1. Mensagem que me chega hoje, enviada pelo Arsénio Puim, ex-Alf Mil Capelão, CCS/ BART 2917, e que esteve em Bambadinca entre Maio de 1970 e Maio de 1971
UM REENCONTRO QUE ACONTECEU 38 ANOS DEPOIS
por Arsénio Puim
Foi com emoção que participei no 3.º Encontro da CCS do Bart 2917, de Bambadinca, realizado a 16 de Maio de 2009 na bela cidade de Viana do Castelo (*), precisamente no dia e no lugar donde há 39 anos esta Unidade partira, com destino a Lisboa, para embarcar no dia seguinte, no Carvalho Araújo, para as terras da Guiné, onde aportámos no dia 25 de Maio às 14 horas.
Eu era o capelão militar do Batalhão, mandatado pela Cúria Castrense, sem qualquer consulta prévia, para, em nome da Igreja Católica, acompanhar e prestar assistência religiosa àqueles 700 homens que iam cumprir uma comissão de serviço, de certo muito dura e cheia de riscos, numa guerra já então, para muitos, controversa e sem perspectivas de solução militar.
Nesse dia 16, do Encontro, cheguei muito cedo a Viana, que percorri a pé quando a cidade começava a despertar. Deslumbrei-me, de novo, com o seu Centro Histórico, tão rico e belo, e a sua agradável zona ribeirinha. Depois, procurei a Pensão Arezes, no Largo de S. Domingos, a qual pertencia a umas velhinhas muito queridas, já falecidas, e hoje não existe mais. Ali tinha ficado hospedado aqueles quase três meses do IAO, juntamente com o alferes miliciano Mendes, de Lamego, que faleceu na Guiné e que eu recordei com muito pesar.
E, logo ao lado, visitei a histórica igreja de S. Domingos, onde celebrei a Missa de despedida do Batalhão, no dia 6 de Maio. Na homilia que proferi na ocasião ao Batalhão inteiro – recordo-o - acentuei, por um lado, o sentido de comunidade que nos deveria unir naquela pequena terra africana onde iríamos viver juntos uma nova e difícil experiência e, por outro, o espírito de serviço aos outros e à África Negra que nos deveria informar, de acordo com os altos princípios dos Exércitos, que não a guerra, que essa nunca poderá ser um ideal ou valor em si.
Depois, foi a concentração na Fortaleza de São Jorge da Barra e o almoço de confraternização em Meadela. Volvidos 38 anos desde que voltei aos Açores, nunca mais vira aqueles jovens de 20 e poucos anos de idade que eu conhecera e que continuavam a desfilar nas minhas recordações como se o tempo não tivesse passado.
As horas correram rápidas e não deu tempo para ouvir e dizer tanto a tantos, nem sequer pude conversar com um pouco de calma com o grande Machadinho, como projectara. Haverá outras oportunidades, se Deus quiser. Eu, até, sugiro e alimento a ideia de que um dos próximos Encontros seja nos Açores. Porventura em São Miguel, e mesmo em Vila Franca do Campo?
Aproveito a oportunidade para expressar aos companheiros da CCS e das outras Companhias do Batalhão 2917 a mesma grande simpatia de que sempre me rodearam, e lembrar, com respeito e saudade, os que caíram na guerra da Guiné, assim como os que faleceram já depois do regresso a Portugal.
Arsénio Chaves Puim
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Nota de L.G.:
(*) Vd. postes de:
18 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4372: Convívios (131): CCS / BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), com o Arsénio Puim e os filhos do Carlos Rebelo (Benjamim Durães)
19 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4378: Arsénio Puim, o regresso do 'Nosso Capelão' (Benjamim Durães, CCS/BART 2917, Bambadinca, 1970/72)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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