terça-feira, 30 de julho de 2019

Guiné 61/74 - P20022: Os nossos seres, saberes e lazeres (346): Viva a confraria da batatada de peixe seco (Luís Graça)



















Lourinhã, "capital dos Dinossauros" > Ventosa  > Festa anual > ACR da Ventosa > 29 de julho de 2019 > Batatada de peixe seco...  A Lourinhã não é apenas a capital dos dinossauros, e da aguardente DOC, é também a capital da batatada de peixe seco: Ribamar, Marquiteira e Ventosa, rivalizam em matéria no campeonato das terras da Lourinhã (e de Portugal) com a melhor "batadada de peixe seco"... 

Entretanto, é urgente que se crie a respetiva confraria para se poder salvaguardar e promover esta iguaria popular, outrora comida dos "pobres", que fazia parte da "segurança alimentar" no inverno, hoje, produto "gourmet" (batata, cebola, raia, sapata, safio, cação, etc.: é um daqueles pratos do tudo ou nada, como a lampreia: ou se gosta ou se odeia; mas confesso que é um espetáculo ver centenas de pessoas a comer esta iguaria, em meses compridas, numa coletividade ou associação como a ACR da Ventosa). 

No final da refeição, o digestivo é a fabulosa aguardente vínicola DOC Lourinhã, uma das três DOC do mundo (Cognac, Armagnac e Lourinhã).

Nas fotos, a contar de cima para baixo: na 4ª, a famosa aguardente vínica DOC Lourinhã,na 5ª, os nossos camaradas Joaquim Pinto Carvalho e Belarmino Sardinha, representando a delegação do Cadaval (, o Pinto Carvalho trouxe a esposa mais uma prima, o Sardinha, a esposa e dois dos seus netos); na 6ª, o presidente da câmara municipal da Lourinhã, engº João Duarte, ao centro, sentado, ladeado à sua esquerda, pelo presidente da direção da ACR Ventosa; e à sua direita, por um antigo combatente; na 7ª, o nosso camarada Jaime Bonifácio Marques da Silva, e a esposa, Dina; na 8ª, a Maria João Picão (que vive e trabalha em Macau) com o mano Jaime; na 9ª a nossa grã-tabanqueira Alice Carneiro, com o 'canito' do Jaime e da Dina, ladeada pela Maria do Céu Pinto de Carvalho; na 10ª, o Pinto Carvalho a falar com o presidente da junta de freguesia de Ribamar, o nosso comun amigo Pedro Rato, com o Rogério Gomes (, que foi alferes miliciano em Angola), e a Esmeralda, mana do Jaime; na 11ª, o principal salão de festas da ACR da Ventosa, antes do início das "hostilidades", ainda vcazio; na 12ª, um dos jogos tradicionais da festa anual da Ventosa, o de espetar pregos, com um martelo, num cepo de madeira; na 13ª, a rotunda dos dinossauros, na Lourinhã.

Recorde-se que foi nos altos da Ventosa, hoje parte integrante da freguesia de Santa Bárbara, Lourinhã,  que se começou a desenhar a derrota das tropas napoleónicas, comandadas por Junot, na batalha do Vimeiro, em 21 de agosto de 1808.


Fotos (e legenda): © Luís Graça(2019). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]






Cartaz da festa da Ventosa, Lourinhã, de 27 a 29 de julho de 2019



Em louvor da futura confraria
da batatada de peixe seco
com sede na ACR da Ventosa 



1
Viva a Ventosa do Mar
E a sua Associação,
Tem uma festa sem par
Que se celebra no verão.

2
Que se celebra no verão
E termina… à batatada,
E aquele que é comilão,
Traz consigo um camarada.

3
Traz consigo um camarada,
Que peixe seco adora,
Um prato do tudo ou nada,
Que foi dos pobres outrora.

4
Que foi dos pobres outrora,
Comida mais do inverno,
No céu não há disto, agora,
Muito menos no inferno.

5
Muito menos no inferno
Há semelhante iguaria,
E eu tive um sonho fraterno,
Sonhei com uma confraria.

6
Sonhei com uma confraria
Desta batata gostosa,
E que a sede até seria
Na ACR da Ventosa.

7
Na ACR da Ventosa,
Que tão bem sabe receber,
Um terra venturosa,
Que merece fama ter.

8
Que merece fama ter,
P’lo peixe seco e sua gente,
E o João Duarte há de ser…
O senhor presidente!

9
O senhor presidente
Há-de puxar esta carroça,
Ou não fosse filho eminente,
Desta terra de gente moça.

10
Desta terra de gente moça,
De antepassado valente,
Que deu uma grande coça
Ao Junot e seu contingente.

11
Ao Junot e seu contingente,
Vencidos todos a eito,
Nunca lhes passou pelo estreito,
Tal comida adstringente.

12
Tal comida adstringente,
Batata, cebola, raia,
Faz do cagarolas valente,
E mulher, de uma catraia.

13
E mulher, de uma catraia,
De pelo na venta mas formosa,
Mariscadora na praia,
Honrando sempre a Ventosa.

14
Honrando sempre a Ventosa,
Terra de nobre tradição,
P’ra sua gente corajosa,
Vai o nosso xicoração.

15 

Vai o nosso xicoração
P’rós mordomos desta festa,
Desculpem esta invasão,
… Mas não há janta como esta!


Viva a Confraria da Batatada de Peixe Seco,
com sede futura no ACR [Associação Cultural e Recreativa] da Ventosa

Luís Graça e mais 15 amigos da Lourinhã, do Cadaval e de Macau (RP China).

___________

Nota do editor:

Último poste da série > 27 de julho de 2019 > Guiné 61/74 - P20015: Os nossos seres, saberes e lazeres (345): Na Bélgica, para rever e para descobrir o nunca visto (7) (Mário Beja Santos)

3 comentários:

Valdemar Silva disse...

Deveria de haver um sério aviso, em relação às fotos da batatada e da garrafa de aguarente.

ATENÇÃO, O SIMPLES VISIONAMENTO DESTAS IMAGENS PODE CAUSAR DEPENDÊNCIA.

Valdemar Queiroz

Valdemar Silva disse...

Pois,….aguarente....ou aguardente

Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...


Luís Graça

Amigos da "batatada":

Os versinhos que publiqueim não os li, desta vez, mas deu cópia, manuscrita, ao eng. João Duarte, ontem, na ACR da Ventosa. Foi uma bela jornada de convívio. Agradeço ao João a sua gentileza de nos ter reservado uma mesa.

Vejo, com algum otimismo, que a ideia da criação da confraria do peixe seco (ou da batatada de peixe seco) tem pernas para andar. Apoio a ideia, mas sem qualquer veleidade de "puxar a carroça". Não pertenço a nenhuma confraria, acompanho a Alice nos eventos da Colegiada (, A confraria da aguardente DOC Lourinhã), mas acho que esta, a confraria do peixe seco, a criar-se, pode ter uma papel (pedagógico) na defesa e promoção de um produto gastronómico que é popular, tem tradição na nossa terra (e nomeadamente em povoções ribeirinhas como a Ribamar, Ventosa, Marquiteira, Atalaia, etc.) e raízes fundas na nossa alimentação, cultura e convivialidade... Seria um apena perder-se ou adulterar-se... Fico impressionado com o número de "apreciadores" desta "iguaria" que dantes era dos "pobres"...

Vou-vos reencaminhar também cópia da ata e dos estatutos da Confraria Gastronómica da Batata Raiz de Cana e Peixe Seco, que um grupo de lourinheneses da Marteleira criou (ou tentou criar) em 2011. A cópia foi-me enviada por um amigo e camarada da Guiné, Luís Mourato Oliveira, que faz parte do grupo. O Luís é lisboeta, com raízes na Marteleira e em Miragaia. Este exemplo pode ser inspirador, e eu acho que eles deviam ser contactados e convidados para apoiar a "nossa" confraria... Ao que parece a batata raiz de cana deixou de se cultivar por falta de "valor comercial"... Julgo que o interesse maior do grupo era a batata, que costumava acompanhar os pratos tradicionais da matança do porco e também o peixe seco... Creio que essa confraria não saiu do papel, se bem que o grupo continue a conviver, a juntar-se, etc. Tenho que fazer o ponto da situação. Vou reencaminhar o mail do Luís.



Fica aqui o link da batatada da Marquiteira, de há 3 semanas atrás:

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2019/07/guine-6174-p19957-os-nossos-seres.html

Julgo que é indispensável o apoio da(s) autarqia(s) e das associações locais para materializar esta ideia... E pode-se fazer a ligação com outro produto nobre da nossa terra, que é a aguardente DOC Lourinhã...

Luís Graça