Medalha [, à direita,] Comemorativa das Campanhas das Forças Armadas Portuguesas, Guiné 1968/70, que foi entregue ao António Azevedo Rodrigues, de Vila Nova de Fanalicão.
1. Mensagem do nosso camarada António Azevedo Rodrigues, ex-1º. cabo, Comando de Agrupamento 2957 (Bafatá, 1968/70), com data de 17 do corrente:
Amigos, ao fim de 3 longos anos de cartas, mails, telefonemas e mais requerimentos (*) (**), eis que o carteiro não precisou de tocar duas vezes, pois sou eu quem estou à espera que ele chegue com a missiva...
Amigos, ao fim de 3 longos anos de cartas, mails, telefonemas e mais requerimentos (*) (**), eis que o carteiro não precisou de tocar duas vezes, pois sou eu quem estou à espera que ele chegue com a missiva...
Estava a contar ter de fazer uma almoçarada para receber o tal galardão pelos serviços prestados à Nação Portuguesa, mas como um soldado não conta como um almirante nem como um mercenário, não me foi concedido ser condecorado com as honras militares, como me havia sido indicado. Teria de me deslocar a uma unidade militar o mais perto de minha residência para aí me ser entregue o reconhecimento.
Mas não, fui informado que teria de me deslocar 800 km para ir a Lisboa receber, vejam bem que tão grande medalha o Estado Português me envia!... Ora, eu recuso-me a deslocar-me a Lisboa depois de ter uma unidade militar em Braga, Póvoa de Varzim e DE ter pertencido ao D.R. Braga...
Por outras medalhas já vistas no Facebook entregues a outros combatentes, o que tenho a dizer é que o Estado Português está mesmo em decadência, estas medalhas são o espelho de quem comanda as Forças Armadas da Nação, que nada tem a ver com as de há 45 anos, sim há 45 anos estava eu a preparar as malas para seguir para a Guiné, para Bafatá... o que aconteceu a 9 Novembro 1968...
A bem da Nação... que me obrigou a perder 3 anos da minha juventude. Hoje o carteiro me entregou a medalha... mas esta não é a tal de cortiça que pensei ir receber...
António Azevedo Rodrigues
Delães - Vila Nova de Famalicão
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Notas do editor:
Notas do editor:
(*) Último poste da série > 15 de julho de 2013 > Guiné 63/74 - P11842: Blogoterapia (232): A guerra uniu-nos de uma forma única, pois a causa que nos une é só uma: é um misto de recordações, de complexidade de quem viveu os acontecimentos da guerra na primeira pessoa (Joaquim Carlos Peixoto)
(**)
Anexo - Requerimento a preencher e enviar ao Arquivo Geral do Exército (Estrada de Chelas, 1949-010 Lisboa)
EXMO SENHOR GENERAL CHEFE DO ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO
(nome)______________________________________________________, (estado civil) _____________, filho de ___________________________________ e de ________________________________________________, residente em (morada actual)__________________________________________________________ (código Postal)_________-______ (localidade)______________, nascido a (data) ______________, na freguesia de ________________, concelho de _____________________, portador do Bilhete de Identidade nº _______________, de (data de emissão) ______________ do Arquivo de Identificação de ______________, tendo cumprido serviço militar de (data de incorporação) ___________________, até (data de disponibilidade) _________________, tendo sido agraciado com a Medalha Comemorativa das Campanhas.
Consequentemente vem requerer a V. EXª que lhe seja feita entrega física da Medalha Comemorativa das Campanhas nos termos do artº 46 do Dec. Lei 316/2002 de 27 de Dezembro.
Pede deferimento(localidade), _____________ de _____________ de 2009-00-00
_________________________________(assinatura)
9 comentários:
E tens sorte, camarada, em ter recebido a tua. Estou em crer que a minha ainda acabo por a receber no crematório do Alto de S. João.
E já agora, estou em querer que apenas recebeste a medalha. Isto é, não te foi enviado o estojo com a medalha, a miniatura da medalha, nem a tira identificativa da condecoração.
E não foi, soube eu quando fui receber a de um camarada nosso, por falta de verba.
Se isto não é vergonhoso, vou ali já venho.
Abraços
armando pires
Escreveram...um dia:"O Exército é o espelho da Nacäo".
De: Augusto Silva Santos
Para: António A. Rodrigues
Obrigado pela dica, camarada e amigo.
Só para ver no que é que dá, também vou solicitar a medalha que me foi concedida e nunca entregue (Concedida a Medalha Comemorativa das Campanhas da Guiné com a Legenda "Guiné 1971-1973" O.S. 263 de 09Nov73, do DMCTIG.
Um Abraço
Pois é, camaradas, realmente o José Belo fez bem em lembrar essa do "espelho da Nação"...
Essa medalha vale o que vale, é certo, mas é devida e acho que é uma boa atitude reclamá-la.
Está visto que vai ser preciso uma boa dose de paciência. E de tempo!
Mas há que persistir e 'obrigar', melhor, 'ajudar' a Instituição a honrar as suas obrigações.
Abraço
Hélder S.
UM
Como grande parte dos combatentes, não constava, no meu cadastro, a atribuição da dita Medalha, solicitei-a em 29JAN2013.
Foi o pedido despachado "positivamente" em 01MAR2013, ou seja, em cerca de um mês, tendo sido indicada a unidade militar encarregada de fazer a entrega.
Resultado?
Ao fim de quase cinco meses, após o despacho, a medalha ainda não chegou.
DOIS
Paralelamente, e por ter três anos de serviço, solicitei a atribuição da MEDALHA DE COMPORTAMENTO EXEMPLAR - Grau Cobre, de acordo com a legislação em vigor à data da minha prestação do SMO.
Resultado?
Cinco meses depois, o despacho, no mínimo surrealista:
"INDEFIRO o requerimento para a concessão da Medalha de Comportamento Exemplar - Grau Cobre, por o requerente já não ser militar".
Isso sabemos nós!
Mas pergunto: Não fomos?
Parece que não.
Camaradas e amigos,
Fiz o requerimento há um ano ou talvez mais. Do RG2 (antigo BII18) telefonaram-me a preguntar se era o fulano de tal e que tinham lá recebido notificação para me entregarem a medalha, não sabiam ainda como o fariam. Tinham já cabimentado a verba para a adquirir e depois me diriam alguma coisa. Ultimamente têm feito a entrega em cerimónias militares (dia da Unidade, por exemplo). Espero que mais alguém de cá tenha requerido também a Medalha, pois não me estou a ver à frente de um pelotão (ou seria Companhia?) a receber a medalha!!! Se assim acontecer apresentarei "parte de doente" para me safar!!! Na altura também requeri a "entrega física" da de Comportamento Exemplar, porque a tenho averbada na Caderneta Militar. A isto não deram resposta, segundo o capitão que me telefonou do RG2. Mas desde que qualquer condecoração saia em Ordem de Serviço o condecorado tem direito a usá-la, mesmo sem a "entrega física" (acho graça à terminologia). Comprei-a, naturalmente.
Bons Anos (como por cá se dizia) a todos os camaradas e amigos.
Um abraço.
Carlos Cordeiro
Amigo, camarigo e camarada Carlos Cordeiro
O blogue não é o facebook, mas serve, também, para comunicar com os outros, individual e colectivamente.
TENS direito à Medalha das Campanhas, mas NÂO TENS que ter medo de enfrentar uma formatura, que seja a nível de Secção quer a nível de Regimento, mesmo que “sozinho”. Nunca estarás sozinho, porque “ao teu lado” estarão mais de um milhar de combatentes que, como cada um de nós lutou sem questionar a guerra.
Eu e mais quatro camaradas “enfrentamos” um Regimento. Sem fazer juízos de valor dos homens que se encontravam, em formatura, sabíamos que, cada um de nós, transportávamos uma “experiência” dura e dolorosa. Foi numa cerimónia do dia da Unidade do Regimento de Engenharia 1.
Após “aquele minuto”, havia “apenas” cinco militares (para mim o ex-militar não existe) que ostentavam no peito a medalha pendente de uma fita com as cores nacionais. Havia condecorações “aos molhos”, mas naquelas centenas de homens, só cinco tinham “mordido o pé e a pólvora da guerra”.
Carlos Cordeiro, não receies. Quando te chamarem, vai, oferece o peito à medalha como ofereceste o peito às balas. Esta é a maneira que o estado encontra em redimir-se do esforço que pediu aos seus jovens que, depois de lutarem por uma causa, regressaram e retomaram, não da mesma forma é certo, a sua vida, regressando aos seus afazeres do antes, ajudando a desenvolver um pais, que outros teimam em enterrar.
Um abraço atlântico
Zé Martins
Oops, meu caro José, Amigo e Camarada! Que raio! Até me comoveste.
Um grande abraço, meu querido amigo.
Carlos Cordeiro
Não entendo. Ou há pessoas destinadas ao infortúnio ou eu tenho muita sorte. Um dia resolvi pedir a minha medalha. Fiz o requerimento através da Liga dos Combatentes, a mesma foi enviada para o Núcleo de Matosinhos passado talvez um ano. No dia 10 de Junho foi-me imposta no Salão Nobre da Junta de Freguesia que dista de minha casa cerca de 200 metros.
Convenci um amigo meu, de Vila do Conde, ex-combatente da Guiné de 1964, a pedir a sua medalha. Fiz-lhe o requerimento e passados 13 meses recebeu-a na Escola de Serviços da Póvoa de Varzim. Elementar. Complicar para quê?
Abraço
Carlos Vinhal
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