a irmã do 1º Gr FZ José Tomé:

(i) não sabe onde ocorreu o acidente (, pelo que nos conta o ex-1º tenente Ferreira da Silva, terá sido a caminho de Bigene, na região do Cacheu);

(ii) foi um acidente de viação, e o nosso camarada teve um traumatismo craniano:

(iii) evacuado para Lisboa (Hospital da Marinha e depois Hospital Militar Principal), acabou por morrer;

(iv) o corpo foi entregue à família em caixão de chumbo e sepultado no talhão dos combatentes:;

(v) truinta e ta anos, o pai assistiu à exumação dos restos mortais e confirmou a existência de uma enorme fractura craniana...


Registe-se por outro lado a postura da Marinha... O Comandamnte do DFE nº 8, Ferreira da Silva, teve a preocupação de escrever aos pais do Tomé, e, para os ajudar a fazer o luto, disse-lhes, para seu consolo relativo, que, dada a gravidade do traumatismo craniano, a norte fora ainda a melhor solução para o pobre do Tomé.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

O Antómio Novais Ribeiro contou-me várias histórias do então major de operações Carlos Fabião... Gostria de as não esquecer. Aqui fica uma, reveladora do seu sentido de humor, ar brincalhão e afabilidade:

Um dia chegiu ao pé do alf mil Novais (era assim que o António era tratado) e entregou-lhe um "aviãozinho de papel", pintado a cores e tudo:
- Novais, guarde-me aí na sua gaveta este aviãozinho.
- Para quê, meu major ?
- Quando tiver 53, eu vou de férias!

... E todos os dias lhe confiava um aviãozinho de papel, pintado às cores, até à véspera da sua idade de féris à metrópole...

Também era brincalhão, e gostava de pregar partidas aos seus subordinados, em especial aos 3 alferes (Novais, Torgal e Oliveira, este último já morreu, foi tripulante da TAP).

Costumava mandar aprontar uma viatura e ir para as tabancas conviver com a população... E convidava malta para ir com ele... O Novais nunca foi, mas era lendária a sua coragem física e a sua empatia...

Também desenhava muito bem... Um dia fez um "boneco" com a chegada do Nuno Tristão à costa da Guiné, em 1446... O navegado português orreria pouco depois com uma flecha, possivelmente envenenada). Amtes de morrer, o NUno Tristão ainda tem tempo, no "cartoon" do Carlos Fabião, de exclamar qualquer coisa como;
- Chego demasidafo cedo à Guiné e morro sem poder vir a ser o primeiro administrador da Casa Gouveia...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Disse-me o António que o Carlos Fabião esteve 5 vezes na Guiné, a primeira como alferes ainda nos anos 50... Eu, pessoalmente, tinha a ideia que fizera 3 comissões de serviço na Guiné...

Tabanca Grande Luís Graça disse...


Outra do Fabião:

O Cmd Agrup 2951 recebe uma mensagem Zulu ("Relâmpago"), xsecreta... O 1º cabo cripto decifrou-a, imediatamente, e logo a entrega da mensagem descofificada, em envelope fechada, ao alferes de transmissões paar ser entregue ao major de operações...

O Novais procura, a correr, o Fabião. Em vão, vasculhou tudo o que era sítio no quartel de Mansoa...Esbaforido, já desesperado, acaba finalmente por o localizar, à entrada da porta de armas, vindo de uma tabanca ou coisa do género...

Exclamou o NOvais, à beira de um ataque de nervos:
- Porra, meu major, onde é que o senhor se meteu ? Tenho aqui uma mensagem relâmpago para si, ando há duas horas à sua procura.
- Ó Novais, você sabe que a mensagem relâmpago tem o grau ma+ximo de procedência, mas isso é para o cripto... Agora você tem 24 horas paar ma entregar... Como só lá vão duas, ainda tem 22 horas de avanço...

Recorde-se como classificavam as mensagens:

Z - ZULU = Relâmpago (Passava à frente de todas as outras; grauOutra do Fabião:

O Cmd Agrup 2951 recebe uma mensagem "Relâmpago"... O 1º cabo cripto entrega de imediato a mensagem descofificada, em envelope fechado, para ser entregue pelo alferes de transmissões ao major de operações... O Novais procura o Fabião por tudo o que era sítio...Esbaforido, já desesperado, acaba finalmente por o localizar, à sua chegada ao quartel, vindo de uma tabanca ou coisa do género... Exclamou, irritado:
- Porra, meu major, onde é que o senhor se meteu ? Tenho aqui uma mensagem relâmpago para si, ando há duas horas à sua procura.
- Ó Novais, você sabe que a mensagem relâmpago é para dar conhecimento imediato ao seu destinário...Mas o prazo são 24 horas... Você ainda tem 22 horas de avanço...


Recorde-se aqui a classificação mensagens:

Z - ZULU ? = Relâmpago (No centro cripto, passava à frente de todas as outras; grau máximo de urgência)

O - OSCAR = Imediato (As primeiras a serem decifradas, caso não houvesse Zulus...)

P - PAPA = Urgente (Para se fazer...)

R - ROMEO = Rotina...(Como o seu nome indica, para ser ir fazendo...)


Quanto ao secretismo, as mensagens eram classificadas por esta ordem:

Reservada / Confidencial / Secreta.

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2008/02/guin-6374-p2512-arma-de-transmisses-1.html

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Explicação daad pelo Tó Zé Pereira da Costa:


As mensagens têm ainda hoje 4 graus de precedência: Relâmpago, Imediato, Urgente e Rotina.

A mensagem Relâmpago (Z) deveria chegar ao destinatário em 10 minutos.

As Imediato (O) demorariam cerca de 2 horas.

As Urgente (P) já iam para as 4-6 horas.

Claro que as Rotina (R) eram como o combóio do espanhol.

No que diz respeito à classificação de segurança ainda hoje temos as Muito Secreto, Secreto, Confidencial e Reservado.

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2008/02/guin-6374-p2512-arma-de-transmisses-1.html

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Outra ainda que me contou ontem o António Novais Ribeiro, na Tabanca de Candoz... Por qualquer razão, o major Fabião queria dar uma "piçada" ao pessoal de transmissões... Ordena ao alferes de transmissões do Cmd Agrup 2951 (depois 2952):
- Novais, forme aí o seu pessoal.
- Sim, meu major.
- À minha esquerda... mas você coloca-se a meu lado, à direita.
- Porquê, meu major ?
- É que vai tudo ser corrido à chapada...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Sobre o Carlos Fabião temos meia centena de referências....


https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/search/label/Carlos%20Fabi%C3%A3o