
Ilustração: Chat Portuguès / GPTonline.ai
1. Nunca tive um Petromax. Nem em casa nem na Guiné. Por muitas voltas que dê ao meu "arquivo", não encontro nem memórias nem referências (escritas) ao Petromax. No nosso blogue há 22 referências.
Ainda sou do tempo do candeeiro a petróleo. Fiz a quarta classe com ele. A eletricidade chegou tarde. Na Guiné, muitos dos nossos resorts turísticos, ecológicos, eram alumiados a Petromax. Sobretudo nos primeiros anos da guerra...
Ainda não havia geradores em muitos sítios. A luz elétrica, mesmo só à noite, ainda não era para todos. Aliás, nada é para todos neste mundo. Se fosse tudo para todos, ninguém queria ir para o céu. A luz elétrica ainda não chegou, por exemplo, à maior parte das tabancas da Guiné -Bissau. Cinquenta anos depois da independência. Nem Deus, nem Alá, nem os bons irãs têm ajudado. Se calhar, os guinenses não rezam o suficiente. Mas não sejamos cruéis, com a pobreza não se brinca. Nem com a nossa nem com a dos outros.
Por azar o meu, o nosso quarteleiro nunca me dispensou nenhum. Se é que a minha CCAÇ 12, em Bambadinca, tinha Petromaxes à carga (era assim que se dizia ?).
Os Petromaxes começaram a aparecer nos anos 50, no "Continente" (leia-se: em Portugal Continental, ainda não havia o "Continente", marca registada).
Por azar o meu, o nosso quarteleiro nunca me dispensou nenhum. Se é que a minha CCAÇ 12, em Bambadinca, tinha Petromaxes à carga (era assim que se dizia ?).
Os Petromaxes começaram a aparecer nos anos 50, no "Continente" (leia-se: em Portugal Continental, ainda não havia o "Continente", marca registada).
Eram fabricados, na Casa Hipólito, em Torres Vedras, concelho vizinho do meu. Mas não eram para as todas bolsas, os Petromaxes. Lembro-me de ficar fascinado com a luz que irradiavam bem como com os segredos do seu funcionamento. um Petromax era um luxo. Nunca aprendi a acender nenhum. O terror era poder estragar a camisinha de seda...
O meu candeeiro a petróleo era mais simples. Comprava-se o "petróleo" ao "pitrolino" que tinha uma carroça puxada por uma mula ( ou era um macho ?) e que vendia tudo, do sabão ao azeite, do petróleo (iluminante) a outros produtos de drogaria, desde a lixívia á "aguardente bagaceira" que até era era usada para assar chouriços! ... Porta a porta, rua a rua, m tocando uma corneta, "olhó pitrolino!"..
Bons velhos tempos em que os "supermercados" tinham rodas e iam a casa abastecer-nos. E nós brincávamos na rua!
Frugalmente. Só se comprava o que era estritamente necessário para a nossa sobrevivência. Não havia sacos de plástico nem "bitcoins". Nem plástico nem digital. Só moedas pretas, bem pretas do "suor" e do "sebo" dos desgraçados que trabalhavam de sol a sol, no campo ou nas oficinas. Fabricas ainda não havia. Nasci no séc. XIX, por sorte irei morrer no séc. XXI. Século prodigioso, dizem os otimistas. Ou os que são pagos para serem otimistas. Tão prodigioso, afinal, como aquele em que nascemos e vivemos e fizemos a guerra da Guiné.
2. Pedi à minha assistente de IA, a "Sabe-Tudo", para me dar umas "luzes", uma explicação simples e prática, sobre o esquema da lanterna Petromax (modelo ~500 CP / Velas) (o topo de gama, no meu tempo de menino & moço). Aqui vão umas dicas.
2.1. Resumo dos nomes das peças (o que está apontado no desenho, acima)
4. Conselhos de um veterano (se um dia tiveres ainda que voltar à guerra, noutra incarnação, e levar um Petromax, que pesa menos que um gerador):
Foi assim que os nossos "mandjores" ganharam as guerras das "campanhas de pacificação"...Com a estratégia do "quadrado". O capitão Tomé Pinto ficou célebre pela aplicação desta figura geométrica na guerra da Guine. Ainda hoje é conhecido pelo capitão do quadrado.
Último poste da série >14 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26918: Coisas & loisas do nosso tempo de meninos e moços (37): os arraiais e as fogueiras dos santos populares
2. Pedi à minha assistente de IA, a "Sabe-Tudo", para me dar umas "luzes", uma explicação simples e prática, sobre o esquema da lanterna Petromax (modelo ~500 CP / Velas) (o topo de gama, no meu tempo de menino & moço). Aqui vão umas dicas.
2.1. Resumo dos nomes das peças (o que está apontado no desenho, acima)
- Teto: a tampinha superior que protege e ajuda a espalhar o calor.
- Camisa: a estrutura/carcaça que envolve o corpo da lâmpada (e o vidro); protege o difusor e ajuda a circulação do ar.
- Vaporizador/gerador: é onde onde o combustível líquido é aquecido e transformado em gás antes de chegar ao manto.
- Manto (a peça pontilhada dentro): a "rede" cerâmica/tecida que brilha com luz intensa quando o gás queimado incandesce.
- Bomba: o pistão manual que pressuriza o depósito (tanque); ao bombear, cria pressão para forçar o combustível através do vaporizador.
- Válvula de controlo: regula a quantidade de combustível(ou gás, nas versões mais modernas) que vai para o vaporizador/manto: controla a intensidade da luz.
- Depósito: o tanque que contém o combustível (querosene/parafina, conforme o modelo).
2.2. Como funciona (passos simples):
(i) abasteces o depósito com combustível apropriado;
(ii) pressionas (bombeias) o depósito com a bomba manual: isso cria pressão no tanque;
(iii) ao abrir a válvula de controlo, o combustível pressurizado é forçado para o vaporizador;
(iv) o vaporizador está quente (ou é pré-aquecido) e transforma o combustível líquido em vapor/gás;
(v) esse gás sobe para o manto, onde queima e faz o manto incandescente: é isso que produz a luz forte característica;
(vi) a camisa e o teto ajudam a controlar o fluxo de ar e a proteger o conjunto.
23. Dica sobre o termo “500 CP / Velas”
O “500 CP / Velas" normalmente refere-se à intensidade luminosa aproximada (CP = candlepower / velas). 500 velas, quer dizer que é uma lanterna muito brilhante.
3. Cuidados importantes (segurança):
(i) abasteces o depósito com combustível apropriado;
(ii) pressionas (bombeias) o depósito com a bomba manual: isso cria pressão no tanque;
(iii) ao abrir a válvula de controlo, o combustível pressurizado é forçado para o vaporizador;
(iv) o vaporizador está quente (ou é pré-aquecido) e transforma o combustível líquido em vapor/gás;
(v) esse gás sobe para o manto, onde queima e faz o manto incandescente: é isso que produz a luz forte característica;
(vi) a camisa e o teto ajudam a controlar o fluxo de ar e a proteger o conjunto.
23. Dica sobre o termo “500 CP / Velas”
O “500 CP / Velas" normalmente refere-se à intensidade luminosa aproximada (CP = candlepower / velas). 500 velas, quer dizer que é uma lanterna muito brilhante.
3. Cuidados importantes (segurança):
- usa apenas o combustível recomendado pelo fabricante;
- não enchas demais o depósito;
- faz o pré-aquecimento do vaporizador conforme as instruções (muitos modelos exigem pré-aquecimento para vaporizar corretamente);
- não toques no manto enquanto estiver quente, é frágil e queima;
- manuseia a lanterna em local ventilado e mantém-na estável.
4. Conselhos de um veterano (se um dia tiveres ainda que voltar à guerra, noutra incarnação, e levar um Petromax, que pesa menos que um gerador):
- não o acendas à noite, dentro da tenda ou da tua morança (se estiveres alojado num tabanca);
- a luz atrai os mosquitos e os "snipers";
- se tiveres insónias, pesadelos e outras coisas assim, é melhor beber uma golada de aguardente Doc Lourinhã para adormeceres ou então jogar às cartas às escuras;
- aconselho a aguardente Doc Lourinhã, porque é nossa: o uísque é escocês; mas eu não sou chauvinista, nem racista, nem xenófobo, muito menos supremacista;
- sempre é melhor do que o Valum 10 ou o Xanax;
- sempre é melhor do que levar com um balázio de um RPG "made in China";
- mas bem melhor ainda é contratares uma bajuda para te catar, enquanto adormeces;
- sabes o que é "catar" ?;
- um gajo no mato apanha muitos "parasitas;
- "catar" é um ato altamente social, só próprio dos primatas;
- mas, por favor, nunca uses o Petromax;
- mando-o para longe, para iluminar o perímetro do arame farpado;
- se tiveres quatro, melhor, pões um cada canto do teu "quadrado";
- em alternativa pede á empresa do Patricio Ribeiro para te instalar uns painéis solares.
Foi assim que os nossos "mandjores" ganharam as guerras das "campanhas de pacificação"...Com a estratégia do "quadrado". O capitão Tomé Pinto ficou célebre pela aplicação desta figura geométrica na guerra da Guine. Ainda hoje é conhecido pelo capitão do quadrado.
Raios me partam, às vezes assim sonho com os bigodes farfalhudos do Capitão-Diabo que conquistou o Óio em 1915 e não tinha Petromax. Muito menos painéis solares.
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Nota do editor LG:
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Nota do editor LG:
Último poste da série >14 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26918: Coisas & loisas do nosso tempo de meninos e moços (37): os arraiais e as fogueiras dos santos populares
2 comentários:
José Colaço (by emial)
15 nov 2025 12:46
Tiiulo: meninos e "moçoso", deves ter escrito moços ou foi a IA.!
Obrigado, Zé. Já corrigi. Ainda não deleguei na IA...
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