Elvas > 2 de março de 2014 > Confesso que é claustrofóbica... mas fotogénica... Não gostaria de lá viver... Tinha 30 mil habitantes em 1950, 22,2 mil em 1970, 20,7 mil em 2021.
Cidade-Quartel Fronteiriça de Elvas e as suas Fortificações": um conjunto histórico-cultural classificado como Património Mundial da UNESCO em 2012,
O sítio classificado foi fortificado de forma extensiva entre os séculos XVII e XIX, e representa o maior sistema de fortificações abaluartadas do mundo. No interior das muralhas, a cidade inclui grandes casernas e outras construções militares bem como igrejas e mosteiros. Enquanto Elvas conserva vestígios que remontam ao século X, as suas fortificações datam da época da restauração da independência de Portugal em 1640. Várias das fortificações, desenhadas pelo padre jesuíta neerlandês João Piscásio, representam o mais bem conservado exemplo de fortificações do mundo com origem na escola militar holandesa.
O sítio classificado compreende: Centro histórico | Aqueduto da Amoreira, construído para permitir resistir a longos cercos | Forte de Nossa Senhora da Graça | Forte de Santa Luzia | Fortim de São Mamede | Fortim de São Pedro | Fortim de São Domingos (Fonte: Adapt. de Wikipedia)
Fotos (e legenda): © Luís Graça (2014). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Entre outubro e dezembro de 1971, dei uma recruta em Elvas, mais concretamente no Batalhão de Caçadores 8.
2025 M04 2, Wed 18:24:05 GMT+1
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Notas do editor LG:
(*) Vd. poste de 2 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26640: A cidade ou vila que eu mais amei ou odiei, no meu tempo de tropa, antes de ser mobilizado para o CTIG (35): Elvas... Oh!, Elvas, oh!, Elvas, Badajoz à vista! (Mário Fitas)
(**) Último poste da série > 3 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26646: A cidade ou vila que eu mais amei ou odiei, no meu tempo de tropa, antes de ser mobilizado para o CTIG (36): Lamego, Amadora, Oeiras, Lisboa ... e depois Cufar ! (Mário Fitas)
O sítio classificado compreende: Centro histórico | Aqueduto da Amoreira, construído para permitir resistir a longos cercos | Forte de Nossa Senhora da Graça | Forte de Santa Luzia | Fortim de São Mamede | Fortim de São Pedro | Fortim de São Domingos (Fonte: Adapt. de Wikipedia)
Fotos (e legenda): © Luís Graça (2014). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Fernando de Sousa Ribeiro, ex-alf mil at inf, CCAÇ 3535 /
BCAÇ 3880 ( Zemba e Ponte do Zádi, Angola, 1972/74);
membro da Tabanca Grande desde 11 de novembro de 2018,
com o nº 780, tem 34 referências no nosso blogue.
Engenheiro, natural do Porto, é o administrador
do blogue "A Matéria do Tempo", que mantém ativo
desde janeiro de 2006 até hoje,
um caso notável de longevidade na Net.
1. Comentário de Fernando Ribeiro ao poste P26640 (*):
Entre outubro e dezembro de 1971, dei uma recruta em Elvas, mais concretamente no Batalhão de Caçadores 8.
Sobre a minha experiência pessoal não falarei, porque não quero passar por mentiroso.
A cidade de Elvas tinha naquele tempo mais militares do que civis. Era a chamada Praça de Elvas, que incluía o comando da Praça de Elvas, o Batalhão de Caçadores 8, o Regimento de Lanceiros 1, o CICA não-sei-quantos (não me lembro do número do CICA), o Forte da Graça (que embora já não estivesse dentro do perímetro da cidade, também fazia parte da Praça de Elvas) e até um hospital, aliás pequeno, que era o Hospital Militar da Praça de Elvas.
A cidade de Elvas tinha naquele tempo mais militares do que civis. Era a chamada Praça de Elvas, que incluía o comando da Praça de Elvas, o Batalhão de Caçadores 8, o Regimento de Lanceiros 1, o CICA não-sei-quantos (não me lembro do número do CICA), o Forte da Graça (que embora já não estivesse dentro do perímetro da cidade, também fazia parte da Praça de Elvas) e até um hospital, aliás pequeno, que era o Hospital Militar da Praça de Elvas.
Uma curiosidade com sabor medieval: à noite, eram fechadas as portas da cidade! A partir do momento em que as portas fossem fechadas, só se podia entrar e sair do centro histórico muralhado com autorização especial! Julgo que a autorização era muito fácil de obter por qualquer civil, mas ele tinha que a possuir...
O BC8 ficava num antigo convento, que tinha sido o Convento de S. Paulo, situado no ponto mais alto da cidade de Elvas, isto é, na vizinhança da capela de Nossa Senhora da Conceição. Na minha qualidade de aspirante, eu dormia num quarto que era uma antiga cela de frades, que dava diretamente para o claustro do convento. O claustro era muito aprazível e muito fresco (no inverno até era fresco demais), como são todos os claustros. Atualmente, funciona um hotel nas antigas instalações do BC8.
A recruta não era dada no antigo convento, mas sim num edifício histórico situado em frente, do outro lado da rua. Era neste edifício que ficavam as instalações da companhia de instrução e as casernas dos recrutas. A instrução era quase toda dada numa espécie de parada que havia atrás do edifício e se debruçava sobre a muralha da cidade. A companhia de instrução, portanto, ficava claramente separada do resto do BC8. Neste edifício histórico está agora um estabelecimento de ensino, pertencente ao Instituto Politécnico de Portalegre.
As condições de instrução no BC8 eram muito deficientes. A instrução de tática, então, tinha que ser dada nuns terrenos vizinhos do magnífico Aqueduto da Amoreira, enquanto os carros passavam ali mesmo ao lado, a caminho de Espanha ou de Campo Maior. Aquilo não tinha condições absolutamente nenhumas.
A roubalheira que havia no BC8 era escandalosa e como sempre feita à custa dos soldados. Fiz duas ou três vezes serviço de oficial de prevenção ao sábado, e observei, com estes que a terra há de comer, como eram desviados géneros alimentícios para as malas de carros que faziam bicha junto à porta das traseiras do edifício do convento, numa rua que desce para o Jardim das Laranjeiras.
O BC8 ficava num antigo convento, que tinha sido o Convento de S. Paulo, situado no ponto mais alto da cidade de Elvas, isto é, na vizinhança da capela de Nossa Senhora da Conceição. Na minha qualidade de aspirante, eu dormia num quarto que era uma antiga cela de frades, que dava diretamente para o claustro do convento. O claustro era muito aprazível e muito fresco (no inverno até era fresco demais), como são todos os claustros. Atualmente, funciona um hotel nas antigas instalações do BC8.
A recruta não era dada no antigo convento, mas sim num edifício histórico situado em frente, do outro lado da rua. Era neste edifício que ficavam as instalações da companhia de instrução e as casernas dos recrutas. A instrução era quase toda dada numa espécie de parada que havia atrás do edifício e se debruçava sobre a muralha da cidade. A companhia de instrução, portanto, ficava claramente separada do resto do BC8. Neste edifício histórico está agora um estabelecimento de ensino, pertencente ao Instituto Politécnico de Portalegre.
As condições de instrução no BC8 eram muito deficientes. A instrução de tática, então, tinha que ser dada nuns terrenos vizinhos do magnífico Aqueduto da Amoreira, enquanto os carros passavam ali mesmo ao lado, a caminho de Espanha ou de Campo Maior. Aquilo não tinha condições absolutamente nenhumas.
A roubalheira que havia no BC8 era escandalosa e como sempre feita à custa dos soldados. Fiz duas ou três vezes serviço de oficial de prevenção ao sábado, e observei, com estes que a terra há de comer, como eram desviados géneros alimentícios para as malas de carros que faziam bicha junto à porta das traseiras do edifício do convento, numa rua que desce para o Jardim das Laranjeiras.
Não era por acaso que a comida no BC8 era péssima. A bela carne e o belo peixe eram desviados, enquanto os soldados roíam os ossos e as espinhas de bacalhau, que lhes eram servidos com manga-de-capote. E não conto mais nada, porque não quero ser tomado como mentiroso. (**)
2025 M04 2, Wed 18:24:05 GMT+1
Notas do editor LG:
(*) Vd. poste de 2 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26640: A cidade ou vila que eu mais amei ou odiei, no meu tempo de tropa, antes de ser mobilizado para o CTIG (35): Elvas... Oh!, Elvas, oh!, Elvas, Badajoz à vista! (Mário Fitas)
(**) Último poste da série > 3 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26646: A cidade ou vila que eu mais amei ou odiei, no meu tempo de tropa, antes de ser mobilizado para o CTIG (36): Lamego, Amadora, Oeiras, Lisboa ... e depois Cufar ! (Mário Fitas)
5 comentários:
Infelizmente era assim roubalheira autorizada, só não via quem não queria ver para lhe pôr termo.
Não sei se há estudos sobre esta e outras cidades que foram "desmilitarizadas"... Viviam da tropa e da guerra...A guerra acabou, o serviçpo militar acabou, fecharam-se a maior parte (ou boa parte) dos quartéis que povoavam este país... Algumas cidades souberam dar a volta... Outras não, estagnaram, pararam no tempo... Talvez os nossos leitores queiram escrever sobre isso: Mafra, Tavira, Caldas da Rainha, Lamego, Chaves, Elvas, Abrantes, Tomar, Castelo Branco, Vendas Novas, Estremoz, e por aí fora...
Havia ladrões nos quarteis. Pelo menos, nalguns quarteis era seguro havê-los. Muito mais nuns quarteis do que noutros, porquanto se comia muito melhor nuns e muito pior noutros. Naqueles quarteis onde se roubava, tinha que haver uma cadeia grande de gente a mamar, do maior ao mais pequeno. Fica na consciência desses traidores, se a tiverem, a culpa por terem causado sofrimento aos camaradas, sobretudo aos mais pobres, os quais não tinham com que pagar para se alimentarem cá fora.
Um grande abraço.
Carvalho de Mampatá
Carvalho do Mundo!
Assino por baixo do teu nome.
Grande abraço
" Saúde da boa "
Eduardo Estrela
Camaradas, era o tempo do "come e cala-te"... É assim que começa o meu poema;
O polvo que, no tempo dos reis, ia à mesa do povo...
Agora o polvo, o povo, serve-se
com batatas assadas a murro, pum!!!,
anuncia o cozinheiro-mor do reino.
Já lá vai o tempo das favas contadas,
do bico calado e pé ligeiro,
a era do cheiro a esturro,
o regime do come e cala-te,
e do lápis-lazúli do censor. (...)
Comia-se mal e porcamente na tropa e na guerra, pelo menos nos quartéis do Exército... 50/60 anos depois a malta ainda "ferve" quando o tema vem à baila... E, todavia, não eram frequentes os levantamentos de rancho, "cá e lá"...
A malta, de facto, comia (mal) e calava-se... Que a mão do RDM era pesada...
E depois quem era o "provedor" do instruendo, do recruta, do Zé Soldado ?... Não havia, a não ser algum oficial de dia, de rija têmpora, de consciência cristã, e bem formado como militar, cidadão e português, que, provando o rancho (e comprovando que não era enganado), desse conta que o rancho era bom mas era para os porcos...
De facto, e como diz o Carvalho, em Tavira, nas Caldas, em Lamego, em Mafra, em Vendas Novas, etc., quem tinha dinheiro sempre se desenrascava cá fora...
Confesso que o tema é desagradável mas também faz parte das nossas memórias... A m*rda, mesmo bezuntada com perfume, cheira sempre mal...
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