domingo, 16 de fevereiro de 2020

Guiné 61/74 - P20656: Blogpoesia (660): "Rondo meu eu...", "Transparências mágicas..." e "A pente fino...", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) estes belíssimos poemas, da sua autoria, enviados, entre outros, ao nosso blogue durante a semana, que continuamos a publicar com prazer:


Rondo, meu eu…

Meu eu é redondo.
Me abraça e envolve por dentro e por fora.
Sente fugazes os passos do tempo.
Louva e lamenta o que sabe e ignora.
Foge da dor e corre para a esperança.
Abre ao sol as janelas que tem.
Sabe de si.
Arremessa para longe o ócio e a dor,
Cultiva na sombra o bom e o bem.
Guarda para si segredos e não conta a ninguém.
Respeita os deveres e
sabe de cor os direitos que tem.
Aprecia o louvor.
Aceita sofrer por amor com os males de alguém.
Acredita que o bem é maior que o mal.
Se não fosse assim o mundo já teria acabado…

Ouvindo H. Grimaud 2/3 Rachmaninov piano concerto No.2 in C minor, op.18 [Adagio sostenuto]
Berlim, 14 de Fevereiro de 2020
9h53m
Jlmg

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Transparências mágicas...

Devasso as sombras mentais e me lanço no encalço das résteas de luz.
Projecto na mente minhas tendências vitais.
Alcanço auroras que iluminam a vida e fazem viver.
Arquétipos astrais dum mundo perdido.
Sonhos de sonho que despertam saudades.
Anseios ocultos que reflectem outros matizes que renascem das sombras.
Só a mente capta e entende...

Ouvindo Tchaikovsky: El lago de los cisnes - Swan Lake - Rizzo - Orquesta Joven de la OSG en María Pita
Berlim, 9 de Fevereiro de 2020
8h51m
Jlmg

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A pente fino…

Estrelas cadentes, me passam à frente.
Ideias luzentes. Brilhantes na cor.
Se esfumam depressa.
Não dá para apanhar.
Boto uma rede de malha bem fina.
Aflitas, parecem sereias.
Redemoinhando aflitas.
Se mostram contritas.
As junto em feixes como se fossem sardinhas.
Alindo-lhe as formas.
Alinho-lhe as linhas.
Afito-lhe arestas.
Tapo-lhe as frestas.
Ateio-lhe a luz.
Chego-lhe o fogo.
As mando para os céus.
Como se fossem balões.
Não sei onde caem.
Oxalá, num dia de sol.
Num dia de festa…

Berlim, 12 de Fevereiro de 2020
18h19m
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 9 de Fevereiro de 2020 > Guiné 61/74 - P20633: Blogpoesia (659): "A voz da consciência", "Por entre matas e florestas" e "Como borboleta livre...", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728

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