RECORTES DE IMPRENSA
GNR põe fim a 20 anos de falsos peditórios dos bombeiros
Bilhetes para sorteio da Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra foram vendidos em falsos peditórios
Roberto Bessa Moreira
Jornalista
Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra é suspeita de dar cobertura à burla e foi alvo de buscas.
Um grupo hierarquizado e com várias células acumulou muitos milhares de euros, nos últimos 20 anos, com falsos peditórios para os bombeiros. O esquema estendeu-se a todo o país e, suspeita a investigação da GNR, terá tido a cobertura da Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra. Esta instituição foi alvo de buscas ontem, no âmbito da Operação “The Scheme”, que levou os militares a Braga, Moimenta da Beira, Loures ou Pombal. No final, oito pessoas e duas entidades foram constituídas arguidas por burla, branqueamento de capitais e associação criminosa.
O esquema era simples. Um grupo de três ou quatro pessoas instalava-se junto a semáforos, cruzamentos ou rotundas de diferentes cidades e abordava os automobilistas que ali eram obrigados a parar. Fardados integralmente ou envergando um colete vermelho da Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra, os operacionais facilmente se confundiam com bombeiros e pediam um donativo para a compra de uma ambulância para a corporação local. Esta, porém, nada sabia do que estava a acontecer e nunca recebia qualquer verba.
Se tudo corresse de acordo com o planeado, o grupo abandonava o local na posse da quantia angariada durante várias horas, mas se a GNR ou a PSP fossem alertadas para o falso peditório, a desculpa estava preparada: os burlões diziam que estavam a vender bilhetes para um sorteio promovido pela Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra e devidamente autorizado pelo Ministério da Administração Interna (MAI). Dessa forma, evitavam qualquer problema com a Justiça.
Burla era modo de vida
A investigação, que começou em 2020 e foi conduzida pelo Núcleo de Investigação Criminal de Viseu, suspeita que os responsáveis da Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra deram cobertura à burla, recebendo uma percentagem dos lucros obtidos com os falsos peditórios. O último relatório e contas da instituição mostra que, em 2023, esta auferiu mais de 70 mil euros com um “sorteio nacional”, que, no ano anterior, lhe rendera 95 mil euros.
Quem também recebia uma percentagem do dinheiro angariado eram os autores dos falsos peditórios. Muitos deles faziam da burla o seu modo de vida. O restante montante era distribuído pelos elementos de topo da organização, incluindo o líder, que tem residência em Lisboa.
Ao Jornal de Notícias, a GNR confirma que, ontem, foram constituídos como arguidos oito homens, entre os 24 e os 65 anos, mais duas instituições. Todos estão indiciados por burla, branqueamento de capitais e associação criminosa, mas nenhum deles foi detido.
Liga fez queixas às autoridades
O presidente da Liga dos Bombeiros, António Nunes, assegura que há vários anos que são feitas queixas nas autoridades devido a falsos peditórios para associações humanitárias. “São feitos por grupos de pessoas, que se vestem com uma farda vermelha, que se confunde com a dos bombeiros”, para enganar os automobilistas. “Algumas pessoas fazem-no há muito tempo e outras são novas”, diz.
Operação
Fardas apreendidas
A GNR apreendeu ontem dezenas de fardas semelhantes às dos bombeiros e outros bens associados a corporações. Também foram recolhidos extratos de transferências e depósitos bancários, alguns internacionais.
Quase 70 militares
A Operação “The Scheme” foi liderada pelo Núcleo de Investigação Criminal da GNR de Viseu e executada por 68 militares, também dos comandos da GNR de Braga, Leiria e Lisboa. A Direção de Investigação Criminal participou igualmente nas diligências.
Apreensão
27 mil euros foram apreendidos nas 20 buscas em Moimenta da Beira, Braga, Magoito (Sintra), Amadora, Queluz, Agualva-Cacém, Loures e Pombal.
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Nota do editor
Último post da série de 19 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26511: Recortes de imprensa (143): Na Série Especial "A minha Guerra", do Correio da Manhã do passado dia 16, foi publicado um pequeno texto sobre o nosso camarada José Maria Monteiro, ex-Marinheiro Radiotelegrafista (LFP Bellatrix, 1969/71 e Comando Naval da Guiné, 1971/73), que aqui reproduzimos com a devida vénia
3 comentários:
Declaração de interesse: não sou sócio da APVG - Associação dos Veteranos de Guerra...
Mas, como antigo combatente, espero e desejo que a direção da APVG faça, de imediato, uma declaração público para esclarecer esta alegada trapaça... Sob pena de perder a confiança dos seus sócios, hipotecar a eventual simpatia dos demais veteranos de guerra e dar uma machadada (mortal) no seu movimento associativo...
... a mencionada "APVG" (Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra), foi 'parida' em 18Mar1999 no nº 52 do Largo das Carvalheiras em Braga, por Augusto de Jesus Oliveira Lopes de Freitas, então dissidente da "APOIAR" (Associação de Apoio às Vitimas da Guerra Colonial).
Nascido no ano de 1952, após concluir em Braga os estudos secundários na Escola Carlos Amarante e em idade de conscrição militar fez o CSM, seguindo-se instrução na EPE-Tancos e incorporação como furriel miliciano de engenharia na CEng9148/73, na qual em Mar1974 foi mobilizado para servir Portugal na Província Ultramarina de Moçambique, tendo sido colocado na cidade de Tete, de onde regressou em Abr1975.
O citado veterano arroga-se «estudante de engenharia civil no Instituto Industrial do Porto, alferes miliciano, professor de matemática e trabalhos oficinais durante 35 anos, licenciado em medicina, doutorado pela Universidade de Salamanca em neuropsicologia» e especialista em «tratar muitos casos de stress pós-traumático de guerra»... !
Naquela APVG participavam, em 2006: Augusto de Jesus Oliveira Lopes de Freitas (presidente da direcção nacional), António Basto (director), Agostinho da Silva Rio Novo (secretário), Eduardo José Magalhães Ribeiro (tesoureiro), João Manuel da Silva Gomes (vogal) e, entre outros, José Eduardo Reis de Oliveira (suplente da delegação de Alcobaça).
Em tempo oportuno (ie, há mais de duas décadas a esta parte e pelos adequados meios), dei nota - à Ordem dos Médicos e simultaneamente à PJ de Braga -, sobre as tropelias da APVG e do "artista" seu fundador Augusto de Jesus Oliveira Lopes de Freitas: pelo que, nada - do que agora veio a lume -, constitui novidade, excepto para crédulos...
A APVG saiu de um desentendimento com a APOIAR.
Faço minhas as palavras do comentário do Luis Graça, pois perguntei muitas vezes a APVC e sempre fui informado que o peditório estava autorizado.
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