quarta-feira, 9 de julho de 2014

Guiné 63/74 - P13381: (Ex)citações (236): O horror e a beleza: Buba, meados de 1971 [ Francisco Baptista, mil inf da CCAÇ 2616/BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72)]

1. Comentário de Francisco Baptista [ex-alf mil inf da CCAÇ 2616/BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72)] (ª):

Essa granada ou uma semelhante,  ao descer pela bazuca, quando um pelotão, que estava de reforço à companhia 2616, em Buba, em meados de 1971, se preparava para sair pró mato, junto à arrecadação de material, fez um morto, seis ou sete feridos graves e nove ou dez feridos ligeiros.

De Bissau vieram helis e avionetas para transportar os feridos e seis ou sete enfermeiras paraquedistas que, coitadas, ficaram horrorizadas com o que viram. Segundo ouvi falar seria a 1ª saída delas, pois tinham vindo de Lisboa há poucos dias.

Os militares do quartel, embora lamentando a má sorte dos camaradas, ficaram maravilhados com a visão de tantas jovens brancas,  pois a maioria há muitos meses que não via nenhuma.
A guerra é feita destes contrastes.

A energia vital de um homem no meio dos piores desastres procura-se alimentar de qualquer pormenor positivo e a graça e a beleza duma mulher dão tanto alento. (**)

Um grande abraço a todos
Francisco Baptista
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Nota do editor:

(*) Vd. poste de 7 de julho de 2014 >  Guiné 63/74 - P13371: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XIV: (i) a queda granada da bazuca; (ii) samba em Lisboa; e (iii) a caçada dos passarinhos (Armando Mota, ex-alf mil at inf, 1º pelotão)

(**) Último poste da série > 2 de julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13357: (Ex)citações (235): A 'Máfrica' (EPI, Mafra) dos nossos verdes anos (Vasco Pires, camarada da diáspora lusitana no Brasil; ex-alf mil art, cmdt do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72)

2 comentários:

Luís Graça disse...

Tocas num outro tema tabu: as mulheres na guerra... Não devíamos olhar para as nossas camaradas enfermeiras paraquedistas como "objeto de desejo", mas era isso que acontecia, não no mato, nas helievacuações, em operações, em que a tensão era grande, mas nos nossos quartéis, quando elas chegavam, de heli ou DO 27, impecáveis na sua farda de paraquedistas. mas sempre com um toque feminino... Eram os nossos anjos, é verdade. mas não eram anjos assexaudos... As nossas Jocastas, como eu lhes chaamava... Conheci as duas situaçõee... Era ver oficiais, desde o tenente coronel ao alferes de secretaria, à volta delas, como baratas tontas...

A Giselda, a Rosa, a Arminda, que me perdoe, estes "pensamentos de caserna"...

manuel Batista Traquina disse...

Amigo Francisco Batista, estive também no convívio de Monte Real, gostaria de termos trocado algumas palavras acerca dos mesmos caminhos que trilhámos na região de Buba.
Um abraço
Traquina