Foto nº 1
Foto nº 2
Foto nº 3
Foto nº 4
Foto nº 5
Guiné > Região de Gabu > Buruntuma > CCAÇ 3544, "Os Roncos de Buruntuma" > 1972 >
O Ramadão (1)
1. Mensagem de camarada António Marreiros [ a viver há quase meio século no Canadá (Victoria, BC, British Columbia), ex- alferes miliciano em rendição individual na Companhia CCaç 3544, "Os Roncos", Buruntuma, 1972, e, meses depois, transferido para Bigene, CCaç 3, até Agosto 1974]:
Data - 23/02/2021, 18:29
Assunto - Álbum fotográfico. Buruntuma (1)
Amigos,
Todos os dias dou uma olhadela ao blog e também dei uma gargalhada com a história do frango que voou e a vida no hospital de Bissau...Ainda bem que nunca tive de lá ficar.Visitei amigos hospitalizados e na altura deixou-me pouco desejo de lá voltar...
Tenho um grupo que fotos que o Cherno Baldé talvez possa acrescentar mais importantes detalhes sobre os trajes e cerimónias do Ramadão. Na altura não sabia nada sobre os costumes muçulmanos!
Aqui os dias de inverno vão dando lugar a sinais de primavera mas muito devagar. Para usar o tempo vou aprendendo e conversando italiano com outros “estudantes” espalhados pelo mundo graças ao Zoom e outras plataformas e assim não me sinto tão isolado.
Que continuem todos bem!
Um abraço
Antonio Marreiros (Canada)
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Nota do editor:
Último poste da série > 5 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21853: Álbum fotográfico de António Marreiros, ex-alf mil, CCaç 3544, "Os Roncos", Buruntuma, 1972, e CCaç 3, Bigene e Guidage, 1973/74 - Parte IV: Crianças de Buruntuma
4 comentários:
Caros amigos,
O Antonio Marreiros postou mais uma série de excelentes fotos falantes sobre a comunidade de Buruntuma no ano de 1972, por ocasião da celebração do fim do mês sagrado do Ramadão.
Os meus comentários:
Foto 1_ Um homem grande no seu traze de festa a caminho do local da celebração que normalmente se realiza no centro da aldeia debaixo de uma árvore, a mais importante, que tradicionalmente recebe este acto de submissão a Allá o criador, o benevolente e misericordioso, simbolizando a união e concordia entre os habitantes da aldeia.
Em segundo plano e do lado direito vê-se um abrigo (Bunker) contra flagelações e bombardeamentos de artilharia. Este tipo de abrigos feitos para protecção das populações civís existiam nas (fronteiras) zonas mais expostas as flagelações inimigas. Eram relativamente frescas durante o dia e insuportáveis durante a noite. Deviam ser limpos regularmente e bem resguardados sob pena de servir de covíl de cobras e outros répteis que abundam nas regiões tropicais. A parte de cima do bunker foi aproveitado para servir de celeiro para stock das reservas de alimentaçao (milho miudo e sacos de arroz com casca ?) da familia.
Foto 2_ A árvore da Manjanja (ou Mandjandja) em Crioulo, Tabâ(i) em mandinga e fula, foi o local escolhido para a realização da cerimónia. Os homens estão sentados debaixo da arvore e relaxados, esperando a hora da chegada do Almame (Chefe religioso) e o inicio da cerimónia que se realiza uma vez por ano após o periodo do Ramadâo (jejum de 30 dias consecutivos, das 5h00 as 7h30). A organização da mesma está hierarquizada, tendo na frente os homens, em seguida as mulheres à uma certa distância e depois o grupo das crianças. Estas as vezes se misturam com o grupo das mulheres.
Foto 3_ O Almame (a frente) e o grupo dos seus auxiliares a caminho do local da realizaçao da cerimonia, passando pelo grupo dos rapazes que estão sentados atrás das mulheres na ordem hierárquica da cerimónia de reza muçulmana que requere silêncio, calma e grande concentração.
Foto 4_ Duas mulheres grandes da aldeia em trazes de festa, aproveitam para os habituais cumprimentos e uma breve troca de palavras antes do inicio da cerimonia.
Foto 5_ Mostra a primeira fila do grupo das mulheres sentadas debaixo do sol e algo impacientes, a espera do inicio da cerimónia, aqui o sol fustiga e não há sombra. Em primeiro plano, uma mulher sentada numa pele de carneiro. As esteiras de bambu e as peles de carneiro eram largamente utilizadas antes do aparecimento das esteiras feitas de material polietileno.
Melhores cumprimentos,
Cherno Baldé
PS: Uma pequena correcçao:
O grupo dos rapazes vem a seguir ao dos homens adultos e nao atras das mulheres como tinha dito mais acima.
Obrigado,
Cherno AB
Obrugado, Cherno, ficam muito mais valorizadas estas fotos do Marreiros...que ansceu na mítica "ponta de Sagres" onde a terra acaba e o mar começa... Vou fazer um poste...Tenho mais fotos do Ramadão para publicar. Mantenhas. Luís
Luis, cuidado com os direitos de autor.
Julgo ter sido Luís de Camões o autor de 'onde a terra acaba e mar começa' mas referindo-se
ao Cabo da Roca, na Freguesia de Colares (Sintra).
Aliás, o Cabo da Roca é considerado o ponte mais ocidental da Europa Continental.
Nos tempos que correm, nunca se sabe poder haver por aí um movimento espontâneo com o rabo de fora a dizer 'agora até querem mudar os pontos cardeais'.
Abracelos, ainda por enquanto
Valdemar Queiroz
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