sábado, 22 de fevereiro de 2020

Guiné 61/74 - P20673: Fotos à procura de... uma legenda (124): o meu pai era um homem que cumpria a lei que proibia armas de guerra a civis... A tal pistola metralhadora FBP deve ter-lhe sido emprestada por alguém para a pose fotográfica (Lucinda Aranha, escritora)




Guiné > s/l > s/d  > c. 1950/60 > O empresário de cinema Manuel Joaquim dos Prazeres, também caçador... Usava carabinas de caça, mas não armas de guerra... 

Fotos (e legenda): © Lucinda Aranha (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legemdagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagens (duas) da nossa amiga e grã-tabanqueira, escritora, filha do Manuel Joaquim dos Prazeres, o homem do cinema ambulante no nosso tempo, na Guiné, Lucinda Aranha, autora de uma biografia ficcionada do pai,  a que chamou "romance" ( "O homem do cinema: a la Manel Djoquim i na bim"-Alcochete: Alfarroba, 2018, 165 pp.)


Sexta, 31/01/2020, 20:39:
Luís,

(i) Relativamente a armas de guerra, quer o Faxina quer o Daniel Levy nunca ouviram falar em tal, só lhe conhecem [, ao meu pai,] as armas descritas no meu livro. Ambos vão falar com grandes amigos do meu pai para confirmarem se alguma vez o viram com tais armas. Envio 2 fotos com a célebre carabina [, reproduzidas acima];

(ii) Envio a carta do Carlos Geraldes,  escrita a um cunhado meu antes de eu ser aceite como tabanqueira e o conto "O Dia de S. Cinema": naa altura abandonei a ideia deste meu último livro , tendo escrito então "No Reino das Orelhas de Burro" [, será publicado um poste aparte com esta carta e este conto do nosso saudoso Carlos Geraldes (1941-2012), de Viana do Castelo;

(iii) Envio a notícia do "Eco de Cabo Verde",  de 9 de Setembro de 1934, sobre a paragem do zepellin sobre Santiago, em 2 de Setembro , ou seja, no domingo anterior à saída deste número do jornal [, também a publicar em poste aparte];

(iv) Envio 3 fotos que penso serem de uma sessão de endoutrinação levada a cabo pelo exército e autoridades locais [, presunivelmente em "chão fula", talvez região de Gabu ou região de Bafatá]. Não consegui que ninguém soubesse exactamente do que se trata, mas como aparecem militares talvez no blogue descubram [, igualmente a publicar mais tarde].

Beijos, Lucinda

Sexta, 21 de fevereiro de 2020, 10:50
Luís,

A propósito da arma com que o meu pai aparece na fotografia do poste P20601 (*), consultei vários amigos. Falei com o Carlos Freitas que confirma ser uma G3 BP [, ou melhor, pistola  metralhadora FBP,  portuguesa, da Fábrica Braço de Prata]  mas nunca viu o meu pai com uma arma de guerra nem nunca ouviu falar em tal.  É sua opinião que lhe fora emprestada para a fltografia. 

O Pereira pensa o mesmo, acrescenta que tinha 2 carabinas de caça, uma com mira telescópica, uma delas italiana e Flaubert.

Diz ainda que o meu pai era um homem que cumpria a lei que proibia armas de guerra a civis. O Daniel Levy, o Faxina, o Peralta subscrevem a opinião de que a arma foi emprestada psra a fotografia. 

Quanto à máquina de projectar, o Pereira, que foi um dinamizador e membro da admnistração da UDIB, embora não ligado ao cinema, pensa que seria igual à da UDIB porque tinham um acordo, trocando filmes. 

Como te disse, o Carlos Geraldes fala nela e até ao momento é fonte única. Não sei se há algum espólio , embora duvide,

Sobre o clube mas já agora vou perguntar ao Tony Tckeca.

Já conseguiram alguma pista sobre as fotografias dos militares [, em sessão de "psico"]?

Saudades, Lucinda

2. Resposta do editor Luís Graça:

Lucinda, obrigado pelo teu empenho, dedicação e honestidade intelectual na tentativa de esclarecer a questão da arma de guerra que o teu empunha numa das fotos que publicaste no teu livro (*)...

Mss não se trata de uma G3, espingarda automática com que fizemos a guerra colonial, e equipou o exército português até há meses...Trata-se, sim, em princípio,  de uma pistola metralhadora FBP [, Fábrica Braço de Prata]. 

O que dizes sobre o assunto, recolhendo testemunhos de amigos dele, pode bater certo: seria um arma de algum administrador ou chefe de posto, emprestada ao teu pai para a fotografia... O exército usou pouco esta arma, a FBP (, a não ser logo no início em Angola...). Estava distribuída às forças militarizadas (PSP, etc.), incluindo possivelmente a polícia administrativa da Guiné (, uma hipótese a confirmar)...

Vou publicar os teus esclarecimentos, começando pela questão da arma de guerra... Em casa, em Lisboa, quando vinha de férias no tempo da chuva, o teu pai nunca vos falou de armas de guerra... Já tinhas confirmado isso. Então, a arma em questão podia bem ser de algum algum amigo, e ele tinha muitos entre os  administradores e chefes de posto, espalhados pelo mato... (**)

Quanto ao Carlos Geraldes, terá  um tratamento à parte, bem como as fotos dos militares que mandaste há 3 semanas atrás...  Por outro lado, gostava de saber se  tens alguma informação adicional sobre o comerciante Mário Soares [M. Santos, para o Carlos Geraldes), que vivia em Pirada ?... Ele era amigo do teu pai... Era um homem influente, com boas relações com o Senegal (e também com  os dois lados da guerra, as NT e o PAIGC)... Já li algures, que ele ficou inclusive mais um ou ano  dois na Guiné, após a independência... Vou fazer uns postes sobre ele, a partir do material (incluindo fotografias), de que dispomos...
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