Caros Amigos
Eis-nos chegados a Dezembro, mês de festividades natalícias.
Junto um pequeno texto dedicado aos que, em 1973, passaram por Gadamael.
Podia ter-lhe chamado “Um Natal na Guerra”, ou “A Guerra em tempos de Paz”. Optei por… “Três Pings e um Pong”.
Abraços
AMM
Naquele dia, 25 de Dezembro de 1973, a actividade aérea na Base da Bissalanca estava reduzida ao mínimo dos mínimos, apenas as missões de Alerta, as habituais evacuações de DO-27 e AL-III e, para alguma eventual saída de apoio-fogo, a parelha dos Fiat G-91.
A meio dessa manhã meti-me na minha Yamaha-200 e lá fui, estrada fora, do Largo do Liceu Honório Barreto até à Base Aérea. A minha tarefa para essa tarde estava bem definida, ia entrar de Alerta ao Fiat G-91, a partir das 13:00 e até ao Pôr do Sol.
Um almoço muito ligeiro no Bar dos pilotos, ainda vinha cheio de fatias douradas, arroz-doce, bolo-rei e muitas outras iguarias, o resultado de uma noite de consoada passada em casa das minhas vizinhas do andar de baixo, as enfermeiras paraquedistas. Até tinham sido amigas, sabendo da minha paixão por automóveis e em especial por Porsches, no meio de muitos sorrisos malandrecos tinham-me oferecido um 911 da Dinky Toys, à escala 1/43.
Era Dia de Natal, Feriado, a "Paz entre os homens de boa vontade", mais uma série de frases feitas, talvez nesse dia a guerra tivesse uma pausa.
A primeira missão aconteceu por volta das 14:00. No sistema sonoro do Grupo Operacional, a mensagem a chegar:
- "Alerta aos Fiats".
Corrida às Operações para tentar saber mais alguns detalhes. A solicitação era para Gadamael, lá no Sul, junto à fronteira com a Guiné-Conacri. Recolha do capacete e das fitas para as pernas da Martin-Baker, tudo o resto ficou esquecido no armário, o anti-g, o mae-west, a pistola e o respectivo equipamento de sobrevivência. No bolso do fato de voo, o que sempre me acompanhava, uma bússola e um pequeno espelho. Se por um qualquer motivo tivesse que me ejectar e cair lá no meio da floresta, podia tentar indicar a minha posição.
Uma rápida deslocação até à Linha da Frente dos Fiat G-91, o condutor do Jeep a buzinar, os mecânicos a correrem, a tirarem as tampas que protegiam as aeronaves de alerta, o meu avião foi o 5437, o meu Asa era um Capitão Pira, a parelha a fazer uma descolagem imediata, de corrida.
Um parêntesis para os menos familiarizados com assuntos aeronáuticos; na aviação e independentemente de hierarquias, o mais experiente vai à frente, é o Chefe da Missão.
Continuando, os aviões estavam equipados com tanques de combustível auxiliares, uma autonomia de 1:20. Quinze minutos depois já estávamos a sobrevoar a zona e em contacto com o Aquartelamento.
Era redundante, os do Exército não sabiam falar com os pilotos, perdiam-se em explicações variadas. O que nós, lá do alto, queríamos saber eram apenas dois factores, a direcção do ataque e o tipo de arma. Depois de muita conversa do tipo parte gaga, lá confirmaram, tinham sido atacados dos lados da fronteira, com morteiro 120mm.
De acordo com a descrição dos militares, as granadas tinham caído longe do arame mas sempre em aproximação, como se alguém estivesse a tentar regular o tiro. À nossa chegada tinham-se calado.
Largámos os foguetes na zona, mais algumas rajadas das metralhadoras, poucas, as munições não eram explosivas e o seu calibre era inócuo para quem, na floresta, se pudesse abrigar atrás de uma qualquer palmeira. Para além disso, as placas para-fogo junto à saída dos canos estavam completamente rachadas, com umas feias e atabalhoadas soldaduras, quais cicatrizes. Por causa dessas anomalias, um piloto já se tinha ejectado. No momento de disparar as armas, o painel das metralhadoras saltara fora.
Tudo calmo, o pessoal do Aquartelamento satisfeito. Regressámos a Bissalanca, no total 50 minutos de voo, a sensação da ajuda ter ficado um tudo ou nada incompleta.
Depois de aterrado fui à Secção Fotográfica da Base, quase paredes meias com a Esquadra. Toda aquela zona Sul da Guiné estava devidamente cartografada e fotografada. Com base no que me haviam dito (morteiro de 120mm e ataque do lado da fronteira) analisei as fotos, tentando descobrir todos os locais possíveis para bases de morteiros de 120mm. No meio de toda aquela floresta encontrei quatro clareiras que se ajustavam ao requisito. Informação em reserva, a ser utilizada numa futura missão na área.
O Pôr do Sol a chegar, o período de alerta quase a terminar, já me estava a ver de regresso à Yamaha e ao Largo do Liceu, o altifalante do Grupo a transmitir um novo aviso:
- "Alerta aos Fiat".
Outra vez Gadamael. Nova corrida, os mecânicos a apontarem-me uma outra vez o 5437, o avião de alerta, já reabastecido, com os tip-tanks, metralhadoras e foguetes.
Fiz-lhes sinal para uns outros aviões, uma parelha que estava estacionada ali mesmo ao lado, a ser preparada para o dia seguinte, sem qualquer armamento nas asas, umas bombas de 750 libras a um canto, ainda nos respectivos cavaletes.
Aqueles mecânicos eram super eficientes. Em quinze minutos o armamento foi devidamente instalado nos aviões e a parelha ficou pronta, a autonomia de voo a reduzir drasticamente, de 1:20 para uns míseros 50 minutos.
Saída no 5427, trinta minutos após o pedido já estávamos de novo na zona. Desta vez já não havia tempo para grandes conversas, o Aquartelamento a confirmarem-me que era outra vez o morteiro de 120mm. Não havia tropa fora do aquartelamento, um voo em picada, de modo a visar duas das clareiras que tinha identificado nas fotos e, num passe meio esticado, larguei uma bomba em cada uma delas. Depois disse ao meu asa para fazer o mesmo às duas outras clareiras, o que ele, o Capitão periquito, executou na perfeição.
As bombas de 750 libras eram bem potentes. Ainda a recuperar do passe e sentíamo-las a explodir, o avião até estremecia. Uma outra característica, eram bem fuseladas e, ao rebentarem, faziam um enorme cogumelo de pó e detritos, talvez uns vinte metros de altura.
Bombardeamento executado. Ao verificarmos a área para ver se havia alguma reacção de Strelas, descobrimos algo de estranho. No meio de todo aquele verde da floresta havia três rebentamentos castanhos de uns quinze a vinte metros de envergadura e um outro, enorme, uma densa fumarada escura que, no mínimo, deveria ter mais de cinquenta metros de altura.
Uma grande explosão lá em baixo, o Capitão periquito acabara de acertar em algo.
Regressámos, o voo tinha durado apenas 35 minutos.
Como Tenente e Chefe da Parelha lá tive de ir fazer o respectivo Relatório. Poderia ter escrito “Três Pings e um Pong”, ou, talvez um pouco mais de acordo com a sequência da ocorrência, Ping Ping PONG Ping. Não me iam perceber. Optei pelas palavras habituais:
- "ATAP (Ataque em Alerta) em Gadamael, junto à fronteira, quatro bombas de 750 lbs, resultados desconhecidos".
A noite a chegar, o período do Alerta terminado, montei-me na moto e fui à minha vida, que no dia seguinte a guerra ia continuar.
Só algumas semanas mais tarde viemos a saber o resultado daquele grande rebentamento. Uma das bombas fizera explodir as munições que o PAIGC tinha escondido na floresta, para, à noite, irem despejar sobre o Aquartelamento.
Pelo menos nessa noite os de Gadamael devem ter dormido descansados.
Uns outros pensamentos positivos, nunca mais chamei "Pira" ao Capitão Pira.
AMM
Junto um pequeno texto dedicado aos que, em 1973, passaram por Gadamael.
Podia ter-lhe chamado “Um Natal na Guerra”, ou “A Guerra em tempos de Paz”. Optei por… “Três Pings e um Pong”.
Abraços
AMM
Três Pings e um Pong
por António Martins de Matos
Naquele dia, 25 de Dezembro de 1973, a actividade aérea na Base da Bissalanca estava reduzida ao mínimo dos mínimos, apenas as missões de Alerta, as habituais evacuações de DO-27 e AL-III e, para alguma eventual saída de apoio-fogo, a parelha dos Fiat G-91.
A meio dessa manhã meti-me na minha Yamaha-200 e lá fui, estrada fora, do Largo do Liceu Honório Barreto até à Base Aérea. A minha tarefa para essa tarde estava bem definida, ia entrar de Alerta ao Fiat G-91, a partir das 13:00 e até ao Pôr do Sol.
Um almoço muito ligeiro no Bar dos pilotos, ainda vinha cheio de fatias douradas, arroz-doce, bolo-rei e muitas outras iguarias, o resultado de uma noite de consoada passada em casa das minhas vizinhas do andar de baixo, as enfermeiras paraquedistas. Até tinham sido amigas, sabendo da minha paixão por automóveis e em especial por Porsches, no meio de muitos sorrisos malandrecos tinham-me oferecido um 911 da Dinky Toys, à escala 1/43.
Era Dia de Natal, Feriado, a "Paz entre os homens de boa vontade", mais uma série de frases feitas, talvez nesse dia a guerra tivesse uma pausa.
A primeira missão aconteceu por volta das 14:00. No sistema sonoro do Grupo Operacional, a mensagem a chegar:
- "Alerta aos Fiats".
Corrida às Operações para tentar saber mais alguns detalhes. A solicitação era para Gadamael, lá no Sul, junto à fronteira com a Guiné-Conacri. Recolha do capacete e das fitas para as pernas da Martin-Baker, tudo o resto ficou esquecido no armário, o anti-g, o mae-west, a pistola e o respectivo equipamento de sobrevivência. No bolso do fato de voo, o que sempre me acompanhava, uma bússola e um pequeno espelho. Se por um qualquer motivo tivesse que me ejectar e cair lá no meio da floresta, podia tentar indicar a minha posição.
Uma rápida deslocação até à Linha da Frente dos Fiat G-91, o condutor do Jeep a buzinar, os mecânicos a correrem, a tirarem as tampas que protegiam as aeronaves de alerta, o meu avião foi o 5437, o meu Asa era um Capitão Pira, a parelha a fazer uma descolagem imediata, de corrida.
Um parêntesis para os menos familiarizados com assuntos aeronáuticos; na aviação e independentemente de hierarquias, o mais experiente vai à frente, é o Chefe da Missão.
Continuando, os aviões estavam equipados com tanques de combustível auxiliares, uma autonomia de 1:20. Quinze minutos depois já estávamos a sobrevoar a zona e em contacto com o Aquartelamento.
Era redundante, os do Exército não sabiam falar com os pilotos, perdiam-se em explicações variadas. O que nós, lá do alto, queríamos saber eram apenas dois factores, a direcção do ataque e o tipo de arma. Depois de muita conversa do tipo parte gaga, lá confirmaram, tinham sido atacados dos lados da fronteira, com morteiro 120mm.
De acordo com a descrição dos militares, as granadas tinham caído longe do arame mas sempre em aproximação, como se alguém estivesse a tentar regular o tiro. À nossa chegada tinham-se calado.
Largámos os foguetes na zona, mais algumas rajadas das metralhadoras, poucas, as munições não eram explosivas e o seu calibre era inócuo para quem, na floresta, se pudesse abrigar atrás de uma qualquer palmeira. Para além disso, as placas para-fogo junto à saída dos canos estavam completamente rachadas, com umas feias e atabalhoadas soldaduras, quais cicatrizes. Por causa dessas anomalias, um piloto já se tinha ejectado. No momento de disparar as armas, o painel das metralhadoras saltara fora.
Tudo calmo, o pessoal do Aquartelamento satisfeito. Regressámos a Bissalanca, no total 50 minutos de voo, a sensação da ajuda ter ficado um tudo ou nada incompleta.
Depois de aterrado fui à Secção Fotográfica da Base, quase paredes meias com a Esquadra. Toda aquela zona Sul da Guiné estava devidamente cartografada e fotografada. Com base no que me haviam dito (morteiro de 120mm e ataque do lado da fronteira) analisei as fotos, tentando descobrir todos os locais possíveis para bases de morteiros de 120mm. No meio de toda aquela floresta encontrei quatro clareiras que se ajustavam ao requisito. Informação em reserva, a ser utilizada numa futura missão na área.
O Pôr do Sol a chegar, o período de alerta quase a terminar, já me estava a ver de regresso à Yamaha e ao Largo do Liceu, o altifalante do Grupo a transmitir um novo aviso:
- "Alerta aos Fiat".
Outra vez Gadamael. Nova corrida, os mecânicos a apontarem-me uma outra vez o 5437, o avião de alerta, já reabastecido, com os tip-tanks, metralhadoras e foguetes.
Fiz-lhes sinal para uns outros aviões, uma parelha que estava estacionada ali mesmo ao lado, a ser preparada para o dia seguinte, sem qualquer armamento nas asas, umas bombas de 750 libras a um canto, ainda nos respectivos cavaletes.
Aqueles mecânicos eram super eficientes. Em quinze minutos o armamento foi devidamente instalado nos aviões e a parelha ficou pronta, a autonomia de voo a reduzir drasticamente, de 1:20 para uns míseros 50 minutos.
Saída no 5427, trinta minutos após o pedido já estávamos de novo na zona. Desta vez já não havia tempo para grandes conversas, o Aquartelamento a confirmarem-me que era outra vez o morteiro de 120mm. Não havia tropa fora do aquartelamento, um voo em picada, de modo a visar duas das clareiras que tinha identificado nas fotos e, num passe meio esticado, larguei uma bomba em cada uma delas. Depois disse ao meu asa para fazer o mesmo às duas outras clareiras, o que ele, o Capitão periquito, executou na perfeição.
As bombas de 750 libras eram bem potentes. Ainda a recuperar do passe e sentíamo-las a explodir, o avião até estremecia. Uma outra característica, eram bem fuseladas e, ao rebentarem, faziam um enorme cogumelo de pó e detritos, talvez uns vinte metros de altura.
Bombardeamento executado. Ao verificarmos a área para ver se havia alguma reacção de Strelas, descobrimos algo de estranho. No meio de todo aquele verde da floresta havia três rebentamentos castanhos de uns quinze a vinte metros de envergadura e um outro, enorme, uma densa fumarada escura que, no mínimo, deveria ter mais de cinquenta metros de altura.
Uma grande explosão lá em baixo, o Capitão periquito acabara de acertar em algo.
Regressámos, o voo tinha durado apenas 35 minutos.
Como Tenente e Chefe da Parelha lá tive de ir fazer o respectivo Relatório. Poderia ter escrito “Três Pings e um Pong”, ou, talvez um pouco mais de acordo com a sequência da ocorrência, Ping Ping PONG Ping. Não me iam perceber. Optei pelas palavras habituais:
- "ATAP (Ataque em Alerta) em Gadamael, junto à fronteira, quatro bombas de 750 lbs, resultados desconhecidos".
A noite a chegar, o período do Alerta terminado, montei-me na moto e fui à minha vida, que no dia seguinte a guerra ia continuar.
Só algumas semanas mais tarde viemos a saber o resultado daquele grande rebentamento. Uma das bombas fizera explodir as munições que o PAIGC tinha escondido na floresta, para, à noite, irem despejar sobre o Aquartelamento.
Pelo menos nessa noite os de Gadamael devem ter dormido descansados.
Uns outros pensamentos positivos, nunca mais chamei "Pira" ao Capitão Pira.
AMM
Guiné > Região de Tombali > Gadamael > Vista aérea de Gadamael Porto nos finais do ano de 1971.
© Foto do Cor Art Ref António Carlos Morais da Silva.
____________
Nota do editor:
Último poste da série > 2 de dezembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22775: O nosso sapatinho de Natal (2): E eu ainda não era eu: conto de José Teixeira
© Foto do Cor Art Ref António Carlos Morais da Silva.
Bissau, 1969 - G-91 R4
____________
Nota do editor:
Último poste da série > 2 de dezembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22775: O nosso sapatinho de Natal (2): E eu ainda não era eu: conto de José Teixeira
12 comentários:
Infelizmente guerra era guerra, não havia dias santos nem feriados nem fins de semana...O que me perturbava era a perda da noção dos dias... Mas sempre que podíamos trocavamos o camuflado pelas calças Jeans e a camisa Lacoste, de contrafacção... Em Bambadinca a única escapadela era Bafatá, "a doce princesa do Geba"...
Um abraço para os bravos de Gadamael e também para os valentes Tigres que eram o 112... Um bom Natal, António, quentinho, com muitos afectos, miminhos e chicoracoes, agora que es avo como eu. Luís
Pingue-pongue, joguei ping-pong no Campeonato Nacional e fui campeão da 2ª divisão da FNAT (act.INATEL)
Isto para contar, ter havido uma cena de porrada por um dos jogadores da minha equipa ser gago. O Nunes pedia a habitual desculpa quando a bola batia na rede ou na esquina na mesa.
Mas com a gaguez o desculpa saía sempre d..chu..pa, que chateava o adversário e o público em salas pequenas. Noutro "set" os vários d...chu..pa teriam sido percebidos como ...chupa.. e o adversário atirou-lhe a raquete à cabeça e nós mais uns poucos nossos apoiantes envolvidos à porrada com o público da casa até chegar a polícia.
Tinha vinte anos.
Abraço e saúde
Valdemar Queiroz
Caros Amigos
Um chamado… “Ponto de Ordem à Mesa”.
O Blogue é dos nossos amigos, Luís Graça, C. Vinhal e afins. Só eles, os Coordenadores do Blogue, têm o poder de decidir o que publicar. Mas esse poder não lhes dá o direito de adulterarem, corrigirem, manipularem, os textos que vos vão sendo enviados.
Isto para dizer, ainda vou contemporizando com os bonecos que, a despropósito, vão adornando o post. Mas não aceito que me alterem o texto que vos enviei. Tal acção está fora das vossas competências. Se não gostaram… lixo.
Professores de português, história e composição, já há muito passei essa fase.
Cumprimentos.
AMM
Caro amigo António Martins Matos
Da minha parte, como não pesco nada de aviação, apenas relacionei o pingue-pongue com o comentário de Luís Graça, que julgo ter aparecido por semelhanças das onomatopeicas ping e pong.
E só por isso, era o que mais faltava ser por motivos abusivos de corrector de bancada.
Abraço e saúde
Valdemar Queiroz
EM TEMPO:
Constatei que o texto publicado terá sido de um primeiro rascunho, que Não vos enviei.
Faz-me uma certa confusão como esse rascunho chegou até vós.
O texto definitivo seguiu acoplado ao mail de 01dez21. Era esse que esperava ver publicado.
Será que a Internet já nos manipula os documentos?
AMM
Luís Graça (by email=
Data - 4 dez 2021 19:25
Assunto . Tudo como dantes, quartel em Abrantes...
António: não te queria dar nenhuma lição de pingue-pongue, muito menos de português...Aceita as minhas/nossas desculpas, o teu texto foi (re)publicado na íntegra tal como o enviaste (em 1 do corrente), apenas com uma pequena correção, que logo dirás se foi gralha ou não:
Escreveste tu:
(...) Era redundante, os do Exército não sabiam falar com os pilotos, perdiam-se em explicações variadas. O que nós, lá do alto, queríamos saber eram apenas dois factores, a direcção do ataque e o tipo de arma. Depois de muita conversa do tipo parte vaga, lá confirmaram, tinham sido atacados dos lados da fronteira, com morteiro 120mm." (...)
Acho que querias dizer: "muita conversa do tipo parte gaga"... Mas tu logo confirmarás... Tudo para bem do blogue que é nosso, meu, teu, do Carlos Vinhal e de mais de dois batalhões de amigos e camaradas da Guiné.
Aceita o meu/nosso abraço. Um chicoração para o teu neto (ou neta ?). Luís
Caros Amigos
Mil desculpas pelo comentário inicial, respondido a quente. Julguei que me estavam a corrigir o texto, quando, na verdade, apenas estavam a publicar o meu rascunho inicial.
Mas a dúvida ficou-me. Como é que um simples rascunho, que não enviei, vos chegou às mãos?
Mistérios da Internet?
Abraço
AMM
António, a resposta é simples: mandaste-nos, há um ano atrás, por esta altura um texto parecido... Digamos que este que acabámos de publicar é uma 2ª edição, revista, aumentada e melhorada. Um dos editores foi buscar a "papinha que já estava feita" (*)... E depois o outro publicou, sem conferir com a nova versão, a de 1 de dezembro de 2021.
Aliás, houve uma pequena dúvida: onde publicar o texto, em que série ? Pensou-se na série já antiga, "O meu Natal no mato"... Mas podia levantar "suscetibilidades" aos "infantes" que nunca viram a guerra do ar... Afinal, não estiveste exatamente no mato, em Gadamael, mas sob os céus de Gadamael (...e dos "vizinhos")...
Como abrimos esta nova série, "O meu sapatinho de Natal", achámos que a tua prendinnha (sem eufemismos, a tua história desse dia 25 de dezembro de 1973...) ficava lá muito bem...
Desculpa, pois, a troca do título e a mania que eu, pessoalmente, tenho de escrever o "linguisticamente correto" num blogue de muitos e diferentes "falares"... Na realidade, "três pings e um pong" é uma onomatopeia, uma figura de linguagem na qual se reproduz um som por meio de fonemas... E está muito bem achado...
Boa continuação das escritas. Muitas prendas no sapatinho de Natal. Luís
__________
(*) Vd. poste de 15 DE DEZEMBRO DE 2020
Guiné 61/74 - P21648: Boas Festas 2020/21: Em rede, ligados e solidários, uns com os outros, lutando contra a pandemia de Covid-19 (9): Naquele dia 25 de Dezembro de 1973 (António Martins de Matos, Ten Gen Pilav Ref)
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2020/12/guine-6174-p21648-boas-festas-202021-em.html
Gadamael Porto, quem te viu nos anos de 67 ....
Caro camarada A.M.Matos
Em primeiro lugar os meus agradecimentos.
Quero esclarecer alguns factos.
Os fiates foram chamados porque pretendíamos que nos fosse fornecida a localização exacta da base de fogos do IN.
Eu não estava no abrigo das transmissões por isso não sei o que se passou.
Na segunda chamada seria o ataque programado pelo IN, porque nunca nos atacavam à noite por uma razão muito simples, bastava calcular o tempo entre a visão do clarão do disparo e a audição do mesmo para saber a distancia a que se encontrava o IN e a localização aproximada era calculada pela direcção de onde se observava o clarão.
Tínhamos como tática nunca fazer fogo quando as granadas do IN caíam fora do perímetro do aquartelamento.
No dia seguinte foi feita uma operação de exploração para verificar o local exacto da base de fogos do IN, tendo-se concluído que duas das clareiras eram de abertura recente.
Foi enviado "SINTREP" ao Q.G.
Reafirmo os meus agradecimentos à F.A.P.e aos PILAVS em particular.
Tivemos um jantar especial.".BACALHAU SALGADO E MAL COZIDO ACOMPANHADO POR UMA TRINCA DE ARROZ GOURMET".
O artilheiro
C.Martins
Boa tarde.
Nos meus tempos nos Tigres de Bissalanca entre 67 e 69 ainda não se tinha tentado o bombardeamento com as ameixas de 750 libras... Pena, pois teriam certamente efeito mais demolidor... Também, aqui felizmente ainda não tinham aparecido os célebres Strellas que tão nefastos efeitos tiveram para a FAP e em última análise, acabaram por mudar indirectamente o curso da guerra...
Quanto às palavras usadas pelo nosso General, quanto a mim são mais que próprias e adequadas.
Recordo-me particularmente nestas alturas das Quadras Natalícias, muitos de nós se disponibilizarem em permanência para os alertas dos G-91... Era de certo modo uma maneira de anestesiar sentimentos e nostalgias... Depois, naqueles tempos, o menu dos "nosso restaurante" não era nada apelativo, (embora nada comparado com a ração de combate dos camaradas da tropa de quadrícula... E como 1°Cabo,embora com o pomposo substantivo de Especialista, o pré não dava para mais que uma ou duas idas aos restaurantes de Bissau...
O curioso é que alguns dos camaradas Pilotos Furriéis, Alferes e Tenentes até foram nalguns casos colegas de Turma nos Liceus, Escolas e Institutos Industriais como foi o meu caso...
Termino com votos de boa saúde e uma Quadra Feliz para todos os que derem leitura a este meu parlapaté..
Abraço ��������
Boa noite a todos e já agora votos de boas festas Natalícias(um pouco antecipadas!)
não me lembro se estava de alerta aos DO's,principalmente para evacuações,mas nesse dia fui a Cacine no DO 3351,cuja missão está registada na caderneta de vôo como TGER(Transporte Geral)
No dia seguinte fiz o meu último vôo nos céus da Guiné e fim da comissão e embarque a 30 DEZ,a tempo de festejar a passagem do Ano.
Parece que um dia igual a muitos outros
Gil Moutinho
Enviar um comentário