Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Mansambo > CART 2339 (1968/69) > O alf mil Torcato Mendonça junto a obus 10,5 ou 105 mm.
Foto: © Torcato Mendonça (2007). Todos os direitos reservados [Edição: LG]
1. Um leitor nosso, Luís Laranjeira, militar da marinha que se interessa pela temática da artilharia de campanha (usada na guerra de África) (*), mandou-nos o seguinte pedido:
Boa tarde,
Vi no seu blog [, no poste P6929] (**), a foto que anexo [, vd, acima,], pode dizer o que o obus tem escrito no cano?
Com os meus melhores cumprimentos,
Luis Laranjeira
PS - foto de Torcato Mendonça. Legenda: "Fotos Falantes II > Sem título > Mansambo > Junto do obus 10,5"
Torcato: O obus 10.5 era de origem alemã, marca Krupp... No cano parece ler-se N(M)agul 1895(6)... Magul 1895 ou 6 ? Nagul ? Magol ?... Ampliei o mais que podia... Tens alguma ideia ?
Boa noite... Luis
Não sei, Luís e também ampliei. O relógio é um Royce (Breitling - linha branca), vendido por um Libanês de Bafatá. Para me convencer um Unimog (grandes?) com malta passou por cima de um... Preço ? Menos que uma mina anti-carro, 2000 pesos, mas lá perto, se bem me lembro. Está ali a funcionar bem, com cronómetro e tudo.
Boa tarde,
Vi no seu blog [, no poste P6929] (**), a foto que anexo [, vd, acima,], pode dizer o que o obus tem escrito no cano?
Com os meus melhores cumprimentos,
Luis Laranjeira
PS - foto de Torcato Mendonça. Legenda: "Fotos Falantes II > Sem título > Mansambo > Junto do obus 10,5"
2. Reeditei a foto, a partir do original, que guardo em arquivo e remeti ao seu autor, com o seguinmte pedido:
Boa noite... Luis
3. Resposta pronta do meu amigo e camarada Torcato Mendonça:
Não sei, Luís e também ampliei. O relógio é um Royce (Breitling - linha branca), vendido por um Libanês de Bafatá. Para me convencer um Unimog (grandes?) com malta passou por cima de um... Preço ? Menos que uma mina anti-carro, 2000 pesos, mas lá perto, se bem me lembro. Está ali a funcionar bem, com cronómetro e tudo.
A foto é de 68 e eu vim em Dezembro de 69, dia 10.
Tenho que escrever ou contar algo sempre...feitios de caca...
Ab,T.
4. Comentário de L.G.:
Pode ser que algum artilheiro da Tabanca Grande possa ajudar o pobre infante do editor a dar a competente resposta ao pedido de esclarecimento feito pelo o nosso 1º sargento da Marinha, Luís Laranjeira, que nas horas vagas se dedica, como "hobby", à construção de modelos de peças de artilharia e carros de combate...
O dono da foto, Torcato Mendonça, era atirador... de artilharia. Nunca percebi que raio de especialidade era essa, tal como a minha (armas pesadas de infantaria... a única que me deram no TO da Guiné foi a G3 que pesava, diziam os manuais, 4,4 kg, descarregada...).
Lembro-me de ver no Xime a inscrição do fabricante alemão, Krupp, num obus 105 mm. Mas não sei o significado da inscrição que está no cano deste obus de Mansambo... Magul 1895 ? Temos de perguntar á malta do BAC 1. Ou a quem saiba responder (***).
Ouvia-se bem em Bambadinca, quando ele começava trabalhar, no meu tempo (1969/71)... Havia mais dois, se não erro, deste calibre. Nunca houve obus 14 no setor L1, pelo menos no meu tempo. O 10.5 do Xime era curto para bater algumas zonas da margem direitra do Rio Corubal onde fazíamos operações, como o Poindom / Ponta do Inglês...
Quanto ao nosso amigo Luís Laranjeiro, teremos muito gosto em ajudá-lo, cedendo-lhe cópias de imagens com melhor resolução do que as publicadas no blogue (e que em geral tem resolução *a volta de 0,5 MB). Ele que nos volte a contactar.
_________________
Tenho que escrever ou contar algo sempre...feitios de caca...
Ab,T.
4. Comentário de L.G.:
Pode ser que algum artilheiro da Tabanca Grande possa ajudar o pobre infante do editor a dar a competente resposta ao pedido de esclarecimento feito pelo o nosso 1º sargento da Marinha, Luís Laranjeira, que nas horas vagas se dedica, como "hobby", à construção de modelos de peças de artilharia e carros de combate...
O dono da foto, Torcato Mendonça, era atirador... de artilharia. Nunca percebi que raio de especialidade era essa, tal como a minha (armas pesadas de infantaria... a única que me deram no TO da Guiné foi a G3 que pesava, diziam os manuais, 4,4 kg, descarregada...).
Lembro-me de ver no Xime a inscrição do fabricante alemão, Krupp, num obus 105 mm. Mas não sei o significado da inscrição que está no cano deste obus de Mansambo... Magul 1895 ? Temos de perguntar á malta do BAC 1. Ou a quem saiba responder (***).
Ouvia-se bem em Bambadinca, quando ele começava trabalhar, no meu tempo (1969/71)... Havia mais dois, se não erro, deste calibre. Nunca houve obus 14 no setor L1, pelo menos no meu tempo. O 10.5 do Xime era curto para bater algumas zonas da margem direitra do Rio Corubal onde fazíamos operações, como o Poindom / Ponta do Inglês...
Quanto ao nosso amigo Luís Laranjeiro, teremos muito gosto em ajudá-lo, cedendo-lhe cópias de imagens com melhor resolução do que as publicadas no blogue (e que em geral tem resolução *a volta de 0,5 MB). Ele que nos volte a contactar.
_________________
Notas do editor:
(*) O nosso leitor já há tempos nos tinha contactado há uns tempos atrás:
De: Luis Laranjeira
Data: 24 de Março de 2014 às 18:33
(*) O nosso leitor já há tempos nos tinha contactado há uns tempos atrás:
De: Luis Laranjeira
Data: 24 de Março de 2014 às 18:33
Assunto: Artilharia em África
Boa tarde, Chamo-me Luis Laranjeira, tenho 44 anos e sou militar, 1º Sargento Artilheiro, na Marinha.
Como hobby, construo modelo à escala (1/35) de carros de combate e especialmente peças de Artilharia na mesma escala.
Quando faço pesquisas no Google, sobre Artilharia Portuguesa durante a guerra em Africa, encontro sempre o Vosso blog fotografias de peças de artilharia. O único problema é que estão com pouca definição e dificilmente se conseguem ver pormenores, que preciso para a construção dos modelos terem o rigor que desejo.
Deste modo, pergunto se me podem facultar fotografias, de peças de Artilharia Portuguesas com melhor definição, comprometendo-me em nunca as publicar, seja lá onde for.
Com os meus melhores cumprimentos, Luis Laranjeira.
Boa tarde, Chamo-me Luis Laranjeira, tenho 44 anos e sou militar, 1º Sargento Artilheiro, na Marinha.
Como hobby, construo modelo à escala (1/35) de carros de combate e especialmente peças de Artilharia na mesma escala.
Quando faço pesquisas no Google, sobre Artilharia Portuguesa durante a guerra em Africa, encontro sempre o Vosso blog fotografias de peças de artilharia. O único problema é que estão com pouca definição e dificilmente se conseguem ver pormenores, que preciso para a construção dos modelos terem o rigor que desejo.
Deste modo, pergunto se me podem facultar fotografias, de peças de Artilharia Portuguesas com melhor definição, comprometendo-me em nunca as publicar, seja lá onde for.
Com os meus melhores cumprimentos, Luis Laranjeira.
14 comentários:
Bom dia Luis,
Cordiais saudações.
Será que é uma referência á Batalha de Mogul (Moçambique) em 1895?
Forte abraço.
VP
Magul e não Mogul.
VP
Eureka, Vasco! É isso mesmo, Maguel, 1895!... A batalha de Magul, em Moçambique, 1895
Leiam aqui na Wikipédia:
(...) Combate de Magul foi uma batalha travada na região de Magul (Moçambique) entre uma força expedicionária Portuguesa, liderada por Alfredo Augusto Freire de Andrade e os guerreiros tribais Ronga, liderados por nuã-Matidjuana caZixaxa Mpfumo e pelo seu primo Mahazul.
O confronto insere-se nas chamadas "Campanhas de Pacificação de África" levadas a cabo por Portugal nas suas colónias, nos finais do século XIX e início do século XX, fruto da crise do "Mapa cor de rosa". A primeira fase destas campanhas iria culminar na captura do imperador de Gaza, Ngungunhane.(...)
A batalha deu-se no dia 8 de setembro de 1895, sendo a desproporção de forças entre os dois lados bastante substancial. Do lado Ronga, contavam-se 13 Mangas (regimentos de guerreiros tribais) com cerca de seis mil homens, enquanto que a tropa portuguesa dispunha de 275 soldados europeus, auxiliados por 500 ajudantes africanos (na sua maioria angolanos).
Os guerreiros africanos lançaram-se na sua tática habitual de meia lua, enquanto os portugueses, usaram a sua tática do quadrado habitual, (soldados virados para as quatro frentes, em linha de fogo, com as peças de artilharia nos cantos).
(...) O poder de fogo das metralhadoras e da artilharia europeia era enorme, fazendo com que os Ronga não conseguissem furar o quadrado Português. Ao fim de duas horas de combate, os africanos retiram, deixando para trás 400 mortos. Do lado português contabilizam-se 5 baixas entre os soldados continentais, uma vitória esmagadora e que muito desmoralizou os Ronga.
Depois da vitória inquestionável, a tropa portuguesa aproveita para semear o medo entre as povoações, tentando desta forma quebrar o sentimento de revolta contra o domínio colonial, e são incendiadas varias aldeias.
Ngungunhane não intervém, pois aguardava ainda por ajuda inglesa que no entanto não surge. Os britânicos ao verem a determinação que o governo português emprega nestas ações, retiram o apoio ao imperador africano.
Nesta batalha distinguiu-se com enorme bravura o famoso Henrique de Paiva Couceiro. (...)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Combate_de_Magul
Magul - Portal do Governo da Província de Gaza, [Moçambique]
http://www.gaza.gov.mz/turismo/magul
(...) "Magul – é um local histórico do distrito de Bilene. A 8 de Setembro de 1895, registou-se uma batalha motivada pela recusa do rei Ngungunhane, Mahazule e Matibejane em passar o poder para o exército português. Esta luta terminou em Mandlakazi e Chaimite. Actualmente existe um pedestal onde foi afixada uma fronteira para oferecer tributos a moçambicanos mortos na batalha de resistência à ocupação colonial portuguesa." (..:)
Ainda sobre Magul e as "campanhas de pacificação" de Moçambique (que têm ser contextualizadas no tempo e no espaço)... Ver o sítio "Vidas Lusófonas", a biografao de Gungunhana, hoje herói nacional para moçambicanos e que, no meu tempo de escola, fazia parte do nosso imaginário...
http://www.vidaslusofonas.pt/ngungunhane.htm
NGUNGUNHANE
(resistente anticolonial, 1850? – 1906)
QUANDO TUDO ACONTECEU...
1850: Data aproximada de nascimento de Ngungunhane;
1858: Morte de Manukuse, fundador do império de Gaza, avô de Ngungunhane;
1884: Morte de Muzila, pai de Ngungunhane e subida deste ao poder;
1885, Fevereiro: Conferência de Berlim e partilha de África pelas potências europeias;
1890, 11 de Janeiro: Ultimato britânico ao governo português;
1894, Agosto: Rebelião dos tsongas na região de Lourenço Marques;
1895, 11 de Novembro: O exército português vence os ngunis, arrasa e incendeia Mandlakasi, capital do império de Gaza;
1895, 28 de Dezembro: Mouzinho de Albuquerque aprisiona Ngungunhane em Chaimite, a aldeia sagrada dos ngunis;
1896, 13 de Março: Ngungunhane, sete das suas mulheres, seus filho e tio e dois régulos são desembarcados em Lisboa, em estado de festa pelas capturas;
1896, 23 de Junho: Ngungunhane chega à ilha Terceira, Açores, onde fica desterrado até à morte;
1906, 23 de Dezembro: Morte de Ngungunhane;
1985, 15 de Junho: as ossadas, provavelmente falsas, chegam à República de Moçambique.
Fonte: Vidas Lusófonas > Carlos Pinto Santos > NGUNGUNHANE (resistente anticolonial, 1850? – 1906)
http://www.vidaslusofonas.pt/ngungunhane.htm
Olá Luís Graça, agora era bom que alguém nos diga o porquê do batismo do obus.
Tem que ser um Artilheiro.
O relógio é um linha branca da Breitlig e é só Royce. Veio para mim em 68, logo tem 46 anos...trabalha bem...
Ab,T.
Meu caro Torcato Mendonça e amigos,
...trabalha bem, dizes. Aqui para ti, para vós com um abraço transatlântico.
http://www.youtube.com/watch?v=UpWN7DwwULU
José Câmara
#para Luís
Luís Graça,
Devem ser as referências, números e letras, daquele obus 10.5. Certamente a B A C (Bateria de Artilharia de Campanha - Bissau) marcaria assim os óbuses pois estavam espalhados pela Guiné.
O fulano que está lá encostado era de artilharia...só que dessa arma nada percebia...Atirador de Artilharia, ou seja um operacional de infantaria. Disso percebia ele e todo o G. Combate que comandava.
Abraço,Torcato
Em 25 de novembro de 2014 21:18, Luís Graça escreveu:
#######
José Camara. eu já tinha enviado ao LG este mail. Ele é diabólico, é um académico, e profiou até encontrar esta batalha de Magul 1895...é terrivel como ele está ligado á guerra na Guiné e não só. Vai dar para uma pilha de livros. Ora eu, perante novo maildele e vi o meu cronometro mandei, em resposta a história da peça das horas. Obrigado pelo link da latina-americana. Abraço, Torcato
OHH...Infantes
"ca ganda confusão"
É um obus 10,5 de fabrico alemão da empresa "krupp".
As cargas eram colocadas em cartuchos que eram acoplados às granadas.
O conjunto de cartucho e granada era introduzido no tubo.
Após o disparo e ao abrir a culatra o cartucho era extraído.
As granadas pesavam 14 kg.
O alcance máximo era de 12 km.
Quanto à inscrição no tubo, às vezes era inscrito o nome de batalhas onde a artilharia se distinguiu por feitos valorosos ..ora tomem.
Não é cano ...é tubo..irra.
Na artilharia as bocas de fogo designam-se obuses ou peças sendo a distinção feita pela relação ..calibre versus comprimento do tubo..as peças têm o tubo mais comprido.
Perceberam..ou querem explicador.
O professor catedrático de artilharia com agregação em Gadamael.
C.Martins
Até que enfim porra
Ob, C.Martins e já tinha falado em ti ao LG. Cada um na sua...artilheiro...
Ab,T
ps: porra é palavra livre para o uso pois o Cante Alentejano é P. I da Humanidade
Caros camaradas
Deste post ressalta, mais uma vez, a utilidade que este tipo de informação que por aqui se vai deixando acaba por servir sempre alguém que se interesse por aprofundar conhecimentos.
E a questão colocada pelo 'nosso amigo da Marinha' acabou por trazer mais e melhores informações.
Mas agora o que quero ressaltar é o "ar sonhador" que o nosso amigo Torcato apresenta. Parece uma daquelas poses de cinema. Se calhar estava a imaginar-se junto aos 'canhões de Navarone'.
E a evidenciação, orgulhosa, do seu brinquedo no pulso? Bem, aqui, pelos vistos, com toda a razão, já que o 'bichinho' ainda trabalha.
Abraço
Hélder S.
Aos meus camaradas artilheiros e não só. Já que pretendemos dar mais informação a quem não é do ramo, convém informar que, em Artilharia,não há tubos nem canos.
Com efeito, os obuses e as peças são constituídas por três partes: a primeira e que assenta no solo chama-se "reparo", podem ser com flechas, casos dos obuses 10,5cm e 14cm , e da peça 11,4cm,ou, com uma placa giratória onde circulam as rodas, caso do obús 8,8cm, depois, temos a "massa recuante", que, como o nome indica, é a parte onde assenta o "canhão" e que permite que, aquando do disparo, este recue, voltando à posição inicial por efeito hidropneumático.
Quanto à diferença entre obus e peça, talvez se explique melhor informando que, nas peças, a relação ou cociente entre o comprimento do canhão e o seu diâmetro interno ou secção é superior ao dos obuses.
Quanto ao obus 10,5cm da fotografia é mais antigo do que os que usámos normalmente, porque era mais antigo e foi fabricado já numa altura em que os alemães por falta de ferro tiveram que optar por uma solução de roda com eixos.
Com amizade, um grande abraço a todos.
João Martins
Boa noite,
Peço desculpa pela indelicadeza de só agora esta a entrar em contacto com os senhores, mas voltei a encontrar o vosso blog por acaso enquanto procurava informação para projetos modelísticos.
Agradeço o esclarecimento sobre o que esta escrito não cano da peça (na Marinha é assim que se chama )
O Sr. Luis Graça, disponibilizou-se para me fornecer as fotos com melhor resolução se a oferta se mantiver, agradeço, pode enviar para luislaranjeira69@gmail.com.
Mais uma vez, muito obrigado pela ajuda.
Com os meus melhores cumprimentos,
Luis Laranjeira
Enviar um comentário