terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Guiné 61/74 - P20663: (In)citações (144): um Oscar Bravo (OBrigado) a todos/as, família, conterrâneos/as, amigos/as e camaradas que fizeram da sessão de lançamento do meu último livro, em 8 de fevereiro último, na Casa do Alentejo, uma tarde memorável que tão depressa não vou esquecer (José Saúde)



Lisboa > Casa do Alentejo > 8 de fevereiro de 2020 > Sessão de lançamento do livro do José Saúde, "Um ranger na guerra colonial: Guiné-Bissau, 1973-1974: memórias de Gabu" (Lisboa, Edições Colibri, 2019, 220 pp., coleção "Memórias de Guerra e Revolução", 20) >

Da esquerda para a direita, na mesa, o  maj gen Raul Cunha, a dra. Rosa Calado (, que presidiu à sessão, na qualidade de responsável do pelouro da cultura da Casa do Alentejo),  o José Saúde (autor), Luís Graça, e Fernando Mão de Ferro (editor). O livro foi apresentado por Luís Graça e o "ranger" Raul Cunha, maj gen ref, autor de "Kosovo – A Incoerência de uma Independência" (nº 19, da coleção " Memórias de Guerra e Revolução",  ed lit: Carlos de Almada Contreiras, capitão de mar e guerra ref.)

Foto (e legenda): © José Saúde (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de José Saúde, jornalista, escritor, nosso amigo e camarada,  ex-fur mil op esp / ranger, CCS/ BART 6523, Nova Lamego, 1973/74); natural de Aldeia Nova de São Bento, Serpa, vive em Beja; tem 185 referências no nosso blogue):



Data: domingo, 16/02/2020 à(s) 09:06
Assunto: "Um ranger na guerra colonial, Guiné-Bissau, 1973/74"

Luís,

Reenvio-te o meu agradecimento público a um "mar" de pessoas que estiveram no lançamento do meu último livro "Um ranger na guerra colonial, Guiné-Bissau, 1973/74", na Casa do Alentejo, em Lisboa, no pretérito 8 de fevereiro de 2020, onde registei a presença de muitos camaradas que pisaram o solo guineense. 

Abraço, José Saúde.

OBRIGADO!

À Casa do Alentejo em Lisboa, na pessoa da dr.ª Rosa Calado, ao Fernando Mão de Ferro, editor da Colibri, ao major-general Raul Cunha, meu camarada ranger, ao dr. Luís Graça, nosso amigo e também camarada, ao comandante Almeida Contreiras, um militar do 25 de Abril,  pela amabilidade em colocar o meu livro na sua enciclopédia "Memórias de Guerra e Revolução", à União de Juntas de Freguesia de Vila Nova de São Bento e Vale de Vargo, à Câmara Municipal de Serpa, pelas suas afáveis disponibilidades nos transportes, ao Rancho de Cantadores de Aldeia Nova de São Bento, ao Grupo Musical "Os Alentejanos" de Serpa, às minhas filhas e netos que persistem em aturar as hilariantes aventuras deste já velho condiscípulo, aos camaradas de guerra, aos amigos, conhecidos e ao público em geral que marcaram presença numa esplêndida Tarde Cultural, e a tantos outros que dignamente me lisonjearam, deixo o meu profundo OBRIGADO. (*)

 "Um ranger na guerra colonial, Guiné-Bissau, 1973/74" é tão só o testemunho real de um jovem militar que assentou praça em Tavira a 10 de outubro de 1972 e que a 4 de janeiro de 1973 foi enviado para Lamego, onde o quartel se localizava, e localiza, em Penude.

A dureza da especialidade – Operações Especiais/Ranger – foi marcada pela eficaz aprendizagem militar, física e psicológica, tendo como prioridade final o saber lidar com os conflitos em pleno palco de guerra.

Em Penude fomos submetidos a diversas operações de risco. A largada, na noite da chegada e quando já dormíamos em pleno repouso, as 24 horas de Lamego, o calvário, a dureza 11, o cemitério, o percorrer os esgotos da cidade, o atirar da ponte para o rio, quer ou não o candidato a ranger soubesse nadar, as emboscadas, as noites sem descanso, a luta corpo a corpo com um outro camarada, a pista ranger, a piscina ranger, que na altura tinha uma placa à tona da água face às baixas temperaturas então sentidas, as operações em helicóptero na Serra das Meadas, a nossa bíblia sagrada, a precisão do tiro, a permanente ação psicológica a que éramos submetidos, a imprevisibilidade do instante seguinte, o dizer quase diariamente "bom dia, Lamego" em t-shart ou em tronco nu às sete da manhã, mesmo que estivesse a nevar, a imprevisibilidade do momento seguinte, enfim, uma série de circunstâncias que fizeram de mim um homem não só preparado para a guerra, mas também para a vida futura.

Sim, uma vida que na madrugada de 27 de julho de 2006 me fustigou com um AVC, valendo-me o meu espírito ranger, onde interiorizei que o impossível não existe,  tal como dizia Morris West no seu livro "Sandálias do Pescador". Os obstáculos são para superar e não considerá-los inexequíveis. O transpor as dificuldades estão nas nossas mentes.

O meu destino foi a Guiné. Em território guineense deparei-me com as mais vil ocorrências. Conheci a guerra e a paz. Proteções a colunas, patrulhamentos, proteções avançadas, segurança noturna ao quartel, proteção à pista de aviação, saídas para o mato, emboscadas, visitas a tabancas onde fazíamos a chamada "psicó", assim como tantas outras situações que o conflito impunha, foram matéria tratada com firmeza e sobretudo com disciplina.

É óbvio que tive, tal como todos os camaradas, momentos de ócio. As "futeboladas", os copos, o lazer pleno no momento em que colocávamos em descanso a G3, os petiscos, a morte de um camarada, as evacuações, a dor que se impunha àqueles que naquele instante viam partir mais um amigo para a tal famigerada viagem sem regresso, outros estropiados, outros já cacimbados com as agruras que as trincheiras da morte aplicavam, ouvir os ataques noturnos a quartéis próximos, enfim, um rol de recordações que ainda hoje bate com o meu já frágil ego.

Não vou, obviamente, alargar-me em considerandos guerreiros, vou sim propor a todos os camaradas que comprem e leiam os conteúdos escritos nesta obra que literalmente são, aliás, transversais a todos que passaram pela Guiné em comissões militares.

Fomos, é verdade, a chamada "carne para canhão", mas felizes daqueles que por cá continuam ao cimo deste imenso cosmos terrestre.

Finalizo com o meu muito obrigado a todos aqueles que marcaram presença num evento que levou a Lisboa, Casa do Alentejo, Portas de Santo Antão, as memórias deste velho camarada. (**)

Abraços, camaradas.

José Saúde
______________

Notas do editor:

(*) Vd. postes de:

18 de fevereiro de  2020 > Guiné 61/74 - P20662: Agenda cultural (743): Lisboa, 8 de fevereiro de 2020, na apresentação do livro do José Saúde, "Um ranger na guerra colonial": quando o Alentejo e o Gabu se tocam - Parte V: Momento alto da tarde cultural: a moda "O meu chapéu", pelo Rancho dos Cantadores de Aldeia Nova de São Bento, Serpa: letra e música de João Monge
11 de fevereiro de 2020 > Guiné 61/74 - P20640: Agenda cultural (740): Lisboa, 8 de fevereiro de 2020, na apresentação do livro do José Saúde, "Um ranger na guerra colonial": quando o Alentejo e o Gabu se tocam - Parte III: Mais um momento memorável com o grupo "Os Alentejanos", de Serpa... Manga de ronco, Zé!

16 de fevereiro de 2020 > Guiné 61/74 - P20658: Agenda cultural (741): "Bá D'al na Rádio: memórias da Rádio Barlavento", livro do nosso camarada Carlos Filipe Gonçalves, ex-fur mil amanuense, QG/CTIG, Bissau, 1973/74, membro da Tabanca Grande, nº 790, mindelense, jornalista e radialista, a viver na Praia, Santiago, Cabo Verde

9 de fevereiro de 2020 > Guiné 61/74 - P20636: Agenda cultural (729): Lisboa, 8 de fevereiro de 2020, na apresentação do livro do José Saúde, "Um ranger na guerra colonial": quando o Alentejo e o Gabu se tocam - Parte II: "Lá vai uma embarcação" (, moda alusiva ao embarque de tropas para a guerra colonial, interpretada pelo grupo musical "Os Alentejanos", de Serpa)

9 de fevereiro de 2020 > Guiné 61/74 - P20635: Agenda cultural (728): Lisboa, 8 de fevereiro de 2020, na apresentação do livro do José Saúde, "Um ranger na guerra colonial": quando o Alentejo e o Gabu se tocam - Parte I: as primeiras fotos

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