domingo, 16 de fevereiro de 2020

Guiné 61/74 - P20655: Da Suécia com saudade (63): reabrindo a Tabanca da Lapónia, agora ao povo... (José Belo)



A minha alegre casinha.. Tabanca da Lapónia: ela continua a lá estar, em Abisko, Kiruna... O endereço, na Net,  é que mudou.


"O valor das coisas näo está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem.
Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis" (Fernando Pessoa)


"Sem casas näo haveria ruas / as ruas por onde passamos pelos outros / mas e principalmente onde passamos por nós". (Ruy Belo: Todos os poemas, Lisboa, Assírio e Alvim, 2000)



Os fiéis amigos...


Visitas nem sempre  bem  vindas...


Para onde é que fica Empada ?... 

"Partir! / Nunca voltarei,/ Nunca voltarei porque nunca se volta. / 
O lugar a que se volta é sempre outro, / A gare a que se volta é outra. /
Já não está a mesma gente, nem a mesma luz, nem a mesma filosofia."

Álvaro de Campos / Fernando Pessoa 




"Lourinhac" ?.....Cá tem!... Mas o meu vodka caseiro (94%,  depois de 4 passagens pelo alambique) aí vendía-se certamente na... farmácia! Para mais é medicinal com casca de limäo e pau de canela, ou casca de limäo e rosmaninho. SKÅL !!! (Leia-se: Saúde!).


Fotos (e legendas): © José Belo  (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do José Belo: 

Data - 13/02/2020, 22:02
Assunto - Tabanca da Lapónia


Entretive-me umas horas a reconstruir a Tabanca da Lapónia numa versão evocativa de 40 anos de literais... congelamentos vários!

Algumas fotos e vídeos repescados das 4 versões anteriores a somarem-se a alguns novos.
Por faltas de paciência, várias das fotos contêm,de momento,pouco "paleio", oferecendo unicamente uma brisa fresca (!) desde bem dentro do Círculo Polar Árctico..

José Belo

A quereres dar uma saltada "nostálgica" até à última zona verdadeiramente selvagem da Europa...Sê bem vindo!

A morada é tabancalaponialusitano.blogspot.com
O título do blog é :

Lusitano...40 Anos na Lapónia

Um abraço, José Belo


2. Dois dias depois, oui seja ontem,  às 11h07, recebemos nova mensageem, com o seguinte teor:

Assunto - Convívio de... génios

Depois da "reinauguracäo" da Histórica (!) Tabanca da Lapónia,  acabei por lá colocar , a título de "apifamento", alguns pensamentos de um ramalhete de de génios do tipo Ruy Belo, Fernando Pessoa e...J. Belo!

Escrita agora em *português de lei*, vamos ver se alguns Lusitanos ciberturistas acabam por surgir neste blogue.

As antigas Tabancas da Lapónia, escritas em inglës e sueco, conseguiram estabelecer contactos com amigos da Escandinávia e dos States mas, muito poucos em Portugal. (*)

É mais uma tentativa de "vender" o ar fresco do Círculo Polar Árctico.
Bem-vindo!

Um abraço.

(E a propósito de "portuguës de lei",  acabei de aprender depois destas muitas décadas que a maneira correcta de escrever-se Lapónia na língua de Camöes é...LAPÔNIA!...LAPÔNIA??!?!

3. Para quem chegou ontem à Tabanca Grande... recorde-se que  o José Belo:

(i) é o régulo da Tabanca da Lapónia, nas suas várias "versões";

(ii) é membro da Tabanca Grande, para onde entrou "de jure e de facto"  em 8 de março de 2009;

(iii) tem cerca de 140 referências no nosso blogue, ou seja, é um "contribuinte líquido", dá mais do que o que recebe;

(iv)  formado em direito, foi jurista na América e na Suécia;

(v) a guerra, a paz e o amor levaram-no até à Suécia onde vive há mais de 4 décadas, e onde constituiu família;

(vi) continua a ter uma pontinha de orgulho nas suas velhas raízes portuguesas: de vez em quando escreve, no nosso blogue, uma crónica para a sua série "Da Suécia com saudade"; 

(vii) no século passado,  nioutra reincarnação, foi alf mil inf da CCAÇ 2381, Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70, e manteve-se no ativo, no exército português, durante uma década; 

(viii) está reformado como cap inf do exército português;

(ix) não sei se, como ao Camões, lhe pagam o mísero soldo, sendo um "autoexilado" (não cinfundir com... "desertor"): os amigos queixam-se de que a Pátria lhe foi Madrasta;

(x) reparte os dias do ano entre a Suécia (Estocolomo), o círculo polar ártico, na Lapónia (Abisko, Kiruna), e  Key West, na Flórida, EUA, onde a família (os filhos)  tem negócios e onde vivem os seus netos;

(xi) as vicissitudes da vida (, as suas "partidas"...) tornaram-no um "resistente" (ou diria: "resiliente"):

"Os meus 10 anos de vida militar, muito rica em 'acontecimentos' hoje incríveis, a somar-se a toda uma "tarimba" jurídica nos States, seguida de voluntariamente ter escolhido viver com o vizinho mais próximo a 297 km da minha porta, tornaram-me no que hoje sou....extremamente resistente. Quase como escreveu o poeta :"Deixei de ser aquele que esperava...isto é...deixei de ser aquele que nunca fui".

(xii) considera-se um exemplar de uma espécie em vias de extinção (**)

PS - Ah!, e não é primo do Ruy Belo... Belos há muitos, belos, bravos e bons é que... não!


4.  Comentário do editor Luís Graça:

José: acho que te faz bem… a ti e a nós, sentir esse frio polar ártico a entrar pelos poros da pele, pelas narinas, pelos meurónios, pela "alma" (para quem ainda tem "alma")... mas não pelas frinchas das portas e janelas, que a tua Tabanca é climatizada! 

 Acho que te faz bem reabrir a Tabanca da Lapónia"… e assumir a tua “idiossincrasia” de lusitano das 7 partidas, “perdido” na Lapónia há 40 anos…

É, ademais,  um gesto de grande hospitalidade, camaradagem e lhaneza, próprias de um puro lusitano como tu, abirr a tua casa ao "povo", depois de aí  receberes  a nobreza vikiNg e a burguesia ianque.

Como prometido, e com a devida vénia,  fiz uma visita ao teu blogue e uma seleção das tuas imagens. (Os vídeos, esses, deixo-os para exploração dos mais "voyeuristas")… 

Não sei a quem atribuir os créditos fotográficos. Mas, por defeito, pertencem ao régulo...A dificuldade é escolher, dada a magia de cada uma das fotos e sobretudo das legendas poéticas!... Sei que és um leitor de longa data de poetas portugueses como o Ruy Belo, o J. Belo  (, que por acaso não são  primos) e do Fernando Pessoa (ou dos Fernandos Pessoas)... 

É uma boa terapia, a escrita, a blogoterapia, , a poesia.. E eu perguntei-te (e tu não me respondestes, estás nesse direito...)  se tu não tinhas (ou nunca tiveste) um… diário.

Enfim, imagina que me lembrei  de te lançar um desafio: fazeres um check-list das 24 horas do dia na vida de um lusitano na Lapónia… Os "lapões" da Tabanca Grande, uma vez reaberta, ao "povo" a tua Tabanca da Lapónia, vão querer saber mais coisas sobre a vida do régulo no seu dia-a-dia:

(i) a  que horas é que  te levantas ? 
(ii) a que horas é que te deitas ?  Aqui é os séniores deitam-se  com as galinhas, aí será com as renas;
(iii) como é que tu te deslocas quando vais às compras ? 
(iv) também vais à caça e à pesca ? ou és agora conservacionista ?
(v) e como é que te desenrascas quando as renas e os cães precisam de veterinário ?
(vi) enfim, o que é que se come e bebe aí na tasca da Tabanca da Lapónia  ? 
(vii) será que o régulo é mais peixeiro do que carneiro ?
(viii) o campismo é "tax free" ?

e coisas idiotas do género. O problema é que a Tabanca da Lapónia, apesar de toda esta recente publicidade, ainda não vem nos roteiros turísticos da Lusitânia. Vou pedir ao PInto Loes (agência do Porto) para te pô no mapa... Ou é melhor não ?!

Sabemos que, se o régulo quiser tomar um chá na casa da/o vizinha/o  mais próxima/o,  tem que fazer uns 300 quilómetros (, o equivalente à distância de Lisboa ao Porto)... Em trenó puxado a renas, deve demorar umas horas valentes...Aindapor cima à luz dos archotes... 

Deve acrescentar-se que o termo "lapão" (feminino: "lapoa") pode ser considerado ofensivo e até racista...À cautela, vamos de futuro procurar evitá-lo... De resto, ele há coisas que,  quem um dia for lá, à Tabanca da Lapónia, deve saber, para não fazer... "merda": Lapónia para os lapões é... Sápmi.
Lapöes é... Samer. Um Lapão é... Same.  Uma Lapoa (mulher da Lapónia) é... Samisk kvinna. (**)

Meu caro régulo: a Lapónia (, sim, os brasileiros dizem Lapônia), por causa do sol da meia noite, das auroras boreais e do Pai Natal, tende a ser vista de maneira muito redutora e estereotipada... Por isso, se calhar é muito “voyeurismo", da parte dos nossos leitores, perguntarem-te estas coisas todas... Por razões até de segurança, não deves responder a nenhum delas...Quem quiser saber mais, que vá aí e te bata à porta: será por certo bem recebido, se for por bem, e com uma credencial da Tabanca Grande...  Ah!, e não se esqueçam: levem também uma garrafinha da Aguardente Vínica DOC Lourinhã... (Na minha terra, quem a bebia, escapou à gripe espanhola, à "pneumónica", a pandemia de 1918/19, que matou mais de 60 mil portugueses...).

Zé, não leves a mal... Há camaradas da Tabanca Grande que, nem por um canudo, conseguem ver Braga, quanto mais a Lapónia… Mas Braga tinha obrigação de ter uma tabanca, e não tem. Tem uma arcebispo, tem uma sé, tem um clube de futebol... mas não tem uma tabanca!...As tabancas mais próximas são a dos Melros (Gomdomar, Fânzres), da Maia, a de Matosinhos...

A Lapónia, colónia sueca, que não tinha obrigação nenhuma, até tem uma tabanca!...E já "histórica", sim, senhor!... 

Há 40 anos, é obra!...Grande lusitano!... Enfim, se estivesses mais perto, a gente  até ia ter contigo um dia destes… Em abril vou aos países bálticos num daqueles  esquemas de “turista estúpido”… mas não vai dar para beber um vodca contigo!... Como eu bem gostaria!... (****)

(***) Vd. postes de:

20 de outubro de 2015 > Guiné 63/74 - P15270: Da Suécia com saudade (55): Despedida do blogue, dos editores e de todos os de mais camaradas... Afinal, também há 4 décadas saí do nosso querido Portugal sem bilhete de ida e volta... Os amigos terão sempre uma "casa portuguesa" ao dispor, na Lapónia sueca, em Estocolmo, ou em Key West, Flórida, EUA (José Belo)

(****) Último poste da série > 8 de dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20427: Da Suécia com saudade (62)... E agora também dos States, Florida, Key West... A catarse do Império... O lugar do Portugal de hoje, tanto na Europa como no mundo, é que deveria ser assunto de discussões acaloradas (José Belo)

19 comentários:

Valdemar Silva disse...

Deve ser cá uma chatice, nem barulho dos vizinhos ou a passagem de um carrinho a buzinar ou com a telefonia aos berros.

Ab. e saúde da boa
Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Meu caro José:

Ando há tempos com um pedido do meu/nosso camarada Carlos Silvério, de Ribamar da Lourinhã, terra de lobos do mar... Para mais é meu primo, porque casou com a Zita, que pertence ao clã Maçarico, tal como eu... Além disso, o Carlos é também primo do tenente general Luís Silvério, filho ilustre da terra... Enfim, somos um país em que somos todos (ou quase todos) primos uns dos outros...

Mas adiante... O Carlos Silvério, nosso grã-tabanqueiro nº 793, ex-fur mil Carlos Silvério Silva, teve o seguinte percurso militar:


(i) EPC, Santarém (destacamento): Recruta do CSM. Abril - junho/70;

(ii) CISMI, Tavira: Especialidade de atirador. Junho - setembro/70;

(iii) RI 5, Caldas da Rainha: Monitor de recruta do CSM. Setembro - dezembro /70;

(iv) RC 3, Estremoz: Monitor de especialidade de atirador. Janeiro - fevereiro/71;

(v) BCAÇ, Portalegre: Formação da Companhia de Cavalaria 3378 [, CCAV 3378,] com destino à Guiné;

(vi) Embarque no Paquete Angra do Heroísmo em 3 de abril de 71 , [viajando com o BCAV 3846, composto pela CCAC 3366 (Susana, Cumeré), CCAV 3364 (Ingoré, Cumeré) e CCAV 3365 (S. Domingos, Cumeré); a unidade mobilizadora era também o RC 3; o Comando e a CCS ficaram em Ingoré. Cmdt do batalhão: ten cor cav António Lobato de Oliveira Guimarães];

(vii) Desembarque em Bissau a 9 de abril de 71;

(viii) Estadia no Cumeré de 9 de abril a 13 de maio 71 a cumprir o IAO;

(ix) Chegada ao Olossato em 13 de maio de 71;

(x) Saída do Olossato para Safim, João Landim e Brá (Combis) em 26 de maio de 72;

(xi) Embarque no Uíge em 24 de março de 73 de regresso a Lisboa;

(xii) A CCAV 3378, mobilizada pelo RC 3, teve 2 Eugénio Manuel Bilstein de Meneses Sequeira; e Cap QEO Carlos Alberto de Araújo Rollin e Duarte.

... O Carlos tem uma pequena questão a pôr-te:

Quando ele passou pelo RI 5, Caldas da Rainha, como monitor de recruta do CSM (Curso de Sargentos Milicianos), entre setembro e dezembro 1970, ele ficou com a ideia de que tu estavas lá, como instrutor, eras alferes miliciano, acabado de regressar da Guiné...

Bate certo ?

UM belo dia apareceu lá um senhor general que quis certificar-se da excelência da formação dada aos futuros sargentos milicianos... E terá supervisionado uma das tuas aulas práticas... Às tantas, falavas tu da tua experiência operacional no TO da Guiné, em 1968/70, quando usaste a expressão "bicha de pirilau"...

Parece que o general ficou "piurso", saltou-lhe a mola e deu-te uma valente reprimenda ("piçada"):

- Senhor alferes, no exército português não há bichas de pirilau!... Os nossos militares, no mato, na Guiné, em Angola, em Moçambique, andam em fila!...Ponha isso no seu léxico!...

O Carlos não sabe porque é que o senhor general afinou com a expressão "bicha de pirilau"... Seria uma reacção...homofóbica" ?...

Bem, para o caso não interessa, o Carlos só me pediu para confirmar se o instrutor eras... tu. SE sim, a história é divertida... Se foi com outro instrutor, a história continua a ser divertida...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Delicioso apontamento sobre a expressão "bicha de pirilau"...


(...) Fomos assaltados. Roubados. Espoliados do significado de termos que eram nossos até o português exportado do Brasil os ter censurado cá, por serem pejorativos lá. Bicha foi um deles. Fila passámos a dizer, não fossem os «bichas» - homossexuais, paneleiros, abafadores da palhinha na gíria portuguesa - ficarem numa espera confundidos.

Bichas eles ou as gentes em carreira esperando a vez? As novelas brasileiras tiveram o (des)mérito de obrigar ao volteio do português escorreito. Banais acrescentos como lingerie, hobby, gays ou stress? Talvez, mas por pertencerem a língua comum falada em continentes diferentes, formiga dos termos a adopção.

Bichas há muitas: gatas e cadelas, fila indiana, ficar como uma bicha (fulo, danado), ver se as bichas pegam (tentar obter o desejado), bicha-pirilau.

Esta é, de longe, a mais impressiva. Usada no mundo militar, é gritada por sargentos aos recrutas temerosos se alinhar é preciso. Um bicha-pirilau trovejado com voz de comando por arregimentado façanhudo, a uma mulher daria vontade de rir, aos mancebos magricelas e fardados soará como clamor dos Infernos. Mas faz sentido: homens formando linha direita, pirilaus erectos acompanhando o desenho. Duvido, porém, do estado hirto e firme dos atributos masculinos embrulhados nas fardas e alinhados em parada. Estivessem com bravura todos erguidos em carreira, e constituiriam, sem que prante a menor das dúvidas, espectáculo digno de ser visto. (...)

Fonte:

Blogue Sem Pénis Nem Inveja, de Maria Brojo:

DOMINGO, 5 DE NOVEMBRO DE 2006
BICHA-PIRILAU

https://sempenisneminveja.blogs.sapo.pt/579361.html

Anónimo disse...

Caro Luis

Näo recordo a história referida.
"Correcöes" por parte de Senhores Oficiais Generais... tive a honra de receber algumas durante a minha vida militar,principalmente no período indicado do... pós regresso da Guiné.
Daí ser muito possível que fosse eu.
Era um termo muito usado pelos instructores "Infantes",mesmo na casa mäe em Mafra.
O feliz termo "pirilau" näo tinha neste contexto quaisquer associacöes com homosexuais.
Creio ser um termo que era vulgarmente usado pelos vindimeiros no norte,obrigados pelo terreno a caminhar em fila(!) por sinuosos carreiros.
A única correcäo que poderei fazer é o facto de que na data indicada já näo era Alferes Miliciano.
Parabéns ao Camarada Carlos Silvério pela sua memória, muito melhor que a minha,felizmente cada vez mais "gasta" quanto a tudo (o muito!) que foi militar na minha vida.
Um abraco do J.Belo

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Joe, já não estás bem "alembrado", mas o meu primo tem boa memória... Antes de ir para a tropa, andou no mar alto, na pesca, e quem anda no mar alto, tem que andar com os neurónios bem despertos...

De qualquer modo, fica a historieta... Claro, tu já devias ser tenente... E hoje, no mínimo, devias ser coronel... Mas isso são outros contos e contas...

Bebamos um vodca para esquecer as nossas mágoas... LG

Anónimo disse...



Gostei muito da Tabanca da Lapónia, para onde te retiras regularmente, como um lobo solitário. Por antecipação de algo que não irá ocorrer, sinto saudades dos momentos passados contigo, nesse fim do mundo, a beber um bom Porto de Trás-os-Montes ou vodca da tua produção e a ouvir a tua História de Vida Interminável que tem tanta aventura e mistério.
Longa vida camarada! Escreve a tua autobiografia, tens matéria vasta, ambiente, inspiração e arte.
Um abraço
Francisco Baptista

Anónimo disse...

Meu Caro Francisco Batista

Muito grato pelas palavras amigas.
Fiquei contente em receber notícias tuas.
Amigos dos locais "especiais" que tivemos a oportunidade de compartilhar säo Amigos para a vida.
Tens,tanto aqui como em Key West,uma casa à disposicäo.
Podes escolher entre um dos meus vodkas caseiros ou um dos muito especiais,e bem gelados,daiquiris no Sloppy Joe's Bar.
O saudoso vinho do Porto só...fazia bem!

Convido-te para uma saltada virtual até ao Sloppy Joe´s no http://SloppyJoes.com/cam.bar/
(Tem em conta ser a diferenca de fuso horário de 6 horas para menos)

Um grande abraco do J.Belo

Tabanca Grande Luís Graça disse...

O sacana do Silvério não é gajo para vir aqui comentar no "downstairs", nos fundos ou cave da Tabanca Grande... É o problema de muita gente, aqui aboletada...Mass eu vou telefonar-lhe... Ele tem um estabelecimento de artigos de artigos de pesca, em Ribamar, Lourinhã. Deem-lhe uma apitadela quando passarem por lá... Foi também um dos últimos soldados do império...

https://empresite.jornaldenegocios.pt/CARLOS-SILVERIO-SILVA.html

Jose Teixeira disse...

Meu caro comandante.
Tens o hábito de desapareceres, como por encanto, e regressares quando menos se espera. Ainda há dias nas vésperas do meu aniversário te tentei enviar os parabéns pela tua juventude que teima em não envelhecer graças ao teu trabalho de pastoreio das renas com a ajuda da boa vodca, que segundo me disseste deve ser bebida em como de vinho e de um só trago, creio que para aquecer.
Como calculas, por mais que desapareça, andas cá por dentro a roer, a roer, como velho amigo que sabes bem, admiro e estimo muito.
Numa as últimas vezes que estive em Mampatá cruzei-me com a tua lavandera a Mariama e falei-lhe de ti - o alfero Belo - e ela lembra mesmo di ti. No meio da conversa aparece uma velhinha a afirmar que era a única mulher do nosso amigo alfero Aliu ainda viva. Agora chovem-me pedidos de amizade no FB dos jovens e menos de Mampatá. Alguns identificam-se como filhos ou netos deste ou daquele - soldados da milícia do nosso tempo como o Adulai Djaló o Issa Baldé, ou os filhos do Aliu e outros. O resultado é que amigos de meu pai, são ermons de meu pai e eu passo a ser "pai" também.
Em Maiami vive o Demba Baldé que tinha 6 anos em 1968 e vivia em Mampatá.Está casado com uma neta do Aliu, a Idjato cujo pai é filho do Régulo Sambel de Contabane e atual Régulo e a mãe é a Metá filha do Aliu. Falamos muitas vezes pelo WatsAP.Quando fores até lá tens oportunidade, se quiseres, de te encontrares com um Mampatense de gema, dos que ia para a porta da cozinha onde o Valente distribuía os restos da maralha.
Agora que falei de mim, gostava de saber novas de ti. Sei que a vida por vezes é-nos madrasta, mas temos de lhe fazer frente com audácia para que não nos leve o pouco que resta antes do tempo e o convívio e a comunicação por vezes são oum dos remédios. Como estás longe, as felizardas são as tuas renas, mas repara que os teus amigos continuam por cá.
Um grande e fraterno abraço do teu "dotor"

Anónimo disse...

Caro José

Controlante do estado de saúde ginecológica de todas as bajudas de Mampatá e.... näo só!
Só pelo facto de ter recebido notícias,tanto tuas como do Amigo de Buba Francisco Batista,valeu a pena o "reabrimento" da Tabanca da Lapónia.
Muita água tem corrido sob as pontes desde os nossos feitos,quase me atrevo a dizer heróicos,na isolada e täo atacada Tabanca de Mampatá.
Quando aqui, desde a janela da minha casa,escuto (!) o pôr do sol,(o tal sol que näo existe durante todo o longo Inverno),muitas das recordacöes säo hoje inacreditáveis.
Foram tempos de sacrifícios e sofrimentos mas...também foram tempos de amizades profundas e camaradagem.
Um tipo de amizade que, em outros locais mais "normais", aqui,ali ou acolá,nunca mais se veio a encontrar.
Um grande abraco ao inesquecível...."D'ótor"

J.Belo

Tabanca Grande Luís Graça disse...

pirilau | s. m.

pi·ri·lau
(origem obscura)
substantivo masculino

[Portugal, Informal] Pénis. (Equivalente no português do Brasil: bilau.) = PILINHA, PILOCA

Palavras relacionadas: bilau, piloca, pilinha.

"pirilau", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/pirilau [consultado em 18-02-2020].

Tabanca Grande Luís Graça disse...

bicha | s. f. | adj. 2 g.
3ª pess. sing. pres. ind. de bichar
2ª pess. sing. imp. de bichar

bi·cha
(feminino de bicho)
substantivo feminino
1. Qualquer animal de corpo comprido e sem pernas, como a cobra, a lombriga, a sanguessuga, etc.

2. Objecto ou figura de formato estreito e alongado.

3. [Portugal, Informal] Fileira de pessoas, umas atrás das outras (ex.: bicha da caixa do supermercado). = FILA

4. Fêmea de um animal, em especial de animal doméstico, como a fêmea do cão ou do gato.

5. Pequena peça pirotécnica que arde agitando-se no chão. = BICHA-DE-RABEAR

6. [Joalharia] Arrecada em forma de serpente.

7. Tubo metálico flexível com aplicações variadas, podendo cobrir e proteger um tubo de borracha para conduzir líquidos (ex.: bicha do esquentador).

8. Tubo de borracha com que se tira vinho pela batoqueira das vasilhas.

9. O mesmo que bicha do conta-quilómetros.

10. [Informal, Depreciativo] Homossexual masculino. = LARILAS, MARICAS

11. Pessoa irada ou de trato difícil.

12. Galão ou divisa (na manga de uniforme).

13. [Marinha] Escaler da fiscalização aduaneira.

14. [Marinha] Tira de gacheta terminada em sapatilho.

15. [Calão] Órgão sexual masculino.

16. [Portugal: Trás-os-Montes, Tabuísmo] Órgão sexual feminino.

17. [Informal] Aguardente.

18. [Brasil] Serpentina do alambique nos engenhos de açúcar.

adjectivo de dois géneros
19. [Informal] Relativo à homossexualidade masculina.

20. [Informal] Que tem determinadas características que se atribuem à homossexualidade masculina. = ABICHANADO, LARILAS, MARICAS


bicha do conta-quilómetros
• [Portugal] Veio de transmissão metálico e flexível que liga as rodas de um veículo ao conta-quilómetros.

fazer bichas
• [Brasil] Fazer diabruras.

Palavras relacionadas: bichado, bicho, bichar, bichinha, , bicharia, bicha-de-rabear.

bi·char 1 - Conjugar
(bicho + -ar)
verbo intransitivo
Encher-se de bichos. = ABICHAR

Palavras relacionadas: bichado, bicharia, bichará, bichento, bicharrão, bichoso, bicharada.

bi·char 2 - Conjugar
(bicha + -ar)
verbo transitivo e intransitivo
[Moçambique, Informal] Formar bicha, fila de pessoas, geralmente à espera de algo (ex.: vai bichar pão; bichou a manhã toda no cartório).

Palavras relacionadas: bichado, bicharia, bichará, bicha-de-rabear, bichinha, bichento, bicharrão.

"bicha", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/bicha [consultado em 18-02-2020].

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Desculpa, José, ou Joseph ou Joe, conforme onde estejas (, e nunca ninguém sabes onde estás "just in time"...), mas o senhor general tinha razão...No Exército Português não há (uu não havia...) "bichas", mas "filas"... Muito menos "bichas de pirilau"... Esta última expressão vê-se mesmo que era de gente "apanhada do cima"... "Fila" é que era linguisticamente correto: os mancebos, nuinhos, de pilau murcho ao frio, quando iam às "sortes, esperavam em "fila", não em "bicha", a vez de serem chamados, observados, apalpados, pela junta médica que depois os considerados aptos ou inaptos para a "função", que era... "morrer em fila, organizados"... na frente da batalha!

Se calhar o senhor general nunca esteve na Guiné e não sabia o que era a "guerra de guerrilha". Estudoiu por outros canhenhos... Mas tu estiveste lá, no mato, em Empada, em Bula, em Mamapta, na região do Forré, sabias do que falavas aos instruendos do CSM, nas Caldas da Rainha...

E portanto eu reconheço-te autoridade para "grafar" a expressão... Só não entendo a reação (, algo destemperada, a crer na versão do Carlos Silvério...) do general que te deu a "piçada"... Mas, enfim, devia ser um daqueles generais da brigada do reumático que nunca foi à guerra e, como tal, era incapaz de imaginar uma fila de trânsito no mato, de gente apeada, 250 homens / 8 grupos de combate, de G3 em punho, a progredir em direção ao Poindom ou à Ponta do Inglês, e ao banho de sangue que os esperava...

Era, vista de cima, do PCV, da DO 27, uma "bicha" de todo o tamango, entre mil a mil e quinhentos metros... partindo-se do princípio que enter cada combatente havia um espaço de 4/5 metros...ou às vezes mais...

Fui ao Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, que é o que está mais à mão, e nele não consta a expressão, "bicha-de-pirilau"... Só vêm os vocábulos "bicha" e "pirilau". No Dicionário aberto de calão e expressões idiomáticas, de José João Almeida (Projeto Natura, Universidade do Minho) idem, aspas... Também no Ciberdúvidas da Língua Portuguesa ninguém apareceu até agora com curiosidade em saber o seu significado e a sua origem...

Resta, pois, o nosso blogue...

No CiberdúvidAS, encontrei, em todo o caso, esta deliciosa resposta do João Carreira Bom, cofundador com José Mário Costa, do Ciberdúvidas, e infelizmente já falecido... A resposta é a uma questão sobre a diferença entre "bicha" e fila"... Aqui vai, para o nosso enriquecimento linguístico.

(Continua)

(O comentário não pdoe ter mais de 4096 carateres)... LG

Tabanca Grande Luís Graça disse...

(Continuação)

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'No «Novo Dicionário da Língua Portuguesa», de Cândido de Figueiredo, editado em 1939 (Bertrand), bicha é associada a «qualquer objecto que, pelo seu feitio ou movimento sinuoso, dá ideia de um réptil». Entre outros sentidos, Cândido de Figueiredo atribui-lhe o de «fileira de pessoas, umas atrás das outras». Fila, na mesma obra e no significado que aqui nos interessa, é uma «série de coisas (animais ou pessoas) dispostas em linha recta. Enfiada; fileira: uma fila de cadeiras.» Nos dicionários mais recentes que consultei, seguem-se, no essencial, estas indicações.

Não pude confirmar, assim, a especialização de sentido que, quanto ao movimento, o prezado consulente fez o favor de nos referir. Mas concordo consigo no aspecto mais importante: querem matar uma palavra necessária. Bicha está a ser comida à má fila nas cabecinhas, tão piedosas quão perversas, de alguma classe média.

Contrariando opiniões que recolhi e atribuem o fenómeno às telenovelas brasileiras, não cometerei grande erro se disser que já existia em certas camadas da sociedade portuguesa um preconceito sexista em relação a esta palavra. Um preconceito muito mais ténue do que no Brasil, mas lembro-me de uma «tia» me corrigir, na minha adolescência, por haver utilizado a sonora expressão «bicha do eléctrico». As telenovelas brasileiras não criaram, pois, o preconceito. Tê-lo-ão difundido um pouco mais.

Até demonstração do contrário, continuarei a dizer «fila de automóveis», «fila de soldados», «fila de cadeiras», «bicha do IRS». E, se calhar, até digo «bicha de carros», «bicha de espera». Na bicha para a compra do passe, nunca ouvi exclamar: «Olha a espertinha, está a passar à frente da fila!» Os elementos mais pretensiosos da classe média, pelo seu número e posição, podem ser muito influentes. Mas não vão para as bichas dos transportes públicos. Afigura-se-me não terem influência directa para provocar a morte de uma palavra inocente que, afinal, os perturba. Eles lá sabem porquê.

João Carreira Bom 1 de janeiro de 1997'

in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/bichas-ou-filas/219 [consultado em 18-02-2020]

Anónimo disse...

A Tabanca Grande na sua faceta educativa....."omne ignotum pro magnifico"...m'ai nada!

Realmente o que há mais na Lapónia säo bichos,bichas,bicharada... MAS...tudo dentro do significado cristäo(!) da palavra.

Como a área é vastíssima näo necessitam,ao contrário dos nossos militares Infantes na picada,de se colocarem certinhos uns atrás dos outros.
O que é lamentável para os que sempre gostam de dar uns tirinhos na floresta.

Quanto aos referidos pénis,pilinha,piloca,quase me atrevia a usar o feliz termo caserneiro,só o näo uso pelo devido respeito aos sensíveis reformados das nosssas Tropas Especiais.
Ou seja: Seria uma bicha do cara..o!
(Precisamente como as bichas dos meus tempos de crianca quando os adultos quase(!) todos iam votar na Uniäo Nacional)
Outros tempos.Outras gentes.Outras...bichas.

Mas já que estamos numa de explicacöes factuais aproveito para uma pequena/grande sugestäo aos visitantes da Lapónia.
A época do ano mais popular entre os turistas que visitam a Laponia é entre Dezembro e Marco,tanto pelas visitas à casa do Pai Natal como, e principalmente,por ser a melhor altura do ano de se observar as fantásticas e incríveis auroras boreais.
É geralmente o período mais frio em que se chegam com facilidade aos 40 graus negativos.
Nestas agradáveis temperaturas a ideia de se "ir lá fora" urinar por detrás de uma pedra é algo de menos recomendável.
Nem pensar!
As surpresas säo demasiado interessantes,e lá se acaba por cair no "bichado","bichento",e näo menos..."bicharräo"!

Tenho que concluir com sentimento de gratidäo profunda pelo facto de "pirilau" continuar a ser um substantivo masculino, independentemente dos acordos ortográficos ou...dos movimentos feministas.
(Mas por favor näo digam nada ás suecas!)

Com um respeitoso abraco

J.Belö

Anónimo disse...


José Belo meu amigo!

Se reflectires no meu primeiro comentário, tu que és um exímio criador de figuras literárias e paradoxos também, concluirás que eu falo de saudades, esse sentimento tão português, dum tempo passado que nunca existiu . Eu escrevo " por antecipação de algo que não irá ocorrer" Já fizemos a tropa, a guerra da Guiné, estamos reformados Tu tens as tuas rotinas que divides entre dois mundos, as minhas ainda não passam somente pelas tardes no café da esquina com os amigos, vou a Brunhoso regularmente, algumas vezes a Munique e passeio também pelos livros.
Agradeço de todo o coração o teu convite que a realizar-se iria condicionar as tuas rotinas e a tua liberdade de movimentos. Gostei muito da tua casa na Lapónia, vou imaginar-me a conversar contigo à lareira, adoro a cor e o calor da lenha a arder.
Um grande abraço
Francisco Baptista

Anónimo disse...

Caros Amigos e Camaradas

A resposta obtida ao "bilhete postal" da tabancalaponialusitano.blogspot.com foi muito superior ao esperado.
As estatísticas do blogue lá o provam.
Muitos deram-se ao trabalho de nos vir visitar nestes 4 dias e de respirar um pouco do ar FRESCO do Círcuo Polar Árctico.
Näo foi a reabertura de um blogue "vivo" mas unicamente o aniversário da antiga Tabanca da Laponia.
É altura de, desde a janela da minha casa,voltar a ***ouvir*** os inexistentes pôr do Sol.
Um abraco do J.Belo

José Teixeira disse...

Bicha e bicha de pirilau é um termo nortenho que pretende dizer fila. Um termo muito usado sem
peias, isto é, sem o segundo sentido que muita gente lhe dá.
Consta que um grupo de padres cá do Porto foram em turismo ao Brasil e à entrada do controlo alfandegário um disse para outro em voz alta " põe-te na bicha". Logo saiu de lá de dentro um policia com cara de mau a perguntar quem falou em bicha, e ameaçou desgraçado prevaricador de lhe recusar a entrada, porque ali não havia "bichas"
Na realidade era um termo usado na tropa do nosso tempo para ordenar a forma de seguir no terreno. seguir em "bicha de pirilau" era seguir um atrás do outro pela mata dentro com atenção ao perigo que podia surgir vindo di inimigo que podia estar por perto.
Zé Teixeira

Anónimo disse...



As palavras são como espadas de dois gumes, quando não as sabemos utilizar, magoam-nos.

Um abraço

Francisco Baptista