sexta-feira, 5 de março de 2021

Guiné 61/74 - P21971: Álbum fotográfico de António Marreiros, ex-alf mil, CCaç 3544, "Os Roncos", Buruntuma, 1972, e CCaç 3, Bigene e Guidage, 1973/74 - Parte V: O Ramadão (1)



Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4


Foto nº 5

Guiné > Região de Gabu > Buruntuma > CCAÇ 3544, "Os Roncos de Buruntuma" > 1972 >
O Ramadão (1)





1. Mensagem de camarada António Marreiros [ a viver há quase meio século no Canadá (Victoria, BC, British Columbia), ex- alferes miliciano em rendição individual na Companhia CCaç 3544, "Os Roncos", Buruntuma, 1972, e, meses depois, transferido para Bigene, CCaç 3, até Agosto 1974]:


Data - 23/02/2021, 18:29
Assunto - Álbum fotográfico. Buruntuma (1)

Amigos,

Todos os dias dou uma olhadela ao blog e também dei uma gargalhada com a história do frango que voou e a vida no hospital de Bissau...Ainda bem que nunca tive de lá ficar.Visitei amigos hospitalizados e na altura deixou-me pouco desejo de lá voltar...

Tenho um grupo que fotos que o Cherno Baldé talvez possa acrescentar mais importantes detalhes sobre os trajes e cerimónias do Ramadão. Na altura não sabia nada sobre os costumes muçulmanos!

Aqui os dias de inverno vão dando lugar a sinais de primavera mas muito devagar. Para usar o tempo vou aprendendo e conversando italiano com outros “estudantes” espalhados pelo mundo graças ao Zoom e outras plataformas e assim não me sinto tão isolado.

Que continuem todos bem!
Um abraço
Antonio Marreiros (Canada)
__________

Nota do editor:

4 comentários:

Cherno Baldé disse...

Caros amigos,

O Antonio Marreiros postou mais uma série de excelentes fotos falantes sobre a comunidade de Buruntuma no ano de 1972, por ocasião da celebração do fim do mês sagrado do Ramadão.

Os meus comentários:

Foto 1_ Um homem grande no seu traze de festa a caminho do local da celebração que normalmente se realiza no centro da aldeia debaixo de uma árvore, a mais importante, que tradicionalmente recebe este acto de submissão a Allá o criador, o benevolente e misericordioso, simbolizando a união e concordia entre os habitantes da aldeia.
Em segundo plano e do lado direito vê-se um abrigo (Bunker) contra flagelações e bombardeamentos de artilharia. Este tipo de abrigos feitos para protecção das populações civís existiam nas (fronteiras) zonas mais expostas as flagelações inimigas. Eram relativamente frescas durante o dia e insuportáveis durante a noite. Deviam ser limpos regularmente e bem resguardados sob pena de servir de covíl de cobras e outros répteis que abundam nas regiões tropicais. A parte de cima do bunker foi aproveitado para servir de celeiro para stock das reservas de alimentaçao (milho miudo e sacos de arroz com casca ?) da familia.

Foto 2_ A árvore da Manjanja (ou Mandjandja) em Crioulo, Tabâ(i) em mandinga e fula, foi o local escolhido para a realização da cerimónia. Os homens estão sentados debaixo da arvore e relaxados, esperando a hora da chegada do Almame (Chefe religioso) e o inicio da cerimónia que se realiza uma vez por ano após o periodo do Ramadâo (jejum de 30 dias consecutivos, das 5h00 as 7h30). A organização da mesma está hierarquizada, tendo na frente os homens, em seguida as mulheres à uma certa distância e depois o grupo das crianças. Estas as vezes se misturam com o grupo das mulheres.

Foto 3_ O Almame (a frente) e o grupo dos seus auxiliares a caminho do local da realizaçao da cerimonia, passando pelo grupo dos rapazes que estão sentados atrás das mulheres na ordem hierárquica da cerimónia de reza muçulmana que requere silêncio, calma e grande concentração.

Foto 4_ Duas mulheres grandes da aldeia em trazes de festa, aproveitam para os habituais cumprimentos e uma breve troca de palavras antes do inicio da cerimonia.

Foto 5_ Mostra a primeira fila do grupo das mulheres sentadas debaixo do sol e algo impacientes, a espera do inicio da cerimónia, aqui o sol fustiga e não há sombra. Em primeiro plano, uma mulher sentada numa pele de carneiro. As esteiras de bambu e as peles de carneiro eram largamente utilizadas antes do aparecimento das esteiras feitas de material polietileno.

Melhores cumprimentos,

Cherno Baldé

Anónimo disse...

PS: Uma pequena correcçao:

O grupo dos rapazes vem a seguir ao dos homens adultos e nao atras das mulheres como tinha dito mais acima.

Obrigado,

Cherno AB

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Obrugado, Cherno, ficam muito mais valorizadas estas fotos do Marreiros...que ansceu na mítica "ponta de Sagres" onde a terra acaba e o mar começa... Vou fazer um poste...Tenho mais fotos do Ramadão para publicar. Mantenhas. Luís

Valdemar Silva disse...

Luis, cuidado com os direitos de autor.
Julgo ter sido Luís de Camões o autor de 'onde a terra acaba e mar começa' mas referindo-se
ao Cabo da Roca, na Freguesia de Colares (Sintra).
Aliás, o Cabo da Roca é considerado o ponte mais ocidental da Europa Continental.
Nos tempos que correm, nunca se sabe poder haver por aí um movimento espontâneo com o rabo de fora a dizer 'agora até querem mudar os pontos cardeais'.

Abracelos, ainda por enquanto
Valdemar Queiroz