Caríssimo, bons dias
O Serra Vaz telefonou-me, explicou-me o que anda a fazer na heráldica militar, é matéria de que estou completamente afastado, mas acho que o blog pode contribuir.
Pensei no Coronel Pereira da Costa e no Zé Martins, seguramente que há outros camaradas que se interessem pelo estudo.
Vê se é possível fazer um apelo geral. Pedi ao camarada Serra Vaz que contactasse o Arquivo Histórico-Militar, não vejo outra instituição, talvez a Associação Portuguesa de Heráldica, mas tenho para mim que eles se dedicam mais à Heráldica da Nobreza.
Vê como podemos ajudar.
Um abraço do
Mário
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2. Mensagem do nosso camarada Serra Vaz, ex-Fur Mil Op Esp da CCAÇ 2335 (Madureira, Nambuangongo, Zala, Malange, 1968/70) enviada ao Mário Beja Santos:Amigo e antigo camarada D´Armas Dr. Beja Santos
Os meus cumprimentos.
Na sequência do nosso telefonema, tal como lhe disse, sou também um antigo militar (Fur. miliciano) e actualmente na situação de reforma, dedico-me ao estudo de diversas matérias sobre a Guerra do Ultramar, sendo UMA das principais:
HERÁLDICA MILITAR. O estudo de toda a simbologia de TODAS as Unidades militares mobilizadas para os três teatros de operações das Campanhas de Africa 1961/74.
São milhares de Guiões; flâmulas; bandeiras; emblemas; crachás e também incluo o estudo das Divisas e nomes de guerra porque as duas coisas são indissociáveis: a imagem gráfica procura visualizar o sentido expresso pela Divisa, bem como, muitas vezes é esta que reforça a imagem.
Mas toda essa colorida panóplia decorativa que nós, os antigos combatentes (que nada sabíamos de heráldica) produzimos, deve ser analisada em termos de design gráfico e não como heráldica porque o não é.
Contudo ela está lá; está presente na muita influência e inspiração nas simbologias dos respectivos Regimentos mobilizadores.
Eu entendo que a investigação e o estudo destas matérias é também uma maneira de fazer Historia. É um “nicho” da história; é uma “pequena história“ ou uma “história menor", ou lá o que lhe queiram chamar, mas é HISTORIA.
Grato pela atenção dispensada, me subscrevo
Serra Vaz
E-mail:serlipe14@gmail.com
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Nota do editor
Último poste da série de 6 DE OUTUBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22603: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (91): Agradecimento da investigadora Sílvia Espírito-Santo pela colaboração dos nossos camaradas em projecto sobre o Movimeno Nacional Feminino
3 comentários:
Olá Camarada
Como ponto prévio começaria por informar que a simbologia das Unidades militares é como o Fado Vádio. Nada foi aprovado, nada foi heraldicamente validado, mas todos os símbolos implantaram-se, foram usados e são fortemente populares.
É comum que se refiram ao local onde a Unidade esteve mais tempo sediada. Pode suceder que estejam relacionados com a simbologia da unidade mobilizadora. Como exemplo da relação com a unidade mobilizadora temos os guiões de todas as unidades mobilizadas pelo ex-RAA.
O tratamento dos símbolos das unidades das guarnições normais (Exemp: Pel. Caç. Nat, CCaç Nat. RIL, BAC/GA 7 etc.) teve outra tramitação, pelo que é frequente serem bastante antigos e estarem heraldicamente validados pelos serviços da área histórica.
Alguns têm forte pendor humorístico, especialmente no que respeita a divisas, lemas, etc.
Habitualmente não se escreve nos brasões, mas na simbologia das unidades mobilizadas - de reforço à GN - é muito frequente encontrarem-se palavras, recorrendo a diversos tipos de letra (varia de unidade para unidade), outra consequência da sua origem eminentemente popular.
Nos brasões usam-se apenas 5 esmaltes e 2 metais. Nos símbolos das unidades militares especialmente companhias e pelotões esta regra não se verifica como se vê pela observação sistemática.
Um Ab.
António J. P. Costa
A origem eminentemente popular, julgo que teria a autorização do Cmdt do Batalhão, Companhia ou Pelotão.
O crachá da minha "CART11 Os Lacraus" teve a anuência do Capitão, o que trouxemos "CART2479 Poucos quanto fortes" foi feito a nível do Batalhão na Metrópole.
Quando cheguei a Bissau, dois crachás chamaram a atenção: um de Madina do Boé da rapaziada que tinha sido evacuada com o mapa da Guiné e a amarelo a zona do Boé não recordando o lema, e outro bem diferente "Os mata turras" que não me recordo do desenho e da respectiva Companhia.
Abraço e saúde
Valdemar Queiroz
Olá Camaradas
Claro que a aprovação da hierarquia era necessária (nível companhia ou batalhão), mas isso não lhes tirava o cunho "popular", dado que a aprovação dos peritos de heráldica nunca se verificou e talvez não houvesse tempo para isso. As unidades não tinham tempo para se envolverem num dize tu, direi eu com as entidades que regulavam a matéria e que sabiam de heráldica mas eram insensíveis ao que se passava em África. Recordo-me de uma Companhia que esteve em Jumbembém: os "Metralhas" que tinha como lema "Não somos para Brincadeiras" e o emblema era quase todo preenchido com uma representação dos irmãos metralha desenhados por Walt Disney. Havia uma que tinha como lema "Deixós Poisar" (de uma anedota que então circulava) e como distintivo tinha um galo muito parecido com o do bordado de Portalegre.
Um Ab. e bom FdS
António J. P. Costa
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