segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Guiné 61/74 - P21306: Memórias cruzadas na região do "Macaréu" (Bambadinca) em 1971: a realidade e a ficção (Jorge Araújo)

Foto 1 – Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 > Bambadinca (1970) - Vista aérea da tabanca de Bambadinca tirada no sentido sul-norte. Em primeiro plano a saída (lado leste) do aquartelamento, ligando à estrada (alcatroada) Bambadinca-Bafatá (para leste); Bambadinca-Xitole/Saltinho (para sul) e Bambadinca-Xime (para oeste). Ao fundo, o Rio Geba Estreito [foto do álbum de Humberto Reis, fur mil op esp da CCAÇ 12 (1969/1971)], com a devida vénia.
 

Foto 2 –  Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 > Bambadinca (1972) >  BART 2917 (25Mai70-27Mar72) > Bambadinca; Carreira de Tiro, Março de 1972. Da direita para a esquerda: na primeira fila, o TCor Tiago Martins (Cmdt do BART 3873), o General Spínola, e o TCor Polidoro Monteiro (Cmdt do BART 2917). Atrás, na segunda fila, o Paulo Santiago (Alf mil PCNAT 53, Saltinho, 1970/72, de bigode e ósculos escuros) e o antigo administrador de Bafatá, o então intendente Guerra Ribeiro – P11288. [Foto do álbum de Paulo Santiago], com a devida vénia.


O nosso coeditor Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger,CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/1974), professor do ensino superior; vive em, Almada: acaba de regressar de Abu Dhabi, Emiratos Árabes Unidos, onde foi "apanhado" durante vários meses pela pandemia de Covid-19; tem mais de 260 registos no nosso blogue.
  
MEMÓRIAS CRUZADAS
NA REGIÃO DO "MACARÉU" (BAMBADINCA) EM 1971
- O EXERCÍCIO DE COMPREENDER A REALIDADE E A FICÇÃO 

1.     - INTRODUÇÃO

A contextualização da presente partilha de informação, como pode depreender-se do seu título, tem por cenário uma parcela do território da Guiné, situada na Região Leste (Sector L1), de nome Bambadinca (foto 1), local onde durante dois anos da minha missão ultramarina, na qualidade de miliciano do exército (1972/1974) passei por diversas experiências, entre elas a do "macaréu" (10Ago72; hoje memórias), que, quando cruzadas com outras, nos permitem compreender melhor as diferenças existentes entre "verdade" e "ficção".

Por outro lado, a ideia de colocar no papel uma nova reflexão sobre alguns "factos" relacionados com aquela região, de que tivéramos conhecimento por leituras que foram acontecendo, data do ano de 2016, como iremos dar conta no ponto seguinte.

2.     - O LIVRO DE AL J. VENDER

Mais ou menos há quatro anos, um familiar (dos mais próximos) ofereceu-me o livro «Portugal e as Guerrilhas de África. As guerras portuguesas em Angola, Moçambique e Guiné Portuguesa 1961-1974», da autoria de Albertus Johannes Venter, identificado por AL J. Venter, um conhecido jornalista de guerra, nascido a 25 de Novembro de 1938, em Kroonstad, a sul de Pretória, portanto sul-africano, e que é considerado internacionalmente como "um veterano na cobertura de conflitos em África e no Médio Oriente".


O meu familiar, ao ter a intenção de me oferecer "algo" (já não sei a que propósito), encontrou na expressão "um testemunho surpreendente do único jornalista estrangeiro presente nas três frentes da Guerra Colonial", a opção por esta sua escolha, uma vez que sabia que a temática da «Guerra Colonial» ou «Guerra do Ultramar», conteúdo historiográfico abordado nesta obra, era uma das áreas do meu interesse pessoal, concomitante com o facto de ter sido ex-combatente na Guiné, como já referi.

Entretanto, só passados alguns dias me foi possível folhear o livro, iniciado, por defeito ou virtude (técnica) da prática profissional, pelo índice. Aí encontrei, desde logo, na página 245, o início da Parte II «A Guerra na Guiné Portuguesa», estruturada entre os pontos 12 e 20, ou seja, das páginas 247 a 372.

Chamou-me a atenção o ponto 17. «Guiné Portuguesa: Norte e Leste de Bissau», com início na página 309. Mas foi na página 322 que o meu foco se fixou, naturalmente, por tratar-se de uma referência a Bambadinca, onde é citado o lema «BRAVOS E SEMPRE LEAIS», curiosamente o mesmo do meu Batalhão [BART 3873] – Bambadinca: Fev72-Mar74 – por ser a divisa da Unidade Mobilizadora: o RAP 2 (Regimento de Artilharia Pesada 2), e não a divida do BART 2917, que era «P'LA GUINÈ E SUAS GENTES», como se pode observar no ponto 3.2.

Li, reli e voltei a ler, para me certificar do que estava a entender da narrativa. Mas não queria acreditar, por experiência feita e por muitas leituras já realizadas na minha continuada investigação. Não tive dúvidas!… Estava perante uma "fraude" intelectual e histórica. Grande parte do conteúdo do "conto" não podia ter acontecido… dizia eu em voz alterada para os "meus botões". Era (é) uma gigantesca «ficção» que não só descredibiliza o autor como põe em causa o valor histórico, logo científico, do "objecto" divulgado e que, não raras vezes, é utilizado (citado) na elaboração de trabalhos académicos, como iremos sinalizar de seguida.

2.1       - FACTOS ERRÓNEOS

Para melhor esclarecimento e posterior análise dos "factos erróneos", contidos na narração a que tivemos acesso, reproduz-se na íntegra o seu conteúdo, retirado da página 322, onde consta:

"Em Bambadinca ficava o quartel-general do tenente-coronel João Monteiro [João Polidoro Monteiro], chefe do Batalhão 2917 [BART 2917; de 25Mai70 a 27Mar72] (lema: «Bravos e Sempre Leais», do RAP 2, Unidade mobilizadora); [divisa da Unidade: «P'la Guiné e suas Gentes». O Aquartelamento situava-se num dos poucos rios do interior onde não se fazia sentir a humidade usual da região costeira pantanosa.

A Base controlava [?] uma área que incluía a confluência dos rios Geba e Corubal, outra parte do país que vira muitos confrontos violentos no período anterior a 1968 [triângulo: Bambadinca-Xime-Xitole].

O Último ataque ocorrera exactamente um ano antes de eu chegar [só podia ter sido em 1970]: um grupo infiltrado tinha-se dirigido para norte do outro lado da fronteira a partir de Kandiafara para tentar cortar e minar a estrada de Bafatá. Num final de tarde, os guerrilheiros atacaram Bambadinca a partir do outro lado do rio [?], retirando-se depois para uma posição pré-determinada, onde esperaram pelo dia seguinte antes de se juntarem a outros dois grupos. Esta força combinada iria atacar outras posições durante o assalto [?].

Foi então que algo correu mal. Um grupo de pisteiros do grupo de ataque colidiu com uma das patrulhas do coronel [João Polidoro] Monteiro [Cmdt do BART 2917] e foi capturada[o] intacta[o], sem ter sido disparado um único tiro. Um dos homens era um alto oficial do PAIGC [?]. Os quatro homens foram levados de helicóptero para Bambadinca, onde foi oferecida ao oficial a opção de contar tudo ou aceitar as consequências. Era uma situação sem saída, e o rebelde foi suficientemente inteligente para aceitar.

E foi assim que o general Spínola teve todo o plano de batalha [?] dos guerrilheiros nas suas mãos nessa mesma manhã…"



2.2       - CONTRIBUTOS PARA O CONTRADITÓRIO

Na sequência das várias leituras que fiz aos diversos temas abordados ao longo da obra acima citada, procurei encontrar outras perspectivas que me ajudassem a aliviar "a revolta" que então senti pela imprudência (ou desfaçatez) de tanta "ficção".

◙ Vejamos as principais:

▬ No circuito comercial:

Em "Opinião dos Leitores", Miguel da Costa (04.01.2016) dizia: "Um livro fundamental, escrito por um jornalista credível…Recomendo Vivamente".



▬ Nas redes sociais:

No Blogue "Herdeiro de Aécio", com mais de dois milhões e meio de visualizações, em 16 de Outubro de 2018, o seu editor, A. Teixeira, escreve:




▬ Em trabalhos académicos:





[…]
"Bem ou mal, a história militar da Guerra Colonial Portuguesa está feita (Venter [,Al J.], 2015 [Portugal e as Guerrilhas de África. …]; Afonso & Gomes, 2010; Garcia, 2010; Teixeira, 2010; Leite, 2009; Rebocho, 2009; Brandão, 2008; Garcia, 2006; Cann [John], 2005; Bacelar, 2000)." […] (p 96)

▬ No Blogue da «Tabanca Grande»:

Durante a pesquisa realizada ao espólio fotográfico do blogue, visando a selecção de algumas imagens de Bambadinca para enquadramento deste trabalho, foi com surpresa (e ainda bem!) que encontrei no P17378 (19Mai2017), na série «Notas de leitura», da responsabilidade do camarada Beja Santos, uma análise ao mesmo livro de Al J. Venter "Portugal e as Guerrilhas de África", bem como um conjunto de "comentários" que vieram mesmo a calhar nesta minha narrativa, a saber:

● [Luís Graça] – (i) O referido ataque a Bambadinca foi a 28/5/1969 (ou "flagelação", segundo a história da unidade...), estavas tu em Missirá e eu a chegar a Bissau no "Niassa", ainda deu no dia 2 de junho'69, ao passar por lá, vindo de Bissau a caminho de Contuboel, para ver os estragos (relativamente poucos...) mas sobretudo sentir as reações e emoções da malta da CCS/BCAÇ 2852 e subunidades adidas...

(ii) Nunca ouvi esta versão do Al J. Venter / Domingos Magalhães Filipe, ou a melhor a versão contada pelo comandante do BART 2917 (que rendeu o BCAÇ 2852) e registada pelo escritor sul-africano... Será que o inglês do Magalhães Filipe e o português do Venter eram assim tão maus?

(iii) Parece que alguém está a delirar... ou trocou as cassetes... Recorde-se que o BART 2917 chegou a Bambadinca em finais de maio de 1970...

(iv) O Venter deve, portanto, ter falado, talvez em junho ou mesmo princípios de junho de 1970, com o então TCor Art Domingos Magalhães Filipe, que irá ser substituído pelo famoso TCor inf Polidoro Monteiro [situação verificada somente em meados de Dez70, vindo do BCAÇ 2861 (11Fev69-07Dez70), na sequência da conclusão da comissão desta Unidade].

(v) Em conversa há dias [Maio2017] com o Fernando Calado, que foi alf mil trms da CCS/BCAÇ 2852 (1968/70), ele transmitiu-me a seguinte versão dos factos que, de resto, podem ser corroborados pelo Ismael Augusto, outro oficial miliciano da CCS, ambos membros da nossa Tabanca Grande:

■ O relato do escritor sul-africano Al J. Venter é uma falsificação da história;

■ Não houve prisioneiros nenhuns, nem muito menos nenhuma figura grada do PAIGC, e nem muito menos apanhados à mão e trazidos de helicóptero para Bambadinca para serem interrogados;

■ O comandante do BCAÇ 2852 não estava em Bambadinca nem ele nem a esposa.

◙ Em resumo:

▬ 1. - No caso do jornalista sul-africano Al J. Venter ter passado por Bambadinca, a sua visita só poderia ter sido durante o ano de 1971.

▬ 2. - No período em análise não aconteceram quaisquer dos factos "classificados de relevantes" para as NT, narrados na página 322 do seu livro.

▬ 3. - O TCor João Polidoro Monteiro comandou o BART 2917 durante quinze meses, desde a sua chegada a Bambadinca, em meados de Dezembro de 1970 até à sua substituição, verificada em meados de Março de 1972, pelo TCor António Tiago Martins (1919-1992), Cmdt do BART 3873 (28Dez71-04Abr74).

▬ 4. - A maioria dos depoimentos, conforme se infere do acima exposto, são de opinião de que Al J. Venter prestou um mau serviço à causa da "ciência historiográfica" ao narrar "factos" que não constam em nenhum dos Documentos Oficiais, pelo que se pode concluir que "falsificou a história" da «Guerra Colonial», em particular a da Guiné.

▬ 5. - Em função do ponto anterior, sugere-se à «Academia» e à sua comunidade científica, no caso de vir a utilizar este recurso bibliográfico, que tome as devidas precauções, cruzando-o com outras fontes em que se possa confiar.

▬ 6. - É relevante o facto deste livro fazer parte do "Plano Nacional de Leitura"…

3.     – SUBSÍDIO HISTÓRICO DO BATALHÃO DE ARTILHARIA 2917 = BAMBADINCA - XIME - ENXALÉ - MANSAMBO - XITOLE (1970-72)



Foto 3 – Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 > Bambadinca > Mato Cão > Dez'71 > O TCor João Polidoro Monteiro, último Cmdt do BART 2917 (1970/72), na companhia do Alf Médico Vilar e do Alf Mil Paulo Santiago, instrutor de milícias, com um jacaré do rio Geba – P9034. [Foto do álbum de Paulo Santiago], com a devida vénia.


3.1 - A MOBILIZAÇÃO PARA O CTIG

Mobilizado pelo Regimento de Artilharia Pesada 2 [RAP 2], de Vila Nova de Gaia, para servir na província ultramarina da Guiné, o Batalhão de Artilharia 2917 [BART 2917], liderado pelo TCor Art Domingos Magalhães Filipe, mais as suas três Unidades de quadrícula – CART 2714, CART 2715 e CART 2716 – embarcaram em Lisboa, no Cais da Rocha, em 17 de Maio de 1970, domingo, seguindo viagem a bordo do N/M "CARVALHO ARAÚJO", rumo à Guiné (Bissau), onde chegaram a 25 do mesmo mês, 2.ª feira. 



3.2 - SINTESE DA ACTIVIDADE OPERACIONAL

● A DO BART 2917

Quatro dias após a sua chegada a Bissau, o BART 2917 seguiu, em 29Mai70, para Bambadinca, a fim de efectuar a sobreposição e render o BCAÇ 2852 [30Jun68-16Jun70; do TCor Inf Manuel Maria Pimentel Bastos (1.º); TCor Cav Álvaro Nuno Lemos de Fontoura (2.º) e TCor Inf Jovelino Moniz de Sá Pamplona Corte Real (3.º)], assumindo em 07Jun70 a responsabilidade do Sector L1, com sede em Bambadinca e abrangendo os subsectores de Xime [CART 2715], Xitole [CART 2716] e Mansambo [CART 2714] e Bambadinca [CCS e Cmd].

As suas três subunidades mantiveram-se sempre integradas no dispositivo e manobra do Batalhão. Desenvolveu intensa actividade operacional, tendo comandado e coordenado a realização de diversas operações, patrulhamentos, emboscadas e protecção e segurança dos itinerários e ainda promovendo a segurança e protecção dos trabalhos de construção de aldeamentos para as populações e correspondente desenvolvimento socioeconómico.

Da sua actividade destacam-se, entre outras, as operações «Corrida Entusiástica» e «Triângulo Vermelho», e ainda a organização e funcionamento do Centro de Instrução de Milícias [CIM], bem como a captura de diverso material de guerra, como sejam duas metralhadoras ligeiras, uma espingarda, um lança-granadas foguete, quinze granadas de armas pesadas, cinco minas e elevada quantidade de munições de armas ligeiras.

Em 15Mar72, o BART 2917 foi substituído no sector de Bambadinca pelo BART 3873 [Dez71-Abr74] e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso, que aconteceu entre os dias 24 e 27 de Março de 1972, a bordo dos TAM. (Ceca; p. 228).



● A DA CART 2714

A CART 2714, do Cap Art José Manuel da Silva Agordela, seguiu em 29Mai70 para Mansambo a fim de efectuar a sobreposição e render a CCAÇ 2404 [30Jul68-16Jul70; do Cap Mil Inf Carlos Alberto Franqueira de Sousa (1.º)], tendo assumido em 08Jun70 a responsabilidade do respectivo subsector. 

Por períodos variáveis, destacou Grs Comb para reforço de outras subunidades do sector, mantendo também um Gr Comb em reforço da CART 2715, no Xime, a partir de 23Set70. Em 14Mar72, foi rendida no subsector de Mansambo pela CART 3493 [28Dez71-02Abr74; do Cap Mil Inf Manuel da Silva Ferreira da Cruz], após o que recolheu a Bissau a fim de efectuar o embarque de regresso, verificado por via aérea em 24 de Março.

● A DA CART 2715

A CART 2715, do Cap Art Vítor Manuel Amaro dos Santos (1.º), seguiu em 31Mai70 para o Xime a fim de efectuar a sobreposição e render a CART 2520 [29Mai69-17Mar71; do Cap Mil Art António dos Santos Maltez], tendo assumido em 08Jun70 a responsabilidade do respectivo subsector, com um destacamento no Enxalé, sendo este guarnecido ora com um Gr Comb, ora com dois, conforme as necessidades operacionais. 

Em 14Mar72, foi rendida no subsector do Xime pela CART 3494 [28Dez71-03Abr74; do Cap Art Vítor Manuel da Ponte da Silva Marques (1.º); Cap Art António José Pereira da Costa (2.º) e Cap Mil Inf Luciano Carvalho Costa (3.º)], tendo recolhido a Bissau a fim de efectuar o embarque de regresso, verificado por via aérea em 25 de Março.

● A DA CART 2716

A CART 2716, do Cap Mil Art Francisco Manuel Espinha de Almeida, seguiu em 29Mai70 para o Xitole a fim de efectuar a sobreposição e render a CART 2413 [16Ago68-18Jun70; do Cap Art Raul Alberto Laranjeira Henriques], tendo assumido em 08Jun70 a responsabilidade do respectivo subsector, com um Gr Comb destacado na ponte do Rio Pulom. 

Em 14Mar72, foi rendida no subsector do Xitole pela CART 3492 [29Dez71-01Abr74; do Cap Mil Inf António Vítor Ribeiro Mendes Godinho], tendo recolhido seguidamente a Bissau a fim de efectuar o embarque de regresso, verificado por via aérea em 26 de Março. (Ceca; p. 229).
______________________
Fontes Consultadas:
Ø  Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 7.º Volume; Fichas das Unidades; Tomo II; Guiné; 1.ª edição, Lisboa (2002).
Ø  Outras: as referidas em cada caso.
Termino, agradecendo a atenção dispensada.
Com um forte abraço de amizade e votos de muita saúde.
Jorge Araújo.
28AGO2020
__________

Nota do editor

Último poste da série "Memórias cruzadas" > 18 de agosto de 202 > Guiné 61/74 - P21266: Memórias cruzadas da Região do Cacheu: Antecedentes do Plano de Assalto ao Quartel de Varela, proposto por dois desertores portugueses: o caso do António Augusto de Brito Lança, da CART 250 (1961/63) (Jorge Araújo)

Vd. também:

15 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17359: Notas de leitura (956): “Portugal e as Guerrilhas de África”, por Al J. Venter, Clube do Leitor, 2015, prefácio de John P. Cann (1) (Mário Beja Santos)

11 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

É o mesmo Al J. Venter que elogia, ainda recentemente, a Força de Reacção Rápida, das Forças Armadas Portuguesas, em missão na República Centro-Africana ao serviço das Nações Unidas desde 2017.

Vd. aqui vídeo no You Tube.


https://youtu.be/r6ZOTMP7elU

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Confesso que não li o livro... Penso que não está em causa a credibilidade do autor. mas das suas fontes (neste caso, em Bmabadina). O facto é que o livro está no "plano nacional de leitura" (destinado sobretudo á nossa juventude)...Quem decidiu ? Quais foram os crítérios ?

http://www.pnl2027.gov.pt/np4/publica%C3%A7%C3%B5es.html


Ainda A. Teixeira, do blogue "Herdeiro de Aécio", em 16 de outubro de 2018:

(...) Para quem (como eu) esperasse de um livro com este título uma outra abordagem dos três conflitos africanos, uma obra que rivalizasse com o (tornado) clássico Contra-Insurreição em África de John P. Cann (de 1998), este livro vem a revelar-se uma completa desilusão. Melhor que o título, são as imagens da capa, avulsas e desgarradas, as que melhor descrevem o conteúdo.

(...) "Este é o relato de um punhado de visitas (não se chega a perceber quantas, talvez meia dúzia) que o autor realizou aos três teatros de guerra (Angola, Guiné e Moçambique) quando Portugal ali esteve empenhado entre 1961 e 1974.

(...) "Al Venter é um jornalista sul-africano que se especializou em cobrir conflitos militares. O livro resulta extenso (mais de 500 páginas) mas absolutamente superficial porque é uma colagem de reportagens e, como tal, fica-se sempre pela rama dos aspectos que aborda. Resultaria mais palatável se Venter ao escrevê-las não tivesse adoptado aquela atitude tão tipicamente britânica - que depois veio a ser herdada por rodesianos e sul-africanos - de pretender que «nós (eles) é que percebemos de contra-subversão: olhem para os nossos sucessos na Malásia e no Quénia». Isso por contraponto ao que aconteceu aos americanos no Vietname, aos franceses na Indochina e na Argélia e aos portugueses nestas suas três colónias.

(...) "Irrita ler a atitude sobranceira de Venter quando a História é o que foi e o desmente. Rodesianos e sul-africanos acabaram precisamente no mesmo sítio que os outros três, derrotados politicamente: África do Sul e Zimbabwe têm hoje governos de maioria negra. E quanto aos britânicos, se o seu domínio das tácticas de contra-subversão era assim tão excelente porque é que saíram de outras colónias - estou a lembrar-me da Palestina em 1948 ou do Iémen do Sul em 1967- com o rabo entre as pernas?

(...) "Venter é um veterano cuja curva de aprendizagem evoluiu lentamente, quando chegou a evoluir. A repetição das suas visitas, por exemplo, não o motivou a aprender um português mínimo. Aquilo que ele consegue recolher dos locais que visita ressente-se disso, já que apenas uma fracção ínfima dos combatentes (dos dois lados) domina o inglês. E isso agrava a superficialidade do que escreve." (...)

Cherno Baldé disse...

Caro Jorge Araujo,

Ainda bem que alguém levanta esta questao, pois a primeira vez que li este excerto aqui no Blogue chamou-me a atençao uma frase tao absurd que so podia caber na cabeça de alguém que nao sabia o que estava a escrever, so podia ser e dizia assim: "um grupo infiltrado tinha-se dirigido para norte do outro lado da fronteira a partir de Kandiafara para tentar cortar e minar a estrada de Bafatá". Qual seria esta Estrada ???

Estao a imaginar a peripécia deste grupo infiltrado e que se dirige para Norte a partir de Kandiafra para tentar cortar a Estrada de Bafata ???

Mesmo tratando-se duma ficçao, para mim so esta frase era suficiente para fechar o livro e ir pastar o meu gado nas planicies de Lenkebembe e esquecer que houve uma Guerra de Guiné.

Com um abraço amigo,

Cherno Baldé

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Quem escreve cinquenta livros (reportagem e ficção sobre guerra, mas também sobre... mergulho subaquático) tem que ser alguém muito "compulsivo"... e "trabalhólico".

E, claro, alguma coisa fica para ctrás, muitas vezes a qualidade e o rigor da informação... Fazer triangulação de fontes, ouvir as diferentes partes em conflito, fazer obsercação participante, ser "rato de bibliotecas". etc., tudo isso consome muito tempo e requer recursos (nomeadamente finaneiros)...

Nos conrflitos modernos,por outro lad0o, não é fácil ter acesso priviligeado às "duas partes"...ainda por cima quando se é "sul-africano".

Anónimo disse...


Disponho do livro citado ("Portugal e as Guerrilhas de África") há já bastante tempo (não fazia a mínima ideia de que fazia parte do Plano Nacional de Leitura), tendo-me apercebido, durante a respetiva leitura, dos tais "factos erróneos" que o Jorge Araújo agora aponta, e bem. "Em terra de cegos, quem tem olho é rei", recordo-me de ter pensado na altura, ao concluir que, à falta de melhor, aparece sempre alguém que não está com meias tretas e, sem grandes preocupações de rigor histórico (pra quem é, bacalhau basta), se põe a escrever sobre aquilo de que tão pouco ou nada sabe.
Deixo o aprofundamento do assunto à consideração daqueles que melhor estão "colocados no terreno", mas sempre quero aproveitar para remeter os interessados para a foto constante duas folhas atrás da pág. 289 da obra citada, a qual mostra homens da CCAÇ 12 do Luís Graça e tantos outros camaradas nossos, atravessando uma bolanha, foto esta da autoria do Humberto Reis e já publicada neste blogue mais que uma vez. Pois o interessante é que a foto referida consta como sendo do autor, ou seja, de AL J. VENTER. Aliás, posteriormente, foi publicada a obra “A Guerra de Libertação de Angola”, do mesmo autor, cuja capa, a cores, está ilustrada com três fotografias, sendo uma delas a mesma fotografia da CCAÇ 12 que atrás refiro. Ou seja, uma foto da guerra na Guiné a ilustrar a capa ( e a página 130) de um livro da guerra em Angola. Ora agora, e porque não?!...
Um grande abraço,
Mário Migueis

Tabanca Grande Luís Graça disse...

O Polidoro Monteiro, se fosse vivo, seria o primeiro a desmentir o Al. J. Venter: Bambadinca nunca foi atacada, ao tempo do BART 2917 (1970/72(...


10 DE NOVEMBRO DE 2011
Guiné 63/74 - P9021: História do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72): Resumo dos factos e feitos mais importantes, por João Polidoro Monteiro, Ten Cor Inf (Benjamim Durães) (

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

Creio que o blog terá toda a legitimidade para contactar o projecto "Ler" ou Pano Nacional de Leitura. São erros e imprecisões demasiadas e é necessário que o Plano deixe de aconselhar falsidades. Estamos a ver o que dá darmos rédea solta aos "cultos".
Um Ab.
António J. P. Costa

António J. P. Costa disse...

P***a Camarada Luis

O que é isto de isolar o repórter da suas fontes
A culpa é sempre de quem escreve e difunde informação.
As fontes têm de ser testadas e verificadas.
É nacional-porreirismo a mais!

Um Ab.
TZ

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Ler + Plano Nacional de Leitura

http://www.pnl2027.gov.pt/np4/livrospnl?cat_livrospnl=orientacoes

Orientações
Processo de recomendação de obras PNL2027.
O Plano Nacional de Leitura 2027 (PNL2027) recomenda semestralmente um conjunto de livros.

Os editores registam-se no Sistema de Informação do PNL2027 (SIPNL), submetem os títulos para apreciação e enviam ao PNL2027 dois exemplares de cada título submetido.

Este processo decorre de acordo com o seguinte calendarização:

1 de janeiro a 10 de maio (a divulgar em julho);
1 de julho a 10 de novembro (a divulgar em dezembro).
As obras recomendadas pelo PNL2027 são apreciadas por uma equipa de especialistas independentes, de reconhecido mérito e qualificação nas diferentes áreas do saber. Assim, contamos com a colaboração de:

Adriana Batista
Amália Bárrios
Ana Bela Martins
Ana Daniela Soares
Ana Margarida Ramos
Andreia Brites
Carlota Simões
Filipa Martins
Gina Lemos
Hugo Pinto Santos
Inês Fonseca Santos
João Miguel Lameiras
Leonor Riscado
Nuno Costa Santos
Rita Taborda Duarte
Rui Veloso
Rui Bebiano
Os títulos recomendados são publicitados através de um catálogo, proporcionando uma pesquisa e acesso mais flexíveis e eficazes a todos os utilizadores e uma descrição bibliográfica mais completa das obras.

A seleção deste corpus, adequado à idade, ao nível de leitura e interesses dos leitores, obedece, essencialmente, aos seguintes critérios:

Mérito literário - O texto apresenta marcas de originalidade temática e discursiva, sinais de novidade e criatividade e, ainda, correção linguística.
Rigor científico - Formulação discursiva com rigor científico, em termos conceptuais e metodológicos; relevância de temáticas interdisciplinares e multidisciplinares, bem como de aplicação prática dos conhecimentos científicos.
Dimensão estética - Articulação entre o texto e imagem; qualidade do trabalho de edição; a ilustração oferece marcas de originalidade e de criatividade e contribui para a educação plástica do leitor.
Qualidade de tradução, se aplicável. - O texto traduzido respeita o espírito da obra original e do seu contexto cultural.
Este catálogo, fruto de uma parceria do PNL2027 com a BLX - Bibliotecas Municipais de Lisboa, está acessível neste Portal e no Portal da BLX.

Para mais informações, contactar: julia.martins@pnl2027.gov.pt ou o tel. 213934597

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Já foaram aqui apontados erros crassos do autor e atropelos da editora (que terá utilizado indevidamente imagems de terceiros., e nomeadamente do nosso blogue), em quantidace suficiente para se impugnar a inclusão desta obra no catálogo do Plano Nacional de Leitura... Está-se a legitimar,aos olhos dos leitores e sobretudo dos mais jovens, a falsificação da história e a pirataria ?

Fico com curiosidade em ler o livro, que apenas folheei por alto na FNAC, em tempos... Ainda não o comprei, vou pensar... Preço de capa: 23 €...

A classificação Ler + é um "valor acrescentado" para as editoras...

António J. P. Costa disse...

Olá Camarada

Quando fores comprar o meu livro aproveita para comprares esta desgraça. Assim ficas com mais um cm ou dois de estante tapado.

Quanto aos critérios e uma vez que o autor está narrar e a apreciar factos concretos, é o RIGOR CIENTÍFICO, nas vertentes indicadas que está à frente do Mérito Literário e da Dimensão Estética.
Neste último parâmetro a "obra" é francamente má. Fazendo análise do Rigor Científica, temos que considerar que o livro não tem ponta por onde se lhe pague:
"O texto não apresenta marcas de originalidade temática e discursiva, nem sinais de novidade e criatividade". Era o que faltava se também não apresentasse "correcção linguística".
Rigor científico - Será que apresenta "Formulação discursiva com rigor científico, em termos conceptuais e metodológicos; relevância de temáticas interdisciplinares e multidisciplinares, bem como de aplicação prática dos conhecimentos científicos.
Dimensão estética" ou está a gozar connosco?
Parece que também no que toca a "articulação entre o texto e imagem; qualidade do trabalho de edição; a ilustração oferece marcas de originalidade e de criatividade e contribui para a educação plástica do leitor"...
Aquela equipa de censores parece estar ao nível dos do lápis azul, ou então não leram o livro e foram devidamente "sensibilizados" para dar "uma boa opinião". E, pelos vistos, "derem-na".
Se a classificação Ler + é um "valor acrescentado" para as editoras, como dizes, ao menos que não se permitam bojardas destas.
Isto faz-me lembrar um livro para adultos escrito pela a Alice Vieira - "O que Dói às Aves" e que foi para ao plano de leitura para crianças. Foi ela própria que chamou a atenção dos censores para a asneira e concluiu que não o tinham lido...

Um Ab.
António J. P. Costa