sábado, 7 de maio de 2022

Guiné 61/74 - P23238: Bom dia desde Bissau (Patrício Ribeiro) (23): Bafatá... e as nossas "geografias emocionais"


Fot0 nº 1 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022 > 7h42... Nascer do sol, tapado pelo que resta do monumento, sito no antigo Parque da cidade, ao Oliveira Muzanty (governador geral, 1907/09), defronte à Casa Gouveia, dois símbolos do "colonialismo português"... A estátua  foi apeada (e provavelmente destruída)...


Foto nº 2 >  Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h41> Os célebres pombais de Bafatá... Hoje ainda existem alguns. Este está onde hoje é o tribunal.


Foto nº 3 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022 7h41>  O que resta (a fachada...) do antigo mercado quando Bafatá era a doce princesa do Geba... Um belo exemplar da arquitetura colonial revivalista, que um dia destes cai de vez...


Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h41 > Rua para a 
Ponte Nova, diz o autor da foto. Na esquina, uma típica casa colonial, de sobrado. O Cherno Baldé diz-nos que era a antiga casa Ultramarina em Bafatá,  que controlava e abastecia toda a rede da zona Leste (Bafatá/Gabú). Pertencia ao BNU e era rival da Gouveia.


Foto nº 5 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h33 > A sé catedral... Um exemplar de arquitetura colonial religiosa (de mau gosto, acrescento eu, tal como  a de Bissau, que me perdoem os cristãos da Guiné -Bissau) (LG)


Foto nº 6 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h32 > O antigo edifício principal da administração do concelho de Bafatá, hoje direcção regional de educação de Bafatá... Fica na rua principal que vai dar ao rio Geba.


Foto nº 7 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h36 > A avenida principal... Ao fundo, o rio Geba... Do lado direiro, a casa de sobrado das "manas libanesas" (que têm um mano, que foi nosso camarada, hoje coronel paraquedista reformado, e empresário na Guiné-Bissau, 
o Chauki Danif. Era alferes no nosso tempo, e tem aqui, no blogue, alguns amigos). A matriarca do clã era a Dona Rosa, cpmo bem dos recorda o Humberto Reis, amigo da família.  (LG).


Foto nº 8 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h31 > Outra vista da artéria principal da antiga cidadezinha colonial... Há 6 anos o Patrício ainda apanhou algum alcatrão...


Foto nº 9 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h34 >  Na avenida principal, do lado esquerdo de quem desce, antigas instalacões da administração colonial, incluindo a residência do administrador da concelho (o mais célebre nos anos 60 foi o Guerra Ribeiro). Depois da independência, passou a ser chamado "palácio do Governador"... Na ponta direita, a estação dos correios (não sabemos se continua a funcionar como tal)...


Foto nº 10 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h34> Antiga residência do administrador do concelho e, por detrás, a torre que seria da polícia administrativa (cipaios).


Foto nº 11 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h31> Mais uma vista da avenida principal...  Alguns dos nossos camaradas fizeram aqui as suas provas de perícia... no exame de condução auto.


Foto nº 12 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 27 de abril de 2022, 9h49  > Outra rua (... esta é para o arquiteto e autor do melhor roteiro de Bafatá, o nosso camarada Fernando Gouveia, identificar... TPC de fim de semana).

Foto (e legenda): © Patrício Ribeiro (2022). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de Patrício Ribeiro (português, natural de Águeda, da colheita de 1947, criado e casado em Nova Lisboa, hoje Huambo, Angola, ex-fuzileiro em Angola durante a guerra colonial, "retornado", a viver na Guiné-Bissau desde 1884,  fundador,  sócio-gerente e director técnico da firma Impar, Lda; membro da nossa Tabanca Grande, com cerca de 120 referências no blogue; autor da série "Bom dia desde Bissau"; nosso colaborador permanente para as questões do ambiente, economia e geografia da Guiné-Bissau" (*)

Data - quinta, 28/04/2022, 09:04

Assunto - Bom desde Bafatá

Bom dia, desde Bafatá.

Luís, esta semana tenho passado uns dias em Bafatá.

Vou enviar umas fotos de hoje e desta semana, que terás que as organizar, vão directamente do meu telemóvel.

Na parte velha de Bafatá,  as casas coloniais são agora organismos públicos.

Muitos por aqui andaram há 50 anos de camuflado. (**)

Mantenhas. Patrício Ribeiro


2. Comentário do editor LG:

Obrigado, Patrício. Dizes bem, por aqui muitos andaram há 50 anos  de camuflado... E outros à civil... Ir a Bafatá, no meu tempo (1969/71), sobretudo ao fim de semana (quando o havia...) dava direito a ir à paisana... Ia-se às "meninas (do Bataclã)" e também matar a malvada em restaurantes como a Transmontana... E, no regresso, beber uma última cerveja no café do Teófilo, o "desterrado"... As manas libanesas também tinham um restaurante e café mas nunca lá fui.

Bafatá faz parte das "geografias emocionais" de boa parte de nós... Todos os camaradas que estiveram no Leste da Guiné passavam obrigatoriamente por Bafatá (elevada a cidade no tempo)... Era uma verdadeira placa giratória... Tal como Bambadinca e o Xime. Em Bafatá,  havia o "charme discreto" da civilização... Havia boas lojas, restaurantes, cinema e  até piscina. O resto da Guiné era "mato", ou seja, guerra. 

Desculpa, se meti alguma "argolada"... Achei que as tuas belas fotos, madrugadoras, mereciam uma legenda mais completa... Mas, para falar de Bafatá, "a princesa do Geba",  temos gente muito mais conceituada do que eu,  porque lá viveu durante a comissão  como é o caso do Fernando Gouveia, do António Azevedo Rodrigues  ou do Manuel Mata, por exemplo. Oxalá eles nos leiam e comentem este fim de semana, antes de eu ir à faca. Para a próxima semana, faço férias do blogue, mas conto com o Carlos Vinhal (e todos os demais coeditores, colaboradores e leitores) para continuarmos a ir "blogando & rindo", enquanto houver picada, pica e pernas para andar...

Da tua parte,  continua a mandar "lembranças" dessa terra, "verde-rubra" (sem conotações saudosistas, paternalistas ou neocolonialistas).  Boa saúde, bom trabalho, E que Deus, Alá e os bons irãs te protejam, a ti e aos nossos amigo da Guiné-Bissau.
___________


(**) Sobre Bafatá, temos mais de 380 referências... Vd. aqui, por exemplo:

8 de abril de 2020 > Guiné 61/74 - P20829: Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (11): Viagem a Mansoa e a Bafatá, onde estamos a levar a água potável aos hospitais... Este ano, muita gente vai morrer, não da COVID-19, mas de fome: o caju ninguém o vem cá comprar...

9 de abril de 2019 > Guiné 61/74 - P19662: Memória dos lugares (390): As três pontes de Bafatá, sobre os rios Geba e Colufe (ou Campossa): contributos de Fernando Gouveia, Humberto Reis, Manuel Mata, Luís Graça, Ricardo Lemos e Virgílio Teixeira
12 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12284: Memória dos lugares (252): Bafatá ao tempo do Esq Rec Fox 2640 (1969/71) (Manuel Mata)

22 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11293: Memória dos lugares (226): Vistas aéreas da doce e tranquila Bafatá, princesa do Geba (Humberto Reis, ex-fur mil op esp, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71) (Parte I)

7 de maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8236: Notas fotocaligráficas de uma viagem de férias à Guiné-Bissau (João Graça, jovem médico e músico) (10): Bafatá, 15/12/2009: "África é um cego em cima de um diamante" (Ali dixit)

(...) Anónimo disse...

Uma geração de jovens que, ao terem a sorte de sobreviver, mesmo sem ferimentos, ficou traumatizada de tal forma que só passados 40 anos consegue falar abertamente do tempo que lá passou. Hoje, já consigo ter saudades do Cinema, da Piscina, do restaurante do Teófilo, do Restaurante a Transmontana, dos comércios das Libanesas, do cheiro a terra, do cacimbo que caía de noite, da pista de Aviação, das noites que passava nas Tabancas, da Javi (miúda atrevida), da Mariana solteira e da Mariana mãe, saudade dos companheiros que já morreram (Sampaio, saudade dos companheiros que ainda não encontrei, Ernesto, etc.), foram 25 meses em Bafatá (de junho de 1968 a julho de 1970).Um muito obrigado ao jovem médico, por me trazer Bafatá ao meu consciente.

13 comentários:

Cherno Baldé disse...


Caros amigos,

Na foto 4, a casa de sobrado, é a antiga casa Ultramarina em Bafata que controlava e abastecia toda a rede da zona Leste (Bafatá/Gabú).

Nas fotos 9/10 é a residência do Governador (antigamente Administrador e depois Presidente do Comitê da região), nas suas depências traseiras, funcionam os escritórios. Não é e nunca foi "Palácio". Com a banalização do termo agora tudo é palácio, com este andar qualquer dia a minha casinha também é um palácio.

Na foto 12, deve ser uma das últimas ruas da baixa (praça) de Bafatá ao lado do Clube do Sporting local. O primeiro edificio de fachada larga a direita é de cobstrução mais recente, não fazia parte da arquitectura da época.

Abraços,

Cherno Baldé

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Obrigado, Cherno, pelas tuas preciosas achegas... Esqueci-me de referir que tu também és um dos nossos melhores cicerones de Bafatá, viveste lá cinco anos, de 1975 a 1979, como estudante... Sei que não guardas as melhores recordações desse tempo, passaste lá mal e com saudades de Fajonquito. Mantenhas. Luis

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Tenho dúvidas sobre o edifício da foto nº 6... O Manuel Mata disse, num dos seus postos, que ali funcionavamos Correios e as Finanças na época colonial... Mas o edício dos correios é o que vem na foto nº 9... Espero a opinião do Fernando Gouveia.

Ramiro Jesus disse...

Bom-dia, caríssimos.
Obrigado ao meu quase-conterrâneo Patrício Ribeiro, que não conheço, que tão bem nos tem vindo a mostrar o que sobra daqueles sítios por onde andámos.
Mas... é triste verificar que nem o que estava feito, foi aproveitado.
Afinal, para que serviu a independência?
Quem ganhou?
Terá sido maldição? De quem?

Que tristeza!...

Um abraço para todos e em especial para algum guineense que nos "visite".

Obrigado!
Ramiro Jesus

Tabanca Grande Luís Graça disse...

O edifício (caixote...) que aparece à direita na foto nº 8 também não me parece que existisse na época colonial. Tem dois 2 andares, e foi contruído já com cimento armado. Deve ser de construção pós-independência.

Valdemar Silva disse...

Obrigado Patrício Ribeiro
E cá temos Bafatá em 2022, tudo na mesma...mais velho 50 anos.
Continua a fazer confusão, as pessoas da tabanca, devem ser milhares, não ocuparem a zona da cidade já com ruas, e Serviços, devidamente implantados. E, incluindo, novas construções de casas em locais desocupados. Porque será não haver vontade de fazer essa ocupação?
O Patrício Ribeiro não teve paciência de fotografar a vida na tabanca, cá em cima na estrada Gabu-Bambadinca, que julgo se situar a tabanca, ou melhor dizendo a cidade de Bafatá.
Na célebre descida da Avenida principal, que até o alcatrão desapareceu, fez exame de condução o Abílio Duarte para experimentar o ponto de embraiagem. Esta descida dentro duma localidade, julgo ser única em toda a Guiné, e, excluindo as descidas da estrada Bambadinca-Bafatá, mesmo a nível de vias geral de trânsito.
Patrício Ribeiro, está quase a chegar o Leste da minha permanência: Contuboel, Sonaco, Nova Lamego...Piche, Canquelifá.

Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz

Valdemar Silva disse...

Esqueci-me
O tal edifício (caixote) lado direito da foto 12 parece o local do ringue do Sporting de Bafatá, em que se realizavam os jogos de futebol de salão com os grandes jogadores conhecidos do futebol profissional.

Valdemar Queiroz

José Botelho Colaço disse...

Luís comentar passados 58 anos é didíciel não cometer gafes, eu em 1965 tive o grato prazer de conhecer em Bafatá esta família as belas manas gémeas e a irmã mais velha na altura jóvem bonita de 18 anos + ou - e também o irmão hoje nosso camarada sr. Coronel mais novo na altura
talvês rapaz estudante liceal, mas a ideia que tenho é que esta família faziam parte, ligados á casa Gouveia, porque creio eu que havia uma certa diferença embora o objectivo fosse o mesmo em termos de negócio entre a casa Gouveia e a casa Ultrmarina!?...

José Botelho Colaço disse...

Erro onde se lê Ultrmarina deve-se ler Ultramarina.

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

Também passei por lá.
Já comentei o meu espanto pelo estado da cidade, tão deserta.
Sabem onde param os sinos da igreja? Ou nunca lá estiveram? Quem lá esteve é que pode recordar se os ouviu...

Um Ab. e bom FdS
António J. P. Costa

Fernando Gouveia disse...

O que posso acrescentar é que na foto nº 12, dada a não inclinação da rua, se trata da rua que no extremo, junto ao antigo mercado e onde estava a estátua de Amílcar Cabral. Também era nessa rua que se situava Sportng Clube de Fafatá.
Abraços
Fernando Gouveia

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

Fui ao blog do Luís Graça (Tabanca Grande Luís Graça) e vi as fotos de ABR22. Não entendo o que se passou - mas, como estrangeiro também não tenho o direito de entender - para que a cidade se esteja a degradar, por desabitada.
Acho mal, mas...
Se a cidade está "enfeitiçada" então tudo se complica. Se as coisas continuam assim está tudo mal... Mas, religião é religião. Cumpre-se e observa-se e os outros que nos aceitem, se quiserem...

Um Ab.
António J. P. Costa

Valdemar Silva disse...

Verificando umas fotos do P18664, de A.A.Azevedo, vemos as "Rua Principal-Centro da Cidade-Praça de Táxis" que não tem nada a ver com estas fotografias. É a tal Bafatá "cá em cima" que no nosso tempo chamávamos a tabanca, na estrada para Nova Lamego ou para Bambandinca.
Estas fotos do nosso caro Patrício, bem podemos considerar da Bafatá "lá de baixo", que poderá ser um dia catalogada como Bafatá centro histórico.
A igreja, numa foto de 2012, tinha um sino na torre dta. que nesta foto está tapado.

Valdemar Queiroz