sexta-feira, 14 de abril de 2023

Guiné 61/74 - P24222: Notas de leitura (1572): "As Voltas do Passado, A Guerra Colonial e as suas Lutas de Libertação", com organização de Miguel Cardina e Bruno Sena Martins, com vasto número de colaboradores; Tinta-da-China, 2018 (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 21 de Setembro de 2020:

Queridos amigos,
O que há de francamente original nesta investigação, que tem tanto de ambiciosa como de bem sucedida, é um questionamento do passado sem ninguém se curvar a homenagear heróis mas a escrutinar factos, havendo resultados surpreendentes, pois há apropriação indevida de datas ou de cometimentos heróicos, caso dos massacres de Mueda ou do Pidjiguiti. É este permanente questionamento, por vezes profundamente incómodo, que faz desabar mitos ou ajuda-nos a compreender que um acontecimento ao tempo importante, caso da Operação Tridente, nos inícios de 1964, deu pasto a propaganda do PAIGC que avançou centenas e centenas de mortos portugueses, a coisa não tinha pés nem cabeça mas serviu de matéria na imprensa internacional. A evolução da guerra alterou completamente a importância do que tinha ocorrido na Ilha do Como. Estudar o assassinato de Amílcar Cabral também nos leva a compreender que há para ali a crónica de uma morte anunciada, segredos e tensões que ambas as partes em conflito escondiam. Revela-se que a chamada música de intervenção utiliza a figura inspiradora de Cabral para que organizações jovens tragam para a liça iniciativas que permitem gerar políticas públicas, revolucionar as identidades culturais. A celebração da morte do líder fundador é esquecida pelos velhos e reacendida pelos novos que reclamam uma política nova num país à deriva.

Um abraço do
Mário



Momentos marcantes da guerra colonial, lá e cá, todos na sala de espelhos

Mário Beja Santos

O projeto "As Voltas do Passado, A Guerra Colonial e as suas Lutas de Libertação", com organização de Miguel Cardina e Bruno Sena Martins, com vasto número de colaboradores, Tinta-da-China, 2018, é um roteiro indispensável para indagar o papel da memória, o questionamento do testemunho individual, a legislação ou o ato político possuidor de transformação, real ou aparente, as perguntas permanentes de quem mandou assassinar quem… É neste voltar ao passado por onde a guerra com as manifestações anticoloniais mobilizaram combatentes e populações, somos impelidos a regressar ao local e mensurar se aquele facto manteve estabilidade ou caiu no esquecimento, se é digno de evocação celebratória ou gerou indiferença.

Não é, pois, um repositório cronológico da guerra colonial, a metodologia seguida não é essa, escolhem-se marcos miliários em diferentes países, faz-se a sua anatomia ontem e hoje e expõe-se o resultado. A cronologia é a dos acontecimentos, como segue: Massacre de Batepá, São Tomé (1953), início da vaga de prisões de militantes nacionalistas em Angola (1959), Massacre de Pidjiquiti, Bissau (1959), Massacre de Mueda, Moçambique (1960). Indo por aí fora, iremos ler relatos sobre conferências, a ida das tropas portuguesas para os teatros de operações, a criação de forças especiais, a liturgia do 10 de Junho associada às Forças Armadas, o encerramento da Casa dos Estudantes do Império, a crónica de assassinatos, o fim do Exercício Alcora, a independência das ex-colónias.

Há nesta pesquisa um novo elemento disponível: a exposição é caleidoscópica, expõem-se os factos, releva-se o produto final que pode ser mitológico, extraem-se resultados que possibilitam o leitor a querer saber mais. Por exemplo, logo na descrição do Massacre de Batepá, a autora conclui:

“O que aqui se demonstra é que por mais que as políticas de memória de um evento histórico sejam instituídas e ritualizadas pelo Estado e deixem lastro ao longo de décadas e através de gerações, os seus significados mudam, emergindo outras narrações. É desta forma que os são-tomenses procuram inscrever o seu lugar nesta história”.

Também, houve quem se quis apropriar em exclusividade do arranque da luta armada em Angola, identificando a luta política anterior com o encadeado da luta armada. E também se conclui, a este respeito:

“A luta política, antecessora da luta armada, teve como autores os que, independentemente das suas tonalidades político-ideológicas, combateram o poder colonial. Frequentemente divergentes entre si, mas com um denominador comum: a prisão e a tortura como símbolos do arbítrio colonial. Nesse sentido, somos impelidos a considerar que as prisões de 1959/60 podem ser apreendidas como um processo histórico – ainda inacabado – de construção de uma gloriosa memória”.

Continua até agora por demonstrar que foi gente do PAIGC que instigou os trabalhadores do Porto do Pidjiquiti à greve de 3 de agosto de 1959. O gerente da Casa Gouveia foi irredutível, os trabalhadores revoltaram-se, veio a repressão, morreu muita gente, houve prisões, Amílcar Cabral aparece depois para aquela que terá sido a reunião crucial que irá definir quem fica no interior a subverter e quem parte para o exílio. O fundador do PAIGC considerou os acontecimentos como uma lição histórica e com a independência o 3 de Agosto ganhou a dignidade de feriado nacional. Mesmo com a separação da Guiné-Bissau de Cabo Verde, os acontecimentos do Pidjiquiti continuaram a ter lugar relevante na consolidação do PAIGC.

E, posteriormente, as referências mudaram de natureza. 

“Em 1993, uma greve de marinheiros marca o aniversário do massacre. Desde então, o feriado de 3 de agosto é também usado periodicamente pelos sindicatos como um momento de protesto pela falta de pagamento de salários. Durante as celebrações de 2014, enquanto Domingos Simões Pereira desafiava os guineenses para a criação de um museu em honra e memória de todos os resistentes, o secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné afirmava que os atrasos nos pagamentos de salários punha em causa a realização dos sonhos dos mártires do Pidjiquiti. Pidjiquiti torna-se assim no símbolo da desilusão com os rumos da política pós-colonial à governação, aos desvios do projeto revolucionário do PAIGC ou à indiferença social”.

Em 16 de junho de 1960 ocorreu o Massacre de Mueda. Houvera detenções, o governador do distrito de Cabo Delgado, Almirante Teixeira da Silva, compareceu a um encontro com as populações, foi agredido por um maconde, chegam viaturas militares que abrem fogo. Quem lá estava fala em 16 mortos, a Frelimo em Argel fala em 150, mais tarde escreve-se que foram 600 mortos. Depois começa o uso feito do massacre. 

“Na cerimónia de Mueda, no dia 16 de junho de 2000, houve, em figurantes, colunas guerrilheiras do tempo da luta armada, isto é, uma representação da própria Frelimo. No passado houvera peça de teatro sobre o massacre, a última vez que foi representada foi em 1995, os atores estavam fartos de ser utilizados para uma cerimónia oficial e depois não receber nada. O próprio Faustino Vanomba tinha representado o seu papel (isto é, o papel que a História oficial lhe dava), em 1987 e 1990, a pedido insistente do administrador. Mas estava triste e dizia que não tinha sido assim".

Falando desta investigação o autor adverte que em todas estas contradições a questão de saber quem tem razão não é o essencial, não se pode é brincar aos heróis. 

“A Frelimo faz parte da História de Moçambique, mas a História de Moçambique nunca se poderá resumir à história deste importante partido. Mueda, 1960, não faz parte da história da Frelimo, nem pode, obviamente, fazer. Esquecê-lo para só transmitir a visão da Frelimo, de legitimidades e poderes que vieram depois, leva ao esquecimento dos homens que fizeram Mueda. Mas são eles os heróis”.

O autor traz também algumas saborosas observações, falando dos arquivos coloniais refere que estes veiculam a narrativa do colonizador, mas têm uma vantagem: não mudam. E termina dizendo que em 2000 perguntou a uma testemunha africana da tragédia de 16 de junho de 1960:
- Houve muitos mortos?
- Sim, muitos! Foram 16!
- Ah! Pensava que eram 600…
- … Sim, depois recebemos orientação de que eram 600.

Um grupo de cabo-verdianos, filiados do PAIGC, foram preparados em Cuba para desembarcar em Cabo Verde, a data prevista era 1967. Eram 31 guerrilheiros, prestaram juramento e comprometeram-se a desembarcar nas ilhas de Santiago e Santo Antão, seriam apoiados pelo governo cubano. O plano foi abortado, os membros do grupo seguiram outra formação militar na URSS, na sequência da qual passaram a intervir no terreno da guerrilha da Guiné, em 1968. 

Na lógica dos acontecimentos subsequentes, alguns deles foram figuras preeminentes na guerrilha, caso de Pedro Pires, Silvino da Luz, Honório Chantre ou Manuel dos Santos. Em 1988, foi institucionalizado em Cabo Verde o Dia das Forças Armadas Revolucionárias do Povo. Em 1991, realizaram-se as primeiras eleições legislativas multipartidárias, o vencedor foi o MPD. A partir de então, dá-se uma mudança profunda de discurso e de atitude, mudaram os símbolos nacionais em Cabo Verde concebidos durante o período da guerra pelo PAIGC. Alterou justamente a bandeira sobre a qual foi feito o juramento dos 31 guerrilheiros, houve debate, a questão parece arrumada. Mas como diz o investigador há que estudar as diferentes narrativas veiculadas que se tentaram impor desde a independência, incluindo os poderes simbólicos, mas surgiu um elemento novo, o MPD não pretende cultivar grande parte desse passado. 

“Na sociedade cabo-verdiana da década de 1990, a maioria da população residente tinha nascido após o período colonial, até aos dias de hoje, a história do país no século XX não consta dos programas do ensino básico e secundário, e a investigação histórica nacional sobre o processo de luta pela obtenção da independência política é ainda incipiente”.

É altíssimo o valor da obra "As Voltas do Passado", é uma seriação de factos que geraram quadros mentais, levaram a decisões políticas irreversíveis mas que ganharam reversibilidade com a mudança de atores, com a chegada de novos ideários políticos, com o cansaço de ritos que se vieram a demonstrar serem vazios ou não corresponderem à realidade. A grande lição deste projeto é que ainda pouco sabemos sobre a guerra colonial e as lutas de libertação e que o legado das mudanças ou das celebrações provoca incómodos. Isto para além de haver ainda silenciamento de amplas vertentes do conflito. É um incentivo para que se continue a estudar para bem da memória de todos.

Obra de consulta obrigatória para todos os interessados no estudo das guerras de África.


Cerimónia de comemoração do 10 de junho, Terreiro do Paço
Os resgatados da Operação Mar Verde
____________

Nota do editor

Último poste da série de 10 DE ABRIL DE 2023 > Guiné 61/74 - P24215: Notas de leitura (1571): "A Revolta!", por Fausto Duarte; Porto, 1945; O drama do régulo Monjur num belo romance (2) (Mário Beja Santos)

15 comentários:

Anónimo disse...

Pois, Miguel Cardina e Cia, a "gente boa" do CES (Centro de Estudos Sociais) da Universidade de Coimbra a escrever sobre a nossa guerra, onde não estiveram. Mário Beja Santos a dar uma no cravo e duas na ferradura. Que vos valha o professor emérito do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, o grande sociólogo Boaventura Sousa Santos.,,,

Jose Macedo, DFE 21 disse...

Agora ate o Anonimo escreve a criticar. Sera que temos de estar presente em todos os acontecimentos historicos para escrever sobre eles? Sera que o Jose Hermano Saraiva partcipou na Batalha da Aljubarrota, 1 de Dezembro de 1640, e muitos outros acontecimentos historicos dos quais ele esreveu? E a referencia ao "grande sociologo Boaventura Sousa Santos" foi mesmo uma cretenice.

Admira-me ver que os editores do Blog publicaram tamanha "obra de arte."

Um abraco

Jose Macedo, DFE 21
Guine -1973-1974

Tabanca Grande Luís Graça disse...

O senhor anónimo que se identifique... até às 24h00 do dia de hoje. Admite-se que foi por lapso que não assinou... O editor LG

Tabanca Grande Luís Graça disse...

"A verdade, mesmo que amarga, se traga"...

Aos historiadores pede-se que sejam capazes de reconstruir e reler a social realidade do passado... Com o distanciamwnto critico que não podem /podiam ter os protagonistas dos acontecimwntos...

Há inúmeros obstáculos e dificuldades na investigação histórica, a começar pela triangulação e saturação de fontes: faltam fontes documentais, faltam testemunhas escritos e orais, já morreram os atores, etc.

Já vimos que nem uma simples foto há do Pijiguiti em 3 de agosto de 1959... E quem estava lá ? Poucos serão vivos hoje.. Os registos da época são propaganda de um lado ou do outro... O mesmo se passa com a averiguação da morte do Amílcar Cabral... E eu duvido que o "mistério" dos autores morais, a teia do complô, etc., algum dia se desvende...

Não podemos, acriticamente, e sem ler os relatórios, as tezes, os artigos, os livros, etc., deitar abaixo, de uma penada ou por um simples anátema ou "dictat", o trabalho de investigação científica, mesmo que nao gostemos dos autores, dos departamentos ou das instituições... E um trabalho que passa por muitos filtros e que é avaliado, escrutinado, e por aí fora... Hoje, amanhã, daqui a 50 anos... Lembrem-se da história do Galileu, vítima da Santa Inquisição... E a quem o Papa veio pedir perdão há uns anos...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Teses com "s" e não com "z"...

Peço desculpa (a culpa é do
teclado do telemóvel, que eu detesto)...

Eduardo Estrela disse...

Diz o Luís Graça!!
" Admite-se que foi por lapso que não assinou"
Com a idade que tenho já não acredito no Pai Natal meu caro Luís.
E já agora!
Quantas dá o anónimo no cravo e na ferradura?
Eduardo Estrela

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Espero que o primeiro comentador, "anónimo" (por lapso, acrescento eu...), não me deixe mal e assuma, em público, o que escreveu... Náo gostaria de apagar o comentário, mas vou ter que o fazer para cumprir e fazer cumprir as nossas normas de boa e sã convivència... Aqui ninguém se esconde atrás do baga-baga... LG

antónio graça de abreu disse...

Só agora reparei que o primeiro comentário apareceu como anónimo, no blogue. Peço desculpa. O comentário é meu António Graça de Abreu. Saiu ao correr da leitura do post e não assinei, o que faço agora.
Como professor na Universidade de Aveiro até 2020, conheci um pouco os colegas do CES, da Universidade de Coimbra. Só isso. Não quero entrar em polémicas com ninguém.

António Graça de Abreu

Valdemar Silva disse...

"A Revolta de 31 de Janeiro de 1891 foi o primeiro movimento revolucionário que teve por objectivo a implantação do regime republicano em Portugal. A revolta teve lugar na cidade do Porto."

Em Janeiro de 1969 a minha CART2479, oficiais, sargentos e praças especializados, estava no instalada no Quartel da Carreira de Tiro de Silvalde-Espinho, a fazer o IAO para seguir pra Guiné.
No mesmo Quartel, no dia 30 apareceu e instalou-se um pelotão da polícia de choque com cães, para intervir na cidade do Porto reprimindo qualquer manifestação popular no 31 de Janeiro.

Pois, o 31 de Janeiro era uma data importante mas foi sempre reprimida pelo regime salazarista qualquer comemoração.

Quero dizer que poderá haver transformações políticas na Guiné, Angola ou Moçambique e que não queiram festejar datas comemorativas dos revoltosos doutros tempos.

Valdemar Queiroz

Antº Rosinha disse...

A história mais dificil de contar vai ser a das guerras de Angola, porque foram 3 partidos em luta contra o colono, em luta uns contra os outros, e em luta mortal dentro de cada um.

E embora seja contada a do MPLA com bandeira e o resto, mas os outros tambèm têm memória.

A mais fácil de contar será a de Caboverde e de São Tomé, foi só apanhar boleia.

A mais complicada de contar acaba por ser a da Guiné, porque os seus principais heróis ou são anónimos, ou são de origem caboverdeana, ou embora valentes, estes guineenses, mancharam o nome com más ações.

Têm que recorrer aos mortos em combate.

Unknown disse...

Surprise, surprise. Jose Macedo

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Caros leitores, para além do anonimato temos que evitar cair na tentação de trazer para aqui (para a nossa caixa de comentários) a atualidade mediática... A nossa agenda não é a da comunicação social.

Boas leituras e melhores comentários. E obrigado a todos aqueles/as que mantêm vivo, tolerante e dialogante o nosso blogue (que vai fazer 19 anos em 23/4/2023)... Luís Graça.

antónio graça de abreu disse...

Completamente de acordo com o que diz o Luís Graça, ao blogue o que tem a ver connosco e com a nossa guerra, a actualidade mediática não deverá passar por aqui.
Acontece que quase todos os trabalhos elaborados a partir do CES da Universidade de Coimbra relacionados com as nossas guerras, sofrem, na minha humilde opinião, de enfermidades relacionadas com concepções esquerdizantes, ideologicamente enviezadas e anti-colo0nialistas primárias, navegam também nas águas do woke, o wokismo que está na moda e que vai tomando conta de muito mundo. Ora isto, infelizmente, não tem a ver com a actualidade mediática, tem a ver com todos nós.

Abraço,

António Graça de Abreu

Valdemar Silva disse...

Antº. Rosinha
Por muitas políticas à la mode que possam surgir em Angola, Moçambique ou na Guiné ninguém irá conseguir derrubar estátuas Agostinho Neto, Samora Machel ou Amílcar Cabral. O actual governo do MpD, em Cabo Verde, forte opositor ao PAICV, inaugurou a requalificação da Praça Memorial Amílcar Cabral, cidade da Praia.
Agora não, mas quando ia ao supermercado, costumava falar com o homem da segurança, de trinta e poucos anos, que descobri ser fula e ter nascido em Paúnca, provavelmente conheci o pai dele.
As nossas curtas conversas eram sobre a Guiné nos tempos da guerra e ele não gostava das gentes do PAIGC, mas tinha sempre a particularidade de aludir com um 'no tempo colonial foi....'.
Quer dizer que nem só com estátuas aquelas gentes se lembrarão do passado.

Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Obrigado, Anmtónio...Trocando por miúdos...

Woke

Wikipédia, a enciclopédia livre.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Woke#Cr%C3%ADticas

Woke (pronúncia em inglês: ['wouk]), como um termo político de origem afro-americana, refere-se a uma percepção e consciência das questões relativas à justiça social e racial.(...)

O termo deriva da expressão do inglês vernáculo afro-americano "stay woke" (em português: continue acordado ou desperto), cujo aspecto gramatical se refere a uma consciência contínua dessas questões.

No final da década de 2010, woke foi adotado como uma gíria mais genérica, amplamente associada a políticas identitárias (...), causas socialmente liberais, feminismo, ativismo LGBT e questões culturais (com os termos e woke politics também sendo usados).

Tem sido alvo de memes, uso irônico e críticas.(...) Seu uso generalizado desde 2014 é resultado do movimento Black Lives Matter. (...)

(...)Os termo sb>woke e wide awake (totalmente desperto) apareceram pela primeira vez na cultura política e nos anúncios políticos durante a eleição presidencial nos Estados Unidos em 1860 em apoio a Abraham Lincoln.[6] O Partido Republicano cultivou o movimento para se opor principalmente à disseminação da escravidão, conforme descrito no movimento Wide Awakes. (...)