sábado, 27 de julho de 2013

Guiné 63/74 - P11875: Humor de caserna (38): Estou a fazer voar o meu pensamento (Tony Borié) (11): As ovelhas e a cabra do senhor Aniceto

1. Em mensagem do dia 14 de Julho de 2013, o nosso camarada Tony Borié (ex-1.º Cabo Operador Cripto do Cmd Agru 16, Mansoa, 1964/66), enviou-nos mais este pensamento voador... 




Seguindo o ditado que diz:
- Vale mais uma boa foto, do que mil palavras, o Cifra, continuando a contar as histórias do senhor Aniceto, dirigindo-se não só aos antigos combatentes, mas também às pessoas que não acreditam no que lhe dizem, aquelas que andam sempre desconfiadas, que só o que vêm é que é verdade, como se explicou no princípio, vale mais uma boa foto do que mil palavras, portanto vamos primeiro “falar a tal mentira”, que é todo aquele blá, blá, blá, onde diz que, para os que vivem no mundo onde se fala inglês, vão dizer, com toda a certeza:
- Mr. Aniceto, has a flock of sheep with different colors!

No mundo onde se fala francês, dizem:
- M. Aniceto, possède un troupeau de moutons avec des couleurs différentes!

Onde se fala germânico, friamente dizem:
- Mr. Aniceto, hat eine Schafherde mit verschiedenen Farben!

No mundo que se fala espanhol, entre dois ou três “zzz”, dizem:
- El señor Aniceto, tiene un rebaño de ovejas con varios colores!

Os chineses, põem os pauzinhos de parte, se estiverem a comer, e depois dizem:


Perceberam? Não?
Deixem lá, pois o Cifra, também não percebeu, pois tem alguma dificuldade em pronunciar, os pontos e as vírgulas!

E nós portugueses, dizemos: -
O senhor Aniceto, tem um rebanho de ovelhas com diferentes cores!

Sim é verdade, como anteriormente aqui falamos, e nunca é demais repetir, porque foi verdade, o senhor Aniceto, quando era novo, percorreu todas aquelas savanas e bolanhas da Guiné, sempre de G-3 em posição de tiro, carregado de granadas, às vezes sem comer, e com o camuflado roto e todo molhado. Claro que na altura não lhe fazia grande diferença, mas hoje o reumatismo e não só, não lhe dão descanso e tem que visitar o doutor mais vezes do que o normal.

Presentemente vive com a filha, o genro e três netos, que são dois rapazes e uma rapariga, na vila, mas também passa algum tempo na companhia da sua esposa Etelvina, a quem carinhosamente chama “patroa”, na casa que era de seus pais, lá nas Beiras, onde tem um pequeno rebanho de ovelhas e uma cabra, que ele não sabe se é da carqueija, dos pampilhos, ou das papoilas, que elas comem lá na montanha, começaram a ter diferentes cores na lã, algumas são azuis, outras cor de rosa, outras amarelas e até tem algumas verdes, e ele como bom combatente que foi, treinou a referida cabra, para guardar as ovelhas, dos lobos, e até de alguns ladrões, que os há lá na montanha.

Um destes dias, o senhor Aniceto, na sua inocência, quando visitou o doutor, na vila, contou à Lola, a empregada do doutor que está a atender as pessoas, depois de lhe dar os bons dias, e responder a todas aquelas perguntas de “chacha”, que é normal as empregadas de doutor fazerem sempre que se vai a uma consulta, ele diz-lhe:
- Não estou a brincar, mas tenho um rebanho de ovelhas lá na montanha, que são de diferentes cores, algumas são azuis, outras cor de rosa...!


Não o deixaram acabar de falar, pois não só a Lola, como os presentes, se começaram logo a rir, mas a bom rir, como é costume dizer-se! Claro, a muito custo acabou de falar, e contou o resto da história, e todas essas pessoas que estavam no consultório, além de darem uma grande gargalhada, vendo a sua cara de pessoa séria, calaram-se, mas a Lola com aquela cara de malandrice, logo lhe diz:
- Como diziam lá na Guiné, o senhor Aniceto, deve de “estar apanhado pelo clima”!

Um dos presentes, riu-se, encolheu os ombros, e até disse:
- Coitado, vê-se logo que foi combatente, continua a sonhar com a guerra, vejam lá uma cabra treinada para defender as ovelhas, deve de ser alguma guerrilheira! Será que é stress de guerra?

Então o senhor Aniceto, como já sabia que as pessoas se iam rir, e não iam acreditar em tamanho disparate, tinha pedido ao seu genro, que tinha uma Kodac das modernas, e tirou uma fotografia não só às ovelhas, como à cabra, esta armada com duas grandes espingardas, e tirando o chapéu e o casaco, que como sempre trazia vestido, e mostra as ditas fotografias.



A Lola, e todas as pessoas presentes, ficaram a saber que era verdade!
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Nota do editor

Último poste da série de 13 DE JULHO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11836: Humor de caserna (37): Estou a fazer voar o meu pensamento (Tony Borié) (10): Morangos azuis

4 comentários:

Henrique Cerqueira disse...

Olá Camarada Cifra.
Eu até acredito nas cabras de cores e perfeitamente armadas para guardar o restante rebanho que por acaso não deve ser ás cores.
Sabes cifra nós cá em Portugal também temos políticos novos (velhos)também são coloridos e cuidam cá do "rebanho". Deixa lá cifra eu hoje não digo coisa com coiso.
Boa Tony vai dando,mas não abuses no chinês?? parto a carola a juntar pauzinhos.
Um abraço Henrique Cerqueira

alma disse...

Claro que existem cabras de todas as
cores bem como todos os outros animais...Em Missirá cheguei a ter um
gato vermelho.

Abraço.

J.Cabral

JD disse...

Olá Tony!
Já lá vão uns anos, andava o meu filho na transição de bébé para rapazinho, e acompanhou a mãe numa deslocação ao mercado. À saída, deu de caras com um vendedor de pintos coloridos, e fez tanta insistência, que a mãe acabou por comprar um pinto verde. Comprou o pinto, e algum milho para o alimentar.
Foi uma alegria. Para o puto que andava atrás do pinto a tentar arrancar-lhe as atraentes e raras penas. Para a mãe, que passou a apanhar a porcaria que o pinto inconsciente e acagaçado espalhava pelo apartamento.
Passadas duas ou três semanas o pinto crescera e mostrava a genuína cor branca da sua origem.
Já franganote, acabou num tacho para gaúdio da criança, que admitia que o seu frango tinha ido de férias.
Imagtino que as ovelhas também terão mudado a cor com o crescimento da nova lã, só não sei se a cabra que garantia a segurança alguma vez compreendeu sobre a diferença do rebanho, ou assumindo um papel profissional, tanto guardava azuis e amarelas, como as de lã clara como é o caso da generalidade das raças.
O que a mim me intriga do retrato da cabra vigilante e protectora, é sobre a capacidade para manipular as armas em caso de necessidade perante um ataque de lobos, fossem eles genuínos, ou de cobradores de impostos disfarçados. Admito que prestarás um grande préstimo à sociedade, se explicares como é que a cabra pode defender um rebanho permanentemente vítima dos sugadores do estado, ou que particularmente controlam os monopólios.
Abraços
JD

JD disse...

Para entendimento final, a última frase deve ser: ou dos que particularmente controlam os monopólios.
Peço desculpa
JD