quinta-feira, 13 de abril de 2023

Guiné 61/74 - P24220: Armamento do PAIGC (2): Ainda as viaturas blindadas BRDM-2: em finais de 1973/princípios de 1974, o PAIGC teria apenas 2 viaturas blindadas...



Infografia:  2ª Rep / CCFAG, s/d, citada por Nuno Rubim (2009)

"Viatura blindada BRDM-2, utilizada pelo PAIGC em meados de 1973 no sul da Guiné" (ou serua em Bedanda, em 31/3/1974 ?)

 Desenho e especificações...  "Cópia de um documento emanado pela 2ª Rep / Com-Chefe Guiné sobre os BRDM-2. Também existem no AHM referências ao modelo 1. Há uma carta do A. Cabral para o Pedro Pires (Dez 72) a 'sugerir' a utilização dos blindados nos ataques a alguns dos nossos aquartelamentos fronteiriços no Sul. Na Net encontrarás farta documentação sobre essas viaturas". (*)

Cortesia de Nuno Rubim (2009)


1. Todos os nossos leitores (com destaque para os antigos combatentes da Guiné) têm direito a saber qual o armamento usado na guerra, quer pelas NT quer pelo PAIGC... 

Começámos uma nova série, com o armamento do PAIGC (**). O primeiro poste foi sobre as "polémicas viaturas blindadas BRDM-2" que terão sido usadas em 1974 (sem sucesso, e desastradamente, diga-se de passagem) contra Copá (em 7/1/1974) e contra Bedanda (31/3/1974).

Sobre as BRDM-2 temos uma escassa dezena de referências, a primeira das quais no poste P5630 (**). É desse poste que retiramos a infografia acima publicada, com uma BRDM-2, vista de perfil, e com informação detalhada sobre a estrutura do veículo, que pesava 7,7 toneladas.

Ficha técnica, segundo a Wikipédia (em portugès):

O BRDM-2 (em russo: Боевая Разведывательная Дозорная Машина, ou Boyevaya Razvedyvatelnaya Dozornaya Mashina, traduzido "Veículo de combate de patrulha/reconhecimento") é um blindado anfíbio desenvolvido pela União Soviética. Ele também é reconhecido pelas designações BTR-40PB, BTR-40P-2 e GAZ 41-08. Este veículo foi amplamente exportado e é usado até os dias atuais por quase quarenta países. Ele é uma versão melhorada do BRDM-1, atualizado com armamentos mais avançados e capacidade anfíbia.

Tipo: Blindado de reconhecimento
Local de origem  União Soviética / Rússia
História operacional:  Em serviço: de 1962 ao presente.
Histórico de produção:  Criador V. K. Rubtsov | Fabricante GAZ, em Níjni Novgorod | Período de produção: 1962–1989 | Quantidade produzida: 7 200.
Especificações: Peso 7,7 toneladas |  Comprimento: 5,75 m | Largura: 2,37 m | Altura:2,31 m | Tripulação: 4 | Armamento primário:  Metralhadora pesada KPV de 14,5 mm | Armamento secundário: Metralhadora coaxial: PKT, de 7.62 mm | Velocidade; 100 km/h (na estrada) | 10 km/h (na água).

Outros dados. da Wikipedia (em inglês):  depósito de combustível (gasolima): 290 litros. Raio de ação: 750 km.  De qualquer modo, as blindagens destas viaturas (10 mm, no máximo) protegiam-nas apenas das balas das armas automáticas ligeiras, mas não das metralhadoras pesadas e muito menos do canhão s/r ou do LGFog, para não falar da artilharia. 

2. Segundo o o nosso Serviço de Informações Militares (SIM), no final do ano de 1972, o PAIGCG (com um efetivo de 7 mil combatentes, sendo 4100 do Exército e 2900 das milícias populares), teria já à sua disposição, entre outro material: 

(i) viaturas anfíbias PT-76 e BRT 40-P (designação por que também era conhecida a BRMD-1);

 (ii) viaturas blindadas BTR-152

e (iii) carros de combate T-34 (CECA, 2015, pp. 123/124) (***)

No final de 1973, e segundo a mesma fonte ( SIM), o PAIG disporia dos seguintes meios, embora aguardasse o fornecimento, por parte da URSS, de mais equipamento de guerra  (CECA, 2015, pp. 247/248): 
  • 73 bigrupos;
  • 15 grupos;
  • 13 batarias de artilharia;
  • 9 grupos de foguetões:
  • 2 grupos de artilharia convencional;
  • 10 grupos de artilharioa antiaérea (mísseis Strela);
  • 17 grupos de sapadores;
  • 3 bigrupos de fuzileiros;
  • 2 viaturas blindadas;
  • 1 grupo de canhões sem recuo:
  • 7 grupos especiais de LGFog.

No TO da Guiné, as primeiras viaturas blindadas só aparecem referenciadas  em 31/3/1974, em ataque contra a guarnição e povoação de Bedanda (CECA, 2015, pág. 494/49), não havendo referência à sua utilizaçáo em Copá, subsetor de Bajocunda (7/1/1974), certamente por falha na documentação consultada. (O destacamento de Copá, defendido por escasso número  de militares e milicias seria retirado em 12 fevereiro de 1974.). 

O alf mil António Rodrigues, da CCAÇ 5,  e que estava em Bedanda em 31/3/1974, fala em BTR-152. (Vive hoje em Vila Real, ver aqui o seu comentário, com data de 25/11/2012, ao poste P9375).

Temos  4 dezenas de referências a Copá no nosso blogue. Não há dúvidas de que no ataque a Copá, em 7/1/1974,  o PAIGC utilizou duas viaturas blindadas ("tanques anfíbios", diz o Bobo Keita ou Queita), mas não é possível confirmar que fossem BRDM-2. É mais provável que fosse a versão anterior, a BRMD-1 , dispondo as Guiné-Conacri de 10 viaturas dessas.(****).  

Para estes países (e movimentos, como o PAIGC), pobres, sem divisas para pagar,  a URSS mandava a "sucata" bélica... O "internacionalismo proletário" na época tinha muito de "blá-blá"...  O Marx e o Engels hoje teriam que reescrever o manifesto do partido comunista (1848): "Proletários de todo o mundo, uni-vos"... Sobrou o grande cinismo da(s) ideologia(s), política(s) ou religiosa(s)...
______________

Notas do editor:



(***) Fonte: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico- Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 6.º Volume - Aspectos da Actividade Operacional: Tomo II - Guiné - Livro III (1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2015).

1 comentário:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Nunca houve "almoços grátis", na história da humanidade... Mas nas relações entre os povos todos têm que ganhar... Temos a obrigação de fazer esse deve-e-haver... Sem "cegueiras ideológicas"... Nem "paixões chauvinistas"...

Mal do mundo,quando se instalar o "pensamento único": então, cegos e conduzidos por cegos, os nossos povos caminharão irreversivelmente para o abismo... Já passámos todos, infelizmente, por experiências dessas... Traumáticas. LG