segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Guiné 63/74 - P2063: Álbum das Glórias (24): O pretoguês Queta Baldé, uma memória de elefante e um grandecíssimo camarada (Beja Santos)


Lisboa > Julho de 2007 > O Queta Baldé e o Beja Santos.

Foto: © Beja Santos (2007). Direitos reservados.



Região de Bafatá > Xime > 1997 > Tabanca de Amedalai, de onde é natural o Queta Baldé. Foi, no nosso tempo, sede um destacamento de milícias, alvo de frequentes ataques do IN. Pertencia à Zona de Acção do Xime. Situa-se entre o Xime e a ponte do Rio Udunduma na estrada para Bambadinca.

Foto: © Humberto Reis (2005). Direitos reservados


1. Texto enviado em 26 de Julho último pelo Beja Santos (ex-alf mil, comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70):


Viva Queta Baldé, uma memória indefectível, 
um grandecissímo camarada da Guiné!


Comentários: Como vêem, o Queta, a memória que me falta e me ilumina as minhas recordações sombrias, existe. É português, nasceu há 71 anos atrás em Amedalai, que é também o chão do meu querido Mamadu Djau. Foi milícia na Ponta do Inglês e Finete, depois da aprendizagem em Bolama foi com o pEL cAÇ nAT 52 para Porto Gole e depois Missirá, e depois Bambadinca, e depois Fá Mandinga.

Pertenceu à 2ª Companhia de Comandos Africana, andou fugido a seguir à independência, vive agora na Amadora, depois de ter sofrido muito até se ter feito reparação da sua lealdade. Não conheço ninguém que diga "bandeira portuguesa" como ele, é um pacto de sangue que excede a gratidão que tem a Deus por estar vivo. E, meu Deus, o que é que eu seria a desfiar as minha memórias sem os aerogramas à Cristina e a memória do Queta?

Como é que estas coisas se agradecem? Tirámos esta fotografia no Luís Soares, ele entregou-me embaraçado a fotografia dizendo que o Queta está muito escuro... Respondi-lhe que não é por acaso que falamos dos pretos da Guiné que são igualmente os soldados mais leais à face da terra.

2 comentários:

Anónimo disse...

A melhor maneira de reconhecermos a lealdade dos antigos combatentes guineenses que lutaram ao nosso lado, caso do Queta Baldé e outros que o camarada Beja Santos ou outros tertulianos conheçam, é fazer deles nossos convidados nos próximos encontros da Tertúlia.
À consideração dos camaradas.
Carlos Vinhal

Anónimo disse...

Penso que ao ser publicado o livro de Beja Santos, muitos conceitos e certezas do lado certo e lado errado da guerra vai ficar confuso para muita gente. Quem tivesse vivido na guiné, nos primeiros anos de independência, teria ouvido em crioulo, quer a jovens e idosos muitas das peripécias que B.S. e muitos tertulianos transportam para este blogue, com nomes, principalmente de praças, unidades, e todos os pormenores, e sentimentos de portuguesismo, que surpreendiam qualquer um...é pena que a longevidade dos guineenses esteja curtíssima, e muitos testemunhos tenham desaparecido tão rapidamente e tragicamente, quer dum lado, quer do outro da guerra, principalmente com a ideia de queimar arquivos.
ANTONIO ROSINHA
antónio rosinha